sexta-feira, 1 de junho de 2012

Piada...


Uma mulher envia ao juiz uma petição pedindo divórcio, e o juiz a questiona:
— A senhora tem certeza do que esta pedindo? A senhora quer divórcio por compatibilidade de gênios? Não seria o contrário?
— Não, meritíssimo, é por compatibilidade mesmo. Eu gosto de cinema, o meu marido também, eu gosto de ir a praia e ele também, eu gosto de ir ao teatro e ele também, eu gosto de homem e ele também!

Curioso...


O que era Rosebud?
Esta é a dúvida que acompanha todo o enredo de "Cidadão Kane", a obra-prima cinematográfica do diretor Orson Welles. Mas a revelação só ocorre nos momentos finais do filme quando, em seu derradeiro suspiro, o personagem Charles Foster Kane relembra dos bons tempos em que brincava na neve com seu trenozinho vermelho, carinhosamente batizado de "Rosebud". Detalhe de alcova: o termo traduzido significa botão de rosa e era o "apelido" pelo qual William Randolph Hearst chamava o clitóris de sua amante, a atriz Marion Davies. Para quem não sabe, a história de Kane é inspirada na vida de Hearst, grande magnata da imprensa nos anos 40.

Por que o cinema é conhecido como a sétima arte e quais são as outras seis?
Na Antigüidade, os gregos e romanos classificavam como arte a pintura, a escultura, a oratória, o teatro, a poesia, a música e a dança. Mas foi no século XVIII que as manifestações criativas foram estudadas e classificadas em dois grupos: as belas artes e as belas letras. As belas artes eram seis: arquitetura, escultura, pintura, gravura, música e coreografia. Das belas letras faziam parte a gramática, a eloqüência, a poesia e a literatura. Quando o cinema surgiu, em 1895, inventado pelos irmãos Lumière, foi classificado como arte e ganhou o rótulo de "sétima arte".

Por que o Dia do Cinema Brasileiro é comemorado em 19 de junho?
Porque no dia 19 de junho de 1898, retornando de uma viagem à França, o cinegrafista Afonso Segreto registrou as primeiras cenas em movimento em terras brasileiras. Ele filmou a entrada da baía da Guanabara.

Por que o prêmio recebeu o nome de Oscar?
Até 1931, o troféu, era chamado apenas de estatueta. Nesse ano, conta a lenda, a bibliotecária da Academia, Margaret Herrick, ao observar a estatueta em cima da mesa de um dos diretores da Academia, comentou: "Nossa, parece meu tio Oscar". Ela se referia a Oscar Pierce, um fazendeiro do Texas. O crítico de cinema Sidney Skolsky ouviu a brincadeira e a publicou. O nome pegou. O Troféu imprensa, cópia fiel do Oscar, foi criado em 1958 para premiar os melhores da TV Brasileira.

Qual o ator mais fichado da história de Hollywood?
De acordo com o livro Famous Mugs: Arresting Photos and Felonious Facts for Hundreds of Stars Behind Bars (Cader Books), o grande campeão é o rei do soul James Brown. Ele foi preso oito vezes e condenado em três ocasiões, que fizeram com que ficasse pelo menos cinco anos e quatro dias vendo o sol nascer quadrado.

Qual o primeiro filme de terror que se tem registro?
Como se já não bastasse ter criado a lâmpada, a locomotiva elétrica, o microfone, o fonógrafo e o próprio projetor de cinema, o norte-americano Thomas Edison (1847-1931) também tem o filme de terror em seu rol de invenções: é Frankenstein, produzido por ele em 1910. Rodado em preto-e-branco, mudo e com 16 minutos de duração, o filme era baseado na obra de Mary Shelley, que conta a história de um cientista que reúne retalhos de corpos de defuntos para criar um monstro. Mas a novidade não agradou e muitas salas se recusaram a exibi-lo, tanto que acabou caindo no esquecimento. "Frankenstein pode ter sido o primeiro cronologicamente, mas o primeiro filme de terror que realmente estabeleceu uma fórmula para o gênero foi O Gabinete do Doutor Caligari, de 1919.", afirma Máximo Barro, professor de história do cinema da Fundação Armando Álvares Penteado, de São Paulo, "A obra marcou o início do expressionismo alemão e deu o tom com seus efeitos de luz, cenografia e estilo de interpretação".

