quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Entendendo...


As últimas manifestações políticas no Brasil: vamos conseguir?
Manifestações são necessárias para a construção da vida política de um povo. As manifestações políticas no Brasil desprezam a participação dos partidos políticos, uma vez que estes estão diretamente envolvidos na maior parte dos escândalos que gera manifestação pública.
Alguns acontecimentos têm mobilizado a sociedade para revelar seu descontentamento através de manifestações
O poder de mobilização viabilizado pelas redes sociais na internet é uma tendência mundial. Apenas como exemplo, temos as manifestações políticas articuladas desde o final de 2010 – então chamadas de Primavera Árabe. Como se sabe, a organização e a manifestação da sociedade civil são fundamentais para a construção de uma vida política ativa de um país, de um povo, e dessa forma, têm promovido transformações consideráveis como a queda de ditadores. No Brasil, atualmente, a despeito de não vivermos as mesmas condições políticas que esses países do Oriente, deparamo-nos constantemente com casos de corrupção e de má gestão da coisa pública. Tais acontecimentos também têm mobilizado a sociedade para revelar seu descontentamento através de manifestações.
Mas qual a diferença entre as manifestações da Primavera Árabe e as que ocorrem na sociedade brasileira? A intensidade. A exemplo do que ocorreu no Egito, o que se tem é um movimento que ganha as ruas de forma intensa, dias a fio, até mesmo com enfrentamentos contra o Estado, representado em suas forças policiais. No Brasil, porém, muito se limita ao âmbito da internet e das manifestações com dia e hora marcada, como se viu no último feriado de 07 de Setembro, dia de comemoração da Independência Nacional.
Além disso, outra questão muito curiosa pode suscitar um debate acerca da natureza dessas manifestações brasileiras. Seus organizadores expressam claramente o repúdio à participação de partidos políticos, admitindo apenas – como se viu em setembro de 2011 – organizações e instituições como a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e a ABI (Associação Brasileira de Imprensa). Mas seria possível promover mudanças na política nacional sem os próprios mecanismos inerentes à democracia? Logo, tomando como base a fala dos que diziam que os partidos políticos deveriam ficar fora dessa manifestação, não estaríamos diante de uma contradição? Até que ponto essas manifestações – como as que ocorreram no Brasil em 2011 – efetivamente surtem resultado? Maurice Duverge, em seu livro Os Partidos Políticos (1980), já fazia esta mesma indagação aqui colocada: “Seria, no entanto, satisfatório um regime sem partidos? Eis a verdadeira questão [...]. Seria a liberdade melhor preservada se o Governo tivesse ante si, apenas, indivíduos esparsos, não coligados em formações políticas?” (DUVERGER, 1980, p.456).
Na verdade, tal autor colocava essa pergunta para reafirmar seu argumento a favor da existência dos partidos. Tomando os preceitos clássicos da Ciência Política, sabemos que partidos políticos seriam os responsáveis pela viabilização dessa participação social, servindo como canais entre o Estado constituído e a Sociedade Civil. Também segundo esse autor (1980, p. 459), “historicamente, os partidos nasceram quando as massas populares começaram a entrar, realmente, na vida política [...]. Os partidos são sempre mais desenvolvidos à esquerda que à direita. Suprimi-los seria, para a direita, um meio admirável de paralisar a esquerda”. Em linhas gerais, o autor sugere que a supressão dos partidos poderia fortalecer os interesses das elites (segundo a citação, a direita), de uma oligarquia, uma vez que os partidos garantiriam minimamente – pelo menos em tese – um equilíbrio no pleito político entre classes e grupos que compõem a sociedade. Considerando que vivemos numa democracia indireta (na qual elegemos nossos representantes para assumirem os cargos públicos e assim não participamos diretamente da discussão sobre as leis, por exemplo), os partidos tornam-se fundamentais.
