A figura do mercador
na Baixa Idade Média
Quando estudamos a estrutura social da Idade Média, geralmente
nos deparamos com aquela definição clássica das três formas de atividade entre
os homens do medievo, isto é, os oradores, os guerreiros e os lavradores. Essa
estrutura está associada, em termos gerais, ao sistema feudal e aos laços
sociais criados por esse sistema.
Entretanto, na medida em que as cidades medievais passaram a
organizar-se, outras figuras foram aparecendo, como a dos artesãos, ligados às
Corporações de Ofício. Todavia, o mais intrigante dessas novas personagens era
o mercador.
As cidades medievais começaram a desenvolver outras funções a
partir do chamado Renascimento comercial e urbano, ocorrido nos séculos da
Baixa Idade Média, isto é, a partir do século XI.
As cidades que funcionavam
basicamente como fortalezas passaram a receber pessoas de outras regiões do
mundo interessadas em comprar e vender mercadorias. As cidades portuárias do
Mediterrâneo e dos Mares do Norte, como Gênova, Veneza, Amsterdã e Antuérpia,
tornaram-se grandes polos comerciais nesse período.
A figura do mercador tornou-se a mais ajustável a esse contexto.
Ao contrário da fixidez social da sociedade feudal, o clima nas cidades,
permeado pela atmosfera da burguesia em formação (burguesia vem de burgos,
cidades), possibilitava uma ampliação de horizontes culturais, técnicos,
científicos e comerciais.
Os mercadores tinham como função principal viajar
para regiões muito diversas e trazer desses lugares o que fosse mais necessário
e mais interessante.
Assim, cada mercador precisava desenvolver uma série de
habilidades e servir-se de todas elas. Eram necessários ao mercador, por
exemplo, conhecimentos náuticos, domínio de bússolas, astrolábios, orientação
astronômica etc.
Ao mesmo tempo, para tratar dos negócios em terras
estrangeiras, o mercador precisava aprender novas línguas e articular-se bem
com comerciantes da Ásia Menor e do Extremo Oriente. Sem contar a aquisição de
saber sobre moedas e formas de troca econômica com esses povos.
Um exemplo
notável de mercador foi Marco Polo, que ficou conhecido, entre tantas outras
coisas, por trazer da China para a Península Itálica o macarrão.
Aos mercadores alguns historiadores ainda atribuem lampejos do
que viria a ser o humanismo dos séculos XV e XVI.
O cosmopolitismo proporcionado
pela prática da navegação e o conhecimento técnico e científico associado a
essa prática desenvolveriam o interesse por novas descobertas e invenções. Um
exemplo notável de personalidade histórica humanista ligada ao universo dos
mercadores é o de Cristóvão Colombo, nascido em Gênova e um dos maiores
navegadores de alto-mar da modernidade.
http://escolakids.uol.com.br/a-figura-do-mercador-na-baixa-idade-media.htm