Quando e por que o leão foi adotado como mascote da MGM?
Na verdade, "Léo o leão", como é conhecido, apareceu antes mesmo da fundação da Metro-Goldwyn-Mayer. O logotipo com Léo foi criado em 1916 por Howard Dietz, executivo de propaganda da Goldwyn Pictures Corporation, e foi inspirado no grito de guerra da Universidade de Columbia, intitulado Roar, Lion, Roar ("Ruja, Leão, Ruja"). Em 1924, a Goldwyn se juntou à Metro e à Louis B. Mayer e o leão logo se tornou o símbolo do novo estúdio. No entanto, o público dos cinemas só pôde ouvi-lo rugir pela primeira vez em 1928, quando o som passou a ser reproduzido por um fonógrafo. O primeiro leão a "interpretar" Léo foi Slats ("tabuinha") e ele aprendeu a girar a cabeça e rugir na hora certa com Volney Phifer, um famoso treinador de animais em Hollywood. Na época, o leão excursionava pelos Estados Unidos para promover o estúdio e, como um bom felino, sobreviveu a dois acidentes de trem, uma enchente no rio Mississippi, um terremoto na Califórnia, um incêndio e um acidente de avião. Slats morreu em 1936 e, mais tarde, foi substituído por Jackie, Tanner e Jackie II. No logo da MGM, pode-se ver um círculo ao redor de Léo com inscrições em latim. É o lema do estúdio: Ars Gratia Artis, que quer dizer "Arte pela Arte".

Quem é a mulher do logo da Columbia Pictures?
A "Dama da Columbia" apareceu pela primeira vez em 1924, 4 anos após a fundação do estúdio. Muitas atrizes disseram ter inspirado a imagem original da deusa da liberdade, mas, de acordo com o estúdio, ela não retrata nenhuma mulher em especial. Em 2001, por exemplo, Jane Bartholomew, que era figurante no estúdio na década de 1930, declarou a um jornal de Chicago que teria sido a musa para uma das versões da Dama na época, enquanto que, na biografia de Bette Davis, a diva do cinema afirma que ela seria Claudia Dell, uma atriz dos anos 30 e 40. Há boatos também de que a Dama seria a atriz Amelia Bacheler, que teria recebido apenas 25 dólares para posar para o estúdio, em 1936. Em sua primeira versão, a "Dama da Columbia" tinha um penteado à la Cleópatra e trazia nos braços uma bandeira dos Estados Unidos - o símbolo só foi substituído por um manto simples em 1949. A imagem atual foi redesenhada pelo ilustrador Michael J. Deas em 1993 e baseada em uma dona de casa da Louisianna, Jenny Joseph, que posou para Deas usando um roupão e segurando uma tocha. No entanto, em vez de usar o rosto de Jenny, o artista criou novas feições para a Dama no computador.

Como é feita a dublagem de um filme?
O primeiro passo é projetar a versão original em uma tela para que os dubladores saibam as partes que irão falar. Após a leitura da tradução do texto, o filme pára no ponto exato para que o dublador ouça a fala do ator, prestando atenção na entonação e ritmo que ela tem. A seguir vem a parte mais difícil: encaixar as falas traduzidas no movimento da boca do personagem, sem ultrapassar o tempo certo em que ela se move. Quando tudo fica bem sincronizado, a dublagem é gravada sobre voz dos atores, mantendo a trilha sonora e o som originais do filme.

Devanear...


8a SOMBRA - ÚLTIMO FANTASMA – CASTRO ALVES

Quem és tu, quem és tu, vulto gracioso, 
Que te elevas da noite na orvalhada? 
Tens a face nas sombras mergulhada... 
Sobre as névoas te libras vaporoso ...

Baixas do céu num vôo harmonioso!...
Quem és tu, bela e branca desposada?
Da laranjeira em flor a flor nevada
Cerca-te a fronte, ó ser misterioso! ...

Onde nos vimos nós? És doutra esfera ?
És o ser que eu busquei do sul ao norte. . . 
Por quem meu peito em sonhos desespera?

Quem és tu? Quem és tu? - És minha sorte! 
És talvez o ideal que est'alma espera! 
És a glória talvez! Talvez a morte!
http://www.sonetos.com.br/sonetos.php?n=918

Pensamentos...


F A R M Á C I A D E P E N S A M E N T O S

“Se a cama falasse diria: Pô, como esse pessoal 
conta vantagem!” Millôr Fernandes, escritor, RJ, 1924
Sexta-feira, 1 de junho de 2012

Anjo do dia: Vehuaiah.
Dia de São Justino, padroeiro dos Filósofos.
Dia de Caxias.
Dia Nacional da Prevenção de Incêndios Florestais.
1951 EUA dão início ao desenvolvimento de 
técnicas dos efeitos de privação sensorial, 
chefiada pelo psiquiatra Ewan Cameron, que visava ‘esvaziar’ o cérebro de suas cobaias, para depois os ‘reconsuir’, também conhecido como ‘lavagem cerebral’.

