Leia o primeiro capítulo de "Cinquenta Tons de
Liberdade", o terceiro livro da trilogia
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Leia o
primeiro capítulo
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Quando a
ingênua Anastasia Steele conheceu o jovem empresário Christian Grey, teve
início um sensual caso de amor que mudou a vida dos dois irrevogavelmente.
Chocada, intrigada e, por fim, repelida pelas estranhas exigências sexuais de
Christian, Ana exige um comprometimento mais profundo. Determinado a não
perdê-la, ele concorda. Agora, Ana e Christian têm tudo: amor, paixão,
intimidade, riqueza e um mundo de possibilidades a sua frente.
Mas Ana sabe
que o relacionamento não será fácil, e a vida a dois reserva desafios que
nenhum deles seria capaz de imaginar. Ana precisa se ajustar ao mundo de
opulência de Grey sem sacrificar sua identidade. E ele precisa aprender a
dominar seu impulso controlador e se livrar do que o atormentava no passado.
Quando parece que a força dessa união vai vencer qualquer obstáculo, a malícia,
o infortúnio e o destino conspiram para transformar os piores medos de Ana em
realidade.
Leia o
primeiro capítulo na íntegra:
Prólogo:
Mamãe!
Mamãe! Mamãe está dormindo no chão. Ela já está dormindo
há muito
tempo. Penteio seu cabelo, porque ela gosta. Ela não acorda.
Dou uma
sacudida nela. Mamãe! Minha barriga está doendo. É fome.
Ele não está
aqui. Estou com sede. Na cozinha, puxo uma cadeira até a pia e tomo
um pouco d’água.
A água respinga no meu suéter azul. Mamãe ainda está dormindo.
Mamãe,
acorde! Ela continua quieta. Está fria. Apanho meu cobertor preferido,
cubro a
mamãe e me deito ao lado dela no tapete verde pegajoso. Mamãe ainda
está
dormindo. Tenho dois carrinhos de brinquedo. Faço-os apostar corrida no
chão onde
mamãe dorme. Acho que ela está doente. Procuro alguma coisa para
comer.
Encontro ervilhas no congelador. Estão geladas. Como devagar. Elas fazem
minha
barriga doer. Durmo perto da mamãe. As ervilhas acabaram. Encontro
outra coisa
na geladeira. Tem um cheiro esquisito. Dou uma lambida e minha
língua fica
grudada. Como devagar. O gosto é horrível. Bebo mais água. Brinco
com meus
carrinhos e durmo do lado da mamãe. Mamãe está muito fria e não
quer
acordar. A porta se abre com força. Cubro mamãe com meu cobertor. É ele.
Porra. O que
foi que aconteceu aqui, cacete? Ah, essa maluca dessa puta de merda.
Merda.
Caralho. Sai do meu caminho, seu merdinha. Ele me chuta e eu bato com
a cabeça no
chão. Minha cabeça dói. Ele liga para alguém e vai embora. Tranca a
porta. Eu me
deito ao lado da mamãe. Minha cabeça dói. Chega a policial. Não.
Não. Não.
Não toque em mim. Não toque em mim. Não toque em mim. Fico ao
lado da
mamãe. Não. Fique longe de mim. A policial pega meu cobertor e me
agarra. Eu
grito. Mamãe! Mamãe! Eu quero a minha mãe. As palavras fugiram.
Não consigo
falar. Mamãe não me escuta. Não consigo falar.
— Christian!
Christian! — A voz dela é aflita e o arranca das profundezas de
seu
pesadelo, das profundezas de seu desespero. — Estou aqui. Estou aqui.
Ele acorda e
a vê inclinada sobre si, segurando seus ombros e o sacudindo, o
rosto
marcado pela angústia, os olhos azuis arregalados e lágrimas transbordando.
— Ana. — A
voz dele é um sussurro aflito, o gosto do medo enchendo sua
boca. — Você
está aqui.
— É claro
que eu estou aqui.
— Eu tive um
pesadelo…
— Eu sei.
Mas eu estou aqui. Estou aqui.
— Ana. — Ele
murmura o nome dela, um talismã contra o pânico negro e
asfixiante
que percorre seu corpo.
— Shhh,
estou aqui.
Ela se
enrosca nele, braços e pernas o envolvendo, seu calor aquecendo o corpo
dele,
afastando a escuridão, afastando o medo. Ela é um raio de sol, é iluminada…
ela é dele.
— Por favor,
não vamos brigar. — A voz dele soa rouca, e ele a abraça.
— Está bem.
— Os votos.
Nada de obediência. Eu consigo. Vamos encontrar uma maneira.
— As
palavras saem apressadas de sua boca, em um misto de emoção, confusão
e ansiedade.
— Vamos,
sim. Vamos sempre encontrar uma maneira — diz ela, e cola os
lábios nos
dele, silenciando-o, trazendo-o de volta para o presente.
Capítulo Um
Olho para
cima, pelas brechas do guarda-sol verde, para o mais azul dos
céus: um
azul de verão, um azul mediterrâneo, e solto um suspiro de satisfação.
Christian
está ao meu lado, estirado sobre uma espreguiçadeira de
praia. Meu
marido — meu belo e sensual marido, sem camisa e usando uma bermuda
feita de
calça jeans cortada — está concentrado em um livro que prevê o colapso
do sistema
bancário ocidental. Pelo que todos comentam, é viciante de se ler.
Eu nunca o
tinha visto tão quieto assim, nunca. Mais parece um estudante do que
o
bem-sucedido CEO de uma das maiores empresas privadas dos Estados Unidos.
Estamos no
final da nossa lua de mel, aproveitando o sol da tarde na praia do
Beach Plaza
Monte Carlo — um nome bem apropriado —, em Mônaco, embora na
verdade não
estejamos nesse hotel. Abro os olhos e fito o Fair Lady, ancorado no porto.
Naturalmente,
estamos hospedados a bordo de um luxuoso iate. Construído em 1928,
o Fair Lady
flutua majestosamente sobre as águas, soberano em relação a todos os
outros iates
do porto. Parece um brinquedo de dar corda. Christian o adora; suspeito
até de que
ele esteja tentado a comprá-lo. Francamente… homens e seus brinquedos.
