sábado, 28 de setembro de 2013

Entendendo...

Problema social e problema sociológico
Para Augusto Comte, as leis sociais, regeriam a vida social
A Sociologia enquanto ciência nasceu no século XIX a partir do pensamento positivista de Augusto Comte, o qual, propondo uma analogia aos métodos empregados em outras ciências como a biologia, a física e a química, tentou construir uma ciência da sociedade. Segundo Comte, para além das leis físicas e biológicas haveria as leis sociais, que regeriam a vida social.

Mais tarde, Emile Durkheim se esforçaria em dar um caráter mais cientificista à Sociologia. Segundo Raymond Aron, a concepção de Sociologia de Durkheim se baseia em uma teoria do fato social, sendo seu objetivo demonstrar que poderia haver uma ciência sociológica que tinha como objeto de estudo os fatos sociais. Para Durkheim, seria preciso observá-los como “coisas”, de forma imparcial e distanciada, assim como quaisquer outros fatos ou fenômenos das demais ciências, aplicando-se para isso um método específico (método este desenvolvido em sua obra). Esse esforço para a institucionalização de uma ciência da vida social (das relações sociais e dos fenômenos que delas resultam) fazia muito sentido naquele contexto se levarmos em consideração os desdobramentos das principais transformações sociais, políticas e econômicas pelas quais passava a Europa.

O desenvolvimento de uma sociedade industrial, de caráter urbano, trazia à tona novos problemas sociais, os quais poderiam ser compreendidos por uma nova ciência. Contudo, embora a Sociologia tenha se pretendido como uma ferramenta de intervenção na sociedade em alguns momentos, ao longo de sua constituição enquanto área de conhecimento, vale ressaltar que ela não tem como maior objetivo solucionar os problemas que afetam a vida em sociedade, mas sim compreendê-los. Obviamente, enquanto ciência, ela pode colaborar na construção de vias alternativas para a resolução de problemas, mas daí a pensarmos nela como ferramenta para solução de tudo é no mínimo um erro. Compreender a lógica de funcionamento dos fenômenos não significa poder intervir necessariamente. Basta fazermos uma alusão à Medicina enquanto área de conhecimento. Quantos médicos devem estudar uma doença como a AIDS? Já sabem como esse mal se manifesta nos seres humanos, suas causas, as características do vírus e efeitos sobre o corpo doente, entre tantas outras coisas. Contudo, ainda não foi descoberto um tratamento visando a cura, mas apenas como tratar o doente de uma forma que sua expectativa de vida possa ser ampliada. Assim, seja a Sociologia, a Medicina, ou qualquer outra ciência, devemos apenas esperar possíveis explicações para os fenômenos em si, suas causas e efeitos (embora não sejam tão claros na sociedade), e não necessariamente a resolução definitiva de algum problema.

Partindo desse ponto, é importante sabermos que há uma diferença entre problemas sociais e problemas sociológicos. Em alguns livros de introdução à Sociologia, como no trabalho de Sebastião Vila Nova, define-se que um problema social tem origem em fatores sociais e tem consequências sociais. Embora a classificação de um problema social possa ser subjetiva (afinal de contas, o que é um problema para nossa cultura pode não ser em outra), dentre as suas características mais gerais podemos dizer que estão o sentimento de indignação e de ameaça à coletividade que podem ser gerados. A indignação estaria ligada ao sentimento de injustiça (do ponto de vista moral) despertado por esse problema social e, da mesma forma, a ideia de ameaça à coletividade estaria vinculada à desestabilização do que Durkheim chamava de solidariedade social, a qual seria responsável pelos laços sociais entre os indivíduos.

Para exemplificar a primeira característica (da indignação), podemos pensar no trabalho e na prostituição infantil, na fome no Nordeste brasileiro, na condição do trabalhador desempregado, na pobreza que afeta as regiões metropolitanas brasileiras, entre outros assuntos que certamente nos “incomodam” mesmo que não sejamos atingidos diretamente. Já com relação à noção de ameaça à coletividade, podemos pensar na violência urbana, nas crises econômicas que levam ao desemprego, nas guerras entre os países e etnias, nas ações preconceituosas das mais diversas naturezas, enfim, numa série de fatores que afetam a ordem social como um todo.

