segunda-feira, 28 de julho de 2014
Refletindo...
"A
semeadura é opcional, já colheita é certa.". Trabalho árduo e perene, orai
e vigiai, porque a Lei do Cosmo é implacável!”
(Provérbio
Chinês)
Língua afiada...
PEGADINHA GRAMATICAL
A troca
inadequada de alguns pronomes oblíquos
Ao ressaltarmos sobre inadequação, fazemos referência,
na maioria das vezes, à prática cotidiana do coloquialismo. Muitas vezes por
não termos conhecimento das regras concernentes aos postulados gramaticais,
empregamos determinadas expressões de forma errônea, tanto na oralidade quanto
na escrita.
Entretanto, tal ocorrência torna-se passível de ser
contornada quando travamos certa familiaridade com a leitura em parceira com a
assiduidade da escrita. É óbvio que conhecimento não é algo que se encontra
pronto e acabado, mas sim algo conquistado de maneira gradativa.
Atendendo ao propósito de ampliarmos nossos
conhecimentos sobre alguns fatos ligados a esta natureza linguística, citamos o
caso da troca inadequada dos pronomes oblíquos “a” e “o” pelo pronome “lhe”.
O referido caso se dá diante de verbos transitivos,
os quais rejeitam o emprego da preposição, haja vista que o pronome “lhe”
somente deve ser atribuído a verbos transitivos indiretos. Vejamos os casos
mais comuns:
Queremos lhe abraçar
Eu lhe amo
Apresentou-lhe ao diretor.
Analisando a transitividade dos verbos em
evidência, temos:
Ao abraçarmos, abraçarmos alguém; ao amarmos,
ocorre da mesma forma, como também ao apresentarmos, sempre há uma pessoa que
participa deste ato. Então, por que usarmos o lhe quando se trata de um verbo
transitivo direto?
Portanto, no intuito de refazermos o discurso,
adequando-o ao padrão formal da linguagem, obteríamos:
Queremos
abraçá-lo.
Eu o amo
Apresentou-o ao diretor.
Vejamos agora os casos nos quais o uso do pronome
“lhe” se dá de forma correta:
Deu-lhe um abraço.
Eu trouxe-lhe a encomenda que me pediu.
A prática do tabagismo afeta-lhe a saúde.
É possível que com estas explanações acerca do
presente tema, não tenhamos mais nenhuma dúvida, e, sempre que conveniente,
empregaremos os pronomes em estudo de forma adequada.
Interessante...
Veja 7
coisas que você nem imagina que possa estar comendo do jeito errado
Confira quais são esses itens e aprenda formas
surpreendentes para deixar o jeito de consumi-los muito mais prático
O ato de comer deve ser algo simples: abrir a boca,
colocar o alimento, mastigar e engolir. Mas, em algumas situações, esta
necessidade básica da vida tem um conjunto de sutis complexidades que podem
acabar complicando tudo.
Muitos alimentos são facílimos de consumir,
enquanto outros exigem mais atenção na hora de morder, descascar ou de realizar
“técnicas” para abocanhar, como um grande hambúrguer, por exemplo. Por isso,
muitos sites e vídeos têm esclarecido diversas ocasiões em que estamos comendo
alguns itens de forma errada.
É claro que cada pessoa pode comer do jeito que
quiser, mas esses “tutoriais” nos informam dicas preciosas para deixar tudo
mais fácil e mais limpo em muitos casos. Confira abaixo sete alimentos e as
maneiras mais simples e práticas de consumi-los.
1 – Laranja e mexerica
Diply
Essa forma de descascar laranjas e mexericas vai
lhe surpreender. O primeiro passo é pegar uma faca e cortar fatias pequenas na
parte superior e inferior da fruta. Em seguida, corte uma abertura na parte
lateral e pronto! Agora é só “desenrolar” a laranja, deixando uma agradável e
suculenta linha de gomos para serem degustados.
2 – Banana
A maioria das pessoas começa a descascar a banana a
partir da ponta que tem uma haste mais alongada. Mas, se você descascar
começando pelo outro lado, será muito mais fácil, pois ali a fruta contém menos
partes fibrosas. Esta é também a maneira com que os macacos abrem as suas
bananas, então podemos ter a garantia de quem entende do assunto.
3 – Cupcake
9gag
Cupcakes são bolinhos lindos com recheio e uma boa
dose de cobertura cremosa. Muitas vezes, pode ser um verdadeiro desafio comer
essa guloseima sem sujar toda a mão, a boca e até o nariz.
