terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Acelerar...

COMO O SUCO DE ROMÃ PODE TURBINAR SUA VIDA SEXUAL

Segundo estudos, a fruta aumenta o nosso nível de testosterona em até 30%  e funciona como uma espécie de Viagra natural.

Uma alternativa mais duradoura e saudável à velha pílula azul

Num episódio de Two And a Half Men, os irmãos Charlie e Alan Harper estão conversando sobre sexo e broxadas. Então o garanhão da família admite para seu abobalhado caçula: “Sempre que abuso do uísque, termino a noite dizendo ‘essa é a primeira vez que isso acontece comigo’ para as mulheres no quarto.”

Se você já usou — ou como Charlie reutilizou — a dita frase, não há motivo para vergonha. Estudos dizem que 50% dos homens falham pelo menos uma vez na vida. Apenas nos Estados Unidos, mais de 30 milhões de pessoas sofrem desse problema. Mas é indiscutível que essas situações, por mais normais que sejam, são um pesadelo para nós.

Para lidar com isso, muitos homens recorrem à velha pílula azul do Viagra. Rápida, simples e eficaz. O problema? Ela só oferece uma solução para o curto prazo. Na hora fica tudo bem. Mas, no dia seguinte, é possível que o drama se repita.

Os cientistas escoceses descobriram, no entanto, uma alternativa mais duradoura — saudável — para o Viagra: o suco de romã. Segundo uma pesquisa da Queen Margaret University, um copo diário da bebida aumenta significativamente o nível de testosterona (o hormônio do sexo) nos homens em apenas duas semanas.

A taxa de crescimento variou entre 16% e 30% entre os 58 voluntários do experimento. Não bastasse isso, a fruta ainda diminui o colesterol, baixa a pressão sanguínea, melhora a memória, reduz a chance de ataques cardíacos, alivia o estresse e ajuda a prevenir o Alzheimer. Comprou a ideia ou precisa de mais?
http://www.elhombre.com.br/pilula-azul-para-que/

Qual a medida do amor?

Dá para superar uma traição?
Em sua estreia no iG, o terapeuta Luiz Alberto Hanns fala sobre a infidelidade em artigos que vão dos motivos para trair às pesquisas que mostram como casais superam o problema

Neste e nos próximos três artigos da nova coluna "Vida a Dois" no Delas, vamos falar de modos como muitos casais superam este trauma e sobre os que não conseguem. Um primeiro passo para lidar com uma infidelidade do parceiro é entender o que se passou. Veja abaixo alguns padrões típicos de infidelidade que devem ajudá-la a entender, o que é um primeiro passo para enfrentar e talvez superar a situação.

Flertes que saem do controle, atração imediata, envolvimento por circunstâncias e tradições machistas: dos nove motivos listados, apenas um é de responsabilidade direta do cônjuge.


E lembre-se que ser infiel não é visto hoje como um desvio de caráter, tampouco é algo incomum. Na maioria dos países ocidentais, homens e mulheres traem na mesma porcentagem. Isso não significa que seja uma coisa boa ou que você tenha de aceitar, mas talvez você decida que consegue e quer lidar com a situação.

Só o primeiro dos motivos está ligado a problemas no casamento. Os outros têm mais a ver com contextos sobre os quais você pouco ou nada poderia fazer.

1. Seu parceiro poderia estar infeliz porque havia dificuldades importantes no casamento. Por exemplo, faltava entendimento sexual ou havia divergências sobre temas domésticos e familiares (educação de filhos, sogros, gastos, etc), ou ainda falta de interesses comuns. Talvez isso tenha acontecido desde sempre ou as coisas se deterioraram ao longo do tempo. Mas outros aspectos podem ser importantes, não diretamente ligados a uma crise de casamento.

2. Pode ser que seu parceiro tenha começado um flerte por um misto de curiosidade e autoafirmação, sem se dar conta da dimensão que viria a adquirir. Há flertes recreativos que permitem exercitarmos uma dimensão que os melhores casamentos apagam: a conquista, a sedução. Muitos flertes recreativos ficam restritos à esfera de jogo, não vão além. Mas alguns evoluem.