Já os problemas sociológicos são os objetos de estudo da Sociologia enquanto ciência, a qual se debruça sobre esses para compreender suas características gerais. Como afirmado anteriormente, a Sociologia estuda os fenômenos sociais, sendo eles percebidos como problemas sociais ou não, lançando mão de uma observação sistemática e pormenorizada das organizações e relações sociais. Problemas sociológicos, nas palavras de Sebastião Vila Nova, são questões ou problemas de explicação teórica do que acontece na vida social, isto é, na sociedade, como por exemplo: o casamento, a família, a moda, as festas como o carnaval, o gosto pelo futebol, a religião, as relações de trabalho, a produção cultural, a violência urbana, as questões de gênero, desigualdade social, etc.

A violência urbana, por exemplo, pode ser um problema sociológico, uma vez que pode despertar o interesse dos sociólogos para desvendar os motivos de tal fenômeno social, mas ao mesmo tempo trata-se de um problema social, haja vista afetar toda a coletividade. No entanto, caberia à Sociologia apenas explicá-la, e não necessariamente resolvê-la. Dessa forma, podemos dizer que todo problema social pode ser um problema sociológico, mas nem todo problema sociológico é um problema social.
http://www.brasilescola.com/sociologia/problema-social-problema-sociologico.htm

Curiosidade...

O susto faz o soluço parar?
Sim, pois no momento em que a pessoa se assusta o organismo libera a adrenalina, substância que restabelece o funcionamento normal do nervo frênico, interrompendo o problema. Mas para que isso ocorra a pessoa tem que se assustar de verdade.

Além do susto, quem está com soluço pode experimentar prender a respiração por alguns segundos, pois a taxa de gás carbônico no organismo aumenta, o gás carbônico num nível mais elevado inibe o nervo frênico, que volta, então a trabalhar corretamente.

Piada...

-Porque a roda de trem é de ferro e não de borracha? Por que se fosse de borracha apagaria a linha!

Devanear...


Leia um trecho erótico do livro "Beije-me Antes de Morrer"

Cansada da rotina do escritório? Então, dê uma pausa e curta esta história cheia de mistério, suspense e ação da escritora Allison Brennan.



Foto: Divulgação
Um loiro alto e magro aproximou-se com um sorriso muito conhecido. Cerca de uma hora antes, assim que chegou, ela não estava com vontade de transar, mas o que quer que estivesse em seu drinque a fez relaxar. O cara nem era tão feio assim. Universitário, provavelmente. E Jessie estava atrasada.
- Quer se divertir? - perguntou ele, esfregando-lhe o braço com a mão.
- Na pista.
Ele olhou criticamente para a multidão. Nem todos iam às festas alternativas em busca de sexo, ainda que a noite frequentemente terminasse dessa forma. Boa parte ia à procura de drogas, bebida e música.
Ela riu e pegou a mão dele, esfregando o polegar em sua palma.
- É novo nisso?
- Só estou considerando a logística.
O celular dela vibrou, e ela quase o ignorou. Olhou para o número e viu que era uma mensagem de Jessie.
- Continue pensando - ela apertou um botão para ver a mensagem da amiga.
"Tô vendo vc com esse cara. Precisamos conversar. Tô preocupada. Lá fora em 10 min."
Para que tanto mistério? Kirsten olhou ao redor, mas não viu Jessie em lugar algum. Respondeu:

- O q foi?

