domingo, 1 de junho de 2014

Cordão umbilical...

Dez coisas que mulheres traídas têm em comum

Se o seu homem é do tipo cafajeste, isso provavelmente não é culpa sua — a não ser por tê-lo escolhido. Mas se você já se machucou mais de uma vez por se envolver com esse “tipinho” e está cansada de brigar por traição, nunca é tarde pra entender as raízes do seu conflito na vida amorosa e colocar um ponto final nessa história.

Confira o que os cientistas têm a dizer sobre o estereótipo de mulheres que já foram traídas e veja onde você pode estar errando. Ou, se você é do tipo cafajeste, aqui vai uma lista com dez coisas que as mulheres que você se envolve têm em comum.

1) Você foi “traída” pelo seu pai
Se o seu pai abandonou a família, abusou de você, ou não te deu muita atenção, isso geralmente desencadeia um ciclo, observou a PhD e psicóloga em Los Angeles, Ca, Jeanette Raymond. “Você espera o mesmo de outro homem”.

2) Você confunde atração com amor
Atração simplesmente acontece. Amor é algo que se constrói com o tempo e dá trabalho. Claro, a atração pode levar ao amor — mas nem sempre. “A atração da mulher para o homem é a mesma quando ela tem 16, 36, ou 56 anos”, garante Scot Conway, PhD, coach de relacionamento, e autor do livro “Emotional Genius”. “Uma das qualidades mais atraentes num homem é quando ele não precisa da aprovação da mulher”. Homens que não precisam de um relacionamento tendem a ter muita autoconfiança. “Essa atração é uma coisa e amor é outra coisa, e nem sempre o primeiro leva ao segundo, você tem uma grande vantagem aí”, disse Scot.

3) Você se envolve com os caras “errados”
As mulheres que se machucam várias vezes seguidas estão de olho mesmo é nos mocinhos. Os homens legais podem até tentar te impressionar, porém no fundo é um bad guy o que você quer para mudar, explicou Jeanette. Uma nova tarefa para você: comece a falar o que pensa, porque ele também tem de aceitá-la. E não, ele não irá te largar por isso (como você pensa).
4) Você não se interessa muito por sexo (mais)
Sem blá blá blá: sexo é muito importante para o homem e ponto. Se você não está curtindo o sexo e ele perceber, se sentirá rejeitado e até traído. Seria a mesma coisa que você quisesse ir a um passeio que ele não quer. Depois de um tempo, você não ia querer sair mais. Tente se interessar e falar com o cara sobre o que você gosta na cama. “Se você não está lá para preencher essas necessidades de seu parceiro, elas não vão simplesmente desaparecer. Para evitar que outra pessoa esteja lá, você tem que estar”, afirmou Scot.

5) Você é seu pior crítico
Se você está insegura com o seu corpo e fica se queixando sobre isso, ele vai começar a vê-la através de seus olhos. Muitas mulheres fazem isso sem perceber. "Será que essa calça jeans me faz parecer gorda? Você acha que eu estou engordando? Eu odeio minha celulite. Meus seios estão ficando caídos...você tem que parar!", disse Laurel House, especialista em relacionamentos e fundadora do ScrewingTheRules.com. "Deixe-o vê-la como a mulher linda que você é. Aja com confiança. Goste do seu corpo, independentemente de seu formato e idade".

6) Você desiste da independência
“Algumas mulheres se entregam tanto no relacionamento que seus parceiros se sentem desconfortáveis e ‘comprados’”, observou Jeanette. E a ironia é que,, ao tentar arduamente recuperar o relacionamento, você se torna cada vez menos a mulher por quem ele se atraiu em primeira instância. Se você se perder num homem — chegando ao ponto de cancelar seus planos para ficar com ele, apenas ouvir as músicas que ele gosta, só postar fotos de vocês dois no Facebook — o cara pode se sentir preso. E quando alguém se sente preso, por instinto quer ficar livre. “Eles se libertam através da traição, porque é uma forma fácil de escapar”, explicou Jeanette.

7) Você acredita que os bons de papo são os “bonzinhos”
As mulheres que não confiam no próprio taco, quando há sinais de alerta, são mais propensas a serem traídas. "Tenho uma paciente que está envolvida com um cafajeste. Mas ele lhe escreveu uma longa carta, e ela diz que ele está colocando em palavras o que não consegue dizer pessoalmente”, disse Jane Greer, PhD, especialista em relacionamento em Nova Iorque, e autora do livro “How Could You Do This to Me? Learning to Trust After Betrayal”.
Esse tipo de mulher é a tacada certa para o cafajeste que usa e abusa de formas vistosas de mostrar sua afeição. Mas na verdade o cara só está se poupando de falar o que não acredita na sua cara. Quando descobre que isso é o suficiente para prender a atenção desse tipo de mulher, ele usa o recurso para desviar o foco do que realmente está acontecendo.

8) Você é workaholic
Se você está trabalhando longas horas e nunca está disponível, em algum momento ele vai se sentir negligenciado, disse Jane. Se as circunstâncias não podem ser evitadas, compense durante seu tempo livre. Mesmo se você tiver apenas um dia por semana livre, use esse dia para priorizar seu relacionamento. Reserve o sábado à noite, por exemplo, como aquela data “não-negociável” para vocês se aconchegarem no sofá pra assistir um filme. Fale abertamente e frequentemente sobre quando você estará disponível para ele e quanto tempo essa “ausência” vai durar. Se você não fizer isso, ao longo do tempo, ele pode acabar te traindo sob o pretexto do seu "abandono".