3. Há casos que se iniciam pelas circunstâncias e não por um interesse amoroso imediato. Por exemplo, entre pessoas que convivem intensamente e têm interesses em comum, digamos no trabalho, na prática de um hobby ou de esportes. Aos poucos e a partir do convívio e do compartilhamento de afinidades intensas, uma eventual simpatia anterior se transforma em desejo sexual e talvez em amor.

4. Também há pessoas que tiveram poucas aventuras amorosas antes de se casar, ou acham que não foi o suficiente e anseiam por vivenciar mais. Mesmo amando muito o parceiro, precisam de uma temporada para experimentar essas vivências. Na meia-idade, sobretudo homens acham que esta será a última fase para viver algo nunca vivido antes, ou que anseiam por “reeditar”.

5. Há homens e mulheres cujas características psicológicas não favorecem a monogamia. Pessoas de temperamento inquieto, que têm dificuldade em lidar com situações previsíveis, às vezes se sentem sufocados na moldura de um casamento. Existem também pessoas com compulsão a seduzir. E há aqueles capazes de amar diversas pessoas ao mesmo tempo. Por mais que eles amem o cônjuge, podem necessitar experiências extraconjugais.

6. Há ainda as situações em que, conscientemente ou não, o sujeito busca uma relação extraconjugal por necessidade de conferir como anda seu casamento, fazendo comparações. São os casos que, se não forem descobertos, podem até oxigenar e reforçar o casamento.

7. Há casos fulgurantes, em que ocorre uma paixão à primeira vista, um encontro explosivo com uma “alma gêmea” ou com “um corpo que se encaixa”, algo que logo de início se mostra poderoso, que atropela os anos de compromissos, cumplicidade e magia que havia no casamento. Talvez você tivesse uma boa relação com o seu parceiro, mas em um caso assim ele se vê capturado, quase abduzido por uma experiência eletrizante que o desestabiliza.


Edu Cesar
O terapeuta Luiz Alberto Hanns tira dúvidas sobre a vida a dois
8. Existe a infidelidade como valor da subcultura masculina, que ocorre em países como o Brasil e outros com uma herança machista latina (há versões análogas em sociedades asiáticas e africanas). Em paralelo ao casamento com a esposa imaculada (e muito amada), há a farra com amantes ou prostitutas. É um modo de vida farrista do macho latino, muitas vezes praticado pela turma desde o namoro ou noivado, e que nada tem a ver com o desgaste da relação.

9. Em alguns casos, o caso extraconjugal se refere a uma reorientação sexual. Sobretudo homens podem ter vivido longos períodos fermentando e reprimindo tendências homossexuais ou transsexuais. Mesmo amando seus parceiros, podem ter experiências ocasionais para se manter emocionalmente equilibrados ou como trampolim para assumir uma nova sexualidade.

Há, enfim, inúmeras configurações ligadas a aspectos individuais, além da clássica ideia de que só existem casos extraconjugais quando a dinâmica do casamento se deteriora. Estas motivações para um caso extraconjugal valem para os dois gêneros, embora o homem tenda a trair mais para ter variação e a mulher, para ter aventura.

Nos próximos três artigos falaremos sobre a superação do trauma de uma traição, mas já será um bom começo começar a pensar nas possíveis causas do que ocorreu em vez de apenas condenar seu parceiro ou se considerar uma fracassada.

http://delas.ig.com.br/colunistas/vida-a-dois/2014-01-17/da-para-superar-uma-traicao.html

Fragilidade extrema...

Paciente é assassinado a tiros em UTI de hospital público de Florianópolis

Um homem foi assassinado na manhã deste sábado (18) enquanto era atendido no Hospital Florianópolis, o maior da parte continental de Florianópolis, órgão da Secretaria da Saúde de Santa Catarina.

Segundo a polícia, André Minas Vieira, de 21 anos, deu entrada na emergência do hospital às 6h50, com ferimentos graves, resultantes de uma briga na madrugada, ocorrida na Comunidade da Maloca. Ele chegou inconsciente e sem documentos.