A maioria das pessoas come o cupcake de duas
formas: a primeira é retirando o papel da forminha e dando a mordida com a boca
bem aberta para conseguir envolver a massa e o recheio sem se lambuzar (o que é
quase impossível). A segunda forma é comendo a cobertura antes e o bolinho
depois.
Mas a maneira mais fácil e genial de comer o
cupcake é simplesmente retirando o seu fundo delicadamente e colocando-o em
cima da cobertura, como um sanduíche! Dessa forma, ele pode ser consumido sem
dar aquela sujada de creme no nariz e aproveitando melhor os sabores da
cobertura e da massa juntos.
4 – Asinhas de frango
Certamente, não existe uma maneira limpa de comer
asinhas de frango com as mãos. Mas tem como deixar essa situação menos
bagunçada e mais simples para comer, tirando o máximo proveito da carne.
BuzzFeed
A técnica consiste em girar e remover a cartilagem
de junção entre os ossinhos, o que faz com que eles se soltem facilmente para
serem retirados. Confira mais detalhes no vídeo acima.
5 – Manga
Imgur
Você já imaginou descascar manga com a ajuda de um
copo? A técnica é bem bacana e faz menos sujeira do que a forma comum de
descascar. Além disso, pode ser feita também com copos firmes de plástico.
6 – Toblerone
Existe um jeito mais simples de quebrar os pedaços
desse chocolate tão conhecido. Mas, é claro, essa é apenas uma sugestão, pois
você pode comê-lo do jeito que quiser. Nessa técnica, o polegar é utilizado
para quebrar e segurar cada pequeno triângulo da guloseima. Confira no vídeo.
7 – Maçã
Você sabia que a maioria das pessoas desperdiça
cerca de 30% de cada maçã consumida? Geralmente, deixamos de lado a parte do
cabinho e do fundo. No entanto, existe um jeito de aproveitar a maçã inteira,
começando pela parte de baixo. Confira o vídeo acima e se surpreenda. Para onde
foram as sementes?
http://www.megacurioso.com.br/papo-de-bar/45015-veja-7-coisas-que-voce-nem-imagina-que-possa-estar-comendo-do-jeito-errado.htm
História...
100 anos da
Primeira Guerra Mundial: as sequelas da guerra que deram origem ao mundo
moderno
Nada mais foi como antes: saiba como o mundo de
hoje foi parido pelo massacre
A Primeira Guerra é uma espécie de patinho feio da
cultura popular. Só para ter uma ideia, a Wikipedia lista 70 filmes sobre o
conflito. A Segunda Guerra tem 539. É fácil entender por que ela não rende
muito entretenimento. Soldados atolados em trincheiras ou forçados a avançar
inutilmente contra metralhadoras dificilmente são material para um blockbuster.
As máquinas eram poucas, lentas e desengonçadas. E, se a Alemanha faz as vezes
de vilão, o kaiser Guilherme parece um monge tibetano se comparado a Adolf
Hitler. A ausência é injusta. O mundo de hoje foi parido pelo massacre.
Destruição
em massa
Num mundo dominado pelos Estados Unidos, os
assuntos que pautaram todas as questões internacionais da década passada foram
norte-americanos: o combate ao terrorismo e a Guerra do Iraque. Ambos têm sua
origem na Primeira Guerra.
O conflito começou, afinal, por um atentado
terrorista – que, em suas consequências, foi muito mais longe que aquele
orquestrado pela Al Qaeda em 2001. Em 28 de junho de 1914, um rapaz de 19 anos,
Gavrilo Princip, matou a tiros o arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do
trono do Império Austro-Húngaro. Era um ato de terrorismo suicida – após o
ataque, Princip tomou uma cápsula de cianureto, que não funcionou.
A ideia era
forçar o império a entrar em conflito com a Sérvia – essa parte deu muito
certo, levando às declarações de guerra em cascata, por meio de várias
alianças, que deram início ao conflito mundial em 1914. Princip provou que, num
ato de provocação, uma única pessoa podia ser capaz de mudar a História. “De
diversas maneiras, o ataque ao World Trade Center foi um eco direto dessa
provocação”, afirma o historia- dor Jay Winter, da Universidade de Yale.
