“Às
vezes encontramos nosso destino no caminho que tomamos para evitá-lo.” (Provérbio Chinês)
segunda-feira, 28 de abril de 2014
Língua afiada...
PEGADINHA
GRAMATICAL
A colocação
pronominal nas locuções verbais
A colocação pronominal nas locuções verbais faz
parte de um dos muitos assuntos relacionados à gramática e é definida pela
posição do pronome oblíquo.
A colocação pronominal nas locuções verbais faz
referência à posição ocupada pelo pronome oblíquo (antes, no meio ou depois do
verbo)
A colocação pronominal nas locuções verbais nos
revela mais um dos tantos pressupostos atribuídos à gramática normativa. E,
como tal, no sentido de nos familiarizarmos com estes, faz-se necessário
estarmos cientes, antes de tudo, de suas bases conceituais, no sentido de
compreendermos melhor os pontos que os delineiam.
Sem mais delongas, a fim de conhecermos mais um
pressuposto, façamos um retrospecto, no sentido de definirmos o conceito
relacionado à colocação pronominal, bem como às locuções verbais,
respectivamente. Define-se como colocação pronominal as distintas posições
assumidas pelo pronome oblíquo, estando esse inserido num dado contexto
linguístico. Tais posições são demarcadas pelo fato de que ele (o pronome) pode
estar antes, no meio ou depois do verbo.
Locuções verbais, por sua vez, definem-se como a
junção de dois verbos – um deles, denominado de auxiliar; e outro, chamado de
principal, expresso numa das formas nominais: infinitivo, gerúndio ou
particípio.
Assim sendo, tendo em vista que a colocação
pronominal se faz presente também nas locuções verbais, torna-se importante
estarmos munidos de algumas informações, estando elas elucidadas a seguir:
Casos relacionados a locuções em que o verbo
principal ocorre no infinitivo ou no gerúndio:
* Em se tratando de casos nos quais se evidencia o
fator de próclise (para reconhecê-lo precisamos conhecer bem as regras que
regem a colocação pronominal), o pronome oblíquo deve permanecer antes do verbo
auxiliar ou depois do verbo principal. Assim, note os exemplos abaixo:
Não lhe devo considerar como o melhor
aluno.
(verbo auxiliar) (verbo
principal)
* O fator de próclise foi reconhecido pela presença
do advérbio de negação: não.
Não devo considerar-lhe como
melhor aluno.
(verbo auxiliar) (verbo
principal)
* Nos casos em que a locução verbal não vier
precedida de um fator de próclise, o pronome oblíquo pode permanecer depois do
verbo auxiliar ou depois do principal. Constate alguns casos representativos:
Devo-lhe considerar como melhor
aluno.
(verbo auxiliar) (verbo principal)
Devo considerar-lhe como melhor
aluno.
(verbo auxiliar) (verbo principal)
Nas locuções verbais em que o verbo principal
ocorre no particípio:
* Não havendo fator de próclise, o pronome deve
permanecer depois do verbo auxiliar. Perceba alguns exemplos:
Havia-lhe relatado o essencial.
(verbo auxiliar) (verbo principal)
Suas intenções haviam-se materializado.
(verbo auxiliar) (verbo principal)
* Havendo fator de próclise, o pronome permanece
antes do verbo auxiliar.
Não lhe havia relatado o essencial.
(verbo auxiliar) (verbo
principal)
* A próclise foi detectada em virtude, novamente,
do advérbio de negação.
Como se nos tivéssemos cumprimentado mutuamente.
(verbo auxiliar) (verbo
principal)
* O fator de próclise foi demarcado pela presença
de uma conjunção subordinada adverbial -
“como”.
Interessante...
Mais 15
tatuagens 3D incríveis
Essas fotos vão mostrar que a criatividade humana e
as habilidades de alguns tatuadores não têm limites
Fonte da imagem: Reprodução/OddeeMais 15 tatuagens
3D incríveis
Não importa se você odeia tatuagens ou as ama, o
fato é que muitos dos desenhos feitos pelos tatuadores na pele de outras
pessoas chegam realmente a parecer obras de arte. Com um pouco de tinta
especial, sombreamento e muita atenção aos detalhes, alguns artistas conseguem
fazer trabalhos pra lá de interessantes – como as tattoos tridimensionais que
já mostramos aqui. A seguir, trazemos mais 15 trabalhos incríveis em 3D.
1 – Para tomar notas
Reprodução/OddeeFonte: Reprodução/Oddee
2 – Sempre estilosas
Reprodução/OddeeFonte: Reprodução/Oddee
3 – Voe, borboleta, voe!
