Prisão de assassino de
taxistas choca vizinhos e traz alívio à categoria
Jovem de 21 anos confessou os seis assassinatos no estado, diz
polícia. Ele é natural de Santana do Livramento, mas mora em Porto Alegre.
Câmeras flagraram suspeito na Avenida Assis Brasil, em Porto Alegre
A prisão do homem que confessou ter assassinado seis taxistas
no Rio Grande
do Sulchocou vizinhos e trouxe alívio para uma categoria que estava
revoltada e com medo de trabalhar. O rapaz de 21 anos foi detido na tarde de
sábado (13), em Porto
Alegre, segundo anunciou a Polícia Civil neste domingo (14).
Os crimes foram cometidos no final de março. Na madrugada do dia
28, o jovem assaltou e executou três taxistas em Santana
do Livramento, na Fronteira Oeste, sua cidade natal. Viajou de ônibus para
Porto Alegre e repetiu a série de três crimes dois dias depois.
Os vizinhos da família do jovem, que viveu com a avó em Santana do
Livramento até os 19 anos, estão perplexos com a confissão dos assassinatos. “Foi
um choque as mortes dos taxistas. Agora a gente tenta entender o que leva uma
pessoa fazer isso, será que é doente, precisa de ajuda?”, questiona uma
vizinha, que prefere não se identificar.
Para um motorista de táxi em Santana do Livramento, que conhecia as
três vítimas do jovem, a prisão do suspeito tranquilizou os colegas. “Ele
sempre chegava cedo, era uma pessoa de bem, e foi morto por pouca coisa. A
gente fica tranquilo agora com a prisão do jovem. Dessa vez, graças a Deus, a
polícia conseguiu fazer um bom trabalho”, diz o homem.
Já em Porto Alegre, a prisão do jovem surpreendeu a categoria. De
acordo com o diretor administrativo do Sindicato dos Taxistas (Sintaxi), Adão
Ferreira de Campos, ninguém acreditava na ligação entre os crimes. “Nos
surpreendeu muito, jamais pensaríamos que o mesmo indivíduo fosse atuar na
capital. Achamos que fosse um assunto de Fronteira lá”, diz.
O suspeito morava há dois anos em Porto Alegre. Ele veio para a
capital depois de ser expulso do Exército, em 2010, por problemas
disciplinares, segundo informou o capitão Allan Dias Mercês à Rádio Gaúcha. Ele
servia na 2ª Bateria de Artilharia Antiaérea, em Santana do Livramento.
Na capital, o jovem trabalhou como motoboy e corretor de imóveis. O
perfil no Facebook diz que ele estudou Gestão Imobiliária na Ulbra. Estava
desempregado quando cometeu a série de crimes. Depois, arrumou emprego como
instrutor de informática em uma escola da capital. Dava aulas para
crianças.
De acordo com o chefe da Polícia Civil, delegado Ranolfo Vieira
Júnior, os crimes tiveram motivação financeira. Em depoimento, o suspeito
relatou que precisava de dinheiro para pagar o aluguel do apartamento onde morava,
no bairro Santa Cecília.
“Ele reside em um apartamento que o locatício é R$ 1 mil, mais R$
250 de condomínio. Esse valor estaria atrasado há 10 dias e ele precisava do
dinheiro para pagar a locação. É claro que a investigação vai provar ou não a
veracidade disso”, comentou Ranolfo.
Teste com luminol revelou manchas de sangue em moletom do suspeito
As suspeitas de que o jovem era o assassino começaram a ser
investigadas pela Polícia Civil de Santana do Livramento. Imagens de câmeras de
segurança indicaram a presença do jovem nos locais dos crimes. Digitais dele
encontradas em um dos veículos das vítimas e o rastreamento dos celulares
também confirmaram a identificação.
“Mediante um mandado de busca na casa da vó dele, onde ele ficou em
Santana do Livramento, foi encontrada a jaqueta que ele utilizou lá, suja de
sangue. Foram encontradas digitais, em um dos carros das vítimas, que
confrontadas com as dele, indicam que ele esteve no veículo”, disse o delegado
Roger Tavares, responsável pelas investigações na Fronteira.
De acordo com a polícia, o suspeito viajou para Santana do
Livramento no domingo, dia 24 de março. Na quinta-feira, dia 28, por volta das
2h, chamou o primeiro taxista por telefone. Foi até um local próximo de um lago
onde executou a primeira vítima, com um tiro na cabeça. O carro foi abandonado
em Rivera, no Uruguai.