Recostando-me
confortavelmente, escuto a lista de Christian Grey no meu
iPod novo e
cochilo sob o sol de fim de tarde, relembrando o pedido de casamento.
Ah, um
pedido dos sonhos, no ancoradouro… Quase consigo sentir o aroma
das flores
do campo…
— Podemos
nos casar amanhã? — murmura Christian suavemente no meu ouvido.
Estou
languidamente recostada no peito dele, na cobertura florida do ancoradouro,
satisfeita
depois de fazermos amor apaixonadamente.
— Hmm.
— Isso é um
sim? — Capto expectativa na voz dele.
— Hmm.
— Um não?
— Hmm.
Sinto seu
sorriso.
— Srta.
Steele, você está sendo incoerente?
Sorrio
também.
— Hmm.
Ele ri e me
abraça apertado, beijando o alto da minha cabeça.
— Então está
combinado. Vegas amanhã.
Meio
dormindo, levanto a cabeça.
— Acho que
meus pais não ficariam muito felizes com isso.
Ele passa os
dedos pelas minhas costas nuas, para cima e para baixo, acariciando-
me
ternamente.
— O que você
quer, Anastasia? Vegas? Um casamento grande, com tudo a que
tem direito?
Vamos, diga.
— Grande não…
Só os amigos e a família.
Ergo o olhar
para ele, enternecida pela súplica silenciosa em seus brilhantes
olhos
cinzentos. O que ele quer?
— Tudo bem —
concorda ele. — Onde?
Dou de
ombros.
— Pode ser
aqui? — pergunta Christian, hesitante.
— Na casa
dos seus pais? Eles não vão se importar?
Ele
resmunga.
— Minha mãe
ficaria no sétimo céu.
— Aqui,
então. Tenho certeza de que minha mãe e meu pai vão preferir.
Ele acaricia
meu cabelo. Eu não poderia estar mais feliz.
— Bom, já
resolvemos onde; agora vamos definir quando.
— Você tem
que perguntar para a sua mãe, é claro.
— Hmm. — O
sorriso dele desaparece. — Posso dar a ela um mês, no máximo.
Quero muito
você, não posso esperar mais que isso.
— Christian,
eu já sou sua. Faz um bom tempo. Mas tudo bem: um mês está
bom.
Eu beijo seu
peito, um beijo suave e casto, e sorrio.
— Você vai
se queimar muito — sussurra Christian em meu ouvido, tirando-me
do meu
cochilo.
— Você me
faz incendiar por dentro. — Abro meu sorriso mais doce.
O sol do fim
de tarde mudou de posição, de forma que os raios fortes incidem
diretamente
sobre mim. Ele sorri maliciosamente e, com um movimento rápido,
puxa minha
espreguiçadeira de volta para a sombra do guarda-sol.
— Agora está
protegida do sol do Mediterrâneo, Sra. Grey.
— Obrigada
por seu altruísmo, Sr. Grey.
— O prazer é
todo meu, Sra. Grey, e não estou sendo nem um pouco altruísta.
Se você se
queimar demais, não vou conseguir tocá-la. — Ele ergue uma sobrancelha,
seus olhos
brilhando de jovialidade, e meu coração se derrete. — Mas suspeito
que você já
saiba disso, e está rindo de mim.
— Será? —
digo, com um suspiro, fingindo inocência.
— Sim, você
vive rindo de mim. É uma das muitas coisas que amo em você.
Ele se
abaixa e me beija, mordendo de leve meu lábio inferior.
— Eu
esperava que você me lambuzasse com mais protetor solar — digo, fazendo
beicinho e
colando os lábios nos dele.
— Sra. Grey,
esse é um trabalho sujo… mas uma oferta que não posso recusar.
Sente-se —
ordena ele, a voz áspera.
Obedeço, e,
com toques lentos e meticulosos de seus dedos fortes e dóceis, ele
me cobre de
protetor solar.
— Você é
realmente linda. Sou um homem de sorte — murmura enquanto
seus dedos
deslizam sobre meus seios, espalhando a loção.
— Um homem
de sorte, com certeza, Sr. Grey.
Fito-o
recatadamente, piscando para fazer charme.
— Seu nome é
modéstia, Sra. Grey. Vire-se. Vou passar nas suas costas.
Sorrindo, eu
me viro, e ele desamarra o laço do meu biquíni escandalosamente
caro.
— Como você
se sentiria se eu fizesse topless, que nem as outras mulheres da
praia? —
pergunto.
— Incomodado
— diz ele, sem hesitar. — Já não estou muito feliz em ver você
usando tão
pouca roupa agora. — Ele se inclina e sussurra em meu ouvido: — Não
abuse da
sorte.
— É uma
ameaça, Sr. Grey?
— Não. É uma
afirmação, Sra. Grey.
Solto um
suspiro e balanço a cabeça. Ah, Christian… meu Christian possessivo,
ciumento e
maníaco por controle.
Quando
acaba, ele dá uma palmada na minha bunda.
— Pronto,
lindeza.
O BlackBerry
dele, onipresente e sempre ativo, toca. Olho-o com desaprovação
e ele sorri
maliciosamente.
— É confidencial,
Sra. Grey.
Ele ergue
uma sobrancelha, brincalhão me dá mais uma palmada e se acomoda
na
espreguiçadeira para atender à ligação.
Minha deusa
interior ronrona. Hoje à noite talvez nós duas possamos fazer algum
espetáculo
exclusivo para ele. Ela sorri com malícia e astúcia, levantando a sobrancelha.
Eu sorrio só
de pensar nisso, e mergulho novamente em minha siesta vespertina.
— Mam’selle?
Un Perrier pour moi, un Coca-Cola Diet pour ma femme, s’il vous
plaît. Et
quelque chose à manger… laissez-moi voir la carte.
Humm… O
francês fluente de Christian me acorda. Meus cílios tremem à luz
ofuscante do
sol e percebo que ele me observa enquanto uma jovem uniformizada
se afasta, a
bandeja erguida, o comprido rabo de cavalo louro balançando provocativamente.
— Com sede? —
pergunta ele.
— Sim —
murmuro, sonolenta.
— Eu podia
ficar apreciando você o dia inteiro. Cansada?
Fico
vermelha.
— Não dormi
muito na noite passada.
— Nem eu.