9) Você não se orgulha da sua aparência
Não cuidar de você dá a sensação de desinteresse. Segundo Carole Lieberman, autora do livro “Bad Girls: Why Men Love Them & How Good Girls Can Learn Their Secrets”, os homens podem traduzir sua falta de interesse como uma ameaça a sua auto-estima. “Mulheres traídas geralmente começaram a usar o banheiro, soltar gases e depilar o buço na frente do parceiro”, acrescentou Carole.

10) Você coloca as crianças em primeiro lugar. Sempre.
Se você nunca dá prioridade para o seu marido, ele vai acabar buscando alguém que dê. Um consenso entre muitas mulheres que foram traídas é que o relacionamento pode esperar, enquanto seus filhos crescem e as coisas ficam mais fáceis, de acordo com Antoniette Coleman, psicoterapeuta e coach de relacionamento em McLean, nos EUA. Mas na realidade não pode. “Quebre esse ciclo aprendendo a ser uma boa mãe suficiente”. Isso, apenas o suficiente.

Em toda parte...

As greves vermelhas
O que fazer com os motoristas de ônibus que instalaram o caos e deixaram milhões à deriva?

O governo Dilma não é o primeiro nem será o último “governo dos trabalhadores” a ser desafiado com violência e ódio pelos próprios trabalhadores. Nada como uma semana depois da outra para rever, na real, o ânimo de uma população que não é a “crescente classe média”. 
Tampouco é o black bloc universitário que curte grifes ou o rebelde sem causa. Nem o aposentado, que sofre em casa mesmo.

Os grevistas e manifestantes que ameaçam parar o país e levar o inferno a todos nós – incluindo Dilma, Lula, Gilberto Carvalho e companhia – são, quem diria, os “companheiros”. Sim, porque o Brasil foi assumido há 12 anos não por um metalúrgico, mas por um líder sindicalista combativo, de imenso carisma.

Os companheiros deveriam estar nas ruas em alegres passeatas com a bandeira do Brasil, em pré-torcida pela Seleção. Mas não. As bandeiras são vermelhas, mas a estrela desbotou. Diante da selvageria das recentes paralisações e passeatas, fica claro que a turba ali não está a fim de “ordem e progresso”. Quer aumentos salariais acima da inflação, que reponham as perdas. “Se não parar no ano da Copa, quando vamos conseguir aumento?”, gritou para as câmeras um motorista de ônibus.

Carvalho chamou os grevistas de sabotadores. Haddad chamou a turma de “guerrilha”. O que fazer com os motoristas e cobradores de ônibus que instalaram o caos em São Paulo e deixaram milhões ao relento e à deriva? Como lidar com esses guerrilheiros urbanos? Multa? Prisão? 

O que acontecerá com os companheiros que rejeitaram a negociação do sindicato, furaram pneus dos ônibus, tiraram as chaves, bloquearam as avenidas, retiraram passageiros de todas as idades de dentro de ônibus, como se fossem sequestradores comuns? Colocaram a cidade de São Paulo de joelhos.

E Lula? Como ele disse achar “uma babaquice” a preocupação de ter metrô até a porta dos estádios, porque brasileiro “vai a pé, descalço, de bicicleta, de jumento, de qualquer coisa”, o que deve ter pensado quando milhares de mulheres e homens sofridos precisaram caminhar para o trabalho e de volta para casa? 

Lula chegou a dizer a blogueiros que a Copa será o momento de o país “mostrar sua cara”. “Esconder pobre está fora de cogitação”, afirmou. Aguardo a reação oficial à onda de greves de trabalhadores ingratos que antes aplaudiam Dilma.

O coordenador dos sem-teto, Guilherme Boulos, afirma: “Queremos trazer a Copa para os trabalhadores. Empresários e a Fifa tiveram seu pedaço do bolo. O trabalhador agora quer sua fatia”. 

E ameaça um “junho vermelho” se tentarem remover as famílias que invadiram o terreno da construtora Viver, na Zona Leste de São Paulo: “Se a opção da construtora e dos governos for tratar a questão como um caso de polícia e buscar garantir posse, haverá resistência. Se querem produzir uma Copa com sangue, essa é a oportunidade que eles têm”. “Eles” quem?

Será que Boulos se refere aos companheiros Lula e Dilma, que prometeram tudo pelo social e resgataram tantos milhões de brasileiros da extrema pobreza? É prudente o PT parar de culpar a “imprensa conservadora”, o “mau humor” e a “nuvem negra”. 

É melhor começar a ouvir os movimentos sociais. Que divórcio litigioso é esse entre o PT e trabalhadores? Nem os programas de televisão nem os marqueteiros conseguem provar a essas categorias todas – médicos, professores, motoristas – que o PT está do lado do povo?

Ninguém de bom-senso pode ser a favor das cenas vistas em São Paulo nos últimos dias. Sou a favor do direito de greve – um direito garantido pela Constituição e pela democracia. Não é crime uma categoria tirar proveito de um momento estratégico para fazer reivindicações trabalhistas justas.

Por que controladores aéreos franceses param no verão europeu? O mesmo se pode dizer dos trens e metrôs em Londres. Por que se interrompe a coleta de lixo quando o calor é maior na Europa? 