Reprodução/OddeeFonte: Reprodução/Oddee
4 – Essa doeu
Reprodução/OddeeFonte: Reprodução/Oddee
5 – Para não esquecer
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6 – Eu vejo gente morta
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7 – Animais majestosos
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8 – Valores internos
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9 – Luz e sombras
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10 – Rei fantasma
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11 – Ninguém mandou brincar com o martelo
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12 – Doces rosas
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13 – O tempo não perdoa
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14 – Rasgando no Japão
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15 – Morango sabor queijo
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Gostou das tatuagens tridimensionais? Tem alguma
ideia para um desenho 3D que ficaria sensacional? Deixe sua opinião nos
comentários.
História...
Movimentos
nativistas e de libertação – Inconfidência Mineira – 1789 – Vila Rica
Leitura da sentença dos inconfidentes, por
Leopoldino Faria.
A Inconfidência Mineira, ou Conjuração Mineira, foi
uma tentativa de revolta abortada pelo governo em 1789, em pleno ciclo do ouro,
na então capitania de Minas Gerais, no Brasil, contra, entre outros motivos, a
execução da derrama e o domínio português.
Foi um dos mais importantes movimentos sociais da
História do Brasil. Significou a luta do povo brasileiro pela liberdade, contra
a opressão do governo português no período colonial.
No final do século XVIII, o Brasil ainda era
colônia de Portugal e sofria com os abusos políticos e com a cobrança de altas
taxas e impostos. Além disso, a metrópole havia decretado uma série de leis que
prejudicavam o desenvolvimento industrial e comercial do Brasil. No ano de
1785, por exemplo, Portugal decretou uma lei que proibia o funcionamento de
indústrias fabris em território brasileiro.
Causas
Neste
período, era grande a extração de ouro, principalmente na região de
Minas Gerais. Os brasileiros que encontravam ouro deviam pagar o quinto, ou
seja, vinte por cento de todo ouro encontrado acabava nos cofres portugueses.
Aqueles que eram pegos com ouro “ilegal” (sem
ter pagado o imposto”) sofria duras penas, podendo até ser degredado
(enviado a força para o território africano).
Com a grande exploração, o ouro começou a diminuir
nas minas. Mesmo assim as autoridades portuguesas não diminuíam as cobranças.
Nesta época, Portugal criou a Derrama. Esta funcionava da seguinte forma: cada
região de exploração de ouro deveria pagar 100 arrobas de ouro (1500 quilos)
por ano para a metrópole. Quando a região não conseguia cumprir estas
exigências, soldados da coroa entravam nas casas das famílias para retirarem os
pertences até completar o valor devido.
Todas estas atitudes foram provocando uma
insatisfação muito grande no povo e, principalmente, nos fazendeiros rurais e
donos de minas que queriam pagar menos impostos e ter mais participação na vida
política do país. Alguns membros da elite brasileira (intelectuais,
fazendeiros, militares e donos de minas), influenciados pelas ideias de
liberdade que vinham do iluminismo europeu, começaram a se reunir para buscar
uma solução definitiva para o problema: a conquista da independência do Brasil.
Os Inconfidentes
Tiradentes: líder da Inconfidência Mineira
O grupo, liderado pelo alferes Joaquim José da
Silva Xavier, conhecido por Tiradentes (saiba mais sobre ele) era formado pelos
poetas Tomas Antonio Gonzaga e Cláudio Manuel da Costa, o dono de mina Inácio
de Alvarenga, o padre Rolim, entre outros representantes da elite mineira.
A
ideia do grupo era conquistar a liberdade definitiva e implantar o sistema de
governo republicano em nosso país. Sobre a questão da escravidão, o grupo não
possuía uma posição definida. Estes inconfidentes chegaram a definir até mesmo
uma nova bandeira para o Brasil. Ela seria composta por um triangulo vermelho
num fundo branco, com a inscrição em latim: Libertas Quae Sera Tamen (Liberdade
ainda que Tardia).
Consequências
A Inconfidência Mineira transformou-se em símbolo
máximo de resistência para os mineiros, a exemplo da Guerra dos Farrapos para
os gaúchos, e da Revolução Constitucionalista de 1932 para os paulistas. A
Bandeira idealizada pelos inconfidentes foi adotada pelo estado de Minas
Gerais.
Curiosidades
Na primeira noite em que a cabeça de Tiradentes foi
exposta em Vila Rica, foi furtada, sendo o seu paradeiro desconhecido até aos
nossos dias.
Tratando-se de uma condenação por inconfidência
(traição à Coroa), os sinos das igrejas não poderiam tocar quando da execução.
