Ataques
e contra-ataques no amor
Comentando o “Se eu fosse você''
A questão da semana é o caso do casal
que se ataca com muita frequência. Numa relação amorosa não é raro observarmos
uma espécie de terrorismo íntimo. O psicoterapeuta americano Michael Miller diz
que nesse caso são duas pessoas preocupadas em atacar a segurança ou a
autonomia uma da outra, provocando recíproca ansiedade.
Apesar de nenhuma delas estar
preparada para abrir mão do relacionamento, cada uma tem como objetivo tomar o
controle dele. Em sua busca de poder na relação atacam-se os pontos mais
vulneráveis do parceiro (a). Usam-se ameaças, alimentam-se o medo e a dúvida,
de forma a paralisar a vontade do seu oponente. Cada troca de palavras sugere
um significado diferente do que apresenta na superfície porque praticamente
cada coisa pode ser utilizada para prolongar a batalha pelo controle.
Mas temos que levar em conta também
que em muitos casamentos, as pessoas não se separam porque dependem um do outro
emocionalmente, precisam do parceiro para não se sentirem sozinhos e para que
ele seja o depositário de suas limitações, fracassos, frustrações e também para
responsabilizá-lo pela vida tediosa e sem graça que levam.
“Algumas vezes o casamento vai
enferrujando tão completamente que, afinal, se quebra em pedaços, e os dois se
divorciam como se estivessem abandonando uma peça de maquinaria que parou, sem
possibilidade de conserto. Outros casamentos morrem de morte violenta, como um
carro que bate num poste telefônico, liberando dois corpos, que vão aterrar nas
contorcidas posições de pessoas com os ossos quebrados”, observa Miller em seu
estudo.
Há casais em que os ressentimentos
dominam a relação, e eles não são capazes de se unir nem de se separar.
Encontramos com frequência relações amorosas em que há luta pelo poder. Muitas
vezes, o poder, que se mascara como amor, assume um papel bem importante na
união de duas pessoas. “Estou fazendo isso para o seu bem.”, é uma frase que
pode significar justamente o contrário.
Na realidade, amor e poder nunca vão
funcionar bem juntos. Não é novidade que toda relação íntima deve levar em
conta as necessidades de cada uma das partes, tanto para estar juntos como para
suas autonomias.