sexta-feira, 11 de maio de 2012

Só rindo...




Viva a sabedoria...


O Existencialismo é um humanismo

Ao concebermos um Deus criador, identificamo-lo, na maioria das vezes, com um artífice superior, e, qualquer que seja a doutrina que considerarmos? quer se trate de uma doutrina como a de Descartes ou como a de Leibniz -, admitimos sempre que a vontade segue mais ou menos o entendimento ou, no mínimo, que o acompanha, e que Deus, quando cria, sabe precisamente o que está criando. Assim, o conceito de homem, no espírito de Deus, é assimilável ao conceito de corta-papel, no espírito do industrial; e Deus produz o homem segundo determinadas técnicas e em função de determinada concepção, exatamente como o artífice fabrica um corta-papel segundo uma definição e uma técnica. Desse modo, o homem individualmente materializa certo conceito que existe na inteligência divina. No século XVIII, o ateísmo dos filósofos elimina a noção de Deus, porém não suprime a ideia de que a essência precede a existência.


O homem possui uma natureza humana; essa natureza, que é conceito humano, pode ser encontrada em todos os homens, o que significa que cada homem é um exemplo particular de um conceito universal: o homem.


O existencialismo ateu... Afirma que, se Deus não existe, há pelo menos um ser no qual a existência precede a essência, um ser que existe antes de poder ser definido por qualquer conceito: este ser é o homem, ou, como diz Heidegger, a realidade humana. O que significa, aqui, dizer que a existência precede a essência? Significa que, em primeira instância, o homem existe, encontra a si mesmo, surge no mundo e só posteriormente se define.


O homem, tal como o existencialista o concebe, só não é passível de uma definição porque, de início, não é nada: só posteriormente será alguma coisa e será aquilo que ele fizer si mesmo. Assim, não existe natureza humana, já que não existe um Deus para concebê-la. O homem é tão somente, não apenas como ele se concebe, mas também como ele se quer; como ele se concebe após a existência, como ele se quer após esse impulso para a existência. O homem nada mais é do que aquilo que ele faz de si mesmo: é esse o primeiro princípio do existencialismo. É também a isso que chamamos de subjetividade: a subjetividade de que nos acusam. Porém, nada mais queremos dizer senão que a dignidade do homem é maior do que a da pedra ou mesmo a da mesa. Pois queremos dizer que o homem, antes de mais nada existe, ou seja, o homem é, antes de mais nada, aquilo que se projeta num futuro, e que tem consciência de estar se projetando no futuro. De início, o homem é um projeto que se vive a si mesmo subjetivamente ao invés de musgo, podridão ou couve-flor; nada existe antes desse projeto; não há nenhuma inteligibilidade no céu, e o homem será apenas o que ele projetou ser.

SARTRE, Jean-Paul. O existencialismo é um humanismo. Traduções de Rita Correa Guedes, Luiz Roberto Salinas Fortes, Bento Prado Júnior. São Paulo: Abril Cultural, 1984 (Os pensadores)

Curioso...