Ele sorri,
pousa o BlackBerry na espreguiçadeira e se levanta. Sua bermuda
abaixa um
pouco… deixando visível o calção de banho. Christian tira a bermuda
e o chinelo.
Perco o fio do pensamento.
— Venha
nadar comigo. — Ele oferece a mão e eu o fito, entorpecida. — Nadar?
— repete
ele, pendendo a cabeça para o lado com uma expressão de quem
está achando
graça. Quando não respondo, ele balança a cabeça lentamente. —
Acho que
você precisa de um toque de despertar.
De súbito,
ele se lança sobre mim e me ergue nos braços. Eu solto um grito
agudo, mais
de surpresa do que de medo.
— Christian!
Me ponha no chão! — exclamo.
Ele dá uma
risadinha.
— Só na
água, baby.
Na praia,
vários banhistas observam, com um misto de perplexidade e desinteresse
que agora
percebo ser típico dos franceses, Christian me carregar para o
mar, rindo,
e entrar na água.
Agarro o
pescoço dele.
— Você não
faria isso — digo, sem fôlego, tentando abafar o riso.
Ele sorri.
— Ah, Ana,
meu amor, você não aprendeu nada sobre mim no curto espaço
de tempo
desde que nos conhecemos?
Cinquenta
tons de liberdade 15
Ele me
beija, e eu aproveito a oportunidade para deslizar os dedos por seu cabelo,
agarrando
duas mechas e retribuindo o beijo, invadindo a boca dele com minha
língua. Ele
inspira forte e se inclina para trás, os olhos embaçados, mas atentos.
— Conheço o
seu jogo — sussurra ele, e vagarosamente avança na água límpida
e gelada,
levando-me junto enquanto nossos lábios se grudam de novo. O frio
do mar
Mediterrâneo logo foge de minha mente quando me enrosco ao redor do
meu marido.
— Pensei que
você quisesse nadar — murmuro contra sua boca.
— Você me
distrai muito. — Ele roça os dentes no meu lábio inferior. — Mas
não sei se
quero que a boa gente de Monte Carlo veja minha mulher nos espasmos
da paixão.
Passo os
dentes pelo pescoço dele, sua barba por fazer pinicando minha língua;
não dou a
mínima para a boa gente de Monte Carlo.
— Ana — geme
ele.
Christian
enrola meu rabo de cavalo em volta de sua mão e puxa gentilmente,
fazendo
minha cabeça pender para trás, expondo meu pescoço. Ele salpica beijos
desde a
minha orelha até a base da clavícula.
— Posso
trepar com você no mar? — pergunta ele, arquejando.
— Deve —
sussurro.
Christian
afasta o torso e me encara, os olhos ternos, desejosos e cheios de humor.
— Sra. Grey,
você é insaciável, e tão atrevida! Que tipo de monstro eu criei?
— Um monstro
sob medida para você. Você iria me querer de outra maneira?
— Eu iria
querer você de qualquer maneira, você sabe. Mas não agora. Não
com plateia.
— Ele vira a cabeça em direção à areia.
O quê?
De fato,
vários banhistas abandonaram a indiferença e agora nos olham interessados.
De repente,
Christian me pega pela cintura e me lança no ar, deixando-
-me cair na
água e afundar até bater na areia macia por baixo das ondas. Volto
para a
superfície tossindo, engasgando e rindo.
— Christian!
— repreendo-o, encarando-o com o olhar firme.
Pensei que
fôssemos fazer amor no mar… mais uma primeira vez. Ele morde
o lábio
inferior, contendo seu divertimento. Jogo água nele, que revida jogando
em mim.
— Temos a
noite inteira — diz ele, rindo como um bobo. — Mais tarde, baby.
Ele então
mergulha, emergindo a um metro de distância; depois, em um estilo
fluido e
gracioso, nada para longe da praia, para longe de mim.
Rá! Meu
Cinquenta Tons provocante e brincalhão! Protejo os olhos do sol vendo-
o se
afastar. Ele adora me provocar… O que posso fazer para trazê-lo de volta?
À medida que
nado retornando para a praia, avalio minhas opções. Nas espregui-
çadeiras, as
bebidas que ele pediu esperam por nós, e tomo um gole rápido da
Coca Diet.
Christian é uma manchinha ao longe.
Hum… Eu me
deito de bruços e, atrapalhando-me um pouco, tiro a parte de
cima do
biquíni e a jogo despreocupadamente sobre a espreguiçadeira de Christian.
Prontinho…
vamos ver como eu posso ser atrevida, Sr. Grey. Engula essa.
Fecho os
olhos e deixo o sol aquecer minha pele… aquecer meus ossos, e começo
a divagar
sob o calor, meus pensamentos voltando para o dia do meu casamento.
— Pode
beijar a noiva — anuncia o reverendo Walsh.
Sorrio para
o meu marido.
— Finalmente
você é minha — sussurra ele, puxando-me para seus braços e
me beijando
castamente na boca.
Estou
casada. Sou a Sra. Christian Grey. Estou tonta de alegria.
— Você está
maravilhosa, Ana — murmura ele, e sorri, o olhar brilhando de
amor… e de
algo mais escuro, mais picante. — Não deixe ninguém tirar esse
vestido; só
eu, entendeu?
Seu sorriso
aquece a quase quarenta graus quando as pontas de seus dedos
percorrem
meu rosto, fazendo meu sangue ferver.
Ai, meu Deus…
Como ele consegue fazer isso, mesmo aqui com todas essas
pessoas
olhando para nós?
Concordo em
silêncio. Nossa, espero que ninguém nos ouça. Por sorte, o reverendo
Walsh
discretamente deu um passo para trás. Dou uma olhada para o grupo
reunido em
elegantes trajes de casamento: minha mãe, Ray, Bob e os Grey
estão
aplaudindo — até Kate, minha dama de honra, que está linda em um vestido
cor-de-rosa
claro, ao lado de Elliot, irmão e padrinho de Christian. Quem diria
que até
Elliot pudesse se arrumar tão bem? Todos exibem sorrisos enormes e radiantes
— menos
Grace, que chora graciosamente em um delicado lenço branco.
— Pronta
para festejar, Sra. Grey? — murmura Christian, abrindo um sorriso
tímido para
mim.
Eu derreto.
