Sobra
chope na conta, aponta pesquisa da Proteste
Em 42% dos estabelecimentos avaliados
pela Proteste no Rio e em São Paulo foram incluídos chopes a mais na conta
Levantamento também verificou
irregularidades na cobrança da taxa de serviço
RIO — Quem planeja reunir os amigos em
um bar para as comemorações de fim de ano, deve ficar muito atento à quantidade
de bebidas e petiscos consumidos pelo grupo. Um levantamento da Proteste —
Associação de Consumidores em estabelecimentos do Rio e de São Paulo constatou
que 42% deles cobraram por chopes que não foram pedidos. Houve ainda descrição
errada da taxa de serviço na nota fiscal.
Segundo a entidade, se alguém não ficar
responsável por controlar os pedidos, o grupo vai gastar mais do que esperava
com a inclusão de bebidas a mais na conta. Foi o aconteceu em 11 dos 19 bares
pesquisados — dez no Rio e nove em São Paulo. Na capital paulista, os casos
mais graves foram registrados em dois bares: um acrescentou 13 chopes à conta e
outro, 11. E houve descrição errada da taxa de serviço na nota fiscal. Em um
deles, a taxa de R$ 66,23 foi cobrada como “vinagre balsâmico”. E em outro, o
valor foi colocado na nota à mão pelo garçom.
— A partir da nossa amostragem não
podemos afirmar que esses bares agiram de má-fé. Afinal, também verificamos em
alguns locais que itens consumidos deixaram de ser cobrados. O que podemos
dizer com certeza é que há uma total falta de controle sobre o que os clientes
estão consumindo — destacou David Passada, advogado da Proteste.
Durante o levantamento também foram
observadas descrições “disfarçadas” da taxa de serviço na nota fiscal. Em um
bar do Rio e em três da capital paulista, ela apareceu na conta como “troco
dado ao cliente”. Um outro estabelecimento carioca descreveu a taxa como
“comida extra” do cardápio. Um bar do Rio e outro de São Paulo não cobraram a
taxa. Um outro local do Rio não a mencionou na nota fiscal.
A Proteste orienta o consumidor a
guardar os comprovantes de pagamento e, caso não concorde com o valor, deve
procurar um Procon de sua cidade. Se não houver acordo e o caso chegar à
Justiça, o estabelecimento, se condenado, deverá pagar em dobro o valor
reclamado, conforme indica o artigo 42 do Código de Defesa do Consumidor (CDC).
— Em relação à taxa de serviço, além de
prejudicar o consumidor, também pode haver sonegação fiscal, pois há a
incidência de ICMS sobre o valor cobrado. Enviamos ofícios sobre isso às
secretarias de Fazenda do Rio e de São Paulo e aos Procons para que fiscalizem
os restaurantes que cometeram irregularidades nesse sentido— afirmou Passada.
Longa espera por uma mesa
Houve divergências também na contagem
dos refrigerantes. Um dos bares avaliados em São Paulo cobrou três
refrigerantes a mais. Em contrapartida, dois estabelecimentos no Rio cobraram
um refrigerante a menos, o que também aconteceu em três bares paulistanos.
Na conferência do tempo de espera para
conseguir uma mesa no bar, os casos mais críticos de espera foram identificados
em São Paulo. Em um bar localizado numa região nobre da capital paulista, o
grupo da Proteste teve de aguardar por uma hora e 20 minutos por uma mesa
disponível. Não muito diferente do que ocorreu em um bairro da Zona Leste, em
que o tempo de espera foi de uma hora e dez minutos. “Apesar desses dois
exemplos ruins, 63% dos bares acomodaram os colaboradores em até cinco
minutos”, informou a entidade.
Os bares paulistanos também demoraram na
hora de entregar a conta. Três dos nove avaliados levaram dez minutos. No Rio,
um deles demorou sete minutos e outro, seis. Mas, de acordo com a Proteste, “em
74% dos bares avaliados, a conta chegou em até cinco minutos após a
solicitação. Tempo considerado ideal.”
Como foi realizada a pesquisa
Para fazer a avaliação, grupos de 12
pessoas chegaram juntas aos bares selecionados, em São Paulo e no Rio, e lá
permaneceram por, no mínimo, quatro horas. O desafio, segundo a Proteste, era
conferir se os estabelecimentos descreviam na nota fiscal exatamente o que foi
pedido em relação à variedade do produto, quantidade consumida e preço cobrado.
Para garantir a igualdade nas análises, os pedidos foram padronizados: a lista
incluía 60 chopes, oito refrigerantes, seis caipivodkas, quatro garrafas de
águas sem gás e seis porções de petiscos.
No Rio, fizeram parte das análises os
seguintes bares: Boteco Belmonte, Cervejaria Devassa, Café e bar Hipódromo,
Planalto do Chopp, Planeta do Chopp, Petisco da Vila, Rosa Chopp, Buxixo
Chopperia, Botequim do Itahy e Botequim Informal.
E em São Paulo foram testados:
Cervejaria Devassa, Boteco São Bento, Bar Genésio, Bar Salve Jorge, Bar do
Juarez, Boteco Brasil, Genuíno Chopp, Cervejaria Patriarca e Exquisito.
A Proteste encaminhou os resultados da
avaliação à Abrasel, associação que representa o setor, “para que tome
providências junto aos associados, orientando-os a descrever na conta e na nota
fiscal o valor da taxa de serviço, assim como deixar claro para o cliente a
voluntariedade de seu pagamento”.
A reportagem também procurou a
associação para que comentasse a conclusão do levantamento, mas não obteve resposta.
Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/defesa-do-consumidor/sobra-chope-na-conta-aponta-pesquisa-da-proteste-7052680#ixzz2F4JJhnvI
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