1964 Lançamento da revista Pif-Paf, por Millôr 
Fernandes, de curta vida devido à ditadura.
1967 Beatles revolucionam o rock com o album 
Sgt. Pepper's Lonely Heart Club Band.
1983 Criação do Conselho Nacional do Meio Ambiente.
2005 Fechado o orfanato “Strawberry Fields 
Forever”, em Liverpool (ING), após 69 anos de funcionamento, que inspirou a letra da música de John Lennon em 1967.

1922 Nascimento: Abigail Izquierdo Ferreira, a Bibi Ferreira, atriz e cantora.
1926 Nascimento: Norma Jean Baker, a Marilyn Monroe, atriz norte-americana.
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Democracia?


Democracia e hegemonia petista

Nos anos 1970, Norberto Bobbio, filósofo de fina estirpe liberal-socialista, lançou um contundente repto ao velho Partido Comunista Italiano (PCI). Segundo Bobbio, com toda a sua sofisticação enraizada na matriz gramsciana e no conhecimento por ela proporcionado do problema nacional italiano, derivado de uma reunificação tardia e "passiva", nem sequer o PCI escapava da tradição estreita da Internacional Comunista, para a qual o objetivo central da tomada do poder levava a privilegiar o partido revolucionário e a desconhecer as mediações institucionais modernas, como, entre outras, o Estado Democrático.
Prevalecia, no dizer de Bobbio, uma visão instrumental do Estado e, mais em geral, das formas do processo político, o que requeria dos intelectuais comunistas uma explícita reelaboração dos temas da sua tradição. O repto de Bobbio não era pouca coisa nem estava endereçado a um partido intelectualmente tosco. Ao contrário, gente como Pietro Ingrao, Giuseppe Vacca, Umberto Cerroni, Cesare Luporini e outros participaram ativamente daquele debate que versava, em última instância, sobre as relações entre marxismo e Estado ou, mais precisamente, as possibilidades de mudança social num país que já não estava na periferia do capitalismo.
O mundo girou, e quase meio século nos separa irreparavelmente daquelas discussões. A Itália e a Europa assistiram, se não à demolição, pelo menos a um forte questionamento das próprias estruturas da social-democracia, que, segundo o PCI dos anos 1970, mereciam ser oxigenadas por novos movimentos de "socialização da política" na direção de um equilíbrio mais avançado. O problema da época - que parecia ser a "transição para o socialismo" em países de ponta - desapareceria por muitos anos diante da ofensiva das forças e das ideologias de mercado, que, essas, sim, por bem ou por mal, dariam à sua maneira uma resposta às dificuldades de financiamento do Estado de bem-estar social erguido no segundo pós-guerra.
Nem por isso se pode dizer que aquelas preocupações suscitadas por Bobbio estejam definitivamente arquivadas num baú de ossos. Ao contrário, os fortes abalos que têm varrido o mundo da globalização neoliberal repuseram ou confirmaram a esquerda no poder, inclusive no Brasil. Houve quem considerasse, nos últimos anos, que o "trem da História", se ainda valer a velha imagem determinista, se tivesse reposto em movimento a partir da América Latina. No Brasil, repito, um potente partido de esquerda, ainda que alheio em boa parte ao xadrez político que poria fim ao regime autoritário - basta lembrar a abstenção no colégio eleitoral de 1984 ou o voto contrário ao Texto Constitucional de 1988 -, se beneficiaria como nenhum outro agrupamento do novo tempo democrático, conseguindo contínua expansão das suas bancadas legislativas e pelo menos três mandatos presidenciais sucessivos, diante de uma oposição que não dá sinais consistentes de renovação e vitalidade.
Inevitável que se reatualize, na circunstância de hoje, o discurso sobre esquerda, ou esquerdas, e instituições. Ou sobre a esquerda no poder e outras figuras assumidas pela esquerda no passado, como o velho PCB. Ter-se-ia o PT afastado da virulência dos anos de origem, quando liquidava o passado do movimento operário sob o fogo cerrado da teoria do "populismo" e apregoava a ideia de um partido classista, puro e duro, que iria refundar o País longe da contaminação causada pelos partidos burgueses ou "reformistas" de um modo geral? Sua atual política de alianças - que em muitos casos abrange agrupamentos efetivamente conservadores e não raro, como no episódio do mensalão, parece confundir-se com interferência indevida na economia interna de partidos aliados e do próprio Parlamento - significaria algum tipo de retomada do aliancismo programaticamente adotado pelos comunistas do PCB a partir da crise do stalinismo, ainda antes do golpe de 1964?
São perguntas que até o momento recebem respostas empíricas, quando muito. Nenhuma elaboração intelectual coerente parece fundamentar o novo rumo, a não ser que consideremos como tal um certo apelo ultrapragmático à "governabilidade", que justificaria a cooptação de aliados com os quais seria difícil ou impossível negociar os termos de um verdadeiro alinhamento mudancista.
Nenhuma dúvida de que um grupo pode redefinir seu sistema de alianças, seus objetivos táticos ou estratégicos e até suas orientações de valor. Mas é inegável que, sem uma justificação adequada, não se entende por que motivo um político como Ulysses Guimarães teve acesso vetado ao primeiro palanque presidencial de Lula e, agora, se estabelece como que um "pacto de ferro" com o PMDB - na verdade, um pacto de baixa densidade programática. E isso justamente no momento em que esse partido, tendo visto materializar-se o seu programa fundamental a partir da redemocratização, se vê carente de ideias e de um grupo dirigente de âmbito nacional, como aquele outrora reagrupado em torno do próprio Ulysses, de Tancredo Neves e tantos outros.
Não obstante a hegemonia petista neste último período, só os ideologicamente transtornados poderiam confundi-la com a antiga questão da "transição para o socialismo". Não seria necessariamente razão para desilusão: em diferentes conjunturas, partidos de origem operária conduziram processos de expansão capitalista, encarregando-se, em troca, de trazer para a arena pública, com todos os títulos de legitimidade, os setores subalternos. Em cada caso, o que definiu o caráter inovador ou frustrado de tais experiências foi a relação com as instituições democráticas: também entre nós, essa relação será capaz de determinar, por décadas, a qualidade da nossa democracia política, bem como as possibilidades de crescente e continuada inclusão social.