Ele está divino em um smoking preto e simples com gravata e
faixa
prateadas. Está… estonteante.
— Mais do
que nunca — respondo, com um sorriso bobo no rosto.
Mais tarde,
a festa de casamento está a todo vapor… Carrick e Grace foram até
a cidade.
Eles reinstalaram o toldo e o decoraram lindamente em tons de cor-de-
-rosa claro,
prateado e marfim, aberto dos lados e dando para a baía. Felizmente o
tempo está
bom, e o sol de fim de tarde brilha sobre a água. Há uma pista de
dança em uma
ponta da grande tenda, e um farto bufê na outra.
Cinquenta
tons de liberdade 17
Ray e minha
mãe estão dançando e rindo juntos. Tenho um sentimento dúbio
vendo-os
assim próximos. Espero que meu casamento com Christian dure mais.
Não sei o
que eu faria se ele me deixasse. Quem casa a correr, toda a vida tem para
se
arrepender. O provérbio é um fantasma a me assombrar.
Kate está ao
meu lado, linda no seu vestido longo de seda. Ela me fita e franze
o cenho.
— Ei, este
deveria ser o dia mais feliz da sua vida — repreende-me ela.
— E é —
sussurro.
— Ah, Ana, o
que há com você? Está pensando em sua mãe com Ray?
Admito
tristemente.
— Eles estão
felizes.
— Só porque
se separaram.
— Você está
com dúvidas? — pergunta Kate, preocupada.
— Não, de
jeito nenhum. É só que… eu amo tanto o Christian. — Fico travada;
não consigo,
ou talvez eu não deseje, articular meus temores.
— Ana, está
na cara que ele adora você. Sei que foi um início pouco convencional
para um
relacionamento, mas eu vi como vocês passaram felizes esse último
mês. — Ela
pega minhas mãos e as aperta com carinho. — Além disso, agora
é tarde —
acrescenta, com um sorriso bem-humorado.
Dou uma
risadinha. Ninguém melhor do que Kate para apontar o óbvio. Ela
me puxa para
um Abraço Especial de Katherine Kavanagh.
— Ana, vai
dar tudo certo. E se ele tocar em um fio do seu cabelo, vai se ver
comigo. —
Ela me solta e sorri para alguém atrás de mim.
— Oi, baby. —
Christian me abraça de surpresa e me beija na têmpora. — Kate
— ele a
cumprimenta. Ainda age friamente com ela mesmo depois de seis semanas.
— Olá
novamente, Christian. Vou procurar o seu padrinho.
E, sorrindo
para nós dois, ela se dirige até Elliot, que está bebendo com o irmão
dela, Ethan,
e nosso amigo José.
— Hora de
irmos — murmura Christian.
— Já? Esta é
a primeira festa em que eu não ligo de ser o centro das atenções.
— Giro em
seus braços para fitá-lo.
— Você
merece. Está deslumbrante, Anastasia.
— Você
também.
Ele sorri, e
sua expressão torna-se mais quente.
— Este lindo
vestido ficou perfeito em você.
— Este
pedaço de pano velho?
Coro e puxo
o delicado acabamento de renda do vestido de casamento, simples
e
bem-cortado, desenhado para mim pela mãe de Kate. Adoro o fato de a renda
deixar
apenas os ombros descobertos — recatado mas sedutor, espero.
Ele se
inclina e me beija.
— Vamos. Não
quero mais dividir você com essa gente toda.
— Podemos ir
embora da nossa própria festa de casamento?
— A festa é
nossa, baby, podemos fazer o que quisermos. Já cortamos o bolo.
E agora eu
quero tirar você daqui e tê-la só para mim.
Dou uma
risadinha.
— Você me
tem para a vida toda, Sr. Grey.
— Fico muito
feliz de ouvir isso, Sra. Grey.
— Ah, aqui
estão vocês! Os dois pombinhos.
Dou um
gemido de desgosto por dentro… A mãe de Grace nos encontrou.
— Christian,
querido: mais uma dança com a sua avó?
Ele contorce
os lábios.
— É claro,
vovó.
— E você,
linda Anastasia, vá e faça um velho feliz: dance com o Theo.
— O Theo,
Sra. Trevelyan?
— Vovô
Trevelyan. E acho que você já pode me chamar de vovó. Agora, de
verdade,
vocês dois têm que começar a trabalhar para me darem bisnetos. Não
vou durar
muito mais tempo. — Ela nos lança um sorriso afetado.
Christian a
olha horrorizado.
— Venha,
vovó — diz, rapidamente pegando a mão dela e levando-a até a
pista de
dança. Ao se afastar, ele olha para mim, quase fazendo bico por ter sido
contrariado,
e revira os olhos. — Até mais, baby.
Ao me
encaminhar na direção do Sr. Trevelyan, sou abordada por José.
— Não vou
pedir outra dança. Acho que já monopolizei muito do seu tempo
na pista…
Estou feliz de vê-la feliz, Ana, mas é sério: eu estarei aqui… se precisar
de mim.
— Obrigada,
José. Você é um bom amigo.
— Pode
contar comigo. — Seus olhos escuros brilham com sinceridade.
— Eu sei.
Obrigada, José. Agora, se me der licença, tenho um encontro marcado
com um
senhor de idade.
Ele faz uma
expressão confusa.
— O avô do
Christian — esclareço.
Ele sorri.
— Boa sorte,
Ana. Boa sorte com tudo.
— Obrigada,
José.
Depois de
dançar com o eternamente encantador avô de Christian, posto-me
diante das
portas francesas e fico apreciando o sol, que mergulha lentamente
sobre
Seattle, lançando sombras azul-claras e alaranjadas sobre a baía.
— Vamos
embora — Christian me chama, apressado.
— Tenho que
trocar de roupa.
Pego a mão
dele, com a intenção de puxá-lo pelas portas francesas e levá-lo
para cima
comigo. Ele franze as sobrancelhas, sem compreender, e puxa minha
mão de leve,
para me deter.
— Pensei que
você quisesse tirar o meu vestido — explico.
Seu
semblante se ilumina.
— Correto —
diz ele, e abre um sorriso lascivo. — Mas não vou tirar sua roupa
aqui, senão
só iríamos embora depois de… Sei lá… — Gesticulando a mão
comprida,
ele deixa a frase incompleta, mas está bastante claro o que quer dizer.