Afirma a lenda que, mesmo assim, no momento do enforcamento, o sino da igreja
local soou cinco badaladas.
A casa de Tiradentes foi arrasada, o seu local foi
salgado para que mais nada ali nascesse, e as autoridades declararam infames
todos os seus descendentes.
Tiradentes jamais teve barba e cabelos grandes.
Como alferes, o máximo permitido pelo Exército Português seria um discreto
bigode. Durante o tempo que passou na prisão, Tiradentes, assim como todos os
presos, tinha periodicamente os cabelos e a barba aparados, para evitar a
proliferação de piolhos, e, durante a execução estava careca com a barba feita,
pois o cabelo e a barba poderiam interferir na ação da corda.
http://www.sohistoria.com.br/ef2/inconfidencia/
Viva a sabedoria...
Pitagorismo
Pitágoras
“A finalidade da vida é libertar a alma do corpo”.
Essa afirmação, um tanto estranha aos olhares modernos, é a herança da cultura
órfica na Grécia antiga que teve acabamento com Pitágoras de Samos. Deste,
muito pouco sabemos, senão indiretamente por seus discípulos autointitulados
pitagóricos.
O tipo de “vida pitagórica” é pautado por uma
ascese que, ao invés de se entregar a rituais catárticos de purificação,
preferia encontrar no estudo dos números e de sua aplicação o modo reto de se
libertar. A teoria da reencarnação das almas e a metempsicose são os pontos
chaves da crença no aperfeiçoamento ou evolução da alma. As sucessivas
reencarnações se dão em virtude da expiação das faltas cometidas pelo
desregramento de vidas anteriores. Daí a necessidade de se purificar através da
disciplina e do estudo.
As seitas pitagóricas privilegiavam um estilo de
vida em comum, tanto no que tange às propriedades quanto às ações coletivas. As
refeições eram feitas em comum e a amizade era a virtude mais elogiada, já que,
juntos, os homens poderiam evoluir pelo saber. Estas sociedades são as
conhecidas sociedades secretas de mistérios, criadas primeiramente na cidade de
Crotona, ainda na Grécia clássica, e depois difundidas pela Europa através do
gnosticismo, adentrando no cristianismo e chegando até nós sob o nome de
maçonaria. Vejamos um pouco sobre sua história:
A primeira comunidade pitagórica (instituída depois
da morte de Pitágoras) é, segundo a tradição esotérica ocidental, a comunidade
dos Essênios. Surgiu como uma sociedade secreta na Palestina e logo se espalhou
pelo mundo hebreu. Os pitagóricos dedicavam-se aos estudos da Gnose (ou
conhecimento, sabedoria) e do Ocultismo, desenvolvendo-os como forma de terapia
e filantropia. Acredita-se que o próprio Jesus, o Cristo, tenha sido iniciado
nos mistérios dessa sociedade secreta que possuía uma organização hierárquica
bastante rígida.
A segunda sociedade secreta foi o Monastério de
Sião, criado por Maria Madalena, discípula de Jesus. Por ter havido uma
dissidência entre esta e Pedro, apóstolo, ela fugiu para o atual sul da França
juntamente com os gnósticos. Contudo, foram severamente atacados pela Igreja
durante a história (as Cruzadas, principalmente) porque os católicos temiam que
eles possuíssem verdades que destronariam a Igreja de seu poderio ideológico
(veja o filme baseado no livro “O código da Vinci” de Dan Brown).
Uma terceira sociedade secreta foi a dos
Templários, cavaleiros do Monastério de Sião, que obrigavam seus membros a
seguir uma rígida hierarquia, com votos de pobreza, castidade e obediência.
Por fim, temos a maçonaria, que é até hoje a mais
influente em todo o mundo. Nela ainda são perpetuados o conhecimento da
numerologia, a compreensão dos significados dos números para entender a
realidade humana e cósmica, bem como a prática gnóstica da iniciação nos
mistérios para libertação da alma.
Estas, portanto, são as origens, os modos e os
desdobramentos históricos do que chamamos de pitagorismo.
Cultura...
Pesquisador
identifica influência do teatro na obra de Machado de Assis
Para autor, a presença da peça de Shakespeare é
fundamental na obra do bruxo do Cosme Velho
Antes de ser romancista (e de se transformar em um
dos maiores nomes da literatura em língua portuguesa), Machado de Assis
(1839-1908) desejava ser dramaturgo. Ainda jovem, chegou a escrever sete peças,
mas foi o veredicto do jornalista Quintino Bocaiuva quem o convenceu a adotar a
ficção: "Bocaiuva lhe disse que suas peças eram mais para serem lidas que
encenadas, pois eram mais cheias de ideias que de dramas", observa o
escritor e pesquisador José Luiz Passos, autor de Romance com Pessoas, obra que
ganha nova versão, agora pela Alfaguara, e que se consolida como uma das
principais análises contemporâneas sobre a escrita machadiana.