Cota diária de racismo...


Estudante de direito chama guarda de macaco e é preso por racismo, no ES

Ele corria com cão na areia da praia quando foi abordado por guarda- vidas.
'Eu sorri, porque jamais faria isso a uma pessoa', disse o estudante.

Um estudante de direito, de 30 anos, foi preso por racismo, desacato, desobediência e resistência à prisão, de acordo com a polícia, nesta quarta-feira (30), em Vila Velha, região da Grande Vitória. Ele passeava com um cachorro na praia, o que não é permitido, e foi abordado por guarda-vidas. A polícia disse que o estudante chamou um dos guardas de macaco por não aceitar a intervenção. Leonardo Márcio Mônico garantiu que não teve comportamento racista, pagou fiança de R$ 5 mil e foi liberado.
O jovem estava correndo com um cachorro na areia da praia de Itapoã, quando foi abordado por guarda-vidas. No momento da abordagem, houve uma discussão e, segundo a polícia, o estudante chamou um dos guardas de macaco. "Havia um grupo de guarda-vidas em treinamento no local e ofendidos resolveram fazer um boletim de ocorrência. Em seguida, o homem foi encaminhado ao Centro Integrado de Defesa Social para acionar a polícia", explicou secretário de Defesa Social de Vila Velha, Ledir Porto.
Leonardo Mônico afirmou que não foi racista. "Eles chegaram para mim e disseram: 'você me acusou de ser macaco'. Eu sorri, porque jamais faria isso a uma pessoa", argumentou o estudante.
De acordo com o delegado Robson Martins, no momento em que o rapaz estava sendo levado para o Departamento de Polícia Judiciária (DPJ), ele foi resistente a prisão e agrediu os policiais.
"Tanto que ele não respondeu só por injúria racial. Eu também o qualifiquei em desobediência, em desacato e em resistência a prisão", afirmou o delegado.
A mãe do jovem ficou revoltada com a situação e reclamou. Segunda ela, o filho sofre de problemas mentais. A doença foi descoberta há um ano e devido ao problema, Mônico abandonou a faculdade que fazia na Europa. "Eu só sei que fui para cima deles para defender meu filho, que ficou muito agitado. Ele toma remédios, tem problemas de esquizofrenia e já foi internado duas vezes. Ele trancou a faculdade por causa da doença, pois estava com a mente muito perturbada na Alemanha e voltou para ficar perto da família", explicou a enfermeira Rosilda Stippich.
http://g1.globo.com/espirito-santo/noticia/2012/05/estudante-de-direito-chama-guarda-de-macaco-e-e-preso-por-racismo-no-es.html

Farpas ao ar...