Fico
vermelha e solto sua mão.
— E também
não solte o cabelo — murmura ele, com ar sério.
— Mas…
— Nada de “mas”,
Anastasia. Você está linda. E quero que seja eu a tirar o seu
vestido.
Ah. Faço um
ar de desagrado.
— Guarde as
roupas que você separou para sair daqui — ordena ele. — Vai
precisar
delas. Taylor já pegou a sua mala.
— Tudo bem.
O que foi
que ele planejou? Christian não me contou para onde vamos. Na
verdade,
acho que ninguém sabe nosso destino. Nem Mia nem Kate conseguiram
extrair a
informação dele. Aproximo-me de minha mãe e de Kate, que estão circulando
ali por
perto.
— Não vou me
trocar.
— O quê? —
diz minha mãe.
— Christian
não quer que eu tire o vestido.
Dou de
ombros, como se isso explicasse tudo. Ela franze a testa por um breve
instante.
— Você não
deve obediência a ele — diz ela, com tato.
Kate
resmunga ao ouvir isso, e tenta disfarçar com uma tosse fingida. Olho
para ela com
desaprovação. Nenhuma das duas tem ideia da briga que Christian
e eu tivemos
sobre isso. Não quero retomar a discussão. Nossa, meu Cinquenta
Tons pode
ficar bravo… e ter pesadelos. As lembranças me deixam tensa.
— Eu sei,
mãe, mas ele gosta desse vestido e eu quero agradar meu marido.
Sua
expressão fica mais leve. Kate revira os olhos e discretamente se retira para
nos deixar
sozinhas.
— Você está
tão linda, querida. — Carla afasta gentilmente uma pequena mecha
do meu
cabelo e acaricia meu queixo. — Estou tão orgulhosa de você, meu
amor.
Christian será um homem muito feliz a seu lado. — Ela me puxa para um
abraço.
Ah, mãe!
— É incrível
como você parece adulta agora. Começando uma vida nova…
Lembre-se
apenas de que os homens são de outro planeta e tudo vai ficar bem.
Dou uma
risada. Christian é de outro universo; ah, se ela soubesse…
— Obrigada,
mãe.
Ray se junta
a nós, sorrindo com doçura para nós duas.
— Você criou
uma menina linda, Carla — diz ele, os olhos brilhando de orgulho.
Ray está
muito elegante nesse smoking preto com a faixa de um tom pálido de
cor-de-rosa.
Sinto as lágrimas surgirem no fundo dos meus olhos. Ah, não… até
agora eu
consegui não chorar.
— E você
cuidou dela e a ajudou a crescer, Ray. — A voz de Carla é nostálgica.
— Cada
minuto foi maravilhoso para mim. Você está me saindo uma noiva
fantástica,
Annie. — Ele pega a mesma mecha solta de cabelo e coloca-a atrás da
minha
orelha.
— Ah, pai…
Sufoco um
soluço, e ele me abraça daquele seu jeito apressado e desconfortável.
— E também
vai se sair uma esposa fantástica — sussurra ele, a voz rouca.
Quando Ray
me solta, vejo Christian novamente ao meu lado.
Eles dão um
aperto de mãos caloroso.
— Cuide da
minha menina, Christian.
— É o que
farei, Ray. Carla. — Ele cumprimenta meu padrasto com a cabeça
e dá um
beijo em minha mãe.
O resto dos
convidados formou um comprido arco humano que nos conduzirá
até a frente
da casa.
— Pronta? —
pergunta Christian.
— Sim.
Ele pega
minha mão e me guia por baixo dos braços esticados, enquanto nossos
convidados
gritam boa sorte e parabéns e jogam arroz sobre nós dois. Esperando-
-nos com
sorrisos e abraços no final do túnel estão Grace e Carrick. Eles se revezam
para nos
cumprimentar. Grace se emociona novamente quando nos despedimos
apressadamente.
Taylor está
à nossa espera para nos levar dali no Audi SUV. Christian segura a
porta do
carro aberta para mim, e jogo meu buquê de rosas brancas e cor-de-rosa
para a
multidão de jovens que se formou atrás de mim. Mia triunfantemente o
pega no
alto, com um sorriso de orelha a orelha.
Entro no SUV
rindo da maneira audaciosa como Mia agarrou o buquê, e
Christian se
abaixa para pegar a bainha do meu vestido. Logo que me vê confortavelmente
instalada
dentro do carro, ele acena um adeus para a multidão.
Taylor abre
a porta do carro para ele.
— Parabéns,
senhor.
— Obrigado,
Taylor — responde Christian, sentando-se ao meu lado.
Enquanto o
motorista arranca, os convidados jogam arroz sobre o automóvel.
Christian
pega minha mão e beija os nós dos meus dedos.
— Até aqui
tudo bem, Sra. Grey?
— Até aqui
tudo ótimo, Sr. Grey. Para onde vamos?
— Aeroporto —
diz ele simplesmente, e sorri com uma expressão de esfinge.
Humm… o que
ele está tramando?
Taylor não
se dirige para o terminal de embarque, como eu esperava; em vez
disso, passa
por um portão de segurança e vai diretamente para a pista. O quê? E
então eu
vejo: o jatinho de Christian… Grey Enterprises Holdings, Inc. Escrito em
imensas
letras azuis na fuselagem.
— Não me
diga que você está novamente usando um bem da empresa para
uso pessoal!
— Ah, espero
que sim, Anastasia. — Christian sorri.
Taylor para
perto da escada que leva até o avião e salta do Audi a fim de abrir
a porta para
Christian. Eles discutem alguma coisa rapidamente; então Christian
abre minha
porta — e, em vez de dar um passo para trás e me deixar passar, ele
se abaixa e
me pega no colo.
Uau!
— O que você
está fazendo? — Solto um gritinho.
— Carregando
você para dentro.
— Ah… — Não
deveria ser quando chegássemos em casa?
Ele me leva
sem esforço escada acima, e Taylor nos segue com minha mala.
Deixa-a na
porta do avião antes de retornar ao Audi. Dentro da cabine, reconheço
Stephan, o
piloto de Christian, em seu uniforme.
— Bem-vindos
a bordo, senhor. Olá, Sra. Grey. — Ele sorri.