Vieira foi atendido. Depois, ainda sedado, foi colocado num leito de UTI para aguardar transferência para outra unidade, porque o hospital passa por reformas.

Um servidor, que não quis se identificar temendo represálias, viu  três homens invadirem o hospital às 7h40 pela porta dos fundos. Eles foram à sala de reanimação onde Vieira estava e atiraram várias vezes no rapaz, que morreu na hora. Não havia funcionários nem enfermeiros com ele na hora do ataque.

O hospital não tem guardas armados. No momento do ataque havia apenas dois vigilantes no prédio, todos de uma firma terceirizada.

Os atiradores fugiram num táxi. Eles abandonaram o veículo perto da ponte que liga o continente à ilha de Florianópolis.

A Polícia Militar prendeu um menor de 13 anos próximo ao hospital, armado, mas não foi confirmada a participação dele no crime.

À tarde, familiares da vítima identificaram o corpo no IML. Até o início da noite a polícia não tinha pistas dos assassinos.
http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2014/01/18/paciente-assassinado-a-tiros-em-uti-de-hospital-publico-de-florianopolis.htm

Reunião sábado às 17h lá no...


O que a imprensa internacional diz sobre os rolezinhos, ou "little strolls"
Jornais como o El País e o New York Times citam a falta de espaço público, o funk ostentação e a violência policial


A seguranca do Shopping Jk Iguatemi e policiais militares e civis reforça a segurança em torno do shopping devido ao evento rolezinho. 

Os rolezinhos se espalharam por São Paulo, chamaram a atenção da imprensa nacional e agora estão nas páginas dos principais jornais do mundo. Ora se referindo a "flash mobs", ora a "little strolls", a imprensa internacional publicou textos tentando explicar o fenômeno brasileiro, desde as reuniões massivas de jovens nos Shoppings de São Paulo e a cultura da periferia até o medo de lojistas e comerciantes.

Os rolezinhos são reuniões informais, marcadas via redes sociais, como o Facebook, por jovens das periferias nos shoppings em São Paulo. 

Os primeiros rolezinhos foram marcados no final do ano passado. No dia 7 de dezembro, no Shopping Itaquera, na zona leste da capital, mais de 6 mil jovens se reuniram para "dar um rolê" - e ao mesmo tempo deixando lojista em pânico. Após outros rolezinhos, shoppings conseguiram ordens judiciais proibindo o evento.

A Bloomberg explica o fênomeno dizendo que eles são causados em parte pela falta de espaços públicos de lazer em São Paulo. Eles conversaram com Jefferson Luis, um dos criadores de um evento de rolezinho no Facebook. "Os jovens querem demonstrar que têm o mesmo direito de visitar os shoppings que as classes mais altas", disse.

Por ser um veículo voltado para o mundo dos negócios, a Bloomberg também optou por falar dos riscos para os shoppings. Ela cita um analista do banco JP Morgan sobre o medo dos lojistas e o risco de grupos radicais, como os Black Blocs, se juntarem a multidão gerada pelos rolezinhos. "Qualquer tipo de movimento que saia um pouco do controle gera medo de atrair grupos mais agressivos. A possibilidade de um dano indireto - que não foi visto ainda - seria afastar consumidores dos shoppings". A matéria também lembra as manifestações de junho, que derrubaram a popularidade da presidente Dilma Rousseff.

Outros veículos preferiram relacionar o caso com a cultura associada a periferia das grandes cidades brasileiras. A revista americanca The Atlantic fez a ligação dos rolezinhos com o funk ostentação. A Atlantic entrevistou o ex-subprefeito de Cidade Tiradentes Renato Barreido. "Os jovens aspiram carros e bebidas, um sinal de uma geração que, apesar de ainda pobre, está mais integrada ao capitalismo".

Segundo a revista, a recente lei sancionada pelo prefeito Fernando Haddad pode estar relacionada com os rolezinhos. A lei, que foi apelidada de Lei do Pancadão, prevê multa, que varia entre R$ 1 mil e R$ 4 mil, para donos de carros com som alto na rua. O texto é interpretado como uma forma de coibir bailes funk que ocorrem nas ruas. "A nova lei parece estar alimentando um sentimento crescente entre os jovens da periferia de que não há nenhum lugar para eles irem", diz a revista.

