Casos
diversos na Índia
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No final de julho de 2001, uma chuva
colorida atingiu algumas regiões de Kerala, na Índia. As gotas tinham as
cores vermelha, amarela e preta e os cientistas não souberam explicar o
fenômeno. Alguns arriscaram que a chuva pode ser resultado de impurezas da
atmosfera ou da coloração do solo.
Na cidade de Vypeen, na Índia, o astrólogo
Sukumaran ficou três semanas fora de casa sem avisar a família. Um jornal
local noticiou o encontro de um corpo não identificado e a família reconheceu
como sendo o de Sukumaran. Na hora em que o corpo seria cremado, no entanto,
ele ligou para familiares. Por pouco o outro homem não foi cremado em seu
lugar.
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Os Caminhos a Percorrer
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Dizia Jean Paul Sartre, que o «Homem Faz-se
a si mesmo». Esta afirmação deu azo a polémicas várias. Para uns, a
proposição significava o puro materialismo, retirando do homem a sua
componente divina; para aqueles que desta forma pensavam, «o homem é feito à
imagem e semelhança de Deus», e estariam, assim, a laborar no puro
essencialismo, pensariam outros. Não foi Sartre quem provocou todo este
alarido. O que o filósofo quis dizer é que o homem concreto não pode esperar
que lhe indiquem o caminho. Tem que ser ele a procurá-lo e a percorrê-lo.
Todos os que ficam à espera que lhes mostrem o caminho são figuras apagadas,
mas que querem fazer querer que até têm ideias, projectos, escolha de
caminhos. Nada mais falso, porque são falsos caminhantes, ou melhor, são caminhantes
sem caminho, porque o caminho que pretendem percorrer não é o seu, mas de
quem lho indicou, alguém mais astuto, mais calculista, que convence o outro a
pensar que vai fazer um grande figurão!
Estes caminhantes sem caminho são figuras
instáveis. Hoje, e dada a sua submissão, mostram determinado carácter e
personalidade, amanhã mostram outra face, qual feijão frade!, mais de acordo
com a ocasião, mais de acordo com interesses obscuros, que não os seus. É uma
pena que assim seja, porque todo o ser humano tem o direito e o dever de
exigir de si próprio, enquanto ser interventivo na sociedade, que desbrave o
seu próprio caminho. Com efeito, como escreveu Karl Jaspers, «o homem é um
ser a caminho», como tal, chegada a idade da responsabilidade tem a obrigação
ética e moral de se libertar de caminhos alheios, afirmando-se de pleno
direito, perante si próprio e a sociedade em que se insere. Se assim o não
fizer, não passará de um títere. Alguém que apenas percorre trilhos que
outros fizeram; dirá o que outros disseram; fará o que outros fizeram;
repetirá. Mas tudo isto sem inovação, sem rasgo nem criatividade.
Todos nós aprendemos com as experiências
anteriores. E estaremos sempre a aprender, enquanto as nossas faculdades
intelectuais o permitirem. Mas aprender com as experiências dos outros não
significa repetir, ipsis verbis, o comportamento e atitudes
alheios. Isso é puro mimetismo.
A inovação, a criatividade e a afirmação de
cada um é que faz de cada um aquilo que cada um é, é que faz a diferença. Nós
somos o que fazemos e não aquilo que pensamos que somos. Nem tudo o que
parece é. As aparências iludem apenas os incautos, mas quando estes descobrem
que foram enganados não mais perdoarão que os ludibriou.
O ser caminhante, aquele que não desdenha
das experiências anteriores, mas que inova, cria e se afirma enquanto pessoa,
tem um só carácter, como Camões, «de antes quebrar que torcer», uma só
personalidade, escolhe, sem reservas mentais, um caminho e segue-o. Não
podemos dizer do mesmo objecto que é circular e quadrado ao mesmo tempo. Tal
afirmação rompe com as regras da lógica e do bom senso. Não se pode afirmar e
negar a mesma coisa ao mesmo tempo.
O homem pode e deve aperfeiçoar o seu
percurso. As coisas da vida não são tão definitivas, simplesmente porque
estão em projecto. Não é o ser humano um projecto, que se vai realizando no
decurso da sua caminhada?
Para que nos tomem por sérios, com carácter
e dignos não podemos ser hoje uma coisa e amanhã outra. Em todas as
circunstâncias, a ética da responsabilidade exige que sejamos iguais a nós
próprios. Senão, não passaremos de uns «faz de conta», mas que nada conta
senão para o próprio, que faz de conta!
É difícil ser-se coerente? É. No entanto, é
a coerência da experiência, do fazer e do dizer próprios, do estar e do ser
próprios que faz de nós o que efectivamente somos. Que cada um escolha um
caminho e o percorra: Um caminho já pronto, ou um caminho a fazer. Eu
aconselharia a que optasse pela segunda via. Tem mais sabor, de saber. (António
Pinela, Reflexões,Dezembro de 2002).
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