Além do terrorismo, o radicalismo islâmico também
tem origem no confronto. A queda do Império Otomano, aliado da Alemanha e
Áustria-Hungria, pôs o Islã em crise. Os sultões turcos chamavam a si próprios
de califas – os detentores da autoridade do profeta Maomé. Palestina, Síria, Jordânia,
Líbano e Iraque passaram a ser dominados por cristãos europeus. A Arábia
Saudita, primeiro país a abraçar o islamismo ultraconservador wahabita, nasceu
em 1932, do vácuo de poder após a queda do império.
No Egito, país dominado
pelo Império Britânico desde antes da guerra, foi fundada a Irmandade Muçulmana
em 1928 – considerada a precursora de todas as entidades do Islã radical. Essa
é, na opinião de Winter, a mais importante consequência de toda a guerra: “A
instabilidade nas zonas do antigo Império Otomano toma hoje desde o Mar Negro
até o Oriente Médio e a África do Norte”.
O terror também vinha dos exércitos, na forma das
armas químicas, as primeiras de destruição em massa. Os franceses começaram em
1914 com gás lacrimogêneo. No ano seguinte, ambos os lados passariam a usar
versões letais. Até o fim da guerra, 88 mil soldados padeceriam, e mais de 1
milhão seriam atingidos, às vezes com sequelas para o resto da vida. Para quem
se lembra de como a Guerra do Iraque começou, em 2003, com a caçada pelas
“armas de destruição em massa” de Saddam Hussein, não é difícil ver o que isso
implica no mundo atual.
A cultura
da incerteza
O impacto brutal da Primeira Guerra foi sentido na
cultura. “A Grande Guerra tomou parte do que era, comparado ao nosso, um mundo
estático, nos quais os valores pare- ciam estáveis”, escreveu o historiador
Paul Fussel em The Great War and Modern Memory (sem tradução). Esse mundo de
valores fixos nos séculos seria uma vítima da guerra.
Primeiro, foram os jovens. Os sobreviventes receberam
da escritora norte-americana Gertrude Stein a alcunha de lost generation,
“geração perdida”. De acordo com ela, a expressão significava “sem rumo”, não
mortos. A reação aos anos de horror, seguidos pela relativa prosperidade, foi o
hedonismo. A década seguinte foi chamada pelos americanos de roaring twenties,
ou “furiosos anos 20” – a era de ouro do sexo, álcool e jazz.
O namoro foi
inventado. O que havia antes era a “corte”: um interessado se apresentando
polidamente aos pais da moça e, caso aceito, apenas conversando com ela a uma
distância segura, sempre com um parente no meio para supervisionar. O ícone
máximo do novo comportamento foram as flappers, as moças modernas da década de
20, que abandonaram os espartilhos e penteados por saias e cabelos curtos, e
passaram a namorar, fumar e beijar em público.
“Enquanto muitos lutavam para se
manter nos limites das velhas normas de moda e comportamento, a nova
prosperidade e mobilidade estavam movendo um caldeirão de mau comportamento”,
afirma o escritor Thomas Streissguth em The Roaring Twenties (sem tradução).
A arte também se radicalizou, refletindo a nova
realidade instável e violenta. O modernismo surgiu antes da Grande Guerra, mas,
até os anos 20, sofria vaias quase universais dos críticos. Se as artes
plásticas já tinham seus Picassos e Matisses, a arquitetura, design de objetos
e, particularmente, a literatura ainda eram praticamente as mesmas da época
vitoriana. Os anos 20 viram a ascensão na arquitetura e design da Art Déco, que
desviava das convenções aceitas por séculos.
A Alemanha tornou-se um dos
maiores centros da vanguarda estética, com o expressionismo alemão e a Bauhaus,
que buscou eliminar toda a decoração inútil dos objetos cotidianos – uma das
origens e mantras do design moderno. Isso tudo para grande constrangimento dos
nazistas, que tentaram banir o modernismo após subir ao poder.
Fim do
domínio europeu
O historiador britânico Eric Hobsbawn marcava a
Primeira Guerra como o fim do que ainda se ensina no Brasil como “Era
Contemporânea”, período iniciado na Revolução Francesa. Para ele, o confronto
marca o nascimento do “Curto Século 20”, que acabou com o fim da União
Soviética, em 1991. Quando o conflito se iniciou, ainda se vivia no tempo de
reis, condes e marqueses. O centro de poder do mundo era essa velha Europa, que
dominava incríveis 80% da área do mundo com suas possessões coloniais.