Mas, no Brasil, a descrença e a falta de confiança nas instituições democráticas seriam a base do argumento que rechaça a participação de partidos políticos em manifestações mais recentes na história nacional. Ainda conforme Duverger, “a democracia não está ameaçada pelo regime dos partidos, mas pelo rumo contemporâneo das suas estruturas internas” (ibidem, p. 459), as quais muitas vezes estão comprometidas com interesses alheios aos dos militantes ou da própria população. Tais estruturas estão comprometidas apenas com aquilo que diz respeito aos planos de uma elite dirigente desses mesmos partidos. Diante dessa constatação, embora o livro citado seja uma obra da década de 1950, ainda guarda certa atualidade. Portanto, esse desvirtuamento das funções dos partidos e das funções de seus representantes que ocupam cargos públicos (deputados, senadores, entre outros) seria o motivo pelo qual o brasileiro e a sociedade em geral teriam perdido sua confiança.
Contudo, tentando-se aqui promover um olhar mais crítico acerca dessas manifestações, se por um lado é inegável a importância da mobilização da sociedade, por outro, sua permanência, intensidade e articulação (para que por meio de partidos suas reivindicações sejam discutidas em plenário) são aspectos fundamentais. Mesmo uma situação de revolução social requer um grau de maior organização e militância política que vai além de rompantes de indignação e revolta, isto é, mesmo a mudança radical de um regime só pode ser fruto de um processo articulado, coeso, efetivo, como se viu em países como o Egito e a Líbia. Não se pode negar a importância das redes sociais para a finalidade política, nem tão pouco da realidade de reprovação da sociedade brasileira com tantos escândalos nas mais diferentes esferas e instituições do Poder Público. Porém, daí a pensar que tais manifestações esporádicas possuem peso para promover mudanças radicais na política talvez seja um pouco arriscado, ainda mais quando se esvaziam da possibilidade da participação de partidos políticos. Se por um lado esses são sinais de mudança em relação ao comportamento político do cidadão brasileiro, pelo outro, infelizmente, ainda prevalece o cenário de apatia política generalizada.
É preciso dizer que a opinião pública e as organizações por meio de novos veículos de comunicação têm sim um peso fundamental em uma democracia, mas deve-se lançar mão das instituições democráticas para se alcançar mudanças legítimas e eficazes. Basta pensar na forma como a lei da “Ficha limpa” teve origem por meio da reivindicação de uma organização não governamental, mas apenas ganhou efetividade após ser adotada e defendida como proposta por representantes legítimos no regime democrático. Assim, dizer que os partidos políticos não servem para a política é algo tão problemático quanto propor o fim do congresso ou do senado brasileiros por conta de seus históricos marcados por casos de corrupção.
Não se trata de jogar no lixo conquistas históricas para a sociedade brasileira, mas sim repensar o seu comportamento e engajamento políticos quando das eleições. Analisar o candidato, o partido, assim como acompanhar seu trabalho frente ao cargo ao qual foi designado é fundamental; acompanhamento que, ao comprovar a incompetência do parlamentar, certamente contribuirá para que ele não seja novamente eleito. Logo, algumas dessas conquistas, como a possibilidade da existência dos partidos e do parlamento, foram o resultado da luta organizada de outras gerações. A liberdade política e a possibilidade da organização em partidos são frutos de muita luta e reivindicação sociais, encabeçados por personagens (até mesmo anônimos) que enfrentaram a ditadura, a tortura, a prisão e o exílio. Assim, não poder (ou não querer) contar com os partidos como mecanismos de discussão e mudança política é algo negativo para a própria democracia em nossos tempos, uma vez que esses instrumentos são partes integrantes do regime democrático. Da mesma forma, qualquer manifestação não articulada e sem a intensidade necessária, que possa se diluir no meio do caminho, apenas cria expectativas que talvez estejam mais próximas da frustração do que da realidade.
http://www.brasilescola.com/sociologia/as-ultimas-manifestacoes-politicas-no-brasil-vamos-conseguir.htm

Curioso...