Christian me
coloca no chão e aperta a mão de Stephan. Ao lado do piloto está
uma morena
de uns… trinta e poucos anos, talvez? Ela também está de uniforme.
— Parabéns
aos dois — continua ele.
— Obrigado,
Stephan. Anastasia, você já conhece o Stephan. Ele vai ser nosso
comandante
hoje, e esta é a copiloto Beighley.
Ela cora
quando Christian a apresenta, e pisca rápido. Tenho vontade de bufar
de raiva.
Mais uma mulher completamente encantada pelo meu marido lindo-
-até-demais-para-o-meu-gosto.
— Prazer em
conhecê-la — Beighley me cumprimenta efusivamente.
Sorrio com
simpatia para ela. Afinal de contas… ele é meu.
— Tudo certo
para decolarmos? — pergunta Christian, dirigindo-se aos dois
oficiais,
enquanto dou uma olhada na cabine.
O interior é
todo composto de madeira clara e couro creme. De extremo bom gosto.
Do outro
lado vejo mais uma jovem uniformizada — uma morena muito bonita.
— Tudo
pronto. O tempo está bom daqui até Boston.
Boston?
—
Turbulências?
— Só a
partir de Boston. Há uma frente fria sobre Shannon que talvez cause
certa
instabilidade ao avião.
Shannon?
Irlanda?
— Certo.
Bom, espero só acordar depois de passarmos o mau tempo — diz
Christian,
tranquilo.
Acordar?
— Vamos nos
preparar, senhor — diz Stephan. — Os senhores ficarão sob os
cuidados
atenciosos de Natalia, nossa comissária de bordo.
Christian
desvia o olhar na direção da moça e franze o cenho, mas vira-se de
volta para
Stephan com um sorriso.
— Excelente —
diz.
Ele pega
minha mão e me leva até um dos suntuosos assentos de couro. Deve
haver cerca
de doze no total.
— Sente-se —
diz, tirando o paletó e desabotoando o fino colete de brocado
prateado.
Nós nos
sentamos em duas poltronas individuais, uma de frente para a outra,
com uma
mesinha incrivelmente lustrada no meio.
— Bem-vindos
a bordo, senhores, e meus parabéns. — Natalia surgiu ao nosso
lado e nos
oferece uma taça de champanhe rosé.
— Obrigado —
diz Christian, e Natalia sorri polidamente ao se retirar para os
fundos do
avião. — Brindemos a uma feliz vida de casados, Anastasia.
Christian
levanta a taça em direção à minha e tocamos de leve as duas. O champanhe
é delicioso.
— Bollinger?
— pergunto.
— Exato.
— A primeira
vez que tomei Bollinger foi em uma xícara de chá. — Sorrio.
— Eu me
lembro bem daquele dia. Sua formatura.
— Aonde
estamos indo? — Não consigo conter minha curiosidade nem um
minuto mais.
— Shannon —
responde Christian, os olhos reluzentes de entusiasmo. Parece
um menininho.
— Na
Irlanda? — Vamos para a Irlanda!
— Para
reabastecer — acrescenta ele.
— E depois? —
pergunto logo em seguida.
Cinquenta
tons de liberdade 23
Seu sorriso
aumenta e ele balança a cabeça.
— Christian!
— Londres —
responde ele, encarando-me com intensidade para avaliar minha
reação.
Engulo em
seco. Minha Nossa! Achei que talvez estivéssemos indo a Nova York
ou Aspen ou
ao Caribe. Mal posso acreditar. Durante toda a minha vida eu quis
conhecer a
Inglaterra. Uma chama se acende dentro de mim; sinto-me incandescente
de
felicidade.
— Depois,
Paris.
O quê?
— Depois,
sul da França.
Uau!
— Sei que
você sempre sonhou em conhecer a Europa — diz ele, suavemente.
— Quero
fazer seus sonhos se tornarem realidade, Anastasia.
— Você é o
meu sonho, Christian.
— Digo o
mesmo quanto a você, Sra. Grey — sussurra ele.
Ah, nossa…
— Aperte o
cinto.
Dou um
sorriso e obedeço.
Enquanto o
avião começa a taxiar na pista, tomamos tranquilamente nosso
champanhe,
rindo um para o outro sem motivo aparente. Não posso acreditar.
Aos vinte e
dois anos, finalmente estou partindo dos Estados Unidos em direção à
Europa —
indo justamente a Londres.
Uma vez no
ar, Natalia nos serve mais champanhe e prepara nosso banquete
de
casamento. É realmente um banquete: salmão defumado, seguido de perdiz
assado com
salada de feijão-verde e batatas dauphinoise, tudo preparado e servido
pela
ultraeficiente Natalia.
— Sobremesa,
Sr. Grey? — oferece ela.
Ele balança
a cabeça em negativa e desliza o dedo pelo lábio inferior ao olhar
para mim, a
expressão séria e indecifrável.
— Não,
obrigada — murmuro, incapaz de desviar o olhar do dele.
Seus lábios
se fecham num sorriso pequeno e secreto, e Natalia se retira.
— Ótimo —
murmura ele. — Prefiro saborear você como sobremesa.
Opa… aqui?
— Venha —
diz ele, levantando-se e me oferecendo a mão.
Ele me leva
até a parte posterior da cabine.
— Tem um
banheiro aqui.
Ele aponta
para uma porta pequena e me conduz por um curto corredor, ao
final do
qual entramos em outra porta.
Caramba… um
quarto. A cabine é decorada em tons de creme e marfim, e a
pequena cama
de casal está coberta de almofadas douradas e acobreadas. Parece
muito
confortável.
Christian se
vira e me puxa para seus braços, com o olhar fixo em mim.
— Pensei em
passarmos nossa noite de núpcias a trinta e cinco mil pés de altura.
É algo que
nunca fiz antes.
Mais uma
primeira vez. Olho para ele boquiaberta, meu coração aos pulos…
o clube do
sexo nas alturas. Já ouvi falar sobre isso.
— Mas
primeiro eu tenho que tirar você desse vestido fabuloso.
Os olhos
dele brilham, cheios de amor e de algo mais sombrio, que eu adoro…
algo que
convoca minha deusa interior. Ele me deixa sem fôlego.