- Ei, você quer transar com o celular ou comigo?
- Qual é o seu nome?
- Ryan.
- Preciso falar com uma amiga antes, depois sou toda sua - envolveu-o pelo pescoço e deu-lhe um beijo de corpo inteiro. Ele a empurrou contra a parede de metal corrugado e pressionou a pélvis na dela.
- Você é um tesão - disse ele em seu ouvido.
Ela beijou aquela boca diferente e desconhecida com vontade. A excitação do momento atingiu-a, e ela esqueceu-se de todo o resto. Esqueceu-se de quem era, de onde estava, simplesmente se deixando levar pelo aqui e agora. Sorriu enquanto a mente levitava, o corpo praticamente esquecido.
- Gosta disso? - sussurrou uma voz em seu ouvido.
- Sim... - respondeu ela, mesmo sem saber por quê.
Os braços estavam apertados ao redor do pescoço dele. Dele quem mesmo? Ryan. O celular vibrou. Ela balançou a cabeça para clarear a mente e, por cima do ombro de Ryan, leu a mensagem enviada por Jessie.
"Deixa de ser piranha e me encontra lá fora. Agora, Ash."
Piranha? E isso fazia com que Jessie fosse o quê? Mas alguma coisa estava errada. No fundo de sua mente, sabia que alguma coisa não fazia sentido. Sua cabeça, porém, estava embaralhada, e as mãos de Ryan estavam sobre seus seios por dentro da roupa. Como foi que ele chegara àquele ponto tão rapidamente? Ela olhou a hora no celular. Aquilo não fazia sentido. Já fazia quinze minutos que estavam se agarrando contra a parede de metal?
Ela sabia, por experiência própria, que os caras que iam a esse tipo de festa em busca de sexo não desistiam fácil, e que a sua promessa de voltar logo não significava nada para ele. Mas e se Jessie estivesse em apuros? Ela estava muito estranha, ligar numa sexta-feira de manhã não era de seu feitio...
Ela a chamara de Ash. Apelido de Ashleigh, seu nome de festas. Jessie conhecia seu nome real. “Ashleigh” e “Jenna” só eram usados para manter as aparências. Talvez ela a tivesse chamado de Ash porque estava no “modo Party Girl”. Enquanto Kirsten pensava no estranho comportamento de Jessie, Ryan já tinha exposto o membro e levantado seu vestido. Tudo se movia em câmera lenta. Era como se ela estivesse observando seu corpo de longe. Ela conhecia essa sensação, mas dessa vez não tinha bebido tanto assim. Ou tinha?
- Camisinha - sussurrou ela.
- Já está a postos, doçura.
Como ela não havia percebido? Sentiu-o dentro de si, mas não se lembrou de ele a ter penetrado; suas pernas envolviam-no, mas ela não sabia como elas tinham ido parar ali. E ele logo terminou. Ela ficou sem saber se foram necessários dois minutos ou uma hora, mas ambos estavam suados e ele sorria satisfeito.
- Caramba, você é sexy.
- Preciso encontrar minha amiga.
- Vai rápido, e depois a gente vai para os bastidores.
"Bastidores" era um eufemismo para ficar deitado num lugar semiprivativo. Havia escritórios no galpão, vazios em sua maioria, só com algum tipo de mobília velha. Se Kirsten estivesse sóbria, sequer pensaria em ir para lá. O lugar era imundo.
- Ok - disse, e seguiu para a porta.

Quanto mais ignorante o povo, maior a facilidade em manipulá-lo...

Brasil 'ganha' 300.000 analfabetos em apenas um ano

Taxa registrou crescimento de 2011 para 2012, interrompendo a tendência de queda que se mantinha havia 15 anos, mostra novo estudo divulgado pelo IBGE

Cecília Ritto
O carioca Ionácio Santana sabe escrever e ler apenas o básico
O carioca Ionácio Santana sabe escrever e ler apenas o básico ( Leo Corrêa)
"O analfabetismo tem endereço no Brasil: está concentrado na população mais velha e nordestina", frisa Maria Lucia Vieira, coordenadora da pesquisa e gerente do IBGE.
Pela primeira vez em quinze anos, a taxa de analfabetismo cresceu no Brasil. É o que mostra a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), realizada em 2012 e divulgada nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A taxa de pessoas de 15 anos de idade ou mais que não sabem ler nem escrever subiu de 8,6% em 2011 para 8,7% no ano passado. Isso significa que no período de um ano, o país "ganhou" 300.000 analfabetos, totalizando 13,2 milhões de brasileiros. A tendência de queda, que se mantinha desde 1997, estacionou, despertando a atenção dos pesquisadores do IBGE, que agora se debruçam em busca de explicações. "Ainda estamos verificando o que levou a essa variação, já que o porcentual vinha caindo há tanto tempo", diz Maria Lucia Vieira, coordenadora da pesquisa e gerente do IBGE.