Passos mostra como, em seus romances e contos,
Machado utilizou o julgamento moral como um detalhe decisivo na construção dos
personagens, tornando-os únicos naquele momento da literatura brasileira
(segunda metade do século 19). É nesse ponto que entra a paixão pelo teatro - e
mais decisivamente as peças de Shakespeare - como modelo para sua
"sondagem da vida interior e do engano moral".
Vencedor do Prêmio Portugal Telecom do ano passado
com o romance O Sonâmbulo Amador, o pernambucano José Luiz Passos constata que
Machado tinha grande interesse pela vida interior dos personagens. "É a
pedra de toque da sua literatura. E essa vida é formada pelos valores morais
que o sujeito tem dele próprio."
O pesquisador passou longos meses na Academia
Brasileira de Letras, folheando os livros que pertenceram à biblioteca de
Machado. "Levantei a marginália dele, ou seja, o que anotou, sublinhou,
tentando descobrir o que lhe interessava e como isso teria influenciado sua
ficção", conta Passos, que notou Shakespeare como uma referência
constante.
"Talvez, com exceção da Bíblia, ele seja o autor
individualmente mais citado por Machado: há cerca de 230 referências diretas a
quase 20 peças do bardo - desde 1858, quando publica seu primeiro poema,
Ofélia, referência a Hamlet, até 1908, quando cita Shakespeare em Memorial de
Aires, algumas vezes com ironia, como quando compara o drama de Romeu e Julieta
com o de Cibélia."
Passos notou ainda que, nos momentos centrais dos
romances machadianos, em que o protagonista se avalia, ou entra em crise,
Shakespeare é invocado. "Com isso, tentei criar uma relação entre a
fascinação pelo bardo com a mecânica de criação dos próprios personagens."
Em sua pesquisa sobre a importância de Shakespeare
na obra de Machado de Assis, José Luiz Passos fez importantes descobertas.
Percebeu, por exemplo, que o autor brasileiro se refere a Otelo ao menos 30
vezes em sua obra. "Ele tenta reescrever Otelo em vários contos, flerta
com isso em Ressurreição, no qual cita Iago, até atingir o auge em Dom
Casmurro", observa ele, lembrando de uma obra clássica dos anos 1960, O
Otelo Brasileiro de Machado de Assis (Ateliê), em que a americana Helen
Caldwell traça um perfeito paralelo entre Otelo e Dom Casmurro, a ponto de se
fazer pensar que Capitu, assim como Desdêmona, é inocente na traição.
Em seu livro Romance com Pessoas, cuja primeira
edição saiu em 2007, José Luiz Passos torna precisa ainda a afirmação de
Machado ser o grande nome da literatura brasileira no final do século 19, época
dominada por escritores românticos, como José de Alencar, e naturalistas, como
Aluízio de Azevedo. "Entre esses, Machado cria o que digo ser uma terceira
via."
Na época, aponta o pesquisador, havia dois modelos
que dominavam o mundo da ficção. Um era o de Alencar, marcado por relações
arquetípicas e valores ideais, como a virtude, a pureza, a vilania. "Os
personagens eram marcados por valores absolutos, que determinavam traços de
personalidade ou qualidades associados a valores sociais", conta.
"Havia também a fórmula naturalista, em que os personagens são resultantes
de determinações muito maiores, e incontroláveis, de origem climática, racial,
etc."
E eis que Machado cria uma terceira via para o romance,
uma outra maneira de observar, em que predomina uma descrição mais robusta do
universo interior dos personagens, oferecendo-lhes uma psicologia plenamente
individualizada.
"E como Machado faz isso? Optando por uma
espécie de anacronismo deliberado e buscando na literatura do Renascimento
(Cervantes, Shakespeare, Dante e Camões) determinadas maneiras de falar sobre
valores humanos que pertencem à vida moral, ao mergulho do eu, ao terreno da
dúvida, à avaliação do indivíduo, e à capacidade de fingir", analisa.
"Com isso, adensa os personagens fazendo com
que tenham uma relação complexa com o tempo, ou seja, que eles percebam que
mudaram entre o começo e o fim da história."
Gênio ou crápula. Exemplos não faltam. Em Iaiá
Garcia, a protagonista se educa observando as outras pessoas dissimularem.