Como Conciliar o Estudo com as baladas
Afinal, será que é possível conciliar estudo e balada?
Pensando que a fase adolescente e jovem é um momento de grandes transformações e mudanças, reconhecemos que estes têm necessidade de identificação, uma vez que estão passando da fase infantil para a adulta e ganhando independência em relação à família.
Buscam estas identificações também em seus círculos de amizades e na mídia, pois esta exerce uma grande influência, estimula-os através do movimento, das cores, da música, da beleza das imagens, como por exemplo, as festas, popularmente conhecidas por “baladas”, que no universo jovem os atrai cada vez mais como forma de lazer frente a tantos desafios e transições enfrentados pelo jovem.
E quando esta juventude pós-moderna se vê diante de uma situação complexa como estudo x balada? Afinal, será que é possível conciliar esses dois fatores tão presentes na vida deles?
Como foi citado anteriormente, esta é uma fase de desafios, conseqüentemente também de escolhas, o adolescente e o jovem necessitam estabelecer prioridades, ou seja, dar maior importância aquilo que repercute em resultados positivos, como o estudo, pois é algo que precisa de bastante investimento, não que o lazer, as festas não sejam importantes, pois fazem parte da vida deles, mas podem ser vivenciadas dentro do equilíbrio.
O equilíbrio entre fazer aquilo que gosta, freqüentar as “baladas”, e aquilo que precisa, os estudos, pode ser obtido através da administração do tempo e o estabelecimento de alguns limites; reservando dias específicos para a “balada”, de preferência finais de semana, e se estas saídas coincidirem com os dias de aula, de estudo, fixar os horários para a chegada, pois uma noite mal dormida reflete em resultados negativos no aproveitamento das aulas e o álcool em excesso, segundo cientistas, destrói as células cerebrais que governam o aprendizado e a memória.

Piada...


Um casal estava se preparando para ir a uma festa, à noite.
A mulher, então, deu ao Gaudêncio, mordomo gaúcho, a noite de folga, dizendo que eles voltariam muito tarde.
Como a esposa não estava se divertindo na festa, resolveu voltar para casa, sozinha.
Quando a mulher entrou em casa, encontrou o Gaudêncio sozinho na sala de jantar.
Ela o chamou até o quarto e virou para ele, usando um tom que ele sabia que deveria obedecer:
- Gaudêncio, eu quero que você tire meu vestido.
Ele tirou, suas mãos tremiam, e colocou o vestido cuidadosamente sobre a cadeira.
- Gaudêncio, agora tire minhas meias e minha cinta-liga.
Mais uma vez, ele silenciosamente obedeceu.
- Agora, Gaudêncio, eu quero que você tire meu sutiã e minha calcinha...
Olhar cabisbaixo, Gaudêncio obedeceu. Ambos respiravam profundamente, a tensão entre os dois aumentava. Ela então olhou com severidade para ele e disse:
- Gaudêncio, se eu pegar você mais uma vez usando minhas roupas, você está despedido!!! Entendeu? DES - PE - DI - DO.
http://www.piada.com/busca_piadas.php?categoria=08&eof=1328&pg=4

Devanear...


Soneto - Álvares de Azevedo

Pálida, à luz da lâmpada sombria,
Sobre o leito de flores reclinada,
Como a lua por noite embalsamada,
Entre as nuvens do amor ela dormia!
Era a virgem do mar! Na escuma fria
Pela maré das águas embalada!
Era um anjo entre nuvens d'alvorada
Que em sonhos se banhava e se esquecia!
Era mais bela! O seio palpitando...
Negros olhos as pálpebras abrindo...
Formas nuas no leito resvalando...
Não te rias de mim, meu anjo lindo!
Por ti - as noites eu velei chorando,
Por ti - nos sonhos morrerei sorrindo!
http://www.aindamelhor.com/poesia/poesias07-alvares-azevedo.php

Consequências da tragédia...