— Vire-se.
A voz dele é
baixa, autoritária e incrivelmente sensual. Como ele consegue
incutir
tantas promessas em apenas uma palavra? Obedeço de bom grado, e suas
mãos
alcançam meu cabelo. Gentilmente ele retira cada grampo, um de cada
vez, seus
dedos experientes concluindo a tarefa rapidamente. Meu cabelo cai sobre
os ombros,
uma mecha de cada vez, cobrindo minhas costas e meus seios.
Tento ficar
imóvel e não me contorcer, mas desejo ardentemente sentir seu toque.
Depois de um
dia longo e cansativo, embora emocionante, eu quero Christian
— quero-o
todo para mim.
— Seu cabelo
é tão bonito, Ana.
Sua boca
está próxima à minha orelha e eu sinto sua respiração, ainda que
seus lábios
não encostem em mim. Quando não há mais grampos a tirar, ele desliza
os dedos
pelo meu cabelo, massageando suavemente meu couro cabeludo…
meu Deus…
Fecho os olhos e aproveito a sensação. Seus dedos se movem para
baixo, e ele
puxa minha cabeça para trás, expondo meu pescoço.
— Você é
minha — sussurra ele, e seus dentes puxam o lóbulo da minha orelha.
Solto um
gemido.
— Quietinha
agora — adverte ele.
Christian
tira meu cabelo de sobre meus ombros e passa um dedo pelas minhas
costas, de
um ombro ao outro, acompanhando o contorno rendado do vestido.
Eu me
contorço de expectativa. Ele dá um beijo terno nas minhas costas,
acima do
primeiro botão do vestido.
— Tão linda —
diz, abrindo habilmente o primeiro botão. — Hoje você fez
de mim o
homem mais feliz do mundo. — Com infinita lentidão, ele abre o vestido,
botão por
botão, de cima a baixo. — Eu amo tanto você. — Ele me cobre de
beijos,
desde a minha nuca até a extremidade do meu ombro, e murmura entre
cada um
deles: — Eu. Quero. Você. Demais. Eu. Quero. Estar. Dentro. De. Você.
Você. É.
Minha.
Cinquenta
tons de liberdade 25
Cada palavra
me inebria. Fecho os olhos e inclino a cabeça, oferecendo-lhe meu
pescoço, e
me vejo ainda mais sob o feitiço que é Christian Grey, meu marido.
— Minha —
sussurra ele novamente.
Ele faz o
vestido deslizar pelos meus braços, de modo que cai nos meus pés
como uma
nuvem de seda e renda marfim.
— Vire-se —
murmura, a voz repentinamente áspera.
Obedeço, e
ele engole em seco.
Estou
vestindo um corpete apertado de cetim cor-de-rosa, com cinta-liga, calcinha
rendada da
mesma cor e meias de seda brancas. Seus olhos percorrem meu
corpo
avidamente, mas ele não diz uma palavra. Apenas me fita, os olhos arregalados
de desejo.
— Gostou? —
sussurro, já sentindo um rubor tímido subir pelas minhas
bochechas.
— Gostar é
pouco, meu amor. Você está sensacional. Venha.
Ele me
oferece a mão, e, aceitando-a, dou um passo adiante, deixando o vestido
para trás.
— Fique
parada — murmura ele, e, sem tirar os olhos cada vez mais escuros
dos meus,
passa o dedo médio sobre meus seios, seguindo a linha do corpete.
Minha
respiração fica ofegante, e ele repete o movimento, seu dedo provocante
fazendo
minha pele formigar por toda a espinha. Ele para e gira o dedo indicador
no ar, o que
quer dizer que devo me virar.
Nesse
momento, eu faria qualquer coisa para ele.
— Pare —
diz.
Estou de
frente para a cama, afastada dele. Seu braço circunda minha cintura,
puxando-me
para si, e ele se aninha no meu pescoço. Suavemente, suas mãos
cobrem meus
seios, brincando com eles, os polegares desenhando círculos sobre
meus mamilos
até ficarem tesos contra o tecido do corpete.
— Minha —
murmura ele.
— Sua —
respondo num sussurro.
Deixando
meus seios de lado, suas mãos percorrem minha barriga e minhas coxas,
seus
polegares passando por meu sexo. Abafo um gemido. Seus dedos deslizam sobre
a
cinta-liga, e, com sua habitual agilidade, ele desprende as meias dos dois
lados simultaneamente.
Suas mãos
viajam pelo meu corpo até alcançarem minha bunda.
— Minha —
murmura ele, suas mãos espalmando nas minhas nádegas, as
pontas dos
dedos roçando meu sexo.
— Ah.
— Shhh.
As mãos dele
descem pela parte posterior das minhas coxas, e novamente
Christian
desprende as ligas.
Abaixando-se,
ele puxa a coberta da cama.
— Sente-se.
Faço o que
ele manda, em transe; ele então se ajoelha aos meus pés e delicadamente
retira cada
um dos meus sapatos de noiva Jimmy Choo. Agarra a parte
de cima de
minha meia esquerda e despe-a lentamente, deslizando os polegares
pela minha perna…
Repete o processo com a outra meia.
— É como
abrir presentes de Natal. — Ele sorri por trás de seus longos cílios
negros.
— Um
presente que você já ganhou…
Ele franze o
cenho, como em uma reprimenda.
— Ah, não,
baby. Desta vez estou ganhando de verdade.
— Christian,
eu sou sua desde que disse sim. — Avanço em um movimento
rápido e
seguro seu rosto em minhas mãos, o rosto que amo tanto. — Sou sua.
Serei sempre
sua, meu marido. Mas acho que você está usando roupas demais.
Inclino-me
para beijá-lo, e ele repentinamente levanta o corpo, me beija na
boca e
agarra minha cabeça com as mãos, os dedos enroscados no meu cabelo.
— Ana —
sussurra ele. — Minha Ana.
Seus lábios
procuram os meus novamente, sua língua ao mesmo tempo invasiva
e
persuasiva.
— Roupas — sussurro,
nossas respirações se combinando quando empurro
seu colete
para baixo e ele o despe, soltando-me por um momento. Ele faz uma
pausa,
olhando para mim; olhos ávidos, desejosos. — Deixe que eu tiro. — Minha
voz é suave
e firme. Quero despir meu marido, meu Cinquenta Tons.
