Império Islâmico e a difusão da cultura
árabe
Você sabia que a divulgação da utilização do
número zero em operações matemáticas foi uma contribuição dos povos árabes? E
que isso foi possível em decorrência do tamanho que alcançou o Império Islâmico
e do contato entre culturas diferentes ocorridas nesse império? A cultura
árabe foi influenciada por diversas outras culturas e também influenciou
nosso modo de viver. Vamos conhecer um pouco mais sobre esta rica produção
cultural?
Os árabes viviam principalmente na Península Arábica e depois que
Maomé se tornou chefe político, religioso e militar deste povo, em 622, foi
formado o Império Islâmico, que se estendeu desde a Índia até a Espanha. A
prática dos árabes com os povos que eram conquistados era de tolerância
religiosa e também de não destruir as civilizações existentes, assimilando
valores e conhecimentos dos povos subjugados e também contribuindo de forma
original, produzindo novos conhecimentos a partir dessas assimilações.
O próprio legado filosófico grego foi mantido vivo também como
contribuição dos árabes. A conquista de partes do território do Império
Bizantino, que se dizia herdeiro da tradição greco-romana, possibilitou aos
árabes traduzir e a comentar as obras do filósofo Aristóteles, por exemplo.
Outros conhecimentos apropriados e expandidos do pensamento grego
estão na medicina, astronomia, geografia, química e na matemática. Nesse ramo
do conhecimento, devemos aos árabes os algarismos que utilizamos cotidianamente
em nossos cálculos e descrições. Do contato com os indianos, os árabes
conheceram o algarismo zero e passaram a utilizá-lo em operações matemáticas.
Esse conhecimento possibilitou a realização de cálculos complexos, como os
cálculos algébricos, que auxiliaram na engenharia, na arquitetura e foram muito
importantes para o desenvolvimento das ciências, além do fato de que sem o zero
e os cálculos matemáticos não teríamos desenvolvido os computadores.
A universidade de Al-Azhar, fundada em 975, era um centro de
produção de conhecimento no Império Islâmico
Os árabes trouxeram ainda para o Ocidente espécies vegetais como o
arroz, a cana-de-açúcar, o café, o algodoeiro, a laranjeira, o limoeiro, a
alface e a amoreira. Produziram um artesanato de alta qualidade, principalmente
nos tecidos, tapetes, brocados e objetos de metais, dos quais se podem destacar
as famosas espadas de aço fabricadas em Toledo, na Espanha.
Como se tornaram grandes navegadores, eles construíram mapas,
navios, criaram a bússola e o astrolábio, importantes instrumentos de
navegação. Desenvolveram a alquimia, possibilitando que os conhecimentos fossem
utilizados na química moderna. Realizaram o comércio através do Mar
Mediterrâneo, interligando o mundo Oriental e Ocidental.
Na arquitetura utilizaram uma grande variedade de arcos, cúpulas
originais, minaretes, sempre ornamentados. Desenvolveram ainda os arabescos,
uma espécie de arte abstrata decorativa que mistura formas de flores, linhas,
frutas, grinaldas e eram utilizadas em decorrência da proibição de representar
figuras humanas expressa no Corão. Além disso, utilizaram da arte bizantina,
persa e indiana para fazer as decorações internas de suas mesquitas e palácios,
com a criação de refinados motivos geométricos e ornamentais.
Os árabes produziram ainda uma vasta literatura, cuja principal
obra destacada é As mil e uma noites, uma coletânea de contos originários
de diversos lugares do Oriente, como da China, da Índia e da Pérsia, todas
interligadas com a história da princesa Sherazade, que narra histórias
fantásticas ao sultão com quem havia se casado, para evitar sua morte e a de
outras princesas.
Todos esses exemplos servem para ilustrar o intercâmbio cultural
proporcionado pelo Império Islâmico e a difusão da cultura árabe no mundo.
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