Qual a origem da expressão "manga de camisa"?
A palavra manga vem do latim manica. Segundo o Dicionário Aurélio, ela era utilizada para designar a "manga de túnica". Manica deriva do latim manus, que significa mão.
Qual a origem da expressão latina Vox populis vox Dei?
Traduzida para o português como "A voz do povo é a voz de Deus", esta expressão tem origem bastante antiga. Para se ter uma idéia, a primeira vez que o termo vox populi apareceu associado a vox Dei foi na Vulgata (tradução latina da Bíblia feita no século IV), em discurso de Isaías. Quanto à forma Vox populis vox Dei tem seus primeiros registros em uma obra medieval, de um autor chamado Alcuíno. Outros ditos expressando conceitos semelhantes já haviam sido registrados em alguns textos clássicos, de Hesídio, Ésquilo e Sêneca.
Qual a origem da palavra "puxa-saco"?
No livro A Casa da Mãe Joana, Reinaldo Pimenta conta que esta expressão surgiu a partir de uma gíria militar. "Puxa-sacos eram as ordenanças que, de modo submisso, carregavam os sacos de roupas dos oficiais em viagem", conta.
Qual a origem da palavra aluno?
A palavra aluno vem do latim, em que a letra a corresponde a ausente ou sem e luno, que deriva da palavra lumni, significa luz. Portanto, aluno quer dizer sem luz, sem conhecimento.
Qual é a maior palavra da língua portuguesa?
A campeã que sempre foi anticonstitucionalissimamente perdeu seu posto. A palavra mais extensa hoje tem 46 letras: pneumoultramicroscopicossilicovulcanoconiótico. Ela descreve o estado das pessoas que sofrem de uma doença rara, provocada pela aspiração de cinzas vulcânicas.
Qual é a origem da expressão "macaco velho não põe a mão em cumbuca"?
Existe uma árvore chamada sapucaia que dá um fruto em forma de cumbuca. Quando amadurece, a cumbuca desprende pequenas castanhas. Os filhotes de macacos enfiam a mão na abertura da fruta e ficam presos. Eles só conseguem sair quando fecham a mão e abandonam o fruto.
Qual é a origem da expressão "neca de pitibiribas"?
O termo neca equivale a nada e vem do latim nec, que significa não. De acordo com o dicionário Houaiss, o termo pitibiriba (ou pitibiribas) é tipicamente brasileiro. Ele quer dizer nada ou coisa alguma.
Qual é a origem da expressão "nem que a vaca tussa"?
A frase completa é "nem que a vaca tussa e o boi espirre", e significa que algo não será feito nem que algo de extraordinário aconteça. Segundo o veterinário Zé de Oliveira Pinto, da Universidade Federal de Viçosa, o provérbio não tem fundo de verdade, já que uma vaca tossir e um boi espirrar não é algo tão difícil de acontecer. "Como os homens, os bovinos tossem toda a vez que a traquéia passa por algum processo irritativo. Isso acontece por várias razões, como a presença de secreções e de larvas de parasita ou a compressão do órgão". O mesmo vale para o espirro. "Se entendermos o espirro como uma descarga nasal, o boi espirra sempre que houver uma sobrecarga de suas vias". Mas, então, como surgiu a expressão? Zé de Oliveira acredita que ela se baseia no fato de que os homens espirram com muito mais freqüência que os bovinos. "Nossas vias nasais são menores e, por isso, tem mais chance de entupir. Além disso, estamos mais suscetíveis a pegar doenças respiratórias que os animais, principalmente durante o inverno".
Qual é a origem da expressão "quintos do inferno"?
Reinaldo Pimenta, na obra A Casa da Mãe Joana, conta que durante o século 18 os portugueses coletavam diversos impostos na colônia, entre eles, a quinta parte (20%) de todo ouro extraído. Depois da coleta, enviavam estes impostos - chamados de "quinto" - para Portugal. O povo da metrópole, que achava que o Brasil ficava no fim do mundo, dizia: "Lá vem a nau dos quintos do inferno".
Qual é a origem da expressão "santo do pau oco"?
Durante o século XVII, as esculturas de santos que vinham de Portugal eram feitas de madeira. A expressão surgiu porque muitas delas chegavam ao Brasil recheadas de dinheiro falso. No ciclo do ouro, os contrabandistas costumavam enganar a fiscalização recheando os santos ocos com ouro em pó. No auge da mineração, os impostos cobrados pelo rei de Portugal eram muito elevados. Para escapar do tributo, os donos de minas e os grandes senhores de terras da colônia colocavam parte de suas riquezas no interior de imagens ocas de santos. Algumas, normalmente as maiores, eram enviadas a parentes de outras províncias e até de Portugal como se fossem presentes. Outra versão vem de São Vibaldo, retratado sempre dentro de um tronco de madeira.

http://www.guiadoscuriosos.com.br/perguntas/173/4/expressoes-ditados-e-siglas.html

Devanear...



