Renan
Calheiros é eleito presidente do Senado com larga vantagem
Ele
recebeu 56 votos contra 18 de Pedro Taques (PDT- MT)
Parlamentar
foi denunciado por três crimes e pode pegar até 23 anos de cadeia.
O senador do PMDB-AL foi eleito presidente do Senado por larga vantagem.
BRASÍLIA
- O senador Renan Calheiros (PMDB-AL) foi eleito nesta sexta-feira o novo
presidente do Senado, no biênio 2013-2014, ao vencer o rival Pedro Taques
(PDT-MT) por 56 votos a 18 votos, sendo dois deles em branco e outros dois
anulados, no total de 78 senadores votantes. Ele sucede a José Sarney, que
deixa o comando da Casa pela quarta vez. O apoio do PT e do Palácio do Planalto
foi fundamental para a vitória. Renan só teve sua candidatura formalizada a
menos de 24 horas da eleição. Há cinco anos, Calheiros renunciava ao mesmo
cargo para evitar a cassação por denúncias de uso de laranjas para comprar
empresas e uso de lobista para pagar despesas particulares.
Logo
após a proclamação do resultado por Sarney, Renan fez um rápido pronunciamento
ao assumir o cargo e agradeceu aos que nele depositaram confiança, aos
parlamentares do PMDB e fez um agradecimento especial ao político maranhense.
—
Foi ele (Sarney) que nos conduziu da escuridão da ditadura para a liberdade
democrática — afirmou.
A
sessão para a escolha do novo presidente do Senado foi aberta na manhã desta
sexta-feira pelo ex-presidente José Sarney (PMDB-AP). O bloco dos senadores que
fizeram oposição à candidatura de Renan Calheiros optou
por discursos comedidos, evitando citar as acusações contra o favorito à
Presidência do Senado. O clima no plenário nas horas que antecederam a votação
para a escolha do novo presidente foi de moderação, atitude adotada por
parlamentares que já sabiam, de antemão, que teriam Renan à frente da Casa
pelos próximos dois anos.
-
Se fizermos um exame de consciência, podemos ver que temos o sentimento de uma
necessidade de renovação – afirmou o senador Cristovam Buarque (PDT-DF), que
defendeu que essa renovação estava na candidatura do senador Pedro Taques
(PDT-MT).
Pedro
Simon (PMDB-RS) disse que o senador Renan Calheiros deveria renunciar à
candidatura. Ele destacou que a posição do peemedebista dificultava a decisão
dos senadores, já que ele está sendo denunciado.
-
O procurador fez uma denúncia ao STF. E está na mão do presidente do STF
denunciar o presidente do Senado por uma série de crimes. Seria o caso de
suspender essa sessão? Esse confronto de o Senado eleger um ilustre senador que
está sendo processado. Ele se elege hoje e na quarta ou quinta-feira o
presidente do Supremo aceita a denúncia e começa um processo. E automaticamente
ele será processado aqui e se começa tudo de novo – afirmou Simon, relembrando
a renúncia de Renan em 2007, à presidência do Senado.
-
Não tenho intimidade com Renan, temos estilos diferentes. Se eu tivesse
intimidade com Renan, eu diria “não te mete nessa”, é muito mais importante
para ti ficar na liderança – disse Simon.
Randolfe
Rodrigues (PSOL-AP), que havia apresentado candidatura para a presidência do
Senado e abriu mão em favor de Taques, destacou que havia pleiteado concorrer
ao cargo em protesto.
Dilma
liga para novo presidente do Senado
Após
a vitória, a presidente Dilma Rousseff ligou para Renan para parabenizá-lo pela
vitória na eleição da presidência do Senado. Dilma fez o telefonema assim que
chegou a Brasília de volta de uma viagem que fez a Castanhal (PA), onde
participou de cerimônia de entrega de 1.080 unidades habitacinais do programa
Minha Casa Minha Vida.
A
presidente não se pronunciou publicamente sobre a disputa, mas o Palácio do
Planalto apoiou a candidatura do peemedebista nos bastidores. Dilma retornou do
Pará e seguiu direto para o Palácio da Alvorada, sua residência oficial, por
volta das 16h30.
Jorge
Viana será o 1º vice-presidente
Na
votação para a escolha da nova Mesa Diretora do Senado, Jorge Viana (PT-AC) foi
escolhido como 1º vice-presidente e senador Romero Jucá (PMDB-RO) o 2º
vice-presidente. Os parlamentares aprovaram as indicações de Flexa Ribeiro
(PSDB-PA) para a 1ª secretaria da Mesa, da senadora Ângela Portela (PT-ES) para
a 2ª secretaria e do senador João Vicente Claudino (PTB-PI) para a 4ª
secretaria.
Por
falta de acordo entre as lideranças partidárias, o titular da 3ª secretaria
será escolhido no voto em cédula de papel, entre os senadores Magno Malta
(PR-ES) e Ciro Nogueira (PP-PI).