O objetivo de uma categoria insatisfeita é provocar o maior estrago possível para aumentar o poder de barganha. Mas, até para convocar um movimento trabalhista legítimo, é preciso um mínimo de civilidade para angariar apoio. O que vimos foi ignorância, crueldade e bandidagem.

O pano de fundo das greves vermelhas pré-Copa chega a ser irônico, num país governado pelo PT há 12 anos. As bandeiras são: “Moradia digna. Educação digna. Saúde digna. Transporte digno”. Ouvi isso da boca de uma manifestante dos sem-teto em São Paulo.

Qualquer estrangeiro que chegue desavisado ao Brasil e depare com multidões de manifestantes exigindo esses quatro direitos básicos de cidadania, todos associados à palavra “dignidade”, pode perguntar. “O que aconteceu? É a direita que governa agora o país?” Não, é Dilma, com Lula.
Dá medo? Ou esperança?

Safadeza...

O clube dos encoxadores
O que passa pela cabeça dos caras que atacam as mulheres no transporte público?

Vocês se lembram do caso do homem foi preso em São Paulo ao tentar violentar uma moça dentro de um trem urbano, não? Aconteceu faz uns três meses. A moça chegou à delegacia com o braço machucado e a calça rasgada. Estava suja de sêmen do sujeito, um estudante de administração. “Não me aguentei”, ele disse ao delegado. 

A polícia contou, depois, que antes de atacar a moça, o cara lia uma página do Facebook em que tarados deixam comentários sobre os melhores locais e horários para se esfregar em mulheres no transporte público. É o clube dos encoxadores.

Ontem tentei descobrir o que aconteceu com o estudante preso em flagrante, mas não há mais notícias sobre ele. O caso sumiu, como as coisas somem na internet depois que o público de desinteressa por elas. O problema dos encoxadores, porém, continua.

Qualquer um que respeite as mulheres oscila entre o ódio e o desprezo por esse tipo de sujeito. Imagine a sua mulher, a sua namorada, sua filha de 14 anos num trem lotado e, atrás dela, babando, um escroto se aproveitando da situação. Se a mulher for boa de briga e destemida, pode rodar a baiana e se livrar do canalha. 

Mas nem todas são assim. Muitas se amedrontam com a situação ou protestam timidamente, e acabam insultadas pelo agressor. Um trem lotado às 7 da noite, cheio de homens, pode não ser o lugar mais acolhedor do mundo para as queixas femininas. É por isso que existem, na Índia e no Rio de Janeiro, vagões exclusivos para as mulheres. Eles representam a admissão de uma derrota da civilização, mas podem ser uma forma de combater o problema. É caso a se pensar.

Mas difícil é lidar com o clube dos encoxadores da internet. A polícia diz que há uns 40 sites em que eles trocam vídeos e comentários sobre o que fazem. Um deles tinha 12 mil frequentadores.
Um mês antes de ser preso em flagrante, o estuprador de São Paulo deixou depoimentos no Facebook em que dividia com outros tarados a sua excitação em circular por trens e metrôs da cidade, se esfregando nas mulheres. “Encoxadas viciam. Consensuais, mais ainda. Meu tesão está incontrolável”, ele escreveu. Eu, que desconfio das palavras, gostaria de entender o que esse tipo de personalidade chama de “consensual”. Agarrar pelo braço até machucar, rasgar as calças da moça e gozar nas costas dela como um bicho, no meio de um lugar público, seria consenso? Como ele foi pego, certamente não. Mas, se tivesse escapado, poderia voltar ao Facebook para se gabar de ter achado uma “encoxatriz” sensacional no trem da CPTM. Quem poderia desmenti-lo?
Também me preocupo com quem frequenta esse tipo de página da internet. Não se trata de grupos em que homens e mulheres combinam para se esfregar nos vagões dos trens. Contra isso não haveria nada a dizer. Encontros sexuais que a maioria das pessoas acharia esquisito ocorrem o tempo todo, em toda parte do mundo. A única regra universal é que são produto de um acordo entre duas ou mais pessoas, e ocorrem de forma totalmente voluntária. O que acontece no site dos encoxadores nada tem a ver com isso. São apenas homens discutindo onde emboscar as mulheres e como desfrutar do corpo delas. É uma conversa de predadores. O sujeito que tentou estuprar a moça no trem da CPTM punha seu nome de batismo no Facebook e informava o seu estado civil. Devia achar normal o que dizia. Não houve ninguém para avisar que ele estava louco, que aquilo que ele fazia era inaceitável, que poderia ser preso, como foi. Seus colegas de página curtiam os posts e escreviam comentários de incentivo. Por quê?

Pode-se partir do princípio de que todos os visitantes desse tipo de sites são também estupradores, mas eu duvido. Se pudesse apostar, diria que a maioria é formada por masturbadores inofensivos que vivem num planeta moral que orbita ao lado do nosso. É também o planeta de um tipo de fetichista que extrai prazer de roçar intencionalmente nas mulheres, sem o consentimento delas, especialmente em lugares públicos. Os homens que têm esse tipo de desvio sexual são chamados de frotteristas, palavra que vem do verbo francês frotter, que quer dizer raspar. Alguns psicólogos consideram isso uma patologia, outros, não. O código penal brasileiro diz que é crime.

