Antiguidade Clássica
O termo Antiguidade Clássica refere-se a um longo período da História
da Europa que se estende aproximadamente do século VIII a.C., com o surgimento
da poesia grega de Homero, à queda do Império romano do ocidente no século V
d.C., mais precisamente no ano 476. No eixo condutor desta época, que a
diferencia de outras anteriores ou posteriores, estão os fatores culturais das
suas civilizações mais marcantes, a Grécia e a Roma antigas.
Localização
A Grécia antiga compreendia uma região chamada Hélade e ocupava o
sul dos Bálcãs (Grécia continental), a Península do Peloponeso (Grécia
peninsular), as ilhas do Mar Egeu (Grécia Insular), além das colônias na costa
da Ásia Menor e no sul da Península Itálica (Magna Grécia).
Divisão da história da Grécia
A história da Grécia é dividida, pelos historiadores, em quatro
períodos principais:
Pré-Homérico
Homérico
Arcaico
Clássico
Período Pré-Homérico
O período Pré-Homérico corresponde ao apogeu e à decadência da
civilização cretense, que se desenvolveu em Creta, a maior ilha do Mar Egeu.
Essa ilha era povoada por tribos que, provavelmente, tenham vindo da Ásia
Menor.
Durante esse período, outros povos dirigiram-se a Grécia: os
aqueus, que se estabeleceram na Grécia continental e também na Ilha de Creta.
Os aqueus dominaram os cretenses por volta de 1400 a.C. dando origem à civilização
creto-micênica. Além dos aqueus, os jônios e os eólios também chegaram a Grécia. De todos esses
povos, o mais importante foi o dório, com características guerreiras, que deram
novo rumo à História Grega. Os dórios destruíram a civilização creto-micênica e
conquistaram a Grécia. Esses acontecimentos anunciaram um novo período da
História da Grécia – o período Homérico.
O período homérico
A partir das invasões dórias teve início um período muitas vezes
chamado de homérico, porque o conhecimento que se tem da sociedade grega da
época se deve, em grande parte, a dois poemas – a Ilíada e a Odisséia -,
atribuídos a Homero. A Ilíada narra a guerra de Tróia, e a Odisséia, as
aventuras do herói grego Ulisses (Odisseu) em sua viagem de volta a Grécia após
a conquista de Tróia. Há muita discussão sobre a autoria desses poemas. Muitos
estudiosos defendem que Homero nunca existiu e que esses teriam sido obras do
passado coletivo grego, tendo sido transmitidos oralmente de geração em
geração.
Com a invasão dória, um novo modelo social se implantou: a produção
passou a ser de subsistência, com exploração da mão-de-obra familiar, auxiliada
por uns poucos assalariados e escravos; a arte e a escrita desapareceram; o
artesanato decaiu; as armas de bronze finalmente trabalhadas foram aos poucos
sendo substituídas por artefatos grosseiros, feitos de ferro; e o sepultamento
em magníficos túmulos foi substituído pela cremação simples.
Nesse período a população passou a se organizar em pequenas
comunidades, cuja unidade básica era a família. Essa forma social é chamada de
genos. Cada geno possuía seu próprio líder, seu culto religioso e suas leis.
Com o passar dos tempos, os genos foram se ampliando e acabaram
dando origem a um outro tipo de organização da vida social e política – a
polis, ou cidade-Estado que foi a característica do período seguinte da
história grega.
Período Arcaico
O período Arcaico inicia-se com a reunião dos genos em unidades
políticas maiores, chamadas pólis ou cidades-Estados.
Nesse tipo de organização não existia um governo único, cada
cidade-estado tinha suas leis, seu governo, sua economia e sua sociedade
própria e independente. O palácio do governo e os templos eram construídos em
uma colina fortificada, a acrópole.
As pólis gregas possuíam uma arquitetura parecida. Na parte baixa
ficava uma praça, a ágora, onde aconteciam as assembleias dos cidadãos e as
transações comerciais. Era também onde os juízes da cidade julgavam os
criminosos e onde se realizavam os festivais de poesias e os jogos praticados
em honra aos deuses. As duas pólis mais importantes foram Esparta e Atenas.
O Partenon, na acrópole de Atenas
Esparta: uma cidade militar
Esparta foi fundada pelos dórios por volta do século IX a.C.