Médicos dão o testemunho do drama depois da tragédia
Emoção afeta até mesmo quem está acostumado com rotina dura
Parentes procuram informações no Hospital Caridade 
SANTA MARIA (RS) — O pneumologista Edson Nunes, um dos médicos que atendem os jovens feridos na tragédia da boate Kiss, não conseguiu segurar as lágrimas ao falar sobre o estado de seus pacientes no Hospital de Caridade Astrogildo de Azevedo, localizado no centro de Santa Maria. Sentado à mesa, com roupa à paisana e um estetoscópio enrolado no pescoço, pronunciou as primeiras palavras da entrevista com a voz embargada e os olhos marejados, mas se segurou e continuou a conversa. No fim, no entanto, o choro não pôde ser contido, e levantou-se abruptamente, desculpando-se, e sem conseguir se despedir. Mesmo os médicos, habituados a situações difíceis no cotidiano hospitalar, têm se rendido às emoções provocadas pela cruel realidade das Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs), onde se encontram os jovens feridos em estado crítico.
— A pior coisa do mundo é um pai enterrar o filho — diz Nunes, ao lembrar que há três semanas um de seus filhos esteve na Kiss.
Apesar de experiente, com cabelos grisalhos, o médico conta com ar espantado como um dos três pacientes de sua UTI, uma das cinco que possui o hospital, tem reagido à fuligem alojada em seus pulmões:
— Ele já expeliu quase meio copo pequeno de picumã (uma espécie de fuligem), sai aquilo preto, sai na tosse.
O sintoma é consequência de uma pneumonite química, causada pela inalação de fumaça e de fuligem nos pulmões, a principal preocupação dos médicos em relação aos feridos. Nunes relata o caso de um amigo, que ao exagerar na hora de tentar acender um churrasco, aspirou fumaça, e queimou sua árvore brônquica.
— São poucos os que apresentam queimaduras externas, e a grande maioria é sem gravidade. Mandamos dois pacientes para Porto Alegre, um deles com 30% da superfície do corpo queimada. E são todos guris, umas crianças, entre 20 e 25 anos — volta a lamentar, também abalado pela morte do filho de uma enfermeira do hospital, que estava no incêndio com a namorada.
Primeiro caso de insuficiência renal
Muito além da tosse negra, a pneumonite química pode causar infecções oportunistas — que se aproveitam do frágil mecanismo de defesa do doente —, desidratação, insuficiência renal e dificuldades respiratórias, pela incapacidade na troca de CO2 por oxigênio.
— Aqui numa UTI já tivemos o primeiro caso de insuficiência renal — conta ele.
Segundo o médico, as primeiras 72 horas são fatais para pessoas que inalaram fuligem, que se sentem bem, mas que poderão piorar nesse período.
— Acredito que a maioria dos jovens que tinha que apresentar alguma complicação já o fez. Alguns se assustam com uma tosse e vêm ao hospital, angustiados, e os mantemos aqui para acalmá-los, mesmo que não apresentem sintomas de pneumonite.
Edson Nunes contou que no dia em que chegou ao hospital para atender os primeiros feridos no incêndio, foi cumprimentar um colega, com quem havia se formado na faculdade, e então soube que o filho dele havia morrido na tragédia. Ao lembrar desse momento, desabou em lágrimas, e interrompeu repentinamente a entrevista.
Coordenadora das UTIs do Hospital Caridade, Cristina Boeira é solicitada a toda hora pelos médicos e enfermeiras. Segundo ela, dois jovens haviam sido internados na noite anterior com sintomas de tosse que sinalizam uma pneumonite. Ele evita fazer prognósticos sobre as chances de seus pacientes.
— Por enquanto, o estado é crítico e estacionário. Atualmente, 19 necessitam um cuidado maior — disse, sem entrar em mais detalhes.
O médico Henri Pansarde, especialista em problemas de rins, soube da tragédia pelo Facebook logo cedo pela manhã de domingo, e sem pensar correu para o Centro Esportivo Municipal, o Farrezão, para onde foram levados os corpos das vítimas do incêndio, para auxiliar no que fosse possível e também se cadastrar para o atendimento dos feridos.
Ao adentrar no recinto em que estavam estendidos os corpos, confessa que teve que pedir ajuda.
— Quis entrar junto com um psiquiatra, no caso de precisar de algum suporte na hora. Mesmo para nós, médicos, que estamos acostumados com a morte, era uma situação diferente.
O médico ajudou parentes no reconhecimento das vítimas, e admitiu que foram momentos bastante difíceis.
— Nunca vou me esquecer de uma jovem que possuía uma tatuagem no braço, mas que era impossível de ver por causa de queimaduras, e o rosto estava preto de fuligem, com a boca desfigurada. A família não pôde reconhecê-la, e teve de ser levada para identificação por papiloscopia.
Em outro caso, conta ele, uma menina se recusava a identificar o irmão, voltou e pediu para vê-lo novamente, não querendo acreditar que estava morto.
— Depois de cinco ou seis horas lá dentro, tive que dar uma saída — disse.
Seu filho, igualmente médico, trabalha no Hospital Universitário de Santa Maria, que também acolhe feridos do incêndio na boate Kiss.
— Lá também há casos de infecções por inalação de fumaça. E, desde o dia da tragédia, 25 jovens já foram internados tardiamente com sintomas de pneumonite. Não dá para imaginar o que essas pessoas viveram dentro daquela boate.

