Dor
Oculta
- Guilherme de Almeida
Quando uma nuvem nômade destila
Gotas, roçando a crista azul da serra,
Umas brincam na relva; outras tranquila,
Serenamente entranham-se na terra.
E a gente fala da gotinha que erra
De folha em folha e, trêmula cintila,
Mas nem se lembra da que o solo encerra,
Da que ficou no coração da argila!
Quanta gente, que zomba do desgosto
Mudo, da angústia que não molha o rosto
E que não tomba, em gotas, pelo chão,
Havia de chorar, se adivinhasse
Que há lágrimas que correm pela face
E outras que rolam pelo coração!
Quando uma nuvem nômade destila
Gotas, roçando a crista azul da serra,
Umas brincam na relva; outras tranquila,
Serenamente entranham-se na terra.
E a gente fala da gotinha que erra
De folha em folha e, trêmula cintila,
Mas nem se lembra da que o solo encerra,
Da que ficou no coração da argila!
Quanta gente, que zomba do desgosto
Mudo, da angústia que não molha o rosto
E que não tomba, em gotas, pelo chão,
Havia de chorar, se adivinhasse
Que há lágrimas que correm pela face
E outras que rolam pelo coração!
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