Situava-se em uma região chamada Lacônia. As condições naturais da região onde
ficava Esparta eram muito áridas: o solo montanhoso e seco dificultava o
abastecimento da cidade. Essas condições adversas levaram os espartanos a
conquistar terras férteis por meio de guerras.
O poder em Esparta era exercido por um pequeno grupo ligado às
atividades militares. Apenas uma minoria participava das decisões políticas e
administrativas – os esparciatas - que se dedicavam única e exclusivamente à
política e à guerra.
A vida em Esparta girava em torno da guerra. Os espartanos temiam
que os povos que haviam conquistado se rebelassem; temiam também que os
escravos se revoltassem. A necessidade de garantir o poder dos esparciatas e o
medo de que idéias vindas de fora colocassem em xeque esse poder faziam com que
as viagens fossem proibidas e os contatos comerciais fossem quase inexistentes.
Esparta fechava-se em torno de si mesma, impondo aos seus habitantes um modo de
vida autoritário e de subordinação aos interesses do Estado.
A agricultura, o artesanato e o comércio eram praticados pelos
periecos, uma camada de homens livres, mas sem direito de participar da
política em Esparta. Os escravos eram chamados de hilotas, pertenciam ao Estado
e trabalhavam para os esparciatas.
Os jovens eram educados pelo Estado. Desde os sete anos deixavam as
casas de suas famílias e se dirigiam para locais de treinamento militar.
Atenas e a democracia: o avesso de Esparta
Atenas, hoje a capital da Grécia, localizava-se no centro da
planície Ática, às margens do Mar Egeu. Foi o avesso de Esparta: teve uma vida
urbana e aberta às novidades. A atividade comercial foi a base de sua economia
e os atenienses praticaram intenso comércio com diversos povos.
A sociedade ateniense era dominada pelos eupátridas, que eram
grandes proprietários de terras. Contudo, o poder dos eupátridas era
constantemente desafiado pelas camadas menos favorecidas e pelos comerciantes,
que exigiam maior igualdade de direitos.
E por que esses segmentos desafiavam o poder dos eupátridas? Os
pequenos proprietários, muitas vezes sem recursos. Viviam constantemente
ameaçados pela escravidão por dívidas. Já os comerciantes, artesãos e
assalariados urbanos, que eram chamados demiurgos, estavam excluídos das
decisões políticas da pólis e também queriam participar delas.
O resultado dessas pressões constantes foi uma reforma nas leis
feita por Sólon, um juiz ateniense. Por essa reforma, foi abolida a escravidão
por dívidas e foi ampliado o direito de voto, de acordo com a riqueza que cada
um possuía.
Porém, as reformas de Sólon só beneficiaram os comerciantes ricos.
O resto da população continuou excluída das decisões políticas da pólis. A
situação em Atenas não era nada calma com a pressão constante dos excluídos.
Além disso, a cidade foi dominada pelo tirano (link dicionário) Pisistrato por
mais de 30 anos.
Com o fim da tirania, foi Clistenes, um aristocrata preocupado com
os problemas das camadas populares, o responsável por uma nova reforma. Ampliou
a participação e o direito de decisão política para todos os cidadãos
atenienses, isto é, todos os homens livres e nascidos em Atenas, maiores de 18
anos. A cidade foi dividida em demos, um tipo de distrito que elegia seus
representantes para a assembléia. Esta, por sua vez, escolhia as pessoas que
iriam integrar o conselho, responsável pelo governo da cidade.
Continuavam excluídos da pólis os estrangeiros, as mulheres e os
escravos. Como você pode observar, os benefícios da democracia ateniense
estavam reservados somente aos cidadãos, o que é diferente da democracia dos
nossos dias.
A educação em Atenas era bastante diferente da adotada em Esparta.
Os atenienses acreditavam que sua cidade-Estado seria mais forte se cada menino
desenvolvesse integralmente suas melhores aptidões. O ensino não era gratuito
nem obrigatório, ficando a cargo da iniciativa particular. Os garotos entravam
para a escola aos 6 anos e ficavam sob a supervisão de um pedagogo, com quem
estudavam aritmética, literatura, música, escrita e educação física.
Interrompiam os estudos apenas nos dias de festas religiosas, e, quando
completavam 18 anos, eram recrutados pelo governo para treinamento militar, que
durava cerca de dois anos.
