O que torna uma pessoa
carente? Conheça os oito principais motivos
Sentir-se carente após sofrer uma rejeição é normal, mas quando
o problema tem origem na infância, é preciso buscar ajuda profissional.
Todos já passamos por momentos de carência ao menos uma vez na
vida. Em fases de pouca autoconfiança ou após um fim de relacionamento, por
exemplo, estamos sujeitos a sofrer desse mal.
"Há estados situacionais de carência, mas o problema é
quando é um sentimento constante", afirma o psicoterapeuta Marco Antonio
De Tommaso, formado pela USP (Universidade de São Paulo).
Segundo Ailton Amélio, doutor em psicologia e
professor do Instituto de Psicologia da USP (Universidade de São Paulo), a
carência pode ter origem no passado, devido a problemas vividos na infância, ou
pode ser decorrente de algum acontecimento recente.
Para te ajudar a entender se a sua carência é passageira ou se é
melhor procurar ajuda profissional, UOL Comportamento conversou com
especialistas para conhecer os principais motivos que tornam uma pessoa
carente.
1 – Baixa autoestima
De acordo com Tommaso, o que está por trás do comportamento de
alguém que se sente bem na presença do parceiro, mas sofre de carência na
ausência dele, é a baixa autoestima. "É como se a pessoa buscasse no outro
aquilo que não sente por si mesma. Ela acaba entrando em um processo de
dependência muito grande", afirma o psicoterapeuta.
Segundo ele, problemas de autoestima acabam com o
equilíbrio do relacionamento. "No início, quando ninguém tem certeza se a
relação vai dar certo, é normal que haja medo. Isso, normalmente, é amenizado à
medida que o envolvimento evolui. Mas as pessoas carentes têm os sentimentos de
insegurança e medo de perda ainda mais fortes conforme a relação se
fortalece", diz Tommaso.
Como resultado do medo de tomar um fora a qualquer momento,
a pessoa com baixa autoestima começa a cobrar mais o parceiro, a pressão
aumenta, os pedidos de provas de amor são cada vez mais frequentes e ela se
mostra excessivamente pegajosa e possessiva. "Ela revela a necessidade de
uma atenção intensa que nunca conseguirá", diz Tommaso.
Esse tipo de pessoa está sempre carente: quando não tem ninguém,
sente-se assim por temer a solidão; quando tem, age desse modo
por ter receio de perder o outro. "Para não tomar um fora, a pessoa tolera
maus tratos, humilhações e se torna dependente do outro", afirma.
2 – Pais inseguros
Em um lar onde as pessoas são autoconfiantes, a criança cresce
com uma visão positiva sobre ela e sobre a vida. Do mesmo modo, uma família com
pais inseguros pode criar filhos com problemas de autoestima e,
consequentemente, carentes.
"As crianças assimilam o que os pais fazem e os valores que
têm. Pais inseguros, pessimistas e que se desentendem com frequência criam
filhos pouco autoconfiantes e mais ciumentos. São crianças que dependem dos
amiguinhos e que podem se tornar adultos que agem primeiro de modo extremamente
submisso e, depois, com possessividade", afirma Tommaso.
3 – Pais inconstantes
Segundo Ailton Amélio, quem tem propensão a ser carente pode ter
sido uma criança criada por alguém inconstante. "Se a mãe um dia era
carinhosa e, no outro, fria, a criança se torna ansiosa, pois nunca sabe se o
outro estará presente ou não", diz. Na vida adulta, ela se torna
insegura, ciumenta, possessiva e grudenta.
4 – Superproteção na
infância
Nem só de falta de carinho e atenção na infância é feita uma
pessoa carente. De acordo com a psicanalista Luciana Saddi, mestre em
Psicologia Clínica pela PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo)
e membro associado da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo, o
excesso de atenção também pode levar uma criança a ser carente quanto adulta.
Segundo ela, é comum que quem foi superprotegido e mimado na
infância exija muita atenção, algo com o qual sempre esteve acostumado.
"Pessoas superprotegidas, sempre consideradas coitadinhas pela família,
não foram estimuladas a acreditar que podem ser autossuficientes. Esperam e
exigem muito dos relacionamentos", diz Luciana.
Todo mundo sabe que sentir ciúme é uma das sensações mais
amargas da vida. Afinal, quem é que nunca o experimentou, em menor ou maior
intensidade? Em um nível muito alto, porém, o ciúme pode provocar vários danos
à vida da pessoa. E ainda, segundo especialistas, ser bastante revelador.
Confira, a seguir, algumas informações importantes sobre esse sentimento tão
complexo. Por Heloísa Noronha, do UOL, em São Paulo Lumi Mae/UOL.
5 – Rompimento traumático
Há também fases de carência situacionais, com origens mais
recentes e mais fáceis de serem superadas. Uma delas é consequência de um
rompimento. "Alguns tipos de desfecho afetivo deixam a gente carente,
mexem com o nosso amor próprio, que fica ferido depois de um fora. Mas, com o
tempo ou um novo amor, você se renova", diz Tommaso.
6 – Situações de
desemparo
De acordo Luciana Saddi, a carência momentânea também pode
surgir se a pessoa perde o emprego, recebe uma crítica muito violenta e
inesperada ou sofre com a morte de alguém próximo. "Qualquer situação
grave, que gere angústia, leva ao desamparo. E uma pessoa desamparada tem maior
tendência a se sentir carente", afirma.
7 – Resquícios de um
relacionamento
Segundo Ailton Amélio, experiências afetivas anteriores podem
tornar a pessoa carente. "Uma pessoa que costumava ser independente, mas
vivenciou um relacionamento que estimulava a dependência e o abandono dos
amigos, está sujeita a sofrer assim que houver o término", diz.
Há tempos você vem tentando engatar um namoro, mas suas
expectativas são frustradas logo nos encontros iniciais? É possível que algumas
de suas atitudes estejam espantando pretendentes. UOL Comportamento ouviu
especialistas para saber quais as ações mais comuns que podem condenar um
romance promissor ao fracasso e como fazer adaptações no jeito de ser para
conquistar um amor. Por Heloísa Noronha, do UOL, em São Paulo Lumi Mae/UOL.
8 – Personalidades
A carência também pode ser um traço de personalidade. "Pessoas
muito vorazes dificilmente se satisfazem na vida", diz Luciana. E esse
desejo de querer sempre mais também acontece nos relacionamentos, onde há a
tendência de se mostrar carente.
De acordo com Luciana, aqueles que se vitimizam também são
fortes candidatos à carência. "São pessoas que gostam de se colocar em uma
situação de maior sofrimento e costumam culpar sempre o outro por sua dor. É
como se não fossem responsáveis por suas vidas", diz ela.
Quando a carência exige ajuda
Quando a origem da carência é um problema de autoestima, com
origens no passado, decorrente da criação, o problema é mais sério e exige
ajuda profissional. Quando é situacional, como um término de relacionamento, é
possível sair dessa sozinho, com o tempo. "Uma dose de sofrimento e
carência é natural e até saudável. Mas se durar demais e prejudicar a pessoa, é
preciso procurar ajuda", diz Ailton Amélio.
Quando a carência é uma característica constante, um
comportamento repetido em todas as relações, também é preciso ficar atento.
"Se você fica cada vez mais ansioso à medida que seu relacionamento
avança, se tem fantasias decorrentes do medo de perder o outro, tendo ciúmes e
fazendo coisas que não deveria para manter o outro, vale procurar ajuda psicológica",
diz Tommaso.