Para a mulher que está no ônibus e se sente fisicamente prensada por um homem excitado, não interessa se é um velho fetichista ou um adolescente idiota que está seguindo as recomendações de um amigo espertalhão. Importa que ela posse gritar bem alto e que o cara saiba que, se não sair correndo, vai ser levado à polícia e fichado. Importante, também, é as pessoas que participam desses grupos de molestadores na internet saberem que estão sendo monitoradas pelas autoridades. Numa noite qualquer de quarta-feira, um carro de polícia pode parar na porta da casa delas e levá-las para serem indiciadas. É só uma questão de tempo antes que isso aconteça e que um monte de encoxadores e filmadores vire notícia no Fantástico. Quando isso acontecer, será uma pequena vitória das mulheres sobre os tarados – e da civilização sobre a barbárie.

Agenda: dia 25 de junho, 9h05 - 01 cesária do dia....

O delírio da cesariana

Nos hospitais privados, 88% dos bebês nascem por cirurgia. As operações agendadas criam uma geração de quase prematuros. Essas e outras revelações do maior estudo sobre parto já realizado no Brasil

O brasileiro nasce mal. Em uma frase, essa é a síntese da maior pesquisa sobre parto já realizada no país. A pesquisa Nascer no Brasil está sendo divulgada pela Fiocruz e pelo Ministério da Saúde numa coletiva de imprensa que começou agora no Rio de Janeiro. Esta coluna antecipa o resultado completo e analisa os dados.

Foram entrevistadas 23.894 mil mulheres atendidas em maternidades públicas, privadas ou conveniadas ao Sistema Único de Saúde (SUS). Os dados foram coletados entre fevereiro de 2011 e outubro de 2012 em 266 hospitais de 191 municípios. Todas as capitais foram incluídas, além de cidades do interior de todos os Estados.

O elevado índice brasileiro de cesarianas não dá sinais de declínio. Todos os anos, quase um milhão de mulheres são submetidas a um parto cirúrgico, sem indicação médica adequada. A cesariana foi realizada em 52% dos nascimentos. Nos hospitais privados, 88% dos bebês nasceram dessa forma. A opção pela cirurgia foi alta (42%) até mesmo em adolescentes.

São números muito distantes da recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS). Segundo a entidade, partos cirúrgicos devem ocorrem entre 10% a 15% dos nascimentos. As cesarianas deveriam ser exceção. Um recurso importante, reservado aos casos em que há risco para a mãe ou para o bebê.

“Não há justificativas clínicas para um percentual tão elevado no Brasil”, diz a epidemiologista Maria do Carmo Leal, coordenadora do estudo. “Essas cirurgias expõem as mulheres e os bebês a riscos desnecessários e aumentam os gastos com saúde”.

Quase 70% das entrevistadas desejava ter um parto vaginal no início da gravidez, mas poucas foram apoiadas nessa decisão no decorrer da gestação. Segundo a pesquisadora, a mudança não pode ser explicada pelo surgimento de problemas e complicações em todos os casos. Muitos obstetras preferem agendar cesarianas por uma questão de conveniência ou convicção.

Não é raro encontrar, na classe média, mulheres que mudam de médico cinco vezes até conseguir fazer o acompanhamento da gestação com um profissional que valoriza o parto normal. Essa dificuldade levou ao fenômeno crescente das mães que optam por ter seus filhos em casa, com a ajuda de enfermeiras. Não é uma opção livre de riscos, assim como toda internação hospitalar.

“Os médicos têm responsabilidade no alto índice de cesarianas, mas não só eles”, diz Maria do Carmo. “Muitas mulheres acham que a cirurgia é um método seguro e confortável. Dá até para programar a data da festa”, afirma. “Elas precisam entender quais são os riscos dessa decisão”.

O medo do parto normal                                     

Entre as mulheres que escolheram a cesariana desde o início, a principal razão apontada no estudo foi o medo da dor. “Isso ocorre porque o parto normal oferecido no Brasil ainda é muito ruim”, afirma Maria do Carmo.

No Reino Unido, país reconhecido pelo incentivo ao parto vaginal, as mulheres ficam livres durante o trabalho de parto. São estimuladas a andar, podem subir e descer escadas quando se sentem confortáveis para fazer isso, recebem massagens, entram numa banheira.

“No Brasil, colocam um cateter na veia com oxitocina (hormônio que acelera o nascimento) e deixam a pessoa deitada”, afirma a pesquisadora. “É um desrespeito ao corpo, aos sentimentos e à vontade da mulher”. Muitas pedem anestesia porque o parto dói. O SUS oferece esse recurso. O que falta é o anestesista...

Uma epidemia de quase prematuros

O agendamento das cirurgias antes do trabalho de parto, tão comum nos hospitais privados, leva a outro problema: a elevada proporção de bebês no limite da prematuridade. No estudo, 35% das crianças nasceram com 37 ou 38 semanas de gestação. Não são considerados prematuras segundo a OMS, mas poderiam ganhar mais peso e maturidade se tivessem a chance de chegar a 39 semanas ou mais de gestação

Trata-se de uma epidemia silenciosa. Em geral, esses bebês recebem alta sem nenhuma complicação grave aparente. Isso pode dar a falsa impressão de que nascer antes de 39 semanas não trará nenhum impacto negativo. No entanto, alguns estudos demonstram que essas crianças são mais frequentemente internadas em UTI’s durante os primeiros dias de vida. Essa prática eleva o risco de complicações e morte.