As mulheres de Atenas estavam reservadas apenas as funções
domésticas. Os pais tratavam de casar logo as ilhas adolescentes, as quais,
após núpcias, ficavam sob o domínio total dos maridos. Nesse mundo masculino,
ficar em casa e em silencio era o maior exemplo de virtude para representantes
do sexo feminino.
O governo nas cidades-Estados
As cidades-Estado gregas conheceram a maioria dos sistemas de
governo existentes hoje. Atenas e Esparta, que sempre foram rivais, podem
servir de exemplos para estudarmos os tipos de governo que existiram nas demais
cidades.
A monarquia foi o regime político inicial em todas as póleis
gregas; todas elas foram, pelo menos inicialmente, governadas por reis. Além de
governarem as cidades, os reis também desempenhavam funções religiosas, atuando
como sacerdotes e representantes dos deuses.
Na cidade de Esparta o governo era exercido simultaneamente por
dois reis e dele participavam duas assembléias: a Apela, formada por
representantes do povo, e a Gerúsia, um conselho de anciãos. O poder dos reis
espartanos era limitado; magistrados dos conhecidos como éforos vigiavam suas
atividades.
As leis em Esparta foram elaboradas por Licurgo, o legislador que
transformou a cidade em um Estado militarista.
Outro sistema conhecido pelos gregos foi a oligarquia, em que o
poder ficava dividido entre pessoas que pertenciam às famílias mais importantes
de uma cidade. O termo oligarquia significa “governo de poucos”.
Em algumas cidades, os governos oligárquicos foram derrubados pela
força. Aqueles que assumiam o poder em seguida eram conhecidos como tiranos.
A tirania – governo dos tiranos – se estabelecia e se mantinha no
poder por meio da força.
O ostracismo
O reformador Clistenes implantou uma lei em Atenas determinando eu
qualquer cidadão que ameaçasse a segurança da cidade poderia ser condenado ao
exílio por dez anos, isso era chamado de ostracismo. Ela lei procurava evitar
que se repetisse um governo tirano em Atenas.
Imagem de uma ostraca, objeto em que se escreviam os nomes dos
condenados ao ostracismo. Essa é a ostraca em que foi escrito o nome de
Themistocles, estadista e general grego.
O período clássico
A democracia ateniense atingiu seu apogeu durante o governo de
Péricles, no século V a.C. que marcou o início do chamado Período Clássico.
Contudo, as desavenças internas, a escassez de terras e a
necessidade de expansão do comércio levaram as cidades gregas, entre elas
Atenas, a conquistar várias áreas coloniais, próximas ou distantes. Os
espartanos não gostaram dessa expansão territorial de Atenas e a disputa por
melhores terras determinou a criação de dois grupos rivais: a Liga do
Peloponeso, liderada por Esparta, e a Liga de Delos, sob a liderança de Atenas.
No início do século V a.C., iniciou-se a chamada Guerra do
Peloponeso, na qual Atenas saiu derrotada. Esse acontecimento foi o começo do
declínio das antigas cidades-Estados gregas.
Gregos contra Persas
Entre os séculos VI e V a.C., a expansão do Império Persa passou a
ameaçar a autonomia das cidades-estados gregas. Por volta de 500 a.C., os
persas dominavam várias colônias gregas na Ásia Menor e seu objetivo era
conquistar também a Grécia. Na luta contra o inimigo comum, as cidades-estados
se uniram e conseguiram derrotar os persas em várias batalhas. Esse conflito,
que durou vários anos, ficou conhecido como Guerras Greco-pérsicas ou Guerras
Médicas, assim denominadas porque os gregos chamavam os persas de medos.
Gregos contra gregos
A decadência da civilização grega iniciou-se a partir das Guerras
do Peloponeso, quando os gregos lutaram contra os gregos. As origens do
conflito estão no descontentamento geral, sobretudo de Esparta, em relação à
supremacia ateniense.
Esparta era aristocrática e estava determinada a manter sua
organização sem interferências ou influencias atenienses. Atenas, democrática e
também poderosa guerreira, estava disposta a impor suas idéias e princípios.
Na primeira fase da guerra, entre 431 e 421 a.C., houve um certo
equilíbrio entre as partes, com espartanos e atenienses conseguindo algumas
vitórias. Após esse período as duas cidades fizeram um acordo de paz que
deveria durar 50 anos.