SONETO 145

Estes lábios que a mão do Amor criou,

Entreabriram-se para dizer, “Eu odeio”,

A mim que sofria de saudades dela:

Mas, ao ver meu estado desolado,

Seu coração se tomou de piedade,

Repreendendo a língua, que, sempre tão doce,

Foi gentilmente usada para me exterminar;

E ensinou-lhe, assim, a dizer, novamente:

“Eu odeio”, alterou-se, por fim, sua voz,

Que se seguiu como a noite

Segue o dia, que, como um demônio,

Do céu ao inferno é atirado.

“Eu odeio”, do ódio ela gritou,

E salvou-me a vida, dizendo – “Tu, não”.

http://sonetosdeshakespeare.blogspot.com.br/2009/07/soneto-145-estes-labios-que-mao-do-amor.html

Fim do mundo adiado...


Cientistas descobrem calendário astronômico Maia mais antigo já documentado


Washington, 10 mai (EFE).- Uma equipe de pesquisadores dos Estados Unidos anunciou nesta quinta-feira a descoberta do calendário Maia mais antigo documentado até o momento, que data do século IX, pintado nas paredes de um habitáculo encontrado na cidade de Xultún (Guatemala).

O calendário documenta ciclos lunares e o que poderiam ser planetários, explicaram em entrevista coletiva os arqueólogos William Saturno, da Universidade de Boston, e David Stuart, da Universidade do Texas-Austin.

A descoberta, publicada nesta semana pela revista "Science", desmonta a teoria dos que preveem o fim do mundo em 2012 baseando-se nos 13 ciclos do calendário Maia, conhecidos como "baktun", já que o sistema possui, na verdade, 17 "baktun".

"Isto significa que há mais períodos que os 13 (conhecidos até agora)", ressaltou Stuart, para quem o conceito foi "manipulado". Ele disse que o calendário Maia continuará com seus ciclos por mais milhões de anos.

Os hieróglifos pintados no que poderia ser um templo da megacidade de Xultún, na região guatemalteca de Petén, é vários séculos mais antigo que os Códices Maias escritos em livros de papel de crosta de árvore do período Pós-clássico tardio.

Os especialistas destacam que há glifos e símbolos que, segundo Stuart, só aparecem em um lugar: o Códice de Dresden, que os maias escreveram muitos séculos mais tarde" e que se acredita ser do ano 1.250.

"Nunca tínhamos visto nada igual", assinalou Stuart, professor de Arte e Escritura Mesoamericana, encarregado de decifrar os glifos. Ele destacou que se trata das primeiras pinturas maias encontradas nas paredes de um habitáculo.

O quarto, segundo os especialistas, faz parte de um complexo residencial maior. Os pesquisadores lamentam que parte do quarto tenha sido danificada por saqueadores, mas foi possível conservar várias figuras humanas pintadas e hieróglifos negros e vermelhos.

Em uma delas aparece a figura do rei com penas azuis e glifos perto de seu rosto que, segundo decifraram, significam "Irmão Menor".

A parede contém uma série de cálculos que correspondem ao ciclo lunar, enquanto os hieróglifos da parede norte acreditam que poderiam se relacionar com os ciclos de Marte, Mercúrio e, possivelmente, Vênus.

Os autores indicam que o objetivo de elaborar esses calendários, segundo os estudos realizados a partir dos códices maias encontrados previamente, era o de buscar a harmonia entre as mudanças celestes e os rituais sagrados, e acreditam que essas pinturas poderiam ter tido o mesmo fim.

"Pela primeira vez vemos o que podem ser registros autênticos de um escrivão, cujo trabalho consistia em ser o encarregado oficial de documentar uma comunidade maia", assinalou Saturno. Em sua opinião, parece que as paredes teriam sido utilizadas como se fossem um quadro-negro para resolver problemas matemáticos.