Três grandes impérios morreram de uma vez: a
Alemanha, o Austro-Húngaro e o Otomano. Ainda que França e Grã-Bretanha tenham
terminado herdando as terras dos vencidos, essas colônias estavam com os dias
contados: a obrigação de lutar ao lado de seus opressores fomentou o
nacionalismo, movendo povos como indianos e egípcios a se rebelarem pela
independência. Após a grande guerra seguinte, os impérios desabariam como
um castelo de cartas.
E quem daria as cartas no século apareceu então. “A
Primeira Guerra anunciou o fim da dominação europeia, pois os verdadeiros
vencedores foram Estados Unidos e Japão”, afirma a historiadora Sally Marks,
autora de diversos livros sobre o conflito. Ao entrarem na guerra, os EUA
quebraram uma velha tradição de não intervenção em assuntos europeus, que vinha
desde sua fundação.
A Primeira Guerra foi a primeira vez que o país mandou
tropas para impor a democracia. “A noção de que se pode criar democracia e,
portanto, paz, é de Woodrow Wilson”, afirma o historiador Jay Winter. “George
Bush era basicamente um wilsoniano.” Além de sair de seu armário isolacionista,
os Estados Unidos mantiveram sua estrutura intacta no conflito, enquanto todas
as potências europeias tiveram de se reconstruir.
O que foi feito, em grande
parte, com dinheiro americano, que também havia financiado suas armas durante a
guerra. “Os Estados Uni- dos foram transformados pela guerra de um país devedor
em credor, uma posição que mantém ainda hoje”, diz Winter.
Lutando do lado dos aliados, o Japão derrotou as
forças da Marinha alemã no Pacífico, ganhando colônias e, pelo apoio prestado,
conseguindo a aceitação europeia para seu domínio sobre a Ásia. “Havia muita
simpatia pelo país como o representante do Ocidente civilizado no Oriente
bárbaro”, afirma Sally Marks.
Indiretamente, essa é a razão por que a pátria de
guerreiros tornou-se a colorida e pacífica democracia atual. A pretensão
imperial desencadearia a trágica participação do Japão na Segunda Guerra do
lado errado, levando à derrota e reconstrução sob supervisão americana.
Mas talvez a mais importante novidade foi a União
Soviética, país nascido do conflito. A rebelião começou como uma revolta contra
os fracassos em campo de batalha, que levou à abdicação do czar em fevereiro,
seguida por uma revolução dentro da revolução, em 7 de novembro, comandada
pelos bolcheviques.
O poder soviético pautou o debate político do século 20, e
seus fantasmas ainda assombram o mundo – a recente crise na Ucrânia e as
reações à incorporação russa da Crimeia fazem eco a vários medos tidos por
superados.
Viva a sabedoria...
Renascimento:
do mundo fechado ao universo infinito
Galileu Galilei - Colocou contornos de ciência na
nova postura investigativa
De um modo geral, existiram duas formas de conceber
o homem, o conhecimento e o direito, baseadas em duas cosmologias ou visões de
mundo: a cosmologia antiga (gregos) e a cosmologia cristã (até certo ponto,
latina).
A cosmologia grega, em síntese, compreendia que o
mundo (o cosmos) era um todo organizado por diversos seres que faziam parte
desse todo. Todos os seres, inclusive o homem, estariam sujeitos a uma lei
natural imutável. Assim, todos os seres eram transitórios, tinham começo e fim,
menos o conjunto ou o composto, isto é, o cosmos em geral, que era imortal e
eterno. A natureza com suas leis e limites impõe-se às coisas e aos seres
humanos, sendo estas leis um conjunto de princípios ou ideias superiores,
imutáveis, estáveis, permanentes. A autoridade, então, provém da natureza e não
da vontade do homem, ser inserido na natureza.
Por outro lado, temos também a cosmologia cristã,
em que o homem é colocado no centro do mundo (antropocentrismo) porque é
considerado imortal. Esta condição permite ao homem se diferenciar dos outros
seres, sendo, pois, superior a eles. O homem foi feito à imagem e semelhança de
Deus e sua alma permanecerá viva após a morte e o juízo final. A teologia considera
os princípios do conhecimento e do direito também como naturais, já que
imutáveis e permanentes. Porém, sua fonte é a religião revelada. O Deus cristão
dá ao homem o poder de dominar o mundo segundo suas leis reveladas.