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/pais/medicos-dao-testemunho-do-drama-depois-da-tragedia-7439176#ixzz2JUYS9itn
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Brasil, aqui você é o palhaço...


Postos reajustam preço da gasolina acima do previsto pelo governo
Em posto de Botafogo, alta chegou a 6,94%; na Tijuca, 5,27%
Para governo, repasse seria de 4% na bomba. Desde 2005, alta não chegava ao consumidor final
RIO - Menos de uma semana depois de a presidente Dilma Rousseff anunciar uma queda de 18% nas tarifas residenciais de energia, a Petrobras vai reajustar em 6,6% o preço da gasolina, e em 5,4% o do óleo diesel, nas refinarias, a partir de hoje. Para o consumidor, segundo analistas, a gasolina deve ter alta nas bombas da ordem de 4%; e o diesel, de 3%. Dos 24 postos visitados pelo GLOBO no Rio, oito já reajustaram os preços. Em dois deles, ambos da bandeira Ipiranga, o aumento foi acima do previsto: no posto da Rua Real Grandeza, em Botafogo, a alta foi de 6,94% (de R$ 2,898 para R$ 3,99) e no posto da Rua Edson Passos, na Tijuca, 5,27% (de R$ 2,849 para R$ 2,999). Desde 2005, um aumento no preço da gasolina não chegava ao consumidor final. A falta de reajustes vinha prejudicando o caixa da Petrobras.
De acordo com o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis do Município do Rio (Sindcomb), Manuel Fonseca da Costa, cerca de 30% dos 900 postos já terão os preços reajustados hoje. Segundo ele, o repasse ocorre devido ao baixo nível de estoques.
— Historicamente, a distribuidora repassa o aumento para os postos — diz Costa.
Especialistas em inflação estimam que, com o reajuste da gasolina e do diesel, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), usado nas metas do governo, poderá ter um acréscimo de até 0,27 ponto percentual. Mas este impacto será compensado pela queda na tarifa de energia, que deve reduzir o IPCA em 0,75 ponto percentual. Na semana passada, o Banco Central estimou que os preços da gasolina subiriam apenas 5% este ano.
Em entrevista ao GLOBO, no fim de dezembro, a presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, informara que a defasagem entre o preço praticado pela empresa para a gasolina e as cotações do produto no exterior era da ordem de 6%. No diesel, segundo Graça, essa defasagem seria de 4%.
Esta é a primeira vez desde setembro de 2005 que o reajuste da gasolina será repassado aos consumidores. Em 2008, 2011 e 2012, o governo usou a Cide, taxa que incide sobre o combustível, para anular o impacto nas bombas. Com isso, hoje, a Cide está zerada. Em julho de 2012, houve alta de 6% no diesel, repassada para os consumidores.
Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infra Estrutura (CBI), calculou que o reajuste reforçará o caixa da estatal em torno de R$ 650 milhões mensais. Mas destacou que não será suficiente para eliminar a atual defasagem, que é da ordem de 15% na gasolina e 24% para o diesel:
— Não elimina a defasagem, mas ajuda muito. Finalmente o governo federal se sensibilizou para os problemas de caixa da empresa.