De acordo com os cientistas, poderia se tratar de um lugar onde se reuniam astrônomos, sacerdotes encarregados do calendário e algum tipo de autoridade, pela riqueza na decoração das pinturas nas paredes, que também utilizaram para fazer suas anotações.

A pesquisa continua aberta para determinar que tipo de quarto se trata, se era uma casa ou um habitáculo de trabalho e se era utilizado por uma ou várias pessoas.

"Ainda nos resta explorar 99,9% de Xultún", lembrou Saturno, que afirmou que a grande cidade maia descoberta em 1915 proporcionará novas descobertas nas décadas vindouras. EFE

http://br.noticias.yahoo.com/cientistas-descobrem-calend%C3%A1rio-astron%C3%B4mico-maia-antigo-documentado-185607553.html

Mais cedo; mais tarde; a verdade aparecerá...


PT agora hesita em convocar Gurgel para a CPI


O generalato do PT ensaia um recuo de sua infantaria na CPI do Cachoeira. Antes decidido a apoiar a convocação do produrador-geral da República Roberto Gurgel, o partido agora hesita. Não desistiu de converter Gurgel em alvo. Mas passou a considerar a hipótese de representar contra ele no Conselho Nacional do Ministério Público, longe da azáfama da CPI. Deve-se o esboço de meia volta ao receio do PT de oferecer argumentos para que a oposição fabrique uma nova CPI do Fim do Mundo, como ocorreu em 2005 com a Comissão Parlamentar de Inquéritos dos Bingos. Inaugurada com um requerimento de Fernando Collor (PTB-AL), a fornalha em que o petismo tenta queimar Gurgel foi reaquecida com o depoimento do delegado Raul Alexandre Marques Souza.

Responsável pela Operação Vegas, o delegado da Polícia Federal contou na CPI que, enviada à Procuradoria-Geral da República em 15 de setembro de 2009, a investigação parou. Na noite da inquirição, o petismo parecia decidido a adotar em relação a Gurgel um discurso do tipo mata-e-esfola. Nesta quarta (10), depois de uma consulta aos travesseiros, os comandantes da tropa anti-Gurgel já se reposicionavam no front. Em privado, os petistas passaram a alegar que, servindo-se do depoimento do delegado Raul para arrastar o procurador-geral até o banco da CPI, abririam um precedente que interessa à oposição.

Ficaria entendido que qualquer novidade mencionada em depoimentos serviria de pretexto para pleitear na CPI a abertura de novas frentes de investigação, desviando o foco de Carlinhos Cachoeira e de Demóstenes Torres. Daí para as obras do PAC, tocadas pela Delta Construções, seria um pulo. É para evitar o risco da mimetização do Apocalipse de 2005 que o PT flerta com a ideia de afastar a batalha contra Gurgel da cena da CPI. Daí a intenção de buscar elementos que possam fundamentar uma representação junto ao Conselho Nacional do Ministério Público. Abespinhado, o procurador-geral cuidou de vacinar-se.

Ao sentir o cheiro de queimado à sua volta, Gurgel buscou imunização no mensalão. Em entrevista, disse: “Há uma tentativa de imobilizar o procurador-geral da República para que não possa atuar, seja no caso do senador Demóstenes, seja preparando-se para o processo do mensalão, caso que classifiquei como talvez o mais grave atentado à democracia brasileira.” Gurgel acrescentou: “É compreensível que pessoas ligadas a mensaleiros estejam interessados em acusações falsas para atacar o procurador-geral da República.” Perguntou-se ao chefe do Ministério Público se enxerga as digitais de José Dirceu nas críticas. E ele: “Há, se não réus, protetores de réus interessados, pessoas com notórias ligações com os réus do mensalão.”