O desenvolvimento de um bebê guarda alguma semelhança com o de uma planta. Não há como saber em que exato momento ele estará maduro. Alguns ficam prontos com 37 ou 38 semanas. Outros com 40. Outros, só com 42. Há uma variação biológica individual.

Nas cesáreas agendadas, os bebês podem ser retirados do útero antes da hora certa. Na vida intrauterina, as últimas semanas são dedicadas ao trabalho de acabamento mais fino. É quanto a pele é preparada para se adaptar à pressão atmosférica. Os pulmões adquirem a capacidade de abrir. A tolerância ao barulho e à luz se desenvolve.

“Retirar um bebê do útero antes da hora é uma violência. É como arrancar uma planta da terra. A fruta nunca vai ficar doce”, diz Maria do Carmo. Não se sabe se essa prática tão disseminada pode provocar danos futuros, mas alguns estudos sugerem que podem ocorrer perdas cognitivas e outras habilidades. 

A proporção de nascimentos prematuros (antes de 37 semanas) encontrada no estudo Nascer no Brasil foi de 11,5%. É uma proporção 60% superior à verificada na Inglaterra e no País de Gales.

Outros dados importantes:
• Cerca de 30% das entrevistadas não desejaram a gestação. 9% ficaram insatisfeitas com a gravidez e 2,3% relataram ter tentado interrompê-la.

• 60% das gestantes começaram a fazer o acompanhamento pré-natal tardiamente, após a 12a semana gestacional. Cerca de um quarto delas não recebeu o número mínimo de seis consultas recomendado pelo Ministério da Saúde.

• 41% das mulheres não sabiam em qual maternidade teriam o bebê. A Lei 11.634, de 2007, determina que toda gestante tem o direito de saber, durante o pré-natal, onde o filho nascerá.

• Quase um quinto das mulheres peregrinou por hospitais durante o trabalho de parto. Elas não conseguiram ser admitidas na primeira maternidade porque faltavam médicos, materiais e equipamentos.

• Práticas inadequadas continuam a ser aplicadas aos recém-nascidos saudáveis na sala de parto. A aspiração de vias aéreas superiores ocorreu em alto percentual. Variou de 62% no Nordeste a 77% no Sudeste.

• O índice de mortalidade materna é incompatível com o nível de desenvolvimento social e econômico do país. Em 2010, ocorreram 62 óbitos maternos para 100 mil nascidos vivos.

• A depressão foi detectada em 26% das mães entre 6 e 18 meses após o parto. Grupos nos quais a doença foi mais frequente: mulheres de baixa condição social e econômica; pardas e indígenas; mulheres sem companheiro; mães que não desejavam a gravidez ou já tinham três ou mais filhos.

Com esse diagnóstico detalhado, as discussões sobre a excessiva medicalização da vida no Brasil podem ocorrer sobre bases mais sólidas. Nascer é um ato biológico. Pelos mais diversos desvios, interesses e mudanças culturais, ele foi transformado em ato médico e em ato cirúrgico.

“Alguns médicos dizem que somos hippies porque defendemos o parto normal, mas não estamos inventando nada nem perseguindo ninguém”, diz Maria do Carmo. A redução dos partos cirúrgicos é uma tendência nos países ricos. Até recentemente, o índice de cesáreas nos Estados Unidos era de 33%. Graças a uma recomendação do Colégio Americano de Obstetrícia, a taxa caiu para 26%.

O Brasil segue na contramão. Nosso índice assustador (88% nos hospitais privados !!!) é o exemplo mais evidente do mau uso de um importante recurso médico. Excesso de intervenções não significa bom acesso à medicina. Significa desperdício subdesenvolvido e delírio coletivo.

Mais e mais...

As denúncias de vínculos entre empreiteiras e o ex-diretor da Petrobras

Provas obtidas por ÉPOCA revelam que dezenas de empreiteiras com contratos na Petrobras pagaram milhões – no Brasil e na Suíça – a Paulo Roberto Costa e a seu parceiro, o doleiro Alberto Youssef

LIBERTADO Depois de tentar destruir provas e ser preso, Paulo Roberto Costa foi solto. Isso reduz a velocidade e a eficácia das investigações

"Nunca quis ser mais um”, disse o diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, em novembro de 2011, pouco antes de encerrar seus oito anos à frente do cargo e de se aposentar com 35 anos na estatal. 

Foi apeado, em seguida, por decisão da presidente Dilma Rousseff – para desespero do consórcio entre PP, PMDB e PT, que o bancava politicamente, com o aval do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Nunca desisti dos meus sonhos. Abracei todas as minhas chances”, disse. Ninguém duvida. 

A capacidade de Paulo Roberto em realizar seus sonhos – e de contribuir para os sonhos dos outros – tornou-se dolorosamente pública com a Operação Lava Jato, em que ele foi preso. Paulo Roberto é acusado de comandar, ao lado do doleiro Alberto Youssef, um esquema de corrupção na Petrobras. 

Não era, como revela a íntegra das provas da Lava Jato, obtida por ÉPOCA com exclusividade há duas semanas, apenas mais um esquema de corrupção na Petrobras. Era o esquema dos sonhos dele – um pesadelo para os brasileiros. Um esquema com mais clientes, mais dinheiro e mais ramificações, políticas e empresariais, do que se supunha até agora.