Para o bem do Supremo

Até a divulgação do que teria sido a conversa entre o ex-presidente Lula e o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), intermediada pelo seu ex-colega Nelson Jobim, havia só uma - e crucial - razão para desejar que finalmente começasse o julgamento dos envolvidos no escândalo do mensalão. Nada menos que cinco anos se passaram desde que a Corte acolheu a denúncia do então procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, contra os cabeças, os operadores e beneficiários da compra do apoio de deputados ao governo Lula - e o risco de prescrição das penas a que viessem a ser condenados os 36 réus do processo evidentemente aumenta na razão direta da passagem do tempo. Sem falar que este ano se aposentam dois membros do Supremo e a escolha de seus substitutos pela presidente Dilma Rousseff se daria à sombra das especulações sobre os seus votos na hora do veredicto sobre os mensaleiros.
No entanto, desde o último fim de semana, quando Mendes apareceu na revista Veja acusando Lula de pressioná-lo no citado encontro para adiar o julgamento e de indicar que, em troca, impediria que a CPI do Cachoeira respingasse nele, pelo que seriam as suas relações com o senador Demóstenes Torres, parceiro do contraventor, dois outros motivos vieram a se agregar ao imperativo inicial de se levar o processo ao seu desfecho, com a presteza possível. O primeiro é óbvio: se o STF deixar de incluir o mensalão na sua agenda para os próximos meses, ainda que seja por alguma razão absolutamente legítima em matéria de procedimentos, será impossível remover da opinião pública a impressão desabonadora de que a Corte se curvou aos desejos do ex-presidente, tão cruamente manifestados, de acordo com o que saiu na revista. O segundo motivo para o Supremo Tribunal apressar os trâmites do caso - sem prejuízo do devido processo legal - também se relaciona com a preservação de sua integridade.
Com efeito, o STF não ficou imune à (tardia) iniciativa de Mendes de trazer a público o que teriam sido "as insinuações despropositadas" de Lula, nem ao torvelinho político levantado por suas afirmações, nem, principalmente, à destemperada entrevista convocada pelo magistrado, anteontem, numa dependência do tribunal. Tanto faz se as instituições fazem os homens ou se estes fazem as instituições, como os pensadores do poder discutem há uma eternidade. O fato é que, já não bastasse um ex-titular da Corte (e ex-colaborador de Lula) produzir relatos desencontrados sobre o que se passou no seu escritório e sobre por que se dispôs a abri-lo aos seus especiais convidados naqueles idos de abril; não bastasse o ministro do STF ter permanecido ali depois de ouvir as enormidades que diz ter ouvido; não bastasse Lula sugerir agora que ele mentiu, eis que, envergando a toga, Mendes o acusou de ser o irradiador de boatos construídos por "gângsteres, chantagistas, bandidos" para "melar" o julgamento do mensalão.
Uma nota austera e cabal teria sido - para o ministro e para o tribunal que integra - a melhor resposta aos rumores de que as suas relações com o senador à beira da cassação seriam impróprias, além de tangenciar o bicheiro unha e carne do político goiano. Anexados ao texto os comprovantes divulgados na entrevista de que ele não foi nem voltou de Berlim nas asas de Cachoeira, quando ali esteve em companhia de Demóstenes - a questão que Lula teria sacado para acuá-lo -, e o assunto morreria. Em vez disso, excedendo-se, fez um comentário que muitos podem considerar constrangedor para a mais alta instância do Judiciário. Falando dos dois voos que fez no País com um colega e uma juíza do Superior Tribunal de Justiça, em aviões fretados pelo senador, perguntou, retoricamente: "Vamos dizer que o Demóstenes me oferecesse uma carona num avião que ele tivesse. Teria algo de anormal?".
Certa vez, ao apoiar a divulgação individualizada dos salários do funcionalismo, o atual titular do STF, Carlos Ayres Britto, observou: "É o preço que se paga pela opção por uma carreira pública no seio de um Estado republicano". No caso da magistratura, a conta inclui a recusa a convites que outros cidadãos podem aceitar com naturalidade.
http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,para-o-bem-do-supremo-,880287,0.htm

Mais uma etapa superada...