Analfabetismo – Série histórica (%)*

*Levantamento realizado apenas na área urbana do país
Com a lupa sobre cada região brasileira, o que se observa é que o Nordeste foi o principal responsável por elevar a taxa nacional - é onde moram 53,8% de todos os analfabetos do país, ou 7,1 milhões. No mesmo período de um ano, a taxa local passou de 16,9% para 17,4%. No Centro-Oeste, também houve crescimento, de 6,3% para 6,7% entre 2011 e 2012. Já no Sudeste, os números estão estagnados, enquanto o Norte e o Sul conseguiram manter a redução. "O analfabetismo tem endereço no Brasil: está concentrado na população mais velha e nordestina", frisa Maria Lucia.
O alagoano José Carlos Vieira dos Santos, de 54 anos, se encaixa no perfil observado pelo IBGE. Morador da cidade de Murici, começou a trabalhar aos 14 anos no corte de cana. Não teve tempo de frequentar a escola e chegou à idade adulta sem qualquer intimidade com as letras. "Ele escreve o nome todo, devagar, e se aborrece porque tem dificuldade", conta a mulher, Maria Cícera Guedes, da mesma idade, que cursou até a 5ª série do Ensino Fundamental (hoje 6º ano). Dos quatro filhos do casal, a mais velha largou a escola ainda na 1ª série. Atualmente com 30 anos, também não sabe ler nem escrever.
Maria lamenta. Diz que tem o sonho de ver os filhos concluindo os estudos. Mas apenas o de 18 anos lhe dá esperanças. No 2º ano do Ensino Médio, é o único com disposição de conquistar o diploma. Os outros dois irmãos, de 16 e 21 anos, ainda frequentam as salas de aula do primário. "Vejo muita coisa errada por aqui - drogas, por exemplo. Coloquei meus filhos no colégio para que aprendessem alguma coisa e ficassem longe da rua", diz a matriarca da família que exemplifica bem outra constatação do estudo: a dificuldade dos adultos em ultrapassar a barreira do analfabetismo.
  • Taxa de analfabetismo no Brasil
  • Por faixa etária
  • Nível de instrução dos brasileiros

Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Trabalho e Rendimento, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2004-2012.
Idade - Foi na faixa dos 40 aos 59 anos o crescimento mais representativo de analfabetos no país, de 9,6% para 9,8%. Uma das possibilidades é de que este grupo esteja mais crítico em relação ao conceito de analfabetismo. Por alfabetizado, o IBGE entende ser uma pessoa com condições de ler e escrever um bilhete simples. Mas a maioria dos analfabetos do país ainda tem 60 anos ou mais - eles são 3,2 milhões. Priscila Cruz, diretora executiva da ONG Todos pela Educação, enfatiza que a idade adulta é a mais resistente à escolarização. "Essas pessoas procuram o ensino só quando querem, e se tiverem tempo e disposição."
Cícero Custódio, morador de Lagoa do Ouro, interior de Pernambuco, engrossa as estatísticas. Assim como Santos, foi levado pelo pai ainda criança, aos 7 anos, para o trabalho na roça. Pisou na escola pela primeira vez somente aos 30 anos, ficou 15 dias, aprendeu a escrever o nome e viu a instituição fechar as portas. Até hoje, aos 63, não teve outra oportunidade. "Entendo as letrinhas muito pouco. Não sei fazer as palavras, nem juntar as letras para ler. Fico enrascado nisso aí", explica. Fez questão de matricular os seis filhos na escola, mas não viu nenhum chegar ao Ensino Médio. "A maior ajuda que os pais podem dar é apoiando os estudos."
Escolarização - Entre os mais jovens, a taxa de analfabetismo é drasticamente menor - apenas 1,2% dos 15 aos 19 anos, por exemplo -, o que pode indicar uma redução no futuro das taxas entre os mais velhos. O gargalo, neste caso, fica por conta do Ensino Fundamental, incompleto para 33,5% da população com 25 anos ou mais (que exclui os grupos em processo de escolarização). É o caso de Ionácio Santana, carioca de 37 anos, pai de doze filhos, morador da favela do Vidigal e conhecido na praia de Ipanema pela barraca em frente à Rua Farme de Amoedo, onde aluga cadeiras e vende bebidas.
Gostava de estudar, garante. Chegou à 6ª série do Ensino Fundamental (hoje 7º ano), até que desistiu para viver o sonho de ser jogador de futebol. Entrou para o profissional da Ponte Preta e os juniores do Botafogo. Mas a carreira não foi adiante, e ele admite arrependimento da escolha que fez no passado. "Toda vez que empurro um carrinho de mão para carregar material de obra, lembro da minha irmã avisando que era melhor eu estudar. A escola era muito boa. A professora acordava cedo para ajudar trinta alunos a serem alguém na vida."
Para não repetir o erro com os filhos, Nélio, como é conhecido, mantém sete deles na escola. Até o caçula, de 10 meses, está prestes a entrar na creche. "Se com estudo está difícil, imagina sem. Com os meus filhos, eu sou duro", afirma ele, revelando que também tem planos de retomar os estudos, no próximo ano. Entre os motivos, está o carro que comprou há pouco tempo mas não pode dirigir, porque precisa passar pela prova teórica exigida para tirar a carteira de motorista.
A Pnad 2012 traz também dados positivos, como a redução na taxa de analfabetos funcionais (capazes de ler e escrever mas com dificuldades de interpretação do texto). Entre a população com 15 anos de idade ou mais, 18,3% tem menos de quatro anos de estudo completo, o equivalente a 27,8 milhões de brasileiros. O número é significativo, mas representa uma queda de 2,1 pontos porcentuais em relação a 2011, quando eles eram 20,4% do total. As regiões Norte e Nordeste ainda apresentam as maiores taxas de analfabetismo funcional, de 21,9% e 28,4% respectivamente.
Futuro - A situação geral, porém, é preocupante. O país está se distanciando da meta firmada com a Organização das Nações Unidas (ONU): diminuir a taxa de analfabetos para 6,7% até 2015. Faltam dois anos, portanto, para fazer ler e escrever cerca de 3 milhões de pessoas. Mas o governo não tem se esforçado para atingir o objetivo. A diretora executiva da ONG Todos pela Educação, Priscila Cruz, alerta para o fato de que, neste sábado, o país completa mil dias sem um Plano Nacional de Educação, responsável por nortear políticas públicas pelos próximos dez anos. "O não avanço é sempre um retrocesso em educação", critica.