Cândido Vaccarezza (PT-SP), um dos representantes da bancada do PT na CPI, recomendou “humildade” a Gurgel. “Não pega bem e mostra um certo desequilíbrio. Pegaria bem se ele explicasse. Se fosse um pouquinho mais humilde, menos arrogante e explicasse. Não são os membros do PT. São membros de todos os partidos que se manifestaram criticando o fato de o procurador não ter denunciado há três anos uma situação que ele tinha conhecimento pleno.” Para não dizerem que deixarão de falar em espinhos, os petistas cogitam substituir a convocação de Gurgel por um requerimento que leve à CPI a mulher dele, a subprocuradora-geral Cláudia Sampaio Marques. Foi ela, segundo o delegado Raul Souza, quem comunicou à PF que a Procuradoria não encontrara no inquérito da Operação Vegas indícios suficientes para denunciar ao STF os congressistas envolvidos com Cachoeira. Entre eles Demóstenes Torres.

Resta saber se o PT encontrará na CPI aliados em número suficiente para aprovar um eventual pedido de convocação da mulher de Gurgel. Um pedaço da banda governista e a maioria da ala oposicionista, à frente o PSDB, não exibem disposição para aderir à idéia.

http://josiasdesouza.blogosfera.uol.com.br/2012/05/10/pt-agora-hesita-em-convocar-gurgel-para-a-cpi/

Razão social sim; razão racial, equívoco!


Os negros, as cotas e as elites


Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), ao analisarem a ação ajuizada pelo partido Democratas (DEM), em 2009, contra o sistema de cotas raciais na Universidade de Brasília (UnB), finalmente decidiram, por unanimidade, que a reserva de vagas em universidades públicas com base nesse sistema é constitucional. O tema já rendeu páginas e páginas em jornais e revistas, horas e mais horas nas TVs e rádios no Brasil, circulou com intensidade nas redes sociais. A Universidade Estadual da Bahia (UNEB) e a Universidade de Brasília (UnB) foram as instituições pioneiras a lançar a ideia.

Na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), tempos atrás, o assunto tornou-se motivo de controvérsia, dentro e fora de seus muros – a imprensa carioca e muitos outros veículos de circulação nacional pautaram a matéria com todo o destaque que ela mereceu. Vencida essa etapa crucial, chegou a hora da imprensa, junto com a sociedade organizada, principalmente a classe estudantil, mirar suas armas no alvo que considero ainda mais relevante: a difícil tarefa de manter o negro na universidade brasileira. Segundo a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), a maioria dos seus alunos (67,16% deles pertencentes às classes B2, C, D e E) não completou seus cursos de graduação na área de exatas.

Esse dado até pode ser minimizado pelo fato da grande maioria dos universitários menos favorecidos financeiramente estar matriculada em cursos rotulados erroneamente de “segunda linha”, como os da área de humanas, nos quais, a princípio, se gasta menos com material de apoio, como livros e instrumentos, os mais diversos. Mas, a necessidade de trabalho para o sustento familiar, diferentemente do que acontece com alunos de melhores condições financeiras, ainda coloca os negros em situação desfavorável. Sabe-se que muitos alunos abandonam seus estudos porque precisam trabalhar e não encontram tempo para isso.

Maior alocação de recursos. Será que o negro brasileiro e alunos advindos de escolas públicas (a grande maioria da raça negra, vale dizer) têm condições de se manter em um curso de graduação, sendo eles os mais sacrificados financeiramente? Não bastasse a altíssima taxa de desemprego, a situação se agrava quando tomamos conhecimento de dados como os da Fundação Seade, de São Paulo, que indica ser o salário médio de um branco na capital paulista de R$ 1.919,20, enquanto o do negro, na mesma função, é de menos da metade, algo em torno de R$ 690,54. O que pensar das condições salariais do negro no Norte e Nordeste do país, regiões onde, historicamente, a riqueza nacional sempre teve pouca representatividade?