Após o primeiro latrocínio, ele retornou ao Brasil, tentou pegar
outros dois táxis, sem êxito. Seguiu, então, até um ponto de táxis, abordou
outro motorista, levou para um local distante, e cometeu o segundo crime.
retornou ao centro e dali foi para rodoviária, onde pegou o terceiro táxi, e
executou o motorista em um local distante.
Na casa do jovem, polícia encontrou celulares de taxistas e
passagem de ônibus da Fronteira para Porto Alegre as 23h da noite da
quinta-feira, véspera de feriado, o suspeito pegou um ônibus na rodoviária em
direção a Porto Alegre. E 48 horas depois, na madrugada do dia 30, matou, com
tiros na cabeça, outros três taxistas. Os corpos foram encontrados na Vila
Ipiranga, no Passo D’Areia e no bairro Mario Quintana, na Zona Norte.
Com a ajuda de câmeras de vigilância, a polícia identificou o
suspeito próximo aos locais de dois crimes na capital. Ele vestia calças
claras, casado escuro e carregava uma mala de viagem na mão. Essas roupas foram
encontradas no apartamento delem, e a perícia revelou que tinham manchas de
sangue. Celulares das vítimas e uma passagem de Santana do Livramento para
Porto Alegre também foram achados.
“Ele, lisamente, admitiu, em detalhes, a prática dos três crimes
ocorridos em Santana do Livramento e, posteriormente, a prática dos três crimes
ocorridos em Porto Alegre, dando detalhes. Em poder desse indivíduo, foram
apreendidos bens subtraídos das vítimas, foram apreendidas roupas com vestígios
de sangue e uma passagem que ônibus”, explicou o delegado Ranolfo.
O passo a passo dos crimes:
- 24 de março - O jovem de 21 anos viaja de Porto Alegre para Santana do
Livramento. Na sua cidade natal, ele fica hospedado na casa da avó.
- 28 de março (primeira víttima) - Por volta das 2h, ele chama o primeiro
taxista por telefone. Vai com ele até um local próximo de um lago, onde o
executa com um tiro na cabeça. O carro é abandonado em Rivera, no Uruguai.
- 28 de março - De volta ao Brasil após atravessar a fronteira, o
suspeito tenta pegar outros dois táxis, mas sem sucesso.
- 28 de março (segunda vítima) - O jovem vai até um ponto de táxi em Santana do
Livramento, no centro da cidade. Ele vai com outro motorista até um local mais
afastado, onde o executa exatamente como a primeira vítima.
- 28 de março (terceira vítima) - O jovem embarca em um táxi que havia deixado
uma passageira na estação rodoviária, no Centro, em um ponto da cidade ainda
desconhecido pela polícia. O taxista é conduzido até outro local afastado,
executado e roubado. O carro dele é dispensado em outro ponto. Depois disso, o
suspeito volta para casa.
- 28 de março - Às 23h, o suspeito toma um ônibus de volta para
Porto Alegre. Chega na capital na manhã de Sexta-Feira Santa.
- 30 de março (quarta vítima) - Em Porto Alegre, o jovem começa a repetir a
série de crimes. Por volta da 1h45, a primeira vítima é executada, no bairro
Vila Ipiranga. O carro é abandonado na esquina das ruas Havana com Bogotá, na
Zona Norte.
- 30 de março - Câmera de segurança registra a passagem do jovem pela Rua
Bogotá, à 1h57. Dois minutos depois, ele aparece em imagens feitas na Assis
Brasil.
- 30 de março - Em frente à casa noturna Feijão com Arroz, na Assis Brasil, o
jovem toma outro táxi. O motorista pede para ele sentar no banco de frente. Em
depoimento à polícia, o jovem disse que desistiu do assalto por causa desse
fato.
- 30 de março (quinta vítima) - Após pegar outro táxi, o suspeito executa o
motorista na Rua São Jerônimo, bairro IAPI, por volta das 2h25. O carro é
abandonado na Rua Mata Bacelar.
- 30 de março - Câmera de monitoramento registra a passagem do suspeito pela
Rua Mariland, em direção à Avenida 24 de Outubro, depois de abandonar o segundo
veículo.
- 30 de março (sexta vítima) - O terceiro taxista é morto por volta das 3h, na
Travessa José Bonifácio, no bairro Mario Quintana. O carro foi abandonado ao
lado do corpo.
Fonte: Polícia Civil
http://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2013/04/prisao-de-suspeito-de-matar-taxistas-choca-vizinhos-e-traz-alivio-categoria.html