Christian se
senta sobre os tornozelos; inclinando-me para a frente, agarro sua
gravata —
aquela prateada, minha preferida —, desfaço vagarosamente o nó e tiro-a
de seu
pescoço. Ele levanta o queixo para que eu abra o primeiro botão de sua camisa
branca;
depois, é hora de dar um jeito nas abotoaduras. As que ele está usando
hoje são de
platina — gravadas com as letras A e C entrelaçadas —, o presente de
casamento
que lhe dei. Logo que as retiro, ele as pega de mim e as fecha dentro
da mão. Em
seguida beija a própria mão fechada e põe as joias no bolso da calça.
— Sr. Grey,
tão romântico.
— Para você,
Sra. Grey… corações e flores. Sempre.
Seguro sua
mão e, olhando-o acima de mim através dos meus cílios, beijo sua
aliança de
platina toda lisa. Ele geme e fecha os olhos.
— Ana —
murmura, como se meu nome fosse uma oração.
Começando
pelo segundo botão de sua camisa, repito seu gesto de alguns
instantes
atrás: dou um beijo terno no seu peito a cada botão que abro, sussurrando,
entre um
beijo e outro:
— Você. Me.
Faz. Tão. Feliz. Eu. Amo. Você.
Cinquenta
tons de liberdade 27
Ele geme e,
em um movimento rápido, me agarra pela cintura e me joga na
cama,
inclinando-se sobre mim. Seus lábios encontram os meus, suas mãos em
volta da
minha cabeça; ele me abraça, imobilizando-me, enquanto nossas línguas
se juntam em
êxtase. Subitamente ele ergue o torso e se ajoelha na cama, deixando-
me ofegante,
querendo mais.
— Você é tão
bonita… minha esposa. — Desliza as mãos pelas minhas pernas
e pega meu
pé esquerdo. — Que pernas mais lindas. Quero beijar cada centímetro
dessas
pernas. Começando por aqui.
Ele
pressiona os lábios contra meu dedão do pé e depois o toca levemente com
os dentes.
Tudo abaixo da minha cintura entra em convulsão. Sua língua desliza
sobre meu pé
e seus dentes mordiscam desde meu calcanhar até o tornozelo.
Com beijos,
ele percorre a parte interna da minha panturrilha; suaves beijos molhados.
Por baixo
dele, meu corpo se contorce.
— Quieta,
Sra. Grey — adverte, e de repente me faz virar de bruços, para
então
continuar a lenta caminhada de sua boca pelas partes posteriores das minhas
pernas, das
minhas coxas, até chegar a minha bunda, quando para. Solto
um gemido.
— Por favor…
— Quero você
nua — murmura ele, e desprende lentamente os ganchinhos
do meu
corpete, sem pressa, um de cada vez. Quando o corpete já está totalmente
aberto
embaixo de mim, Christian passa a língua ao longo da minha espinha.
— Christian,
por favor.
— O que você
quer, Sra. Grey? — Suas palavras são suaves, pronunciadas próximas
ao meu
ouvido. Ele está quase deitado sobre mim… Consigo senti-lo duro
contra
minhas costas.
— Você.
— E eu quero
você, meu amor, minha vida… — murmura ele, e, antes que eu
me dê conta,
ele me vira, deixando-me de costas.
Christian
levanta-se rapidamente e, com um movimento preciso, tira a calça e
a cueca —
agora está gloriosamente nu à minha frente, com seu corpo largo pronto
para me
possuir. A pequena cabine fica ofuscada pela sua beleza estonteante,
pela
necessidade que ele tem de mim, por seu desejo. Ele se inclina e tira minha
calcinha;
depois me olha de cima a baixo.
— Minha —
mexe a boca, sem emitir som.
— Por favor —
suplico, e ele sorri… um sorriso típico do meu Christian: lascivo,
malvado e
tentador.
Ele volta
para a cama e engatinha até mim. Levanta minha perna direita, deixando
beijos por
todo o percurso… até chegar ao alto das minhas coxas. Escancara
vigorosamente
minhas pernas.
— Ah… minha
mulher — murmura, e desliza a boca em meu corpo.
Fecho os
olhos e me rendo à sua língua tão ágil. Minhas mãos agarram seu
cabelo
enquanto meus quadris se movem e se contorcem, escravos do ritmo que
ele imprime,
e quase caio da pequena cama. Ele agarra meus quadris para que eu
fique quieta…
mas não interrompe a deliciosa tortura. Estou quase, quase lá.
— Christian…
— Solto um gemido.
— Ainda não —
diz ele, sem fôlego, e sobe pelo meu corpo, a língua afundando
em meu
umbigo.
— Não!
Droga! Sinto
seu sorriso contra minha barriga à medida que ele continua seu
percurso até
em cima.
— Tão
ansiosa, Sra. Grey. Ainda temos muito tempo, até chegar à Ilha Esmeralda.
Respeitosamente
ele beija meus seios e belisca meu mamilo esquerdo com
os lábios.
Ao me fitar, seus olhos estão escuros como uma tempestade tropical
enquanto ele
me provoca.
Ah, meu Deus…
Eu tinha esquecido. Europa.
— Meu
marido, eu quero você. Por favor.
Ele se
coloca sobre mim, cobrindo-me com seu corpo, apoiando o peso nos
cotovelos.
Abaixa o nariz de encontro ao meu, e eu deslizo as mãos por suas costas
fortes e
flexíveis até seu traseiro maravilhoso.
— Sra. Grey…
minha esposa. Nosso objetivo é satisfazer. — Seus lábios roçam
em mim. — Eu
amo você.
— Também amo
você.
— Olhos
abertos. Quero ver você.
— Christian…
ah… — gemo, enquanto ele me penetra lentamente.
— Ana, ah,
Ana — exclama ele, ofegante, e começa a se movimentar.
— Que diabo
você pensa que está fazendo? — grita Christian, acordando-me
de meu sonho
tão agradável.
Ele está
todo molhado e lindo, de pé em frente à minha espreguiçadeira,
olhando-me
furioso.
O que foi
que eu fiz? Ah, não… estou deitada de costas… Droga, droga, droga,
e ele está
muito zangado. Merda. Realmente zangado.