Expansão marítima
portuguesa
O Monumento aos Descobrimentos, ou Padrão dos Descobrimentos,
é uma homenagem à saga dos navegadores portugueses pelas expedições marítimas
Portugal foi pioneiro na expansão marítima por conjugar
alguns fatores políticos, sociais, econômicos e técnicos que possibilitaram a
procura por novas rotas de comércio com os mercados orientais. Além disso, sua
posição geográfica privilegiada no continente europeu facilitava o acesso ao oceano Atlântico, um espaço
marítimo desconhecido pela maioria dos demais povos europeus.
A grandiosidade da expansão marítima portuguesa
resultou inclusive na produção de um dos maiores poemas épicos da Idade Moderna, os Lusíadas, escrito por Luís
Vaz de Camões para retratar a saga de Vasco da Gama até chegar à cidade indiana de Calicute, em 1498.
Desde o início do lançamento ao Atlântico até a chegada à
Índia foi necessário quase um século de expedições marítimas pela costa
Africana. Mas as condições políticas para se realizar o feito remetem ao século
XIV, quando Portugal se transformou em um reino independente do reino espanhol de Castela. Tal independência
aconteceu com aRevolução de Avis, ocorrida entre 1383 e 1385, quando D.
João I liderou as tropas portuguesas contra o rei D. Fernando I, de
Castela, representante herdeiro da dinastia de Borgonha. A batalha de
Aljubarrota selou a vitória contra Castela, criando a dinastia de Avis e
transformando Portugal no primeiro Estado centralizado europeu.
Essa centralização estava ligada à supremacia do rei sobre os
demais senhores feudais. E, no caso de Portugal, isso foi conseguido com o
apoio da burguesia mercantil portuguesa. Essa burguesia estava se consolidando
no comércio da região desde a terceira cruzada, sendo que Lisboa havia se
transformado em um importante entreposto comercial entre o mar Mediterrâneo e o
mar do Norte, gerando um afluxo muito grande de recursos financeiros à
burguesia local. Esta burguesia estava ainda interessada no comércio de
especiarias com o Oriente, devido aos enormes lucros que esse comércio
proporcionava.
Esse enriquecimento possibilitou ao reino uma maior arrecadação
de impostos e a utilização desses recursos financeiros no investimento do
desenvolvimento técnico necessário para a navegação em alto mar. O infante
português D. Henrique reuniu emSagres, no sul de Portugal, uma série
de renomados cartógrafos, cosmógrafos e navegadores com o objetivo de encontrar
as formas de realizar a chegada à Índia, contornando o continente africano. O
resultado foi a elaboração de mapas que iriam orientar as viagens, a criação de
novas embarcações, como as caravelas, e o aperfeiçoamento de instrumentos de
navegação como a bússola e o astrolábio.
O primeiro local conquistado foi Ceuta, em 1415. A partir daí
os navegadores portugueses foram conquistando territórios ao longo da costa
africana, em direção ao sul, formando feitorias, que consistiam em fortalezas
contra os inimigos e em entrepostos comerciais, onde muitos produtos africanos
eram adquiridos para serem vendidos na Europa. Com os lucros conseguidos com
essas vendas, era possível continuar o financiamento das aventuras marítimas.
Mas havia várias dificuldades para realizar o périplo
africano, o contorno do continente pelo sul para chegar ao Oriente. Uma das
dificuldades era ultrapassar o Cabo Bojador, próximo ao trópico de capricórnio,
o que foi realizado após 15 tentativas, por Gil Eanes,em 1434. Como eram
lugares desconhecidos dos europeus, havia o mito de se tratar de uma zona
inabitável devido ao calor e aos monstros lá existentes. Com a passagem por
esse cabo foi possível continuar a empreitada. Outra dificuldade era
ultrapassar o Cabo das Tormentas, no extremo sul da África, feito
conseguido por Bartolomeu Dias, em 1488. Dez anos após a passagem pelo
Cabo da Boa Esperança (novo nome do Cabo das Tormentas), foi possível a Vasco
da Gama chegar às Índias, em 1498, realizando o périplo africano e abrindo uma
nova rota marítima para o Oriente.
Os lucros foram fabulosos, o que estimulou novas expedições.
A expedição posterior à de Vasco da Gama foi a de Pedro Álvares Cabral, que
além de chegar novamente às Índias, deveria antes tentar encontrar novas terras
no ocidente do oceano Atlântico. Com esse objetivo, em 1500, Cabral desembarcou
no litoral do que seria futuramente o Brasil.
Além das feitorias e territórios na África e no Brasil, o
Império Português conseguiu conquistar terras ao longo de litorais do oceano
Índico e Pacífico, chegando até ao Japão.