Já o espanhol El Pais entrevistou quatro intelectuais brasileiros e publicou um texto ligando a repressão aos rolezinhos às desigualdades sociais e ao racismo no Brasil. "O Brasil coleciona histórias de discriminações nos centros comerciais", diz o jornal, lembrando casos como o do músico cubano Pedro Damian Bandera Izquierdo, que acusou o Shopping Cidade Jardim de racismo e discriminação e ganhou uma indenização na Justiça. "O rolezinho chama a atenção para o fato de que o Brasil é um país racista", diz Paulo Lins, autor do livro Cidade de Deus, ao jornal espanhol.

Um dos jornais mais prestigiados do mundo, o New York Times publicou um artigo de opinião sobre os rolezinhos. No artigo "De quem é este shopping?", a escritora Vanessa Barbara fala da repressão ao movimento dos jovens, dos choques da polícia e dos esquemas de segurança impostos pelo Shopping JK Iguatemi para impedir rolezinhos. "Tudo isso porque os jovens querem (como eles escreveram no Facebook): 'subir e descer a escada rolante', 'apertar todos os botões do elevador', 'entrar no cinema pela porta de saída'. 'Vamos aparecer no shopping amanhã porque a gente não tem nada para fazer', eles escreveram, em uma confusa mistura de letras maiúsculas e gírias", diz Vanessa.
http://epoca.globo.com/tempo/noticia/2014/01/o-que-imprensa-internacional-diz-sobre-os-rolezinhos-ou-blittle-strollsb.html

Ovelhas insanas...

Rolezinhos: “Eu não quero ir no seu shopping”

A ideia de que os rolezinhos são “protestos” e de que seus integrantes querem invadir os “shoppings dos ricos” é de quem não conhece a periferia. Os rolezeiros querem é se divertir, namorar e comprar roupas de marca. Tudo bem longe da “playboyzada”.

Retrato do "famosinho" Evandro Farias de Almeida, 20, na sala de sua casa em São Miguel Paulista. Evandro reúne fãs de sua página no facebook em "rolezinhos" nos shopping center da zona leste de São Paulo - Jefferson Coppola
Evandro Farias de Almeida é a Lala Rudge da periferia paulistana. Assim como a blogueira de moda cujo nome faz estremecer certo público — no caso dela, qualquer adolescente de classe média iniciada no tema —, Evandro é autoridade no assunto. Qual? Bem, nenhum.

Ele não canta, não dança, não aparece na televisão e é um ilustre desconhecido para a maioria dos brasileiros. Mesmo assim, Evandro não dá dez passos no Shopping Metrô Itaquera nem no Tatuapé, na Zona Leste de São Paulo, sem ser abordado por dezenas de meninos e meninas. São seus ardorosos fãs. 

A notoriedade de blogueiras famosas como Lala vem de posts em que elas mostram como se vestem, se maquiam e o que acabaram de comprar. Já a de Evandro e de outros ídolos da internet na Zona Leste vem dos vídeos que eles postam na rede — piadinhas ingênuas e bizarrices como aspirar uma camisinha pelo nariz e retirá-la pela boca, raspar uma das sobrancelhas e tirar fotos fingindo-se de morto, com algodão no nariz. 

Façanhas como essas lhe renderam 13 000 seguidores no Facebook, além de regalias como ter o crédito de seus celulares pré-pagos permanentemente recarregado por cortesia das admiradoras. Foi para conhecê-las pessoalmente — e dar a elas a oportunidade de pedir autógrafos e tirar fotos com ele — que Evandro e seus colegas de fama passaram a marcar em shoppings da região as reuniões que, até o ano passado, chegavam a juntar milhares de adolescentes. Foram esses “encontros de fãs” que deram origem aos hoje mal compreendidos, distorcidos e manipulados rolezinhos.