Soma-se a isso a falta de base do estudante negro, em sua grande maioria vinda do ensino público, ser um enorme entrave para que a conclusão de seu curso se torne uma realidade. De acordo com pesquisa feita pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), em 2005, dos 4,6% alunos negros ingressantes nas universidades apenas 2,8% concluíram os seus cursos. É preciso saldar a dívida social que o Brasil tem para com os negros, mas de maneira consistente e definitiva. Ao contrário do que muitos querem sustentar, não é justo, nem ético, promover políticas incompletas de resgate da dignidade dos afrodescendentes.

São alguns séculos de total desrespeito para com um povo que foi jogado de maneira sórdida no mercado de trabalho, por ocasião da abolição da escravatura, sem a menor condição de competir com os imigrantes que aqui aportaram e que, de maneira heroica, ajudaram a construir toda a riqueza que hoje possuímos.

Agora, mais do que nunca, se faz necessário atuar verdadeiramente nos ensinos fundamental e médio, sem a costumeira demagogia que mascara a falta de qualidade do ensino em detrimento do discurso da quantidade de alunos matriculados. Ambas precisam caminhar juntas. É preciso cobrar, com veemência, das autoridades responsáveis, maior alocação de recursos para ações indispensáveis ao processo de melhoria do ensino do primeiro e segundo graus: capacitação de mão-de-obra, melhorias salariais, investimentos em estruturas físicas e tecnológicas, fornecimento de material de apoio etc.

Uma batalha foi ganha. Paralelamente, o mesmo tratamento deve-se dar ao ensino superior, acrescentando, é claro, investimentos específicos que só dizem respeito à universidade com suas funções determinadas. Não é mais concebível, por exemplo, que a grande maioria das universidades públicas não ofereça aulas noturnas, propiciando maior número de vagas ao mesmo tempo em que daria condições para que seus alunos pudessem trabalhar. Concordo totalmente com a opinião do jornalista Gilberto Dimenstein, da Folha de S. Paulo, quando afirma, muito consciente da grandiosidade do problema, gostar da ideia de abrir espaço para negros nas faculdades, especialmente para alunos de escolas públicas. “Mas se tal abertura não for acompanhada de ações complementares, o projeto vai comprometer toda a ideia das cotas”, conclui Dimenstein.

É preciso, portanto, reinventar, democratizar não só o ensino superior, mas todo o sistema educacional brasileiro e, para tanto, dependemos de muita vontade política. Devemos sempre desconfiar de políticas voltadas para setores minoritários e à margem da sociedade, visto que o poder, com suas artimanhas, tem como uma das suas principais armas lançarem projetos paliativos visando anuviar os reais problemas enfrentados pelos excluídos. Este filme nós bem conhecemos.

Não há, pelo menos até estes tempos, um real propósito, por parte de nossas elites, em promover a inclusão social de castas que poderiam efetivamente tomar seus lugares no ápice da pirâmide social. Será que o poder constituído não está utilizando a mídia com segundas intenções? Será que os bem intencionados da área educacional e a sociedade como um todo não entraram de gaiato em um navio avariado?... Vale refletir.

Para finalizar, com a intenção de quem bota lenha na fogueira, de quem certamente espera ver a justiça social reinar um dia neste país, deixamos outra pergunta no ar: será que as elites brasileiras suportarão tamanha revolução educacional, a maior de toda a nossa história?... O primeiro sinal de resistência já foi anunciado, com todas as letras e holofotes, um dia após o Supremo Tribunal Federal (STF) decidir pela legalidade das cotas raciais: a Universidade de São Paulo (USP) e as universidades estaduais Paulista (Unesp) e de Campinas (Unicamp), não por acaso localizadas no estado mais rico do país, não pretendem adotar o sistema. Como se pode verificar, é preciso que todos os envolvidos na questão das cotas não esmoreçam. Somente uma batalha foi ganha, e a luta deve continuar.

Mais uma etapa superada...