A falta de reajuste nos combustíveis vinha prejudicando os resultados da Petrobras, que chegou a registrar prejuízo no segundo trimestre do ano passado, de R$ 1,34 bilhão. As ações da estatal vinham sofrendo fortes perdas e, nos últimos 12 meses, o valor de mercado da companhia encolheu de R$ 337 bilhões, para R$ 250,9 bilhões, levando a Petrobras a perder o posto de maior empresa da América Latina.
Segundo Eduardo Velho, economista-chefe da corretora Planner, o aumento nos preços dos combustíveis vai ter um impacto de 0,23 ponto percentual no IPCA, considerando que a alta da gasolina nas bombas será de 5,5%. O impacto, diz, foi compensado pela queda nas tarifas de energia, cujo efeito será uma redução de 0,75 ponto percentual no IPCA.
Carlos Thadeu de Freitas, economista da Confederação Nacional do Comércio (CNC) e ex-diretor do BC, acrescenta que a alta nos combustíveis será compensada pela a redução das tarifas de energia e a desvalorização do dólar, que, ontem, fechou abaixo de R$ 2:
— Pouco deve mudar nas expectativas de inflação do mercado, que trabalhava com um possível reajuste de 7% no preço da gasolina.
Postos dizem que repasse será imediato
O também ex-diretor do BC José Márcio Camargo diz que a gasolina tem um impacto relevante sobre os preços. Mas acredita que haverá pouca mudança para a política de juros.
— É um impacto razoável, que faz diferença na inflação, mas o que vai determinar um aumento dos juros neste ano é o comportamento dos preços de serviços. Essa é a principal fonte de pressão — explica Camargo.
Paulo Miranda, presidente da Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e Lubrificantes (Fecombustíveis), ressalta que, neste primeiro momento, o aumento anunciado pela Petrobras será um pouco menor para o consumidor final. Mas lembra que até o fim de fevereiro o repasse será integral na bomba.
— Isso vai ocorrer no fim do próximo mês, pois os governos estaduais vão estimar o preço médio ponderado para definir o valor do ICMS por litro. E, como esse valor vai subir, também haverá incidência maior do imposto. Por isso, esse reajuste será integral para o consumidor no fim das contas — afirma Miranda.
Ele pondera que as margens brutas dos postos hoje são muito pequenas, em torno de 9% e 10%. Por isso, completa, os revendedores não terão como segurar o aumento:
— O repasse será imediato. Um posto ou outro pode reajustar o preço da gasolina acima dos 6,6%, mas, como os preços são livres, a concorrência acaba balizando os valores.
O presidente do Sindicato das Empresas Distribuidoras de Combustíveis (Sindicom), Alísio Vaz, também diz que as distribuidoras deverão repassar integralmente o aumento para os postos, mas ainda não tem o percentual.
— Esse reajuste era já era esperado. O aumento de preços nas bombas será menor do que esse percentual nas refinarias, pois tem outros componentes no preço final, incluindo 20% de álcool — destacou Alísio Vaz. (Colaboraram Daniel Haidar e Danielle Nogueira)


Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/economia/postos-reajustam-preco-da-gasolina-acima-do-previsto-pelo-governo-7441160#ixzz2JUXxADSb
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Mais uma etapa superada...