Revolução
Russa – 1917
A Revolução
Russa é um dos principais acontecimentos do século XX. Ocorrida no ano de 1917,
podemos afirmar que essa revolução é “filha” da Primeira Guerra Mundial
(1914-1917), isto é, nasceu da crise política e social gerada pela atmosfera
catastrófica da “Grande Guerra”.
Sabemos que o modelo de ideias políticas que
orientou os revolucionários russos foi o comunismo, desenvolvido pelos alemães
Karl Marx e Friedrich Engels. Portanto, a Revolução Russa foi a primeira revolução
comunista da história. Para compreendermos o porquê de uma revolução comunista
ter se desenrolado na Rússia, e não em outro país, é necessário que saibamos
como o principal nome na Revolução de 1917, Vladimir Lenin, interpretou Marx.
Karl Marx
defendia a tese de que um efetiva revolução de viés comunista só seria possível
em uma nação que tivesse um elevado desenvolvimento industrial e uma grande
concentração de riqueza (tal como a Inglaterra do século XIX). Isso porque, em
uma nação muito desenvolvida, seria mais fácil ocorrer a expropriação dos meios
de produção, o que acabaria viabilizando, segundo Marx, uma sociedade sem
classes.
O russo
Vladimir Lenin absorveu as ideais de Marx, porém rejeitou a perspectiva de que
o comunismo só teria triunfo em uma nação com alto desenvolvimento tecnológico.
Para Lenin, a experiência revolucionária poderia ser empregada em uma nação
eminentemente rural e semifeudal, como o Império Russo. Uma revolução em um
país agrário e tecnologicamente atrasado seria estrategicamente eficaz, pois
essa nação poderia modernizar-se dentro dos padrões do comunismo.
Nesse
contexto, a nação seria diretamente controlada pelo poder central delegado aos
dirigentes do Partido Comunista, o que “aceleraria” o processo revolucionário.
Além disso, a Primeira Guerra, iniciada em 1914, provocaria, segundo Lenin, a
falência do imperialismo europeu, fato que daria brechas para uma revolução de
proporções globais, com vários focos ao mesmo tempo.
Boa parte
dessas premissas leninistas foram gestadas ainda em 1905, quando houve a
primeira tentativa revolucionária na Rússia, na época da guerra entre o Império
Russo e o Império Japonês. Nessa época, houve muitos focos de greves e
rebeliões populares, fato que deu origem ao Partido Operário Social-Democrata
Russo (POSDR), que ficou polarizado entre bolcheviques e mencheviques.
Esses
últimos tinham como líderes principais Plekhanov e Martov, mantinham uma
postura política alinhada à social-democracia e levavam em conta o fato de que
mais importante que acelerar o processo revolucionário era, naquele momento,
desenvolver o capitalismo na Rússia, tirando-a do atraso. Já os bolcheviques,
liderados por Lenin e Leon Trotsky, acreditavam na via revolucionária e na
radicalização política.
Com a entrada
do Império Russo na Primeira Guerra, a situação política do país tornou-se
ainda mais crítica, sobretudo após as grandes derrotas sofridas pelo exército.
Muitos soldados que desertaram dos campos de batalha associaram-se às massas de
camponeses e operários que se formaram nas zonas rurais e nas cidades russas e
que começavam a se organizar novamente, estimulados pelos revolucionários,
contra o regime do czar Nicolau II.
Diante da fragilidade do regime czarista,
foi realizada na Rússia a chamada Revolução de Fevereiro (de 1917). Essa foi a
primeira etapa da Revolução Russa, na qual os revolucionários conseguiram
acabar com Império, mas ainda havia uma coexistência entre comunistas radicais
e a burguesia liberal.
Essa
coexistência ficou expressa no Governo Provisório, no qual se articularam o
soviete de Petrogrado (composto pelos revolucionários radicais – bolcheviques,
em sua maioria) e os representantes da burguesia. Essa aliança, porém, não
durou muito tempo. Havia uma divergência bem acentuada entre os dois grupos. Os
burgueses defendiam a permanência da Rússia na guerra, enquanto os comunistas
repudiavam essa ideia. Foi a partir dessa divergência que sobreveio a ruptura
em outubro de 1917. Os bolcheviques, capitaneados por Lenin (que elaborou a premissa
do “Todo poder aos sovietes”), fizeram a chamada “Revolução de Outubro”,
conhecida também como Revolução Bolchevique, contra os seus opositores.
Entre o fim
de 1917 até 1921, desenrolou-se na Rússia uma guerra sangrenta entre as forças
bolcheviques, representadas pelo Exército Vermelho, comandado por Trotsky, e as
forças da oposição burguesa, representadas pelo Exército Branco. Esse período
ficou conhecido também como “comunismo de guerra”. Lenin e os demais líderes
revolucionários viam-se como uma espécie de “novos jacobinos” ao reatualizarem
o “terror revolucionário”, isto é, a guerra sem limites em favor do ideal
revolucionário. Essa filiação do “terror vermelho” comunista com o “terror
jacobino” foi acentuada pelo historiador Silvio Pons:
[….] Modelado
no precedente jacobino que obcecava a mente dos bolcheviques, o Terror
Vermelho, no entanto, foi também alimentado pela cega convicção ideológica de
que só uma guerra civil abriria caminho para a nova época histórica. A fórmula
do 'comunismo de guerra' resumiu, de fato, a mistura entre visões utópicas e
métodos ferozes de governo. Entre 1918 e 1920, muitos elementos variados se
combinaram entre si, seja como frenética projeção no futuro, seja como
resultado da situação excepcional: o emprego extensivo do terror, a ditadura
contra as classes dirigentes defenestradas, as requisições violentas contra os
camponeses, a liquidação das relações de mercado, as formas primitivas de
igualitarismo, o ethos do sacrifício e da organização, a paixão pela emancipação
social e sexual, a negação da esfera privada na vida cotidiana, a fé messiânica
no advento da sociedade justa.” [1]
Após essa
fase do comunismo de guerra, houve a implementação da chamada NEP, Nova
Política Econômica, elaborada por Lenin, entre os anos de 1921 e 1928, que
possibilitou a consolidação do sistema comunista da Rússia, o que deu suporte
para a formação da chamada URSS - União das Repúblicas Socialistas Soviéticas.
http://escolakids.uol.com.br/revolucao-russa-1917.htm