Império
Bizantino e o legado
O Império Bizantino foi uma continuidade do Império
Romano do Oriente, que perdurou até o século XV, quando a capital
Constantinopla (ou Bizâncio para os gregos, e hoje Istambul) foi conquistada
pelos turcos-otomanos, em 1453. O legado deixado pelo Império Bizantino é amplo,
influenciando desde as rotas comerciais entre Ocidente e Oriente até os códigos
civis contemporâneos.
A cidade de Constantinopla, uma antiga aldeia de pescadores
gregos, foi urbanizada por volta de 330 D.C. por orientação do imperador romano
Constantino. Inicialmente conhecida como Nova Roma, Constantinopla se
transformou na capital do Império Romano do Oriente e em um grande centro
comercial devido à sua localização geográfica privilegiada, no estreito de
Bósforo, em um ponto de junção entre o mundo ocidental e oriental.
O principal imperador bizantino foi Justiniano (527-565),
que durante seu reinado expandiu o Império aos seus limites máximos na região
mediterrânica, chegando inclusive a reconquistar a cidade de Roma e a Península
Itálica dos povos germânicos. Foi durante o governo de Justiniano que foram
compiladas as leis romanas, criando o Corpus Juris Civilis (Corpo do
Direito Civil). Esse código jurídico romano organizado pelos bizantinos
influenciou a constituição de diversos códigos civis em países da época
contemporânea.
Entretanto, após a morte de Justiniano, o Império Bizantino
entrou em um lento processo de decadência, que iria se arrastar até a tomada de
Constantinopla pelos turcos, em 1453.
Justiniano também financiou a construção de grandes obras
públicas, das quais se pode destacar a Catedral de Santa Sofia, que até hoje
existe na cidade de Istambul. O imperador governava ainda com poderes
absolutos, considerando-se o representante de Deus na Terra, o que o tornava
também o chefe da Igreja. Isso acabou diferenciando a própria Igreja, já que no
Ocidente, o bispo de Roma passou a ser o chefe da Igreja a partir de 455,
transformando-se no papa Leão I.
Outro ponto de diferenciação com o cristianismo católico
ocidental pode ser encontrado com o movimento dos iconoclastas, que,
orientados pela não veneração de imagens (ícones), passaram a destruí-las.
Entretanto, a produção de mosaicos e pinturas era incentivada, dentro de
parâmetros preestabelecidos pelos teólogos, como a retratação das figuras
sempre de frente.
Essa diferenciação entre as práticas religiosas da Igreja Romana
e do Império Bizantino, aliada às disputas políticas e econômicas entre o papa
e os imperadores bizantinos, levou à separação das duas igrejas. O episódio
ficou conhecido como Cisma do Oriente, ou Grande Cisma, dando origem a
duas igrejas católicas: a Igreja Católica Apostólica Romana e a Igreja Católica
do Oriente, mais conhecida no Brasil como Igreja Ortodoxa.
Constantinopla foi considerada o maior centro cultural do mundo
cristão durante a Idade Média, principalmente pela preservação de uma grande
quantidade de obras de artistas e pensadores da Antiguidade, em especial dos
gregos e dos romanos. As atividades dos monges copistas proporcionou que os
pensadores do Renascimento pudessem entrar em contato com os clássicos da
Antiguidade. Inclusive a influência grega sobre o Império Bizantino foi enorme,
a ponto de substituírem o uso do latim pelo grego nas cerimônias religiosas e
nos documentos oficiais.
Foram os bizantinos que difundiram o cristianismo no oriente
europeu, a ponto de dois monges bizantinos, Cirilo e Metódio, terem criado um
alfabeto, baseado no alfabeto grego, para converter os povos eslavos. O alfabeto
cirílico, como foi batizado, é hoje utilizado em diversos países, como na
Rússia e na Ucrânia.