População de Bate Pé,
na Bahia, disputa água com animais para viver
Água chega com irregularidade no distrito, que fica
no sudoeste do estado. Embasa diz que providências estão sendo avaliadas.
No distrito de Bate Pé, 34 Km de Vitória da Conquista, município do
sudoeste da Bahia, há 15 dias os mais de três mil moradores da localidade
enfrentam dificuldades por causa da falta de água. O distrito é abastecido com
água da Embasa (Empresa Baiana de Águas e Saneamento), que chega com
irregularidade nas torneiras. Resta aos moradores recorrer a um açude, onde a
água é dividida com animais que vão ao local matar a sede.
Dona Vitória, de 72 anos, mora
sozinha e conta com a ajuda de vizinhos para armazenar água do açude. Ela se
preocupa com a possibilidade do açude secar.
"Não sei mais o que é que
eu vou fazer, porque eu não posso pagar para botar água", desabafa Dona
Vitória Rosa de Jesus.
"Pegando a água do açude
que gado bebe e cachorro toma banho. Nós ainda estamos dando graças a Deus. Tem
mais de 20 dias agora que caiu água aqui", contabiliza Dona Joana dos
Santos, aposentada.
Diferente da falta de água em
várias localidades da região por causa da estiagem, em Bate Pé o problema da
escassez é constante. Segundo os moradores, desde quando a Embasa construiu o
sistema de abastecimento na localidade, a água cai de forma irregular. Há ruas
do distrito em que falta água há três meses.
"Já tem três meses que não
caiu mais água aqui para encher vasilha, só cai um pouquinho e pronto, não vem
mais", conta Dona Anézia Lemos, dona de casa.
Em outras localidades próximas,
os moradores passam por uma situação ainda pior. Sem água da Embasa há mais de
45 dias, os moradores de Bate Pé Velho levam em lombos de animais o único
recurso que podem contar: uma mistura de água e lama. Dentro do açude seco, uma
tentativa de fazer a água minar.
"Aqui já estamos limpando
pra poder a água minar, pra gente pegar de manhã. Ai amanhã, quando for de
manhã, a gente pega um pouquinho de água. Quem chegar primeiro pega, quem
chegar por último vai caçar em outro lugar, porque não tem mais", explica
Jovino Neto, lavrador.
Alguns moradores contam que
deixaram de pagar as contas, esperando pela água da Embasa.
"Sem água não dá, a gente
pagando sem ter água! A gente já tá comprando, senão a gente paga duas vezes...
Um caminhão de água pra pegar do açude pra cá são R$ 60 e de Conquista pra aqui
são R$ 250. Você acha que tem condições?", Indaga Dona Dina Meira, dona de
casa.
A Embasa diz que tem
conhecimento do problema e que está buscando soluções para melhorar o
abastecimento de água no local.
"Nós estamos com o projeto
pronto, devemos mandar para Salvador na outra semana para contratarmos uma
empresa, visando a melhoria daquele rede e também estamos colocando um motor
mais potente aqui, estamos aumentando a capacidade de bombeamento, pra gente acabar
com o problema da falta de água naquela região. Nós vamos fazer um levantamento
pra verificar como foi isso daí para ver se existe a possibilidade da gente
cancelar algumas contas", afirma José Olímpio, gerente do escritório
regional da Embasa.
http://g1.globo.com/bahia/noticia/2012/05/populacao-de-bate-pe-na-bahia-disputa-agua-com-animais-para-viver.html