Defesa
por Renan
No
Senado, a candidatura de Renan foi defendida enfaticamente por Lobão Filho
(PMDB-MA) e Fernando Collor (PTB-AL). Lobão Filho criticou a Procuradoria-Geral
da República (PGR), afirmando que o órgão deixou para fazer uma denúncia contra
o peemedebista na semana em que se elege o presidente do Senado. Ele também
defendeu a proporcionalidade e o “direito” do partido de ter o cargo da presidência
da Casa.
-
Eu acho que nosso partido fez a escolha correta. O PMDB não está usurpando o
direito de ninguém. É um direito do PMDB – disse Lobão Filho.
No
discurso mais raivoso em defensa do conterrâneo e ex integrante da chamada
"Turma de Alagoas", o senador Fernando Collor chamou, da tribuna do
Senado, o procurador-geral da República de "chantagista" e
"prevaricador". Na sua cruzada contra o procurador, Collor aproveitou
a sessão para pedir celeridade na tramitação da representação que apresentou
contra Gurgel, acusando-o de prevaricação.
Ao
falar da denúncia pedida por Gurgel contra Renan, Collor disse que ele não tem
autoridade moral para apresentar denúncia contra qualquer parlamentar.
-
Esse senhor (Gurgel) é um prevaricador, um chantagista, sem autoridade moral
para colocar um senador numa situação constrangedora - discursou Collor
bastante irado.
Ele
reclamou do fato de Gurgel ter apresentado a denúncia contra Renan num sábado,
véspera da eleição de Renan.
-
Alguma orquestração está por trás disso tudo - reclamou, completando: - Como
tem autoridade moral para apresentar denúncia contra um senador que já foi
julgado e absolvido pelo Senado Federal?
Já
o senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) elogiou Sarney, a quem ele atribui melhorias
na transparência na Casa. Ele também exaltou seu partido e defendeu que, pelo
tamanho da legenda, em respeito à proporcionalidade, Renan deve ser o
escolhido:
-
Meu companheiro, meu amigo, dileto e fraternal senador – disse Rêgo sobre Renan.
Rodrigo
Rollemberg (PSB-DF) afirmou que seu partido iria apoiar a candidatura de
Taques. Ontem, o presidente do PSB e governador de Pernambuco, Eduardo Campos,
tentou lançar a candidatura de Antônio Carlos Valadares (PSB-SE), mas depois
abriu mão e anunciou apoio a Taques.
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Temos uma posição unânime, vamos votar no Pedro Taques, pois entendemos que ele
é quem representa as aspirações do povo brasileiro – afirmou Rollemberg.
Também
do PSB, João Capiberibe (AP) levou à tribuna denúncias contra Renan.
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Temos dois candidatos, um velho, desgastado, com telhado de vidro. E outro que
representa a mudança e oxigenação do Senado – disse.
Força
de Renan Calheiros
No
mesmo palco em que os senadores ignoraram as denúncias que envolvem Renan
Calheiros reconduzindo-o à presidência do Senado, há cinco anos o senador
alagoano jogou a toalha: acossado por denúncias de uso de laranjas para comprar
empresas e uso de lobista para pagar despesas particulares, renunciou á
presidência do Senado durante sessão de julgamento para perda de seu mandato.
Entregou a presidência e salvou o mandato com a derrubada do parecer do
falecido senador Jefferson Péres (PDT-AM) que pedia sua cassação. Desde então,
trabalhou dia após dia costurando acordos para retomar o posto.
Passados
esse cinco anos, Renan volta com força total, com apoio da presidente Dilma
Rousseff, do ex-presidente Lula, dos partidos da base governista e até de José
Dirceu, condenado como chefe da quadrilha do Mensalão pelo Supremo Tribunal
Federal (STF). Como agora, em que enfrenta três inquéritos para apurar uso de
notas frias e crime contra o meio ambiente, no dia 04 de dezembro de 2007 Renan
encerrou quase três anos de duas eleições consecutivas para presidir o Senado.
No ato da renúncia, disse que saia sem mágoas ou ressentimentos, de cabeça
erguida.
-
Não adotei este gesto antes pois poderia sugerir, naquele momento, uma
aceitação das infâmias e inverdades. Desculpem-me se essa interpretação não
pareceu a mais conveniente, mas agi de acordo com a minha consciência, convicto
de que era a conduta mais correta. Meu pensamento, nesta hora difícil de minha
vida, volta-se para o povo de Alagoas, que, com sua confiança e soberania, me
investiu do mandato de Senador da República, de que tanto me orgulho - disse
Renan em sua despedida do cargo.
O
anúncio de sua candidatura de Renan foi feito ontem pelo presidente do PMDB,
senador Valdir Raupp (PMDB-RO), que negou constrangimento por Renan correr o
risco de virar réu em inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF). Ele afirmou
que Renan é um “líder nato”.
http://g1.globo.com/parana/noticia/2013/02/padres-de-curitiba-podem-trocar-vinho-por-suco-de-uva-em-missas.html