Eles continuam significando encontros-em-shoppings-marcados-pela internet, aos quais continuam comparecendo centenas e até milhares de adolescentes — a diferença é que esses adolescentes agora deram para correr em bandos pelos corredores, berrando refrões de funk ostentação, assustando lojistas, frequentadores e, ocasionalmente, cometendo furtos. 

De tudo o que se falou na semana passada sobre os rolezinhos, o maior equívoco diz respeito à crença de que eles foram inventados por pobres jovens revoltados por sua exclusão da sociedade de consumo. Para começar, famosinhos e fãs de famosinhos — os participantes originais dos rolezinhos — são, para usar o termo tão em voga, a elite da periferia. O único problema que têm em relação ao consumo é não o praticarem tanto quanto gostariam. Conectados e obcecados por marcas e acessórios de grife, têm o hábito de gastar com eles boa parte do salário (o próprio ou o dos pais).

Evandro, por exemplo, gosta de comprar camisetas Abercrombie & Fitch e John John. O boné laranja que usava na última quinta-feira é o preferido entre os sete que possui — das marcas Puma, Mizuno e Nike. Ele compra as peças em outlets, que vendem coleções passadas e têm preços mais em conta. Mas poderia adquiri-las também em shoppings luxuosos como o JK Iguatemi e o Cidade Jardim. Evandro, no entanto, nunca pôs os pés nesses lugares — nem pretende fazê-lo. 

Essa afirmação coincide com a de praticamente todos os adolescentes da periferia paulistana entrevistados por VEJA na semana passada. E contraria o que foi amplamente disseminado por neoespecialistas em rolezinho: os adolescentes da periferia, conscientizados do fosso de impossibilidades que os separa dos seus equivalentes mais ricos, estariam prontos a promover invasões nos shoppings chiques — manifestações simbólicas contra os templos de consumo dos quais estariam apartados. Sobre essa possibilidade, diz Evandro: “Por que eu iria ficar duas horas dentro de um ônibus para fazer compras num lugar em que tudo é mais caro e ninguém me conhece?”.


Em junho do ano passado, o até então obscuro Movimento Passe Livre conseguiu levar às ruas uma multidão de indignados que, em manifestações multitemáticas e apartidárias, se espalharam por todo o país. O que aconteceu em seguida todos se lembram. 

O PT, por meio de seu presidente, Rui Falcão, tentou surrupiar para si o movimento, no que foi prontamente rechaçado pelos manifestantes. Em seguida, com intuito semelhante e abrindo alas para os famigerados e violentos black blocs, vieram os sem-teto, os sem-terra, os sem-causa. A partir daí, fim da história, os bem-intencionados acharam que era hora de voltar para casa.

O rolezinho segue caminho parecido. Na quinta-feira, sem nenhum pudor pelo oportunismo explícito, o Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto convocou o que chamou de “rolezão” diante de um shopping de São Paulo. O estabelecimento cerrou as portas antes que as coisas piorassem. Na quarta, foi a vez de a até agora silenciosa e irrelevante ministra da Igualdade Racial, Luiza Bairros (PT), tentar tirar sua casquinha. 

“As manifestações são pacíficas. Os problemas são derivados da reação de pessoas brancas que frequentam esses lugares e se assustam com a presença dos jovens”. A ministra — certamente não por falta de tirocínio — desprezou em sua frase duas obviedades: que não é obrigatório ser branco para assustar-se diante da visão de centenas de jovens correndo e gritando pelos corredores de um shopping e que os shoppings que foram alvo dos rolezinhos não são frequentados apenas por brancos — subentenda-se na fala da ministra, ricos —, mas pelos próprios adolescentes da periferia, suas famílias e seus vizinhos.

No shopping de Itaquera, onde o fenômeno primeiro chamou atenção, apenas 8% dos frequentadores têm renda mensal acima de 780 reais — 33% são das classes C e D, nas quais o ganho não ultrapassa 1 120 reais por mês. Até agora, todos os rolezinhos que ocorreram em São Paulo tiveram como palco shoppings da periferia: os de Itaquera, Guarulhos, Interlagos e Campo Limpo. Fora desse eixo, o que houve foram tentativas malsucedidas de emular o fenômeno, organizadas pelos suspeitos de sempre — representantes de movimentos sociais em baixa e apropriadores profissionais de causas alheias. 

