Protesto obriga
presidente Dilma a deixar Palácio pelos fundos
Manifestantes passaram mais de duas horas em frente ao
Palácio e fecharam trânsito local
Oito representantes de aposentados do INSS de 27 estados
foram recebidos, no Palácio do Planalto, por José Lopes Feijó, assessor
especial do ministro-chefe da Secretaria Geral, Gilberto Carvalho, depois de
passarem mais de duas horas protestando em frente ao Planalto e fechando o
trânsito no local, ao lado de inúmeras categorias de grevistas. Os aposentados
do INSS querem 7,38% e o fim do fator previdenciário. A imensa manifestação que
tomou conta do local e vai permanecer durante toda a noite desta quarta,
obrigou a presidente Dilma Rousseff a deixar o Palácio do Planalto pelos
fundos.
Assim que os manifestantes tomaram a praça dos 3 Poderes e
avançaram em direção ao Planalto, a segurança, que estava reforçada pela
Polícia Militar, foi engrossada pelo Batalhão de Choque, que chegou com
escudos, armas em punho, cachorros, provocando reação nos manifestantes, que
carregavam faixas "Fora Dilma" e "queremos reajuste". O
Batalhão de choque tomou conta do pé da rampa, enquanto manifestantes gritavam:
"Abaixo a repressão, polícia é pra ladrão" . Quando o
chefe da segurança do Planalto, general Amaro, viu o pelotão de choque na rampa
entrou em contato com a PM para
exigir que eles saíssem do local. "Eles (polícia de choque) não têm de
entrar aqui. Aqui é nosso (segurança do Planalto). Eles têm de ficar da
rua pra lá", insistiu. Diante da resistência do militar do Choque deixar o
local, o general foi pessoalmente conversar com o responsável pela tropa para
que ele deixasse o local. A tropa de choque, então, foi instruída a ficar ao
lado da rampa, um pouco mais
afastada. Deixaram o local sob vaias e gritos dos manifestantes.
Os aposentados entraram no Palácio com os rostos pintados de
verde e amarelo, símbolo dos estudantes na era Collor. O presidente da
Confederação Brasileira dos Aposentados e Pensionistas, Warley Gonzalez, que
esteve com Feijó, disse que "na era Collor existia cara pintada nas ruas.
Agora, é cara enrugada nas ruas". Eles prometeram passar a noite na praça
dos 3 Poderes e acender 1.500 velas e fazer até um baile para aguentar o frio
da noite e a vigília no local. "O clima não está para festa, mas é o única
maneira de enfrentar a noite", disse ele, ao afirmar que "os
aposentados e pensionistas são os únicos que estão sendo roubados porque
pagaram a vida inteira sobre sete ou oito salários mínimos
e estão ganhando sobre quase um salário". E completou: "não vamos
parar enquanto não derem o que queremos ou algum reajuste".