O imenso acervo das investigações da Lava Jato contém as provas inéditas que demonstram essa dimensão. A Polícia Federal encontrou as principais evidências quando fez apreensões num dos escritórios de Youssef e, especialmente, na casa de Arianna Bachmann, uma das filhas de Paulo Roberto. 

No caso dela, as provas estavam num notebook escondido no porta-malas do carro. Arianna era a principal funcionária de Paulo Roberto. Registrava em detalhes os negócios da família. Num dos escritórios de Youssef em São Paulo, a PF encontrou um arquivo com milhares de papéis. Eles trazem indícios de dezenas de episódios de corrupção, em muitos Estados e órgãos públicos. 

Eles se espelham perfeitamente com os registros sobre a Petrobras encontrados no computador de Arianna. Esses arquivos secretos revelam, entre outras coisas, que:

• Paulo Roberto chegou a ter 81 contratos, todos com fornecedores da Petrobras, quando saiu da estatal e montou sua empresa de consultoria. Há provas de que ele recebeu milhões de 23 empreiteiras, na maior parte das vezes sem prestar, segundo sugerem os documentos, qualquer serviço;

• o principal cliente de Paulo Roberto, segundo as provas da PF, era a empreiteira Camargo Corrêa. Ela liderava o principal consórcio das obras de R$ 20 bilhões da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. Paulo Roberto comandara essas obras e presidia o Conselho de Abreu e Lima. Grande parte dos clientes que repassaram dinheiro à empresa dele trabalhava nessas obras;

• Paulo Roberto recebeu, em dinheiro vivo segundo a PF, o equivalente a R$ 6,4 milhões de Youssef e R$ 2,4 milhões do lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, em reais, dólares e euros. Baiano o ajudava a fechar negócios com as empreiteiras e a manter boas relações com parlamentares do consórcio que o mantinha na Petrobras; e

• Youssef, o sócio de Paulo Roberto, mantinha uma subconta na Suíça em nome da principal subcontratada pela Camargo Corrêa para serviços na Abreu e Lima, a Sanko. Outra subconta de Youssef na Suíça recebia milhões de subsidiárias internacionais de empreiteiras brasileiras, entre elas a OAS.

Todas essas provas foram enviadas ao Supremo Tribunal Federal há dez dias, logo após o ministro Teori Zavascki suspender as investigações da Lava Jato e mandar soltar Paulo Roberto. Não se sabe quando os ministros do Supremo decidirão o que fazer com o caso. Quanto mais tempo demorar, menores as chances de que delegados e procuradores avancem nas investigações. 

Paulo Roberto, é bom lembrar, foi preso porque sua família foi flagrada tentando destruir provas. Antes que os processos, que corriam no Paraná, fossem suspensos, Youssef e ele já eram réus, acusados de lavar dinheiro desviado, segundo denúncia do MPF, do contrato do consórcio da Camargo Corrêa em Abreu e Lima. Nesta semana, o Congresso finalmente criou uma CPI mista para investigar a Petrobras. As provas da Lava Jato oferecem aos parlamentares um bom roteiro de trabalho.

Sai o diretor, entra o consultor.  

Num dos arquivos do computador de Arianna, a PF encontrou notas fiscais da Costa Global, empresa de consultoria da família, emitidas entre outubro de 2012 e fevereiro deste ano. Somam R$ 7,5 milhões, divididos entre duas dezenas de empresas – quase todas empreiteiras. A maior parte do dinheiro foi paga pela Camargo Corrêa: R$ 3,1 milhões. A Camargo fazia pagamentos mensais de R$ 100 mil. Em dezembro de 2013, fez o último e maior depósito: R$ 2,2 milhões. A Camargo diz que contratava a Costa Global para “fazer estudos”.

Arianna mantinha planilhas atualizadas com os contratos da Costa Global. Continham nomes de contatos e valores a receber. Se a Costa Global chegou a ter 81 clientes, por que há notas fiscais de apenas 23? Como Paulo Roberto recebia pelos demais? Era o que a PF tentava descobrir. 

A investigação traz evidências de que Paulo Roberto, como qualquer lobista, recebia um percentual do negócio obtido para seus clientes, conhecido como “taxa de sucesso”, do inglês “success fee”, um eufemismo para aquilo que todos conhecemos como propina. O caso da Camargo, segundo os registros da filha de Paulo Roberto, resume bem a situação: “O success fee será negociado separadamente para cada negócio”.

DO OUTRO LADO
Depois de contratar empresas para prestar serviços à Petrobras, Paulo Roberto Costa passou a ser consultor delas. É o caso da Camargo Corrêa, que comanda a construção da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco.

O estranho, segundo os investigadores, é a existência de contratos que não previam taxa de sucesso. Sem essa cláusula, o trabalho de lobby não faz sentido. Cruzando os nomes das empreiteiras que fizeram contratos nesses moldes com as anotações de Paulo Roberto, a PF chegou à suspeita de que eles se referiam, na verdade, à propina dos tempos em que ele ainda era diretor da Petrobras. 

Há indícios de que se referiam a acertos de contas. É o caso de contratos com empreiteiras como Engevix, Iesa, Queiroz Galvão e, num dos casos, também da Camargo. No caso da Queiroz, uma anotação da agenda de Paulo Roberto menciona o pagamento de R$ 600 mil. 

Metade para ele; a outra metade para o “partido”. Em março de 2013, meses depois dessa anotação, a Queiroz Galvão fechou um contrato de seis meses com a Costa Global para pagar R$ 100 mil mensalmente – mesmo valor anotado à mão na agenda de Paulo Roberto.

