Mr. Catra e a
poligamia: “Minhas esposas é que deveriam arrumar mulher para mim”
O funkeiro conta ao iG como é o dia a dia da relação com
quatro mulheres e duas “consortes”, futuras esposas, além dos 21 filhos - que
em breve serão 23 -, com 14 mães diferentes
“Tem três semanas que meu pai não me dá dinheiro.
Estou a cara da pobreza”, diz Júlia, 15 anos, com uma sonora gargalhada. O
diálogo acontece entre a bela morena e uma amiga no portão do sítio onde vive o
funkeiro Mr. Catra , 43 anos, uma de suas
esposas, Silvia, e a maior parte de seus 21 filhos, em Curicica, Jacarepaguá,
zona oeste do Rio de Janeiro. Poucos minutos após a adolescente, filha de
Catra, deixar o local, o funkeiro abre o portão e
caminha até a varanda da casa. Silvinha, 3 anos, corre ao encontro do pai e
ganha um caloroso abraço seguido de colo.
Usando calça cargo, camiseta branca com o desenho de uma
mulher seminua, boné, tênis e as tradicionais joias em ouro maciço – sua marca
registrada – além de um pesado relógio também de ouro, Catra acaba de voltar do
estúdio onde termina a gravação de seu novo CD. De samba. “Não estou saindo do
funk. É uma homenagem a tudo aquilo que já escutei e não escuto mais. Então
resolvi cantar. Tem inspiração em Candeia, João Nogueira, Simonal, Bebeto, Ben
Jor. Uma rapaziada que fazia samba para dançar”, afirma ele, que conta com o
conforto do estúdio construído numa propriedade vizinha a sua casa.
O cantor caminha até o local para uma sessão de fotos para o iG .
Samuel, 11 anos, acompanha o pai agarrado em uma de suas pernas e exclama:
“Pai, por que você não me dá uma moto nova? Aquela já está muito pequena para
mim. A nova eu vi que custa R$ 2 mil”. “Papai vai te dar”, diz ele, com o mesmo
tom grave que os fãs estão acostumados a dançar ao ouvir os funks do MC em
festas de todo o Brasil. Durante as fotos, Silvinha tenta ganhar a
atenção do pai com sorrisos e gracinhas. Paciente, Catra a pega no colo e
explica que as fotos já estão terminando.
Questionado sobre como dar atenção para tantos filhos e
mulheres, responde com tranquilidade. “Não é nada, não é muita gente não. É uma
delícia, meus filhos são minha vida, minha família é linda, gigantesca. Tem que
trabalhar. Se você ama seus filhos Deus prospera. É plantação e colheita,
entendeu? “, diz ele que, além de Silvia, também conta com mais três mulheres –
Cinthya, Sara e Juliane – e duas “consortes”, amantes que serão promovidas a
esposa.
Nesta entrevista, Catra fala como administra a relação com
tantas mulheres – duas moram em São Paulo, uma vive em um apartamento em
Jacarepaguá, Silvia mora no sítio, enquanto as “consortes” moram no Sul do país
– e os 21 filhos, que em breve se tornarão 23, já que uma “consorte” e uma
ex-mulher estão grávidas. “Catra rumo aos 30”, exclama, com um sorriso.
iG: De onde tira energia para dar atenção para tanta gente?
Mr. Catra: Não é muita gente não. É uma delícia, meus filhos são minha
vida, minha família é linda, gigantesca. Tem que trabalhar. Se você ama seus
filhos Deus prospera. É plantação e colheita, entendeu? E a colheita é conforme
a plantação. Se você plantar legal vai colher legal.
iG: Por mais que você trabalhe, como banca quatro mulheres,
duas consortes e mais 21 filhos?
Mr. Catra: E fora o resto da rapaziada. Sobrinhos, parceiros, uma galera.
Trabalho todo dia. É show, o negócio é fazer show. Mas disco também dá um
dinheirinho. No futuro vou fazer menos shows, mas tudo bem porque vários dos
meus filhos já estão cantando. A Júlia e a Thamires já são modelos. Eles vão
vivendo da arte. Estou ensinando eles a amarem a arte.
iG: Você já teve mulheres que foram expulsas do grupo.
Mr. Catra: Lógico. Não é questão de ser expulsa, é questão de não se
adequar. Família é família. Se não pensar como família não dá para viver em
família. A convivência estava complicada. A mulher inteligente edifica o lar. A
soberba destrói.
iG: Mas você criou regras para todas viverem em harmonia?