A noção de que o mundo (universo) é finito
prevalece em ambas as concepções, isto é, corresponde a um sistema fechado em
que a causa do movimento e da existência dos seres deve-se ou por imitar a
perfeição do primeiro motor (no caso dos gregos) ou por um ato voluntário de um
Deus que ama suas criaturas (para os cristãos). Dessa forma, à exceção de
Platão e dos pitagóricos que concebiam o mundo em caracteres matemáticos, a
compreensão da realidade sensível, antimatemática, não permitia compreender que
a Terra girava em torno do sol, e sim que ela estava parada no centro do
universo e que, ao contrário, o sol e os outros astros é que giravam em torno
dela. O movimento, tido não somente como deslocamento e translação, mas também
alteração e transformação qualitativa, implicava numa forma de conceber os
seres como afetados pelo movimento causado por forças externas. Assim, uma
semente transforma-se em árvore, pois é a potência que ela tem para
atualizar-se se quiser atingir a perfeição (imitando, portanto, a perfeição).
Deus é, então, causa dos seres e é nele ou dele que provém toda a verdade.
No entanto, por uma série de fatores de ordem
econômica, política, religiosa e cultural, muitas contradições levaram os
homens a um certo ceticismo. Estes, em confronto com os dogmáticos, ocuparam o
palco da discussão filosófica predominante nas recém-criadas universidades
(estabelecimentos oficiais de ensino). Ali parecia ser possível falar sobre
todas as coisas tendo como autoridades orientadoras a Bíblia, os santos (padres
canonizados) ou os filósofos que serviram como suporte para justificar a fé. Os
debates travados pareciam conter algo de realmente inteligível; no entanto, o
homem começou, por isso, a se afastar de si mesmo, de deus e do mundo em que
vivia, pois as conclusões dos raciocínios muitas vezes se chocavam com a
realidade (assim como a mitologia grega!). Era preciso que o homem desafiasse
as leis e as autoridades para buscar reconstruir seu quadro de referências,
visando substituir ou transformar seus conceitos sobre o mundo e sobre si mesmo.
A primeira destas transformações ocorreu com a
revolução copernicana. Nicolau Copérnico havia imaginado que a terra não estava
no centro do universo, mas que era preciso que o sol estivesse. Essa
transferência de modelos (do geocêntrico para o heliocêntrico) ainda foi
concebida compreendo o universo como um sistema fechado. Mas já aqui, os
cálculos astronômicos divergiam da mera opinião baseada nas sensações.
Outro importante pesquisador, Francis Bacon,
acreditava que deveríamos obter generalizações a partir da indução, isto é,
colecionando fatos particulares, abstrairíamos o universal e este permitiria
que os homens conhecessem a realidade dos objetos. Para isso, criou o que
chamamos de método científico experimental em que as hipóteses são baseadas não
numa adequação qualitativa entre palavra e coisa (sujeito e predicado), mas no
valor quantitativo atribuído à experiência dos objetos (empirismo).
No entanto, a mudança definitiva de postura
investigativa só ganhou contornos de ciência com Galileu Galilei. Este havia
pensado que o mundo estava escrito em caracteres matemáticos e que cabia ao
homem desvendar os mistérios da natureza. Para isso, era preciso pensar que o
conhecimento matemático se aplicasse às coisas, isto é, conhecemos as coisas
antes de experimentá-las. Significa dizer que é possível fazer ciência dedutiva
de hipóteses (método hipotético-dedutivo).
Galileu concebeu pela primeira vez o princípio da
inércia. Esse princípio compreende que um corpo só se movimenta em razão de uma
força externa que o desloca no espaço segundo um referencial. Da mesma forma,
este corpo permanece em repouso se o conjunto de forças atuantes em um corpo
resultarem, também em relação ao referencial, um deslocamento 0 (zero). Isto
significa, além da substituição do conceito de substância (aristotélico) pelo
de corpo (Galileu), que não há uma causa final do movimento (ou que pelo menos
não se pode conhecê-la). O que se pode fazer é descrever a translação dos
corpos em relação a um ponto de referência, o que torna o movimento relativo.
Um corpo, por si só, não age por força interna. Sempre se efetua o movimento
por uma força externa que o faz deslocar no espaço geométrico. E para isso, é
preciso conceber o universo como sendo um sistema aberto ou infinito de forças.
Mas, mesmo essa aplicação da matemática ao modelo
experimental, não foi suficiente para justificar a relação entre sujeito e
objeto, relação que garantiria a certeza da verdade científica. Não bastava a
prática de Galileu, era necessária a teoria de Descartes.
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