Entre 415 e 413 a.C., a trégua foi quebrada pelos atenienses, que
desejavam conquistar regiões dominadas pelos espartanos. Atenas foi derrotada e
perdeu parte de sua frota e contingente militar. Os anos seguintes, de 413 a
404 a.C., podem ser considerados de ofensiva dos espartanos. Esparta aniquilou
definitivamente Atenas, já bastante enfraquecida pelas perdas anteriores,
iniciando sua hegemonia (domínio) sobre o mundo grego.
A conquista do território grego pela Macedônia
Atenas, o centro glorioso do século de ouro da Grécia, chegava ao
fim. Esparta também não teve destino
diferente; enfim, todas as cidades-estados ficaram enfraquecidas com as Guerras
do Peloponeso e tornaram-se alvos fáceis para a dominação de outros povos.
Os macedônios, povo que habitava o norte da Grécia, conseguiram
progredir e fortalecer-se econômico e militarmente. Aproveitando-se da fraqueza
e da desunião dos gregos, Filipe II, o rei da Macedônia, preparou um poderoso
exército e conquistou o território grego.
A política expansionista iniciada por Filipe II teve continuidade
com seu filho e sucessor Alexandre Magno, conhecido também como Alexandre O
Grande, que consolidou a dominação da Grécia e iniciou a conquista do império Persa.
A Macedônia tornou-se o
centro do maior império formado até então, que só seria superado anos depois
pelo Império Romano.
As conquistas de Alexandre Magno, promovendo a fusão das culturas
das várias regiões conquistadas no Oriente com os valores gregos deu origem a
cultura helenística, que teve como centro de difusão cultural Alexandria, no
Egito, e Pérgamo, na Ásia Menor.
Os Conhecimentos da Grécia Antiga
Os gregos foram os responsáveis pelo nascimento da Filosofia, termo
grego que significava amor à sabedoria, por volta do século IV a.C., na cidade
de Mileto. Um dos mais importantes pensadores gregos foi Pitágoras anexo,
matemático e filósofo. Pitágoras desenvolveu a idéia de que o princípio comum
do homem, dos animais, vegetais e minerais era o átomo, considerado a menor
parte da matéria. Segundo Pitágoras, o que diferenciava os seres animados e
inanimados eram as diferentes estruturas que os átomos formavam em cada um
deles. Além disso, ele formulou teorias sobre números e os classificou em
várias categorias: os pares, os impares e os números primos. Defendia, também,
a idéia de que a Terra era redonda.
Os responsáveis pelo apogeu da filosofia grega no século IV a.C. foram Sócrates anexo, Platão anexo e
Aristóteles anexo .
Sócrates não deixou nenhuma obra escrita. Ensinava nas ruas e nas
praças. Seu principal discípulo foi Platão, cujas obras, em forma de diálogos,
conservam-se até nossos dias. Aristóteles, por sua vez, foi o mais importante
discípulo de Platão. Foi responsável pelo estabelecimento das bases da Lógica,
ciência que estuda os métodos e processos que possibilitam diferenciar os
argumentos verdadeiros dos falsos nos estudos filosóficos. A Lógica é, até
hoje, um instrumento fundamental para todas as outras ciências.
Entre os matemáticos gregos, além de Pitágoras, conhecido como o
“pai da matemática”, estão Euclides anexo,. Que estabeleceu os fundamentos da
Geometria, e Arquimedes anexo, conhecido pelo famoso “Principio de Arquimedes”
segundo o qual um corpo mergulhado na água sofre, de baixo para cima, um
impulso equivalente ao líquido que deslocou.
Os médicos também eram profissionais muito respeitados. O mais
importante deles foi Hipócrates de Cós anexo, que é considerado o “Pai da
Medicina”. Ainda hoje, os médicos, ao se
formarem, prestam o chamado “juramento de Hipócrates” anexo.
Hipócrates, naquela época, já utilizava procedimentos muito
parecidos aos que utilizam nossos médicos para fazer diagnóstico de doenças
como examinar o globo ocular, verificar a temperatura do corpo, aspecto da
urina e das fezes, entre outros.
Ao lado da Medicina praticada pelos médicos, havia também,
tratamentos populares baseados na superstição e na magia. Uma das práticas mais
comuns era pendurar amuletos no pescoço, atitude essa, tida como infalível para
a prevenção e cura de várias doenças.