Mr. Catra: Tem. É acreditar em Deus e harmonizar. Só isso. Ser o mais
natural possível. Você sabe o que é certo e o que é errado? Todo mundo sabe. O
que é certo pode, o que é errado não pode, entendeu?
iG: Mas as mulheres, as pessoas de uma forma geral, sentem
ciúmes.
Mr. Catra: Ciúmes é coisa de mulher pobre. De espírito. Mulher que é
decidida não tem por que sentir ciúmes. Minhas mulheres atualmente não têm.
Foram aprendendo que se uma me ama e a outra me ama não tem motivo para ter
ciúme.
iG: É aprender a dividir?
Mr. Catra: Não é aprender a dividir. Elas têm que aprender a se amar.
Porque tem que amar a Deus, tem que me amar, tem que amar a família, as duas
fazem parte da família. Se quer amar a minha família as duas têm que amar uma a
outra.
iG: E como você ensinou isso para elas?
Mr. Catra: Ué, é lógica! Pensamento lógico, raciocínio lógico! É uma
loucura quando a guerra vem de dentro de casa, da palavra bastardo e amante. Aí
já começa a guerra, a violência.
iG: Então você acha que colocá-las como mulheres e não como
amantes ajuda a manter a harmonia?
Mr. Catra: Ajuda bastante porque é a realidade. Toda mulher é sagrada,
então não tem isso que uma é melhor que a outra. Faz por merecer que eu faço
valer a pena.
iG: Você pensa em ter mais mulheres na sua família?
Mr. Catra: Se for necessário sim.
iG: E elas concordam?
Mr. Catra: Ué, eu não quero saber se concorda ou não, eu faço o melhor
para a minha família.
iG: Se elas acharem que não é bom, devem sair da relação
porque você não vai deixar de incluir outras pessoas?
Mr. Catra: Não é questão de outras pessoas, é tudo uma questão de
merecimento. E é o seguinte, na realidade não era nem eu quem deveria arrumar
uma mulher. A mulher é que era para arrumar outra mulher.
iG: Como assim?
Mr. Catra: Mas é lógico! Eu não tenho vários filhos? A outra mulher tinha
que ser a melhor amiga da minha mulher. Estou certo ou errado?
iG: Você acha então que ela deveria levar uma grande amiga
dela para essa relação?
Mr. Catra: Mas inimiga que não pode trazer. Vai trazer inimiga? É
engraçado, mas é real.
iG: E as suas esposas pensam assim também?
Mr. Catra: É difícil (interrompe ao ouvir o choro da filha, Mariah, 2
anos, e grita: “Que que é isso aí? Vocês ficam tomando sorvete na frente da sua
irmã e não compram pra ela! Isso é mancada. Se tem para um tem que ter para
todos”). É um pensamento que é difícil porque elas foram doutrinadas por uma
orientação romana,em que a mulher pensa o que os outros querem que ela pense,
sente o que querem que ela sinta, e não o que verdadeiramente sente.
iG: Você não acredita no catolicismo?
Mr. Catra: Eu não acredito. Meu Deus é justo. Ele vê um filho dele morrer
naquele martírio e ele é justo? Como que Deus vai entregar seu próprio filho
que não tem pecado para salvar uma... Que que é isso? Que realidade é essa? Não
acredito em Jesus Cristo.
iG: Mas apesar de não ter religião você simpatiza com o
judaísmo?
Mr. Catra: O judaísmo por Salomão, tá ligado? Que é um judaísmo meio
hebreu, antes da divisão de Isaac e Ismael porque a violência começou ali. Teve
o bagulho de Caim e Abel só que as coisas melhoraram, Deus fez o mundo, daí
separaram que Abraão era o pai das Nações, então Isaac e Ismael deixaram que as
mulheres separassem as famílias. E aí temos a guerra de judeus e árabes até
hoje. Eram da mesma família.
iG: Curioso você citar Salomão, que também tinha várias
mulheres.
Mr. Catra: Lógico, é a natureza, você não pode ir contra a natureza. Por
isso as pessoas estão tão infelizes.
iG: É verdade que você tem as lésbicas como musas?
Mr. Catra: Sim, porque, enquanto as mulheres não botarem na cabeça que
elas têm que se juntar, o mundo vai ser só violência. O filho de uma vai odiar
o filho da outra porque as mães se odeiam. Isso dentro da mesma família. É
horrível.
iG: E se você tivesse uma filha homossexual?