A convocação para um rolezinho no Shopping JK, por exemplo, não partiu de nenhum adolescente da periferia, mas de um professor de piano, morador de um bairro paulistano de classe média e apoiador do ex-ministro e hoje presidiário José Dirceu (“Condenada foi a democracia brasileira”, postou ele no FB ao lado de uma foto do petista com o punho erguido). Da mesma forma, o chamado para uma invasão do Shopping Iguatemi de Brasília, marcada para o próximo dia 25, não teve o dedo de famosinhos da Zona Leste nem de seus fãs: está sendo organizado por um estudante da UnB que participou da invasão do Congresso em junho passado.

“Rolezinho é para ver os parça (parceiros), curtir, comer lanche e beijar na boca”, define Vinicius Andrade, 17 anos, morador do Capão Redondo, na Zona Sul de São Paulo. Filho de uma assistente de cozinha, ele trabalha como assistente de dentista, diz que chega a ganhar até 1  000 reais por mês e usa mais da metade do salário para comprar as roupas de grife que ostenta, como a camiseta Tommy Hilfiger e o par de óculos Oakley — tudo legítimo, já que a regra de ouro da ostentação na periferia é que nada pode ser falsificado (“A gente vê de longe quando uma camiseta da Hollister é colada e não costurada”, diz a rolezeira Barbara Machado, 17 anos). 

Na condição de famoso da internet (tem 83 000 seguidores), Vinicius já convocou dois bem-sucedidos rolês, ambos no Shopping Campo Limpo — o terceiro, marcado para acontecer no dia 21 de dezembro, foi abortado pela Polícia Militar. Além dos rolezinhos e dos passeios no shopping, ele e seus amigos são frequentadores dos “fluxos”, como são chamados os bailes funk organizados no meio da rua em torno de carrões com som potente e ambulantes que vendem bebidas. 

Uísque e rum são o combustível para a dança, assim como maconha e lança-perfume, consumidos por uma parcela menor do público. Uma lei municipal, sancionada em 2013, proibiu carros estacionados em ruas públicas de emitir som alto, especialmente à noite — e a Polícia Militar passou a agir com bombas de efeito moral e balas de borracha para dispersar a multidão. Na opinião de alguns jovens, isso ajudou a aumentar a popularidade dos rolezinhos.

Olhados como são, os adolescentes dos rolezinhos decepcionam os que tentam ajustá-los aos seus moldes ideológicos. Suas bandeiras são os bonés de marca, seu interesse é se divertir e, se querem manifestar alguma coisa com as badernas nos shoppings, é apenas o pior do comportamento adolescente: irritante, egoísta, inconsequente e que inclui, obrigatoriamente, o desafio a algum tipo de autoridade.

Os black blocs já estão espalhando nas redes que vão aderir aos rolezinhos. Movimentos sociais, como os capitaneados pela ministra Luiza Bairros, também não parecem querer largar o osso. Assim, diante da aterrissagem de oportunistas na cena e dos previsíveis excessos da polícia na hora de reprimir todo mundo, o resultado pode ser o que nem os rolezinhos até agora conseguiram produzir: tirar da classe média o espaço que ela enxerga como um oásis de tranquilidade e segurança e acabar com a diversão dos pobres de verdade, que nem bem chegaram à festa e já terão de levar a família para tomar sorvete em outro lugar.
http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/rolezinho-eu-nao-quero-ir-no-seu-shopping

Grito social...

Rolezinho, a profecia do presente
Por Carlos Castilho em 18/01/2014

      
Há 18 anos, o sociólogo italiano Alberto Melucci já dizia em seu livro Challenging Codes (Desafiando os Códigos, sem tradução para o português): “Os movimentos sociais contemporâneos são símbolos de mudanças que ainda não aconteceram... eles [os movimentos] falam antes do seu conteúdo, direção e organização serem conhecidos... são profetas de algo que já está acontecendo mas que não conseguimos identificar” (Challeging Codes, Introduction).