"Ela começa como uma adolescente ingênua e chata e termina como uma mulher
segura e informada pela desconfiança. Já Brás Cubas reconta a própria história
de uma forma que, se o leitor confiar, descobre um gênio, mas, se desconfiar,
encontra um crápula. O que esses personagens diferem dos alencarianos e
naturalistas é um dinamismo moral, uma invenção machadiana para as letras
brasileiras. Ele cria uma variante fundamental para a narrativa nacional que
vai resultar no realismo psicológico."
Na conversa que teve com o Estado, Passos revelou
particular interesse pelas obras finais de Machado, Esaú e Jacó (1905) e,
sobretudo, Memorial de Aires (1908). "Eles espantam o leitor, pois não têm
a pirotecnia verbal e conceitual de Brás Cubas, nem o pathos trágico de Dom
Casmurro, ou mesmo aquela alegria humana e às vezes farsesca de Quincas Borba.
São romances muito sutis, pertencentes à fase simbolista de Machado."
Futuro. Um dos planos do pesquisador é escrever
sobre a relação de Machado com Henry James, sobretudo nas semelhanças entre
Memorial de Aires e Os Embaixadores. "Aires é um personagem dentro do
romance, pois se trata de um diário, mas a visão de mundo do narrador
onisciente em terceira pessoa se cola de tal maneira à consciência de Aires que
ela é uma perspectiva dele. É fascinante e é uma técnica literária também
utilizada por James, em seu livro", observa. "Ainda pretendo escrever
sobre essa conexão entre a última obra de Machado com Henry James."
Entendendo...
Teoria
Crítica - Primeira geração: Abordagem marxista e multidisciplinar
A chamada Teoria Crítica surge em 1924, no âmbito
da sociologia alemã, com a formação da Escola de Frankfurt e do Instituto de
Pesquisas Sociais, sediados na Universidade de Frankfurt am Main, Alemanha.
A primeira geração de cientistas sociais que
integrou a Escola de Frankfurt foi composta por um grupo de intelectuais alemães
de esquerda, entre os quais figuram: Walter Benjamin, Theodor Adorno, Max
Horkheimer e Herbert Marcuse.
Em seu aspecto geral, pode-se afirmar que a Teoria
Crítica está baseada numa interpretação ou abordagem materialista - de caráter
marxista e multidisciplinar (porque agrega contribuições de várias ciências:
sociologia, filosofia, psicologia social e psicanálise) - da sociedade
industrial e dos fenômenos sociais contemporâneos. A chamada Revista de
Pesquisa Social foi a principal publicação da Escola de Frankfurt.
Contexto
histórico
Os programas de pesquisas teóricas e empíricas
associados à Teoria Crítica passaram por significativas mudanças no decorrer
das décadas, em razão da alternância de intelectuais no cargo de diretor do
Instituto de Pesquisas Sociais - e também devido ao contexto histórico mais
amplo, tanto da Alemanha como da realidade mundial.
A Escola de Frankfurt, contudo - e, por
conseguinte, a Teoria Crítica -, conseguiram se institucionalizar apenas no
final da década de 1940, justamente após o fim da Segunda Guerra Mundial.
O processo tardio de institucionalização da Teoria
Crítica se deve ao advento do regime nazista na Alemanha, com a ascensão de
Adolf Hitler ao poder. A maioria dos membros da Escola de Frankfurt era formada
por judeus, e as perseguições políticas na Alemanha dividiram o grupo e
forçaram a transferência do Instituto de Pesquisas Sociais para Genebra
(Suíça), Paris (França) e, depois, Estados Unidos.
A dispersão da primeira geração de cientistas
sociais da Escola de Frankfurt dificultou a unidade e a regularidade da
produção teórica e da realização de pesquisas consistentes. Por conta disso,
uma das características da Teoria Crítica é sua fragmentação numa série de
estudos, muitos deles contraditórios e antagônicos.
Ciência e
política
A primeira geração de cientistas sociais
pertencentes à Escola de Frankfurt desejava que todo conhecimento social
produzido no âmbito do Instituto de Pesquisas Sociais transbordasse para fora
do círculo acadêmico, de modo que pudesse ser utilizado para produzir
intervenções práticas na sociedade, com o objetivo de provocar mudanças ou
transformações sociais.
A vertente intervencionista da Escola de Frankfurt,
aliada à abordagem marxista - e, portanto, eminentemente crítica e autocrítica
da sociedade contemporânea, em seus mais variados aspectos -, difere e se
distancia significativamente da sociologia americana que estava sendo
desenvolvida, na época, pela Escola de Chicago.
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