Num dos escritórios de Youssef em São Paulo, a PF apreendeu extratos de uma conta controlada por ele no banco PKB,  na Suíça. O PKB é um banco conhecido por aceitar qualquer tipo de cliente – de traficantes a políticos condenados por corrupção. 

Entre outras transações consideradas suspeitas pela PF, os extratos revelam que, em 2013, a OAS African Investments, empresa internacional do grupo OAS, sediada no paraíso fiscal das Ilhas Virgens Britânicas, transferiu US$ 4,8 milhões para a conta de Youssef no PKB. Foram três depósitos de US$ 1,6 milhão, entre maio e julho.

Os documentos revelam que Youssef abrira, por meio de laranjas, uma subconta no mesmo PKB em nome da Sanko, empresa que mais recebera da Camargo por serviços nas obras da Abreu e Lima. Essa subconta tinha limite de US$ 1,4 milhão. 

Entre janeiro e fevereiro de 2014, ela recebeu cerca de US$ 1,1 milhão. Não há informação sobre quem depositou o dinheiro. Em seguida, Youssef transferiu grande parte dos recursos para contas em Hong Kong, também controladas por laranjas. 

Foram tantos os documentos da Sanko apreendidos com Youssef que os investigadores suspeitam que ele seja o dono da empresa. Entre 2009 e 2013, a Sanko recebeu R$ 113 milhões do Consórcio CNCC, liderado pela Camargo, por “serviços” em Abreu e Lima. E repassou R$ 32 milhões a uma empresa de Youssef.

As contabilidades de Youssef e Paulo Roberto são siamesas. Se Youssef registrava um pagamento a Paulo Roberto, Paulo Roberto registrava um depósito de Youssef. Em 8 de agosto de 2012, as planilhas dos dois trazem um pagamento de R$ 450 mil a Paulo Roberto. Dez dias depois, Paulo Roberto depositou R$ 120 mil, em espécie, na conta do advogado Eduardo Gouvêa. Gouvêa, dizem os papéis, é parceiro de negócios de Paulo Roberto.

No mesmo período, em 13 de agosto de 2012, Youssef anotou ter recebido R$ 1 milhão associado ao nome “Refap”, correspondente à décima e à décima primeira prestação de um total de 20 parcelas de R$ 500 mil – ou R$ 10 milhões. 

Duas semanas antes, a Petrobras oficializara a compra da Refinaria Alberto Pasqualini, no Rio Grande do Sul, conhecida como Refap. Até então, a Refap era uma sociedade entre a Petrobras e a espanhola Repsol. 

Em dezembro de 2010, quando Paulo Roberto ainda era diretor de Abastecimento, a Petrobras comprara a parte da Repsol por US$ 850 milhões. “Para a Petrobras, isso é importante porque não tínhamos possibilidade de ter uma sinergia completa entre a Refap e o sistema Petrobras, porque, sendo um consórcio, tinha uma posição diferente dentro da estrutura gerencial da empresa. 

Voltando a ser 100% da Petrobras, isso se refletirá em benefícios grandes para nós, em termos de atendimento do mercado e de colocação de petróleo nacional”, disse Paulo Roberto na ocasião. As duas parcelas de R$ 500 mil da “Refap” foram registradas como “entradas” de Youssef na planilha de Paulo Roberto. A PF suspeita que se trate de propina.

O advogado Gouvêa afirmou que recebeu o depósito de R$ 120 mil em dinheiro porque vendeu um barco, “por acaso”, a Paulo Roberto Costa. “Ele me confirmou o depósito na conta, e emiti o documento de venda dessa embarcação. Nem imaginava que tinha sido feito em dinheiro”, diz Gouvêa. Reuniões com Gouvêa são mencionadas na agenda de Paulo Roberto. 

Ele afirma que é amigo de Humberto Mesquita, ou Beto, genro que cuida da contabilidade de Paulo Roberto. “Conheço eles desde 1997, fui ao casamento dele (Humberto) com a filha do Paulo Roberto”, diz Gouvêa. “A gente fazia muita reunião, e às vezes Paulo Roberto estava presente. Humberto me pedia auxílio na área da advocacia. 

Mas era um auxílio assim, vamos dizer, de amigo. Porque nunca efetivamente cobrei nada pelos serviços que prestei a ele. Nunca tive uma relação contratual.” Gouvêa afirma não ter “relação próxima” com o lobista Fernando Baiano: “Fernando Baiano... Conheço de nome”.

A conexão com FB

As negativas das empreiteiras são abundantes. Muitas admitem ter firmado contratos com Paulo Roberto. Dentre elas, todas afirmam que nada deu certo, e o respectivo contrato foi logo desfeito. A acreditar no que dizem, Paulo Roberto era um fracasso como lobista, embora recebesse milhões pelos contratos.

Em nota, a Camargo Corrêa afirma que a Costa Global foi contratada para “desenvolver estudos nas áreas de óleo e gás, dentro da mais absoluta legalidade”. Não quis informar valores nem datas de pagamentos. 

O consórcio CNCC, controlado pela Camargo e responsável pelas obras em Abreu e Lima, afirma que “não tem e jamais teve qualquer relação com essas pessoas ou empresas citadas”.