Apertar os cintos...

Maioria das cidades brasileiras mostra situação fiscal difícil, aponta Firjan

Agência Brasil
Rio de Janeiro - O resultado nacional da segunda edição do Índice Firjan de Gestão Fiscal (IFGF), relativo ao ano de 2011, mostra que os municípios brasileiros pouco evoluíram no que diz respeito às contas públicas. O índice é calculado pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) com base em dados disponíveis na Secretaria do Tesouro Nacional (STN) sobre indicadores de receita própria, gastos com pessoal, investimentos, liquidez e custo da dívida.

O IFGF pesquisou 5.164 municípios. Os dados das 399 cidades restantes não estavam disponíveis no arquivo Finanças do Brasil, da STN. O indicador visa fornecer uma ferramenta de controle social dos orçamentos públicos, que leve à melhoria desses gastos pelas prefeituras.

O IFGF Brasil 2011 registrou um total de 0,5295 ponto, o que correspondeu a um crescimento de 0,30% em relação aos dados de 2010, que alcançaram 0,5279 ponto. Isso significa que a grande maioria das cidades brasileiras (3.418 municípios, ou 66,2%) permanece em situação fiscal difícil ou mesmo crítica.

O principal ponto negativo mostrado pelo IFGF foi a queda significativa dos investimentos municipais em 2011. “O indicador de investimentos recuou 8,3% e esse movimento foi bastante generalizado. Ele ocorreu em todas as regiões do país”, disse o gerente deEconomia e Estatística da Firjan, Guilherme Mercês.

Segundo ele, houve menor comprometimento dos municípios com os gastos com pessoal, que cresceram menos que as receitas. O economista avalia, entretanto, que foi a queda dos investimentos que impediu que os municípios melhorassem de 2010 para 2011. A folga gerada pelo menor comprometimento com gastos com pessoal foi direcionada para o caixa das prefeituras, que “guardaram dinheiro e não investiram. Por isso, o indicador de liquidez melhorou bastante”. De acordo com a pesquisa, o indicador de liquidez teve um crescimento de 4,3%, em relação à edição 2010.

O IFGF sinaliza que as desigualdades sociais e econômicas persistem no país também em termos de gestão fiscal. “A gente vê a imagem de dois Brasis”, confirmou o economista. Dos 500 municípios com piores resultados em termos da gestão fiscal, 72% estão situados no Nordeste. “Pouco recuou (em comparação a 2010). O Nordeste manteve o domínio entre os piores resultados”.