Os mesmo avanços se verificaram na Astronomia e no campo da
Geografia. Por volta do século II a.C., os gregos mapearam o mundo conhecido,
dividindo-o em meridianos e paralelos e em três zonas: a frígida, a temperada e
a tórrida. Usando cálculos matemáticos, mediram a circunferência da terra, as
distâncias dela do Sol e da Lua.
A preocupação dos gregos com a ciência era muito grande. Suas
bibliotecas eram repletas de obras importantes e todas elas possuíam cópias,
para não se perderem em caso de incêndio ou de outro tipo de desastre.
E como os gregos trataram a História? Alguns historiadores gregos
tiveram uma grande importância para o desenvolvimento dessa área de
conhecimento, ao substituírem os mitos poéticos pela explicação histórica. Os
principais historiadores gregos foram Heródoto anexo , considerado “o pai da
história” , que escreveu uma obra sobre a guerra dos gregos contra os persas, e
Tucídides, que narrou a historia da Guerra do Peloponeso, da qual participou.
O teatro grego e o legado cultural
Os gregos alcançaram notável desenvolvimento cultural e artístico. Sua produção tornou-se
tão rica e fecunda que ultrapassou os limites do tempo e do espaço geográfico e
influenciou toda a cultura ocidental e algumas sociedades orientais.
O teatro que surgiu na Grécia Antiga era diferente do atual. Os
gregos assistiam à peças de graça, mas não frequentavam o teatro quando
queriam. Ir ao teatro era um dos compromissos sociais das pessoas. Assim como
havia rituais religiosos e assembleias para decidir os rumos das cidades,
existiam festivais de teatros. Dedicados às tragédias ou às comédias, eles eram
financiados pelos cidadãos ricos. E o governo pagava aos mais pobres para
comparecer às apresentações.
Os festivais dedicados à tragédia ocorriam em teatros de pedra, ao
ar livre, onde se escolhia o melhor autor. Embora alguns atores fizessem
sucesso, os grandes ídolos do teatro eram os autores. As apresentações duravam
vários dias e começavam com uma procissão em homenagem ao deus Dionísio,
considerado o protetor do teatro. A plateia acompanhava as peças o dia todo e
reagia intensamente às encenações.
Atores e um coro participavam das apresentações. No palco, os
atores pareciam gigantes. Usavam sapatos de sola alta, roupas acolchoadas e
máscaras feitas de pano engomado e pintados, decoradas com perucas e capazes de
amplificar as vozes.
A partir do Império Romano – que sucedeu a civilização grega -, o
teatro entrou em declínio. Os romanos preferiram o circo – na época, voltado
para lutas entre gladiadores e animais -,
que predominou nos teatros das principais cidades do império.
Além do teatro, os gregos desenvolveram outras formas de expressão
artística, tais como escultura, a pintura, a música e a arquitetura.
Cópia do Discóbolo de Míron.
O mármore e o bronze eram utilizados por escultores como
Fídias e Míron.
Na arquitetura, os gregos demonstraram grande habilidade em projetos de templos e
edifícios públicos. Para sustentar o peso das construções empregavam colunas,
sem usar argamassa.
Partenon de Atenas.
As pinturas desapareceram em sua grande maioria, podendo ser vistas
apenas em alguns vasos que foram preservados.
Vaso grego, 500-490 a.C., Louvre, Paris.
Detalhe de um vaso grego.
A música era executada por um só instrumento de sopro ou de cordas,
sendo os favoritos a lira, a cítara e o aulo, um tipo de flauta. O canto era
muito apreciado, e, por isso, escreveram-se muitos poemas em forma de canção
para acompanhamento com lira.
Conjunto grego tocando harpa, cítara e lira
A cultura grega legou para a humanidade obras de arte fascinantes e
um conjunto de idéias que até hoje influenciam o pensamento de filósofos,
estudiosos e cientistas.
A religião na Grécia
Os gregos eram politeístas, isto é, acreditavam em vários deuses,
assim como a maioria dos povos da
Antiguidade. Mas, ao contrário dos outros povos, tinham uma grande intimidade
com seus deuses, pois acreditavam que
eles estavam a serviço das pessoas.
Os deuses gregos possuíam características humanas, defeitos e
qualidades, fraquezas e paixões. A diferença existente entre eles e os humanos
é que os deuses eram imortais.
Os gregos acreditavam na existência de 12 grandes divindades,
(linkar com mitologia grega) que se reunião em seus tronos no alto do Monte
Olimpo, onde moravam. O pai de todos os deuses era Zeus, casado com Hera. Apolo
era o deus do Sol e protetor das artes, Ares era o deus guerra, Posêidon, do
mar. Afrodite era a deusa do amor, e Palas Atena, da sabedoria, entre outros.