A Sanko-Sider diz, também em nota, que “não tem nem nunca teve conta no exterior”. Admite ter contratado a Costa Global “para a prestação de serviços de consultoria relacionados à venda de projetos”, embora não informe quanto pagou a Paulo Roberto. 

“O contrato foi rompido de forma amigável após curto período, tendo em vista a inexistência de resultados”, diz a Sanko. “Os contratos das empresas do grupo Sanko são estritamente legais e comerciais.”

A Iesa admite ter pagado R$ 300 mil à Costa Global. “Foram realizadas diversas reuniões com a Costa Global e com empresa de engenharia conceitual, e identificados potenciais parceiros fornecedores de tecnologia para o fornecimento de minirrefinarias modulares”, diz a Iesa, sem mencionar se os negócios deram certo. 

A GDK é a única empreiteira que confirma ter contratado Paulo Roberto para obter negócios e ter se disposto a pagar taxas de sucesso. Forneceu detalhes dos pagamentos à Costa Global. 

Diz que nenhum negócio prosperou e, diante disso, resolveu cancelar o contrato. “A GDK solicita que seja mencionada sua perplexidade com a associação do seu nome à referida Operação Lava Jato”, afirma. E nega qualquer irregularidade.

A Engevix afirma apenas que teve contrato com a Costa Global, sem dar maiores explicações. O lobista Fernando Baiano e as empreiteiras Andrade Gutierrez e Queiroz Galvão – as duas cujos diretores, segundo os papéis da PF, mantinham relações próximas com Baiano – preferiram não se manifestar. 

O advogado de Youssef, Antonio Figueiredo, afirma que seu cliente não tem qualquer vínculo com empreiteiras, não recebeu dinheiro delas e não tem contas no exterior. O advogado de Paulo Roberto não respondeu ao pedido de entrevista de ÉPOCA até a publicação desta reportagem.

Alerta aos incautos...


Manual da Copa para todos os gostos (e desgostos)

Vai torcer na rua, em casa ou no motel? A favor do Brasil, contra ou muito pelo contrário? Ou quer distância disso tudo? ÉPOCA traz a solução
A Seleção Brasileira treina na Granja Comary, em Teresópolis. 

Torcedores e atletas estrangeiros começam a desembarcar no país, operários removem tapumes de aeroportos e estádios. Parece que teremos mesmo uma Copa do Mundo no Brasil. Agora que a mais polêmica de todas as Copas é inevitável, a menos de duas semanas do jogo de abertura, é hora de se preparar. 

Para a festa ou para o protesto, nos estádios ou nas ruas, na vitória magra ou na vitória por goleada – o brasileiro não aceita outra opção. Entre a abertura no Itaquerão, no dia 12, em São Paulo, e a final, em 13 de julho, no Rio de Janeiro, o Brasil viverá 32 dias inesquecíveis. O país do futebol será oficialmente, pela primeira vez em mais de 50 anos, O País do Futebol do Mundo Todo. Você está pronto?

1. Para quem vai ao estádio
Antes de tudo, parabéns. Mais de 6 milhões de brasileiros inscreveram-se para comprar um ingresso – e você conseguiu. Agora, aproveite. Para começar, prepare o bolso. O churrasquinho padrão Fifa não chega a ser tão caro quanto o ingresso, mas assusta: R$ 15. Lembre-se de deixar a caxirola em casa. 

O ex-instrumento oficial da Copa, apresentado ao país pela presidente Dilma Rousseff, foi banido dos estádios – alguém descobriu que levar um desses na cabeça é bastante desagradável. Substitua a caxirola por seu próprio gogó. 

O Hino Nacional, cantado a plenos pulmões, foi a melhor coisa da Copa das Confederações, em 2013, e deverá se repetir na Copa do Mundo. Capriche a partir de “Formoso céu, risonho e límpido”, quando as câmeras de TV desistem dos jogadores e passam a perseguir torcedores como você. Pega mal ser exposto no telão do estádio – e em TVs do mundo todo – de boca fechada ou embromando.

 2. Para quem quer festejar
A ideia das fan fests, organizadas pela Fifa em cada cidade sede, com telões gigantes e pique de comemoração, é reproduzir fora das arenas o clima de estádio – e muito mais. A festa terá shows ao vivo e mais de uma centena de barracas, com comidas típicas e artesanato local. 

Entre os artistas, Erasmo Carlos, Skank e Jota Quest. A segurança é reforçada, e há banheiros móveis. Há “espaço kids” para pais que querem cuidar dos filhos e não perder faltas, lances duvidosos ou cobranças de pênalti. No site da Fifa, estão os locais das fan fests nas 12 cidades e sua programação completa.

3. Para quem quer folia barata
Quer colorir seu bairro? Reúna pincéis e latas de tinta. Para preservar a pintura, que sai facilmente com a passagem dos carros, o ideal é decorar a rua na véspera do primeiro jogo. As festas de rua são a forma mais antiga e tradicional de entrar no clima da Copa e de gastar pouco – enquanto uns atacam com os pincéis, os vizinhos cuidam para não faltar cerveja gelada e petiscos. 

Há outras opções de folia barata. Os blocos de rua, como na Vila Madalena, em São Paulo, ou na Rua Alzirão, no Rio, reúnem festeiros gringos e locais no pique de Carnaval. Na praia, atenção para a programação dos quiosques nos calçadões. Dá para comemorar gastando pouco. Cuidado apenas para não exagerar. A Copa dura um mês inteiro!

Mais uma etapa superada...