As ideias de Melucci, o primeiro grande teórico das ações coletivas na era digital, tornaram-se palpáveis quase duas décadas depois de terem sido publicadas e são uma evidência chocante de como a nossa imprensa e os nossos governantes foram incapazes de “ler” as mudanças em curso na sociedade. Pedir que os políticos leiam Melucci talvez seja demais, levando em conta a dimensão da cultura da maioria deles, mas os formadores de opinião na mídia não podem ficar reféns da agenda imediatista dos governantes.

O fenômeno do “rolezinho”, que tanta celeuma está provocando na imprensa, é algo previsível há tempos por quem observa o surgimento de ações coletivas sem líderes e nem heróis. Há quase 20 anos já está mais ou menos claro, desde a queda do Muro de Berlim, que o divisor de águas deixou de ser polÍtico/partidário para se tornar cultural. Além disso, a era digital acabou com as fronteiras físicas e reduziu as econômicas, pelo menos no segmento urbano. Por isso, quando os jovens da periferia das cidades invadem os shoppings, eles estão simplesmente seguindo a tendência da nova sociedade sem fronteiras, como prega o anúncio da operadora de telefonia celular Tim. Para quem procura entender as mudanças pelas quais estamos passando, o rolé é algo absolutamente natural e até inevitável.

Quem se assusta e alimenta, na imprensa, a teoria do medo, somos nós que não entendemos ou não queremos entender o que está acontecendo entre os jovens, um segmento social que só agora está rompendo fronteiras como as dos shoppings, descritos pela publicidade como templos de consumo. A classe média se apropriou dos shoppings e os transformou em bunkers da sociedade afluente, achando que as fronteiras econômicas e sociais seriam eternas.

Agora os jovens, que já nasceram na era digital, portanto não têm o mesmo respeito por barreiras como a geração anterior, entram nos shoppings não para comprar, mas para compartilhar o templo do consumo, alegando ter os mesmos direitos ao ar condicionado, praça de alimentação, cinemas e lan houses. O imaginário da classe média os associa a vândalos e aciona imediatamente o gatilho da repressão, o que não resolve o problema, mas aumenta ainda mais o desejo adolescente de derrubar fronteiras.

A imprensa está perdida no meio da polêmica, que na verdade tem um lado só: o da classe média, porque os adeptos do rolezinho não estão nem aí. O território deles é o das redes sociais e da internet. Como a maioria das pessoas que compram e leem os jornais e revistas é da classe média assustada, é inevitável que a mídia se preocupe mais com este segmento social, mas isso leva ao beco sem saída de olhar para trás, ignorando as profecias do presente.

Se a imprensa estivesse consciente de seu papel, ela estaria hoje tentando ajudar seus leitores, ouvintes e telespectadores a entender o que está acontecendo não com base na intensificação do medo e consequentemente da repressão, mas na análise das consequências das mudanças sociais geradas pela era digital. É urgente que a mídia perceba que estamos no meio de uma transição de modelos tão radical quanto a que ocorreu após a invenção da imprensa, seis séculos atrás. Adaptando o famoso bordão da campanha presidencial de Bill Clinton nos Estados Unidos, em 1992, (“It’s the economy, stupid”) para os tempos de rolezinho, teríamos: “É a história, estúpidos”.
http://www.observatoriodaimprensa.com.br/posts/view/rolezinho_a_profecia_do_presente

Encontro na praça moderna...

Rolezinhos são realidade há anos em shoppings dos EUA

Debate sobre 'flashmobs' que resultaram em violência tem pontos em comum com casos que acontecem no Brasil

Um encontro de adolescentes convocado pelas redes sociais para ser realizado dentro de um shopping center - e que acabou em confusão e confrontos com a polícia. A descrição, que poderia servir para um rolezinho em São Paulo, refere-se na verdade a um "flashmob" em 26 de dezembro no Brooklyn, em Nova York.


Nos EUA, grupos têm organizado "flash mobs" em shopping centers; episódios muitas vezes terminam em confrontos.

Assim como no Brasil, esses episódios têm despertado debates sobre o papel dos shopping centers, o direito de se reunir no local e as motivações desses jovens.