Mr. Catra: Não tem problema. Homem que se veste igual a mulher é
homossexual. Mulher se veste de mulher porque já nasce veado. Vocês vivem de
veadagem, tomam banho juntas, molham o peitinho, pegam, acham bonito. Isso é
coisa de homem? Se vocês forem tomar banho juntas é normal, se eu for tomar
banho com um cara é veadagem.
iG: Mas as suas esposas se relacionam sexualmente entre si ou
só com você?
Mr. Catra: Não. Só comigo.
iG: Suas mulheres não vivem todas sob o mesmo teto. Essa
distância evita um desgaste na relação?
Mr. Catra: Mas isso é errado. Se desgasta comigo então. Eu sou o mais feio
de todos e ninguém se desgasta comigo! Eu sou homem. Elas são todas iguais. Se
tem que desgastar, desgasta comigo, que sou feião! Elas não. São todas bonitas!
iG: Mas não acredita que poderia ocorrer até um desgaste seu
com elas?
Mr. Catra: Eu amo o que é meu. Se pudesse estaria todos os dias com as
minhas mulheres e os meus filhos. Esse é meu sonho.
iG: E as suas mulheres podem ter outros homens?
Mr. Catra: Você já viu uma vaca com dois touros ou uma leoa com dois
leões? Todo animal mamífero que vive m bando, a formação social é essa. Porque
as mulheres podem se relacionar sexualmente com vários homens, mas amor você só
terá de um. E o homem consegue amar várias mulheres com a mesma intensidade. Se
não Deus não fazia o mundo assim. Deus é exato. Por que nasce mais mulher e
morre mais homem? Vocês me expliquem a prostituição então se cada homem tem que
ter uma mulher só. Tem muito mais mulher e muito menos homem. Tem alguma coisa
errada então no planeta. Se homem e mulher são iguais, então por que existe a
prostituição? É raciocínio lógico.
iG: Você foi criado numa sociedade tradicional como a maioria
das pessoas. Quando passou a pensar assim?
Mr. Catra: Isso já gritava dentro de mim. Eu fazia as coisas por sensação
não por realidade. Eu achava que não tinha nexo. O cara quando chega na frente
do padre ele mente! Ele mente que vai fazer um bagulho que não é a natureza
dele. Ir num puteiro não é trair? É pior!
iG: Você acha que pode ter mais de uma mulher com todas
sabendo o que acontece, mas se sair com alguma outra mulher sem elas saberem é
uma traição?
Mr. Catra: Também não. Ué, eu sou homem, gente. Quem quer muito traz de
casa. O ritmo é esse. Se não me servir o leão tem que caçar. A leoa caça e o
leão vai lá e come. Se ela não caçar ele vai comer fora, porque de fome não vai
morrer. Enquanto o harém não estiver formado um homem não está sossegado.
iG: Então você procura porque acha que está faltando algo em
casa, mas e se as quatro estiverem a sua disposição?
Mr. Catra: Mas isso não é questão de estar à disposição. Na relação o
homem só faz os negócios. Quem movimenta tudo são as mulheres, quem manda são
elas. Você só orienta os filhos, mas quem manda são elas, porque você não tem
esses braços todos, não tem esses olhos todos. Mulher tem disposição.
iG: E se elas disserem que você não pode fazer alguma coisa?
Mr. Catra: As leis quem faz sou eu. Elas organizam o dia a dia. É lógico.
iG: Não se sente cobrado se alguém ligar querendo saber aonde
você dormiu, por exemplo?
Mr. Catra: Mas pode ligar, não me incomodo que liguem. Falo que estou bem,
que estou na casa de fulana, descansando. “Amanhã de manhã ou daqui a pouco
estou aí, meu amor”.
iG: Se preocupa em saber se todas estão recebendo a mesma
atenção?
Mr. Catra: Não tenho tempo para dar atenção para ninguém porque eu
trabalho. O tempo que me sobra, que é da família, é o tempo delas. Eu sinto
saudade de todas elas, amo as minhas mulheres. Elas são compreensivas. E isso
que é bom. A liberdade é a melhor coisa, porque aí você vê quem é quem. Deixa à
vontade. Se não gostar vai fazer o quê? Meu ritmo é esse. Eu vou obrigar as
pessoas a ficarem comigo? Não tem nexo.
iG: Você não pensa em fechar a fábrica?
Mr. Catra: Fechar nada, já tem duas de barriga, Mr. Catra rumo aos 30 (risos).
Uma consorte que eu tenho e já já será minha mulher também, mora no Sul. É a
nova. A outra consorte é a guerreira, são tipo irmãs. São muito amigas.