Menos de 2% dos 5.164 municípios pesquisados podem ser considerados como de excelente gestão fiscal. “Só 84 cidades de um universo de mais de 5 mil foram avaliadas com conceito A, que é o conceito de gestão de excelência”. Guilherme Mercês disse que o cenário traçado indica que o Brasil tem muito que melhorar nesse campo e, em especial, na gestão fiscal dos municípios. Ele considera isso fundamental tanto para a população, como para o bom funcionamento das empresas, porque os municípios respondem por um quarto da carga tributária brasileira.

“As cidades são os principais provedores de bens públicos para a população. Sobre eles recaem os gastos de saúde, educação e infraestrutura urbana. No caso das empresas, saúde e educação são prerrogativas básicas para ter trabalhadores qualificados e saudáveis. As empresas dependem também de uma infraestrutura urbana para que possam se instalar e gerar empregos naquelas regiões. Os municípios têm tudo a ver com o cerne do desenvolvimento brasileiro”, declarou.

No cômputo geral, a Região Sul foi o grande destaque, com ênfase para o Rio Grande do Sul, que apresentou 128 dos 500 maiores resultados do IFGF. “Com certeza é o grande destaque do Brasil”. O estado apresentou ainda participação significativa entre os 100 maiores resultados.
Mas foi a cidade paulista de Poá que exerceu a liderança no ranking nacional, ao obter conceito A nos cinco indicadores pesquisados. Essa característica foi restrita a oito prefeituras no país. Além de Poá (SP), tiveram conceito A os municípios de Jeceaba (MG), Balneário Camboriú (SC), Barueri (SP), Piracicaba (SP), Porto Belo (SC), Caraguatatuba (SP) e Caxias do Sul (RS).

No ranking das capitais, Guilherme Mercês informou que Vitória assumiu a primeira colocação e conseguiu ocupar espaço entre os 100 melhores resultados do país. “É a única capital que está nesse rol”, salientou, lembrando que, em 2010, nenhuma capital havia chegado a esse patamar. O IFGF cresceu nas capitais, em média, 2,1% na comparação com o estudo referente a 2010, superando a média nacional de 0,30%.

O Espírito Santo foi o único estado em que todas as prefeituras declararam seus dados no IFGF de 2011. No sentido oposto, Minas Gerais mostrou o maior número de prefeituras que não apresentaram dados. Foram 61 municípios, ou o correspondente a 7,2% das cidades mineiras. Em seguida, vêm Bahia, com 56 municípios, Pará (42), Piauí (37), Maranhão (33), Paraíba (24) e Goiás (22).

O estudo mostrou, ainda, que persiste uma dependência crônica dos municípios das transferências de recursos dos seus estados, representadas pelo Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), ou da União (Imposto de Renda, Imposto sobre Serviços-IPI e fundos constitucionais).

Nos bastidores...

As veteranas da prostituição no centro de SP

Invisíveis para a sociedade, idosas de até 65 anos estão entre as profissionais do sexo da Estação da Luz

