domingo, 18 de janeiro de 2015

Aguardando...


O que vem por aí

O ano está tão sério que resolvi falar das coisas agradáveis que entrarão em nossa vida

O ano está tão sério, com tantas acusações, escândalos e falta de esperança que resolvi falar simplesmente das coisas agradáveis que entrarão em nossa vida. Moda e comportamento andam mais vivos do que nunca. Ainda bem.

Skeleton – Juro, sou um dos primeiros a seguir a tendência. Quando vi um relógio Skeleton, me apaixonei. A gente vê o “esqueleto” do relógio, a engrenagem se movendo. A primeira grife a lançá-lo foi a Cartier. A Roger Dubuis anuncia fantásticos modelos para este ano. Quando boto o meu, os amigos babam de inveja. Envenenar a vida alheia é um dos motivos principais de usar algo que ninguém tem. Em compensação, agora vivo rezando e fazendo novena para Nossa Senhora do Cartão de Crédito. A conta cai em janeiro, nem sei o que será.

Cores – Descobri faz algum tempo que, quanto mais se envelhece, mais cor a gente deve usar. Bobagem essa história de usar pretinho. Sei que a mítica editora e colunista da Vogue americana Diana Vreeland disse: “Toda mulher tem de ter um pretinho no armário”. Mas isso é coisa de americana que sai correndo do trabalho, pega o sapato de salto que deixa guardado no escritório, nem toma banho e enfia um pretinho que trouxe na mochila. E corre para teatro, coquetel etc. 

Até os musicais em Nova York começam às 19 horas. Sejamos sinceros: quanto mais anos a gente ganha, por melhor que sejam a genética, o Botox e a plástica, nenhum de nós competirá com quem tem 20. Mulheres que tentam fazer isso ficam parecidas com peixes, tal o tamanho da boca e a pele esticada. Senhores como eu, já depois dos 60, deveriam se conformar com trajes escuros. Mas não tenho a menor vocação para ficar com cara de guarda-chuva. 

Algumas grifes internacionais, como Ermenegildo Zegna e Louis Vuitton, já perceberam isso. Fazem roupas coloridas para nós, homens pavões. Quanto mais idade, mais cor. É meu conselho. Olhem em torno nos aeroportos. Homens de calça cor-de-rosa ou verde, da Richards provavelmente, já são vistos por aí. Tomarão conta da paisagem.

Caveiras – Aparecem em roupas, anéis e, ultimamente, no mundo das artes plásticas. Talvez a humanidade esteja tomando consciência, como Hamlet, de que o futuro não é incerto. Mas certo. Todos seremos, no máximo, um resto arqueológico, exposto nalgum museu daqui a milênios, como uma espécie desaparecida da face da Terra. Botar uma caveira em casa é seguir uma sólida tendência artística. Desde que não seja a da mulher ou do marido, mesmo que em alguns momentos desperte um desejo incrível de esganar.

Insetos gourmets – Alex Atala já lançou a formiga como um dos pratos mais festejados de seu restaurante, D.O.M., considerado um dos melhores do mundo. Formigas de vários tipos são encontradas em cardápios de outros restaurantes. Daqui a pouco tempo, outro inseto começará a competir pelo nosso paladar. ÉPOCA já até pôs um gafanhoto comestível na capa. Fritos? Devem ficar bem crocantes. 

Segundo dizem, a capacidade de fornecer proteínas é bem maior nos insetos que no gado. Falta vencer o nojo atávico. Nem consigo imaginar um espaguete ao molho de moscas. Ou ir ao supermercado e pedir 100 gramas de mosquitos. Fala-se na criação de uma farinha à base de insetos. Comeríamos sem ver. Sabendo, sem sentir. No truque.

Falsidade orgânica – Cada vez se fala mais em comida orgânica, como algo melhor para a humanidade. Há quem defenda que ela deveria substituir a que conhecemos, à base de agrotóxicos e outros mimos para a saúde. Como toda postura politicamente correta, essa também parte de uma mentira. É impossível produzir alimentos para todo o planeta sem adubos químicos, inseticidas etc. A tendência? A mesma de sempre: continuaremos comendo produtos com agrotóxicos e, de vez em quando, compraremos um pé de alface orgânico para aliviar a consciência.
Detox – Passei o ano em detox e deverei continuar assim no próximo. Cada vez mais surgem dietas, livros, empresas que fornecem marmitinhas para detox, e todo um aparato para tranquilizar nossa consciência. Aí saímos, bebemos, nos fartamos de sobremesa. E nos prometemos voltar ao detox. 

A palavra estará, portanto, mais presente em nosso vocabulário.

Arte brasileira – Ela ganha espaço no mercado internacional. Já é fato. Depois de Adriana Varejão e os gêmeos, aposto em Luiz Zerbini. Ele acontece cada vez mais. Ainda bem. Tenho duas obras dele. Se vier mesmo a crise de que se fala, já tenho onde faturar uns cobres.


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