Geralmente, esses deuses e deusas eram associados a fenômenos
naturais. A arma de Zeus, por exemplo, era o raio – as tempestades seriam
efeito de sua cólera. Por sua vez, os terremotos, que eram comuns na Grécia,
eram explicados pelo mau-humor de Posêidon, que batia com seu tridente no fundo
do mar.
Zeus
Palas Atena
As primeiras olimpíadas
Olimpíadas na Grécia Antiga
Foram os gregos que criaram os Jogos Olímpicos. Por volta de 2500
AC, os gregos faziam homenagens aos deuses, principalmente Zeus. Atletas das
cidades-estados gregas se reunião na cidade de Olímpia para disputarem diversas
competições esportivas: atletismo, luta, boxe, corrida de cavalo e pentatlo
(luta, corrida, salto em distância, arremesso de dardo e de disco). Os
vencedores eram recebidos como heróis em suas cidades e ganhavam uma coroa de
louros.
Os gregos buscavam através
dos jogos olímpicos a paz e a harmonia entre as cidades que compunham a
civilização grega.
No ano de 392 AC, os Jogos Olímpicos e todas as manifestações religiosas
do politeísmo grego foram proibidos pelo imperador romano Teodósio I, após
converter-se para o cristianismo.
No ano 1896, os Jogos Olímpicos são retomados em Atenas, por
iniciativa do francês Pierre de Fredy, conhecido com o barão de Coubertin.
Nesta primeira Olimpíada da Era Moderna, participam 285 atletas de 13 países,
disputando provas de atletismo, esgrima, luta livre, ginástica, halterofilismo,
ciclismo, natação e tênis. Os vencedores das provas foram premiados com
medalhas de ouro e um ramo de oliveira.
A mitologia grega
Há muito tempo atrás, as pessoas não podiam explicar os eventos a
partir da ciência. Por isso explicavam os acontecimentos naturais a partir das
histórias de deuses, deusas e heróis. Os gregos tinham uma história para
explicar a existência do mal e dos infortúnios. Acreditavam que, em certa
época, todos os males e infortúnios estiveram presos em uma caixa. Pandora, a
princesa mulher, abriu a caixa e eles se espalharam pelo mundo.
Os mais antigos mitos gregos falam do caos (confusão primitiva), de
Gaia (mãe-terra), Ponto (o mar) e Urano
(céu). Do casamento de Urano e Gaia, nasceram os titãs, ciclopes e gigantes,
que personificaram as coisas grandes e
poderosas da Terra: montanhas, terremotos, furacões, etc. O mais forte dos
titãs, Cronos, casou-se com sua irmã Réia, e tiveram seis filhos. Temendo a rivalidade
de seus filhos, Cronos devorou-os logo ao nascer, exceto Zeus, que Réia
escondeu numa caverna. Quando se tornou adulto, Zeus derrotou o pai e obrigou-o
a libertar os ciclopes da tirania de Cronos, e eles, em recompensa, deram-lhe
as armas do trovão e do relâmpago.
Além dos deuses, também os heróis tinham direito ao culto.
Resultado da união entre um deus e uma mortal (ou vice-versa), eram
considerados intermediários entre os deuses e os homens, atribuía-se-lhes a
proteção do local onde estavam sepultados. Outros foram homens excepcionais,
cujos feitos, muito antigos, se tinham transformado em lenda. Temos o caso do
Édipo que após ter sido expulso de Tebas por ter morto o pai sem o ter
reconhecido, conseguiu responder à esfinge, temos em Atenas Teseu que fora seu
fundador e vencedor do Minotauro e ainda Hércules, um dos mais populares heróis
gregos e considerado como fundador dos Jogos Olímpicos.
Hércules e a Hidra
Teseu e o Minotauro
Como vivia o povo grego na Antiguidade
De modo geral, o homem grego passava o dia fora de casa. Ocupava o
tempo trabalhando, fazendo compras ou
conversando com os amigos sobre política e outros assuntos.
A mulher ficava em casa, cuidando da roupa e da alimentação e
organizando o trabalho dos escravos; era ela quem administrava as tarefas da
casa.
Comparadas com as de hoje, as casas eram pequenas e sem conforto.