No Brooklyn, o Kings Plaza Shopping Center foi palco de um encontro de ao menos 300 jovens, convocados pelas redes sociais. Testemunhas disseram à imprensa local que eles gritavam, empurravam transeuntes e roubaram lojas. O shopping acabou fechando as portas por uma hora, informa o New York Post.

No dia seguinte, menores de idade não acompanhados de adultos foram barrados do local, despertando críticas dos que se sentiram tolhidos pela medida - e que queriam apenas fazer compras - e elogios dos que temiam novas cenas de confusão.

Dezenas de incidentes parecidos aconteceram em outras cidades americanas nos últimos anos. Em Chicago, centenas de jovens se juntaram em abril no centro da cidade, convocados pelas redes sociais, e o episódio acabou em briga; a imprensa americana traz relatos parecidos de "flashmobs" realizados no mesmo mês no centro da Filadélfia e, em 2012, em uma loja do Walmart em Jacksonville, na Flórida.

Em 2011, também na Filadélfia, a prefeitura estabeleceu um toque de recolher para adolescentes, impedidos de ficar nas ruas após as 20h ou 22h (dependendo da idade dos jovens), na tentativa de evitar os encontros.

Não está claro se esses "flashmobs" em questão foram organizados com fins violentos, mas a maioria das reuniões - assim como no Brasil - ocorreu pacificamente.

'Formas de se expressar'

Um episódio do tipo que aconteceu em agosto de 2011 em Kansas City - e que resultou em três jovens feridos a tiros - levou um grupo de acadêmicos do Consórcio Educacional da cidade a pesquisar o fenômeno.

Após entrevistar 50 dos adolescentes que participaram do episódio, em 2012, uma das conclusões foi a de que os jovens "estão buscando formas de se expressar enquanto se conectam com outros (pela internet)" - e que qualquer ação oficial para lidar com o fenômeno deve levar isso em conta.

Ao menos 11 jovens foram detidos e levados para delegacia neste sábado (11), após rolezinho no shopping Itaquera. Foto: Wanderley Preite Sobrinho/iG São Paulo1/12
"Os jovens se envolveram em 'flashmobs' para se expressar, chamar atenção, serem vistos e lembrados e se expressarem", diz a pesquisa.

Além disso, afirmam os pesquisadores, esses jovens estão "entediados" - e sua interação no mundo digital, onde os "flashmobs" são organizados, é uma importante forma de diminuir o tédio.

Por isso, toques de recolher como os implementados nos EUA terão pouca eficácia se não forem combinados "com atividades alternativas, acessíveis e divertidas" e incentivos a "flashmobs do bem", sem atitudes violentas.

Ao mesmo tempo, muitos desses jovens também lidam com limitações econômicas, moram em bairros violentos ou negligenciados e se queixaram que só foram parar no noticiário quando ocuparam espaços centrais de Kansas City.

Questões sociais

O debate americano tem se estendido também para questões raciais e sociais.

O New York Times destacou que a maioria dos jovens que participaram de um "flashmob" na Filadélfia em 2010 eram negros, de bairros pobres, e agiram em bairros predominantemente brancos. Em contrapartida, críticos dizem que a polícia alvejou sobretudo jovens negros quando agiu para conter distúrbios.

A ONG Public Citizens for Children and Youth, de apoio à juventude da Filadélfia, levantou na época a possibilidade de episódios do tipo serem uma consequência no corte de verbas a programas sociais que mantinham os jovens ocupados após as aulas.

"Precisamos de mais empregos para os jovens, mas programas pós-aulas, mais apoio dos pais", disse a ONG ao New York Times.

Articulistas também debatem - assim como no Brasil - o papel dos shopping centers em subúrbios dos EUA, alegando que faltam espaços públicos comunitários, e citam a desilusão geral dos jovens com outros tipos de engajamento político ou social.

"É um grupo de jovens que sente raiva e impotência e tenta obter um senso de poder", disse à CNN o psicólogo Jeff Gardere.
http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/2014-01-16/rolezinhos-sao-realidade-ha-anos-em-shoppings-dos-eua.html

Mais uma etapa superada...