Parte de uma população invisível, prostitutas, travestis e usuários de drogas dividem o centro de São Paulo longe das políticas públicas. À margem da Estação da Luz, famosa pela sua arquitetura europeia, mulheres que ‘fazem a vida’, como elas definem, são confundidas com passageiras das linhas de metrô e trem que percorrem a estação. As idades das profissionais causam o mesmo espanto que os valores aplicados por elas. Para 30 minutos com Jane, de 60 anos, o cliente desembolsa R$ 30. “Mas eles nunca passam de 15 [minutos]”, explicou a idosa garantindo não dar descontos aos mais ‘rapidinhos’.
Com a maquiagem carregada e olhos contornados por um lápis preto, Jane não perdeu o sorriso nem quando relatou o abandono que sofreu da filha. “Ela casou e disse que não precisava mais de mim. Me colocou para fora da casa dela. É difícil entender que a mãe criou você desse jeito”, justificou. Há quase 45 anos na profissão na região do Brás e Luz, Jane ganhou o “nome de guerra” em seu primeiro programa com um cliente apaixonado pelo filme Tarzan. “Eu tinha 16 anos e ele era doido por aquele filme”, disse aos risos.
Assim como Jane, inúmeras mulheres vendem o corpo para sustentar filhos e netos no centro. O motivo que leva à prostituição é repetido por três idosas ouvidas pelo iG: a dificuldade de encontrar emprego. A idade avançada, a origem humilde e traumas de violência doméstica construíram um muro entre elas e a sociedade.
Carolina Garcia/iG São Paulo
Em dia bom, Jane consegue até R$ 180. "Hoje sou modelo", disse ao posar para foto
“Tentei de tudo até ver meus filhos passando fome. Você acha que queria ganhar a vida dando a periquita, benzinho?”, explicou Marta*, de 65 anos, que pediu para não ter o verdadeiro nome divulgado. Sua hora custa R$ 40, mas pode cair para R$ 30 se o cliente for conhecido. Ao fechar o programa, as "meninas" seguem para os hotéis da região, que cobram entre R$ 8 a R$ 12 por hora.
Em sua bolsa, Marta leva duas fotos plastificadas da família. “Quando fico triste olho para as fotos e lembro porque estou aqui”. Há 17 anos, ela vai ao parque da Luz todos os dias, das 13h às 21h, mas apenas no ano passado os filhos descobriram a profissão da mãe. “Os amigos dele [do filho mais velho] passaram por aqui e me viram. Um dia depois, ele perguntou: ‘Mãe, você é puta?’. Eu confirmei e ouvi: ‘Achava que a senhora era uma mulher honesta’. Perdi o respeito dele na hora”. Sem roupas escandalosas e com uma meia-calça cor da pele, Marta apenas desabotoa os dois primeiros botões da blusa quando está pronta para o trabalho.
As mais velhas não têm frescura
“Se com as namoradas eles são certinhos, com a gente eles pedem as loucurinhas”, conta Marta. Entre os clientes de Jane e Marta estão jovens de 18 anos que são atraídos pelo desprendimento e experiência que a idade pode oferecer. “Eles falam que as novinhas são cheias de frescura. Cheias de ‘não toca aqui’ ou ‘não pega ali’ e isso afasta eles”, contou Jane que recebe a visita de um universitário, de 18 anos, a cada 15 dias.
Se com as namoradas eles são certinhos, com a gente eles pedem as loucurinhas"
Engana-se, no entanto, quem acredita que essas mulheres encaram qualquer cliente ou pedido pelo dinheiro. Apesar de oferecer sexo a um preço mais em conta (a R$ 25/hora), Ivone, de 60, garantiu que não deita com qualquer um. “Sou nojenta demais. Odeio homem fedido”. Já Jane não aceita pedidos de sexo oral. “Só coloco lá embaixo para trabalhar, nada na minha boca”. As ouvidas pelo iG ainda não dispensam o uso da camisinha apesar dos pedidos incessantes dos homens. E, segundo elas, a avassaladora maioria é casada.
Com francês fluente, Ivone confessou ter saudades dos tempos que passou fora do País. Já sem contato com a família, “que está metade morta e outra metade presa”, ela disse economizar para voltar a viver no exterior. “Aqui a puta não tem dignidade nenhuma e é a pior pessoa porque pensam que estamos nisso por falta de vergonha na cara, mas a história é outra”.

Longe das políticas públicas
Em 2007, Carolina Markowicz e Joana Galvão decidiram registrar o cotidiano de cinco profissionais idosas no parque da Luz. Oito horas de depoimentos foram resumidos em 20 minutos no curta-metragem 69 – Praça da Luz. “Não pesamos com o drama familiar, queríamos registrar a vida delas com um olhar mais leve, livre de preconceitos”, disse Carolina, que atua como publicitária e roteirista.
Assista ao curta 69 - Praça da Luz:
O curta conquistou prêmios brasileiros e internacionais, entre o Festival do Rio, Festival de Havana e exibição no MoMA, em Nova York. “Acho que o filme ganhou projeção porque o tema ainda é pouco debatido pelos órgãos públicos. Falta uma preocupação com essas mulheres”. E Carolina não está errada. A presença de profissionais do sexo nos parques e centro da capital só é acompanhada, segundo elas, por ONGs e grupos religiosos católicos e evangélicos.
Procurada pelo iG, a Secretaria Municipal de Política para Mulheres (SMPM) confirmou que não há ação específica para prostitutas. "A SMPM foi criada neste ano e ainda está implementando ações que busquem melhorias na qualidade de vida das mulheres". Na esfera federal, o cenário é o mesmo. A Secretaria de Política para as Mulheres (SPM), em Brasília, disse por meio de assessoria de imprensa que não tem dados atualizados sobre prostituição no País.   
http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/sp/2013-09-25/as-veteranas-da-prostituicao-no-centro-de-sp.html

Mais uma etapa superada...