Consorte é quem está chegando a quase esposa. A outra que está grávida é minha
ex-mulher, um acidente de percurso. Deixou de ser esposa antes de engravidar.
Mas não foi acidente, na verdade, porque se a gente não quisesse não tinha.
iG: A Silvia é a que aparece mais com você em público.
Mr. Catra: É a mais antiga e a que entende mais a doutrina, que vive mais
perto da doutrina. (Olha para Mariah, que neste momento está em seu colo). Como
é que eu não vou ter mais filhos? Pelo amor de Deus, isso não tem preço, não
tem carro importado, avião a jato, isso aqui é tudo. Olha o amor puro e
verdadeiro, tá ligado?
iG: Seus filhos nunca questionaram essa formação familiar?
Mr. Catra: Meus filhos não, minhas filhas ficam meio... Os meninos
entendem mais por ser da natureza deles. As meninas ficam mais arredias por
causa da sociedade. Elas falam o que toda mulher romana fala. Ciúmes, pobreza
espiritual.
iG: É casado no papel com alguma de suas esposas?
Mr. Catra: Não, porque não pode, então estou esperando para legalizar
junto ao governo da Etiópia, onde é permitida a poligamia.
iG: Você tem ascendência etíope?
Mr. Catra: Eu sou negro. Qualquer país da África é obrigado a me receber.
Não preciso da documentação de ninguém. Eu sou preto! É só olhar para a minha
cara que já está vindo a documentação. Se sou afrodescendente é porque descendi
de alguém lá da África.
iG: Se conseguir uma dupla cidadania e puder casar com todas
as suas esposas, vai fazer festa de casamento?
Mr. Catra: Vou. Só para a família. Até porque só a família não é uma
festa, é um evento (risos).
iG: Se casaria de modo tradicional, de terno, e elas de
noiva?
Mr. Catra: Não, nada de terno. Casaria normal, com uma roupa legal,
maneira, mas não precisa de terno. Não estou morrendo, não estou diante de
juiz. Fala em terno já penso logo em juiz, delegado, advogado. Usava terno
porque trabalhei na bolsa de valores. Já trabalhei em vários lugares. Na
Embratel, na Nestlè.
iG: Acha que é impossível um homem ser feliz com uma única
pessoa?
Mr. Catra: Acho que é possível porque o homem pode ser maluco ou veado. É
possível.
iG: Suas músicas têm uma linguagem muito sexual, até
explícita. Seus filhos te perguntam o que quer dizer?
Mr. Catra: Meus filhos não escutam porque cada um tem sua cultura musical.
Aqui em casa cada um escuta um lance. Todo mundo curte funk que é uma cultura
da gente. Mas o que se passa na letra do funk passa na televisão então você não
precisa explicar. A internet já faz esse favor para mim. Falo sobre sexo quando
eles começam a fazer sexo. Antes até procuro não entrar nesse assunto para não
dar ideia. Quando vejo que está na hora eu tenho um papo mais de homem, digo
que homem tem que ser homem e acabou.
iG: Você não aceitaria ter um filho homem gay?
Mr. Catra: Como não? Homossexual sim, veado nunca! O veado é aquele cara
que é incubado, que constrói família, tudo direitinho, faz aquele papel, e sai
com um travesti para fingir que está transando com uma mulher. Aí tem raiva de
mulher, esculacha os filhos, bate na mulher. Agora homossexual respeita
heterossexual, não gosta de heterossexual, gosta de homossexual. São duas
espécies diferentes. Homossexual é um lance que chega a ser sagrado entre os
homens. Porque é um homem que gosta da mulher, veste a mulher, pinta a mulher,
deixa ela toda bonita pra gente destruir tudo e não gosta de pegar na mulher.
Chega a ser um cara até maneiro. Não quer saber da mulher. Nem gosta. Aí eu
gosto (risos).
iG: Você está lançando um CD de samba. Tem letra sensual como
no funk?
Mr. Catra: Tem uma que acho que vou botar no disco, que foi a música que
eu gravei com a Valesca Popozuda. É o “Mama”. Vai ser na versão “Ama”.
iG: Essa música tem uma letra com linguajar sexual bastante
explícito. Acha que suas músicas poderiam tocar o dia todo no rádio?
Mr. Catra: Em inglês pode. Moralismo é hipocrisia. Eu acharia legal tocar
o dia todo, mas em português não, só a partir das 22h. Das 22 às 5h. Na verdade
até às 4h30 porque as crianças estão acordando.