quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Viva a sabedoria...

Casos diversos na Índia
No final de julho de 2001, uma chuva colorida atingiu algumas regiões de Kerala, na Índia. As gotas tinham as cores vermelha, amarela e preta e os cientistas não souberam explicar o fenômeno. Alguns arriscaram que a chuva pode ser resultado de impurezas da atmosfera ou da coloração do solo.
 
Na cidade de Vypeen, na Índia, o astrólogo Sukumaran ficou três semanas fora de casa sem avisar a família. Um jornal local noticiou o encontro de um corpo não identificado e a família reconheceu como sendo o de Sukumaran. Na hora em que o corpo seria cremado, no entanto, ele ligou para familiares. Por pouco o outro homem não foi cremado em seu lugar.

Os Caminhos a Percorrer

Dizia Jean Paul Sartre, que o «Homem Faz-se a si mesmo». Esta afirmação deu azo a polémicas várias. Para uns, a proposição significava o puro materialismo, retirando do homem a sua componente divina; para aqueles que desta forma pensavam, «o homem é feito à imagem e semelhança de Deus», e estariam, assim, a laborar no puro essencialismo, pensariam outros. Não foi Sartre quem provocou todo este alarido. O que o filósofo quis dizer é que o homem concreto não pode esperar que lhe indiquem o caminho. Tem que ser ele a procurá-lo e a percorrê-lo. Todos os que ficam à espera que lhes mostrem o caminho são figuras apagadas, mas que querem fazer querer que até têm ideias, projectos, escolha de caminhos. Nada mais falso, porque são falsos caminhantes, ou melhor, são caminhantes sem caminho, porque o caminho que pretendem percorrer não é o seu, mas de quem lho indicou, alguém mais astuto, mais calculista, que convence o outro a pensar que vai fazer um grande figurão!
Estes caminhantes sem caminho são figuras instáveis. Hoje, e dada a sua submissão, mostram determinado carácter e personalidade, amanhã mostram outra face, qual feijão frade!, mais de acordo com a ocasião, mais de acordo com interesses obscuros, que não os seus. É uma pena que assim seja, porque todo o ser humano tem o direito e o dever de exigir de si próprio, enquanto ser interventivo na sociedade, que desbrave o seu próprio caminho. Com efeito, como escreveu Karl Jaspers, «o homem é um ser a caminho», como tal, chegada a idade da responsabilidade tem a obrigação ética e moral de se libertar de caminhos alheios, afirmando-se de pleno direito, perante si próprio e a sociedade em que se insere. Se assim o não fizer, não passará de um títere. Alguém que apenas percorre trilhos que outros fizeram; dirá o que outros disseram; fará o que outros fizeram; repetirá. Mas tudo isto sem inovação, sem rasgo nem criatividade.
Todos nós aprendemos com as experiências anteriores. E estaremos sempre a aprender, enquanto as nossas faculdades intelectuais o permitirem. Mas aprender com as experiências dos outros não significa repetir, ipsis verbis, o comportamento e atitudes alheios. Isso é puro mimetismo.
A inovação, a criatividade e a afirmação de cada um é que faz de cada um aquilo que cada um é, é que faz a diferença. Nós somos o que fazemos e não aquilo que pensamos que somos. Nem tudo o que parece é. As aparências iludem apenas os incautos, mas quando estes descobrem que foram enganados não mais perdoarão que os ludibriou.
O ser caminhante, aquele que não desdenha das experiências anteriores, mas que inova, cria e se afirma enquanto pessoa, tem um só carácter, como Camões, «de antes quebrar que torcer», uma só personalidade, escolhe, sem reservas mentais, um caminho e segue-o. Não podemos dizer do mesmo objecto que é circular e quadrado ao mesmo tempo. Tal afirmação rompe com as regras da lógica e do bom senso. Não se pode afirmar e negar a mesma coisa ao mesmo tempo.
O homem pode e deve aperfeiçoar o seu percurso. As coisas da vida não são tão definitivas, simplesmente porque estão em projecto. Não é o ser humano um projecto, que se vai realizando no decurso da sua caminhada?
Para que nos tomem por sérios, com carácter e dignos não podemos ser hoje uma coisa e amanhã outra. Em todas as circunstâncias, a ética da responsabilidade exige que sejamos iguais a nós próprios. Senão, não passaremos de uns «faz de conta», mas que nada conta senão para o próprio, que faz de conta!
É difícil ser-se coerente? É. No entanto, é a coerência da experiência, do fazer e do dizer próprios, do estar e do ser próprios que faz de nós o que efectivamente somos. Que cada um escolha um caminho e o percorra: Um caminho já pronto, ou um caminho a fazer. Eu aconselharia a que optasse pela segunda via. Tem mais sabor, de saber. (António Pinela, Reflexões,Dezembro de 2002).

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