Mas isso tinha pouca importância, pois, em razão da suavidade do clima, a maior
parte das atividades diárias era desenvolvida fora de casa. Construídas com uma
mistura de pedregulho e terra cozida, as paredes eram tão frágeis que os
ladrões eram chamados de “arrombadores de paredes”, pois eles simplesmente
escavavam uma passagem nelas para entrar em casa.
Nas pequenas janelas não havia vidros e, no inverno, elas eram
fechadas com madeira. As cozinhas eram raras e os alimentos eram preparados ao
ar livre.
Na Grécia Antiga não havia residências luxuosas. Mesmo um grande
general, como Temístocles, vivia numa casa simples, igual à de seus vizinhos.
Os homens ricos não eram respeitados pela ostentação, mas pelo que davam aos
deuses e à cidade para custear os festivais públicos.
Nas cidades havia numerosas construções publicas. As principais
eram Odéon, consagrado aos exercícios de música; os teatros, onde se
representavam tragédias e comédias; os ginásios, que, de inicio eram usados
como lugares de treinamento e, depois, passaram a ser os lugares onde os
filósofos davam suas lições ao ar livre; os estádios, onde se efetuavam as
corridas a pé e outros exercícios, e os templos, onde eram cultuados os deuses.
As casas ficavam dispersas, sem nenhum alinhamento, atrás dos
templos e de outros monumentos. As ruas eram estreitas e sinuosas. As condições
de higiene eram precárias: quase não havia esgotos e todo o lixo era jogado nas
ruas para ser apanhado pelos cães.
Ao se levantar, os gregos comiam pão embebido em vinho diluído com
água; no almoço, comiam pão com queijo de cabra ou azeitona e figos; o jantar
consistia de uma sopa de cevada e pão de cevada. Às vezes, comiam também
legumes preparados em azeite de oliva e algumas aves caçadas no campo.
Nas famílias mais ricas,
jantar era quase igual, mas o pão era de trigo e, as vezes, havia também
peixe, lingüiça, queijo com mel e nozes, bolos e frutas secas.
Carne só em ocasiões especiais e depois de rituais. Nessas
ocasiões, cabras e cordeiros eram sacrificados no pátio das casas. As vísceras
e gorduras eram queimadas no altar como oferenda aos deuses, e a carne, depois
de assada, era servida aos presentes. Só nos grandes festivais da cidade se
comia carne bovina. Depois do sacrifício, a carne era distribuída entre os
pobres.
A principal bebida dos gregos era o vinho. Mas eles não bebiam
puro; preferiam mistura-lo com água e, antes de bebê-lo , costumavam derramar
algumas gotas no chão como oferenda aos deuses.
Os gregos comiam muito pão, e para adoçar a comida ou bebida
utilizavam o mel.
As roupas usadas pelos gregos eram simples. À parte a qualidade dos
tecidos, todos se vestiam da mesma maneira, com roupas fáceis de pôr e tirar.
Os camponeses usavam uma veste curta, feita da pele de animais.
Cabia às mulheres à tarefa de tecer o pano para fazer as roupas,
tanto nas famílias ricas quanto nas pobres. Eram elas que fiavam, tingiam e
teciam a lã: a peça que saía do tear estava pronta para ser usada. Não era
preciso cortar nem costurar.
A Grécia hoje
A Grécia ocupa aproximadamente o território habitado pelos helenos
do período Clássico. Sua forma de governo é a república parlamentarista.
A Grécia vive sob regime democrático. Trata-se de uma democracia
representativa, diferente daquela praticada no período Clássico. Naquela época,
as pessoas participavam diretamente, emitindo sua opinião na Assembleia, que
reunia todos os cidadãos. Na democracia moderna, os cidadãos elegem seus
representantes e são estes que exercem o poder.
A economia do país baseia-se na agricultura, na indústria e no
turismo. As principais culturas são: trigo, oliveiras, fumo, algodão e frutas.
Dentre as principais indústrias, destacam-se as têxteis, as de azeite e vinho,
as de refino de petróleo, as de alumínio
e níquel e a mineração.
Desde a Antiguidade, os gregos se distinguiram na construção naval
e na navegação. Essa tradição continua até hoje. A frota grega atual, composta
de navios de passageiros e mercantes, entre os quais importantíssimos
cargueiros e petroleiros, está entre as primeiras do mundo.
Vista da cidade de Atenas