quinta-feira, 3 de novembro de 2016

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A diferença entre liberal, conservador e reacionário

“Reacionários não são conservadores. Essa é a primeira coisa a entender sobre eles”, afirma Mark Lilla, no recém-lançado The shipwrecked mind: on political reaction.

Falar em “revanche da direita” se tornou o maior lugar-comum da análise política contemporânea. A saída do Reino Unido da União Europeia, a ascensão de populistas e fascistas naquele continente, a irrupção de Donald Trump nos Estados Unidos e até a derrocada do PT no Brasil costumam ir para o mesmo balaio, que ainda atribui a crise econômica ao fracasso da globalização, das elites, das grandes corporações e da “mídia”. 

Rótulos como “neoliberal”, “conservador” ou “reacionário” são usados para qualificar tudo o que entra nesse balaio – como se fossem sinônimos. A tal “direita” reúne gente tão díspar quanto Gustavo Franco, Silas Malafaia ou Jair Bolsonaro. 

Verdade que os três se opõem, cada um a seu modo, ao socialismo. Mas a semelhança acaba aí. Que significado podem ter categorias como “direita” ou “esquerda”, usadas em contexto ora econômico, ora político, ora religioso, ora comportamental? 

Elas se tornaram tão vagas e imprecisas que desnaturaram. Na prática, é impossível entender a política usando termos tão abrangentes. No Brasil, apenas agora o espaço reservado à “direita”, maculado pela ditadura militar, começa a ser ocupado de modo explícito. 

Na Europa e nos Estados Unidos, tal terreno passou a abrigar o nacionalismo populista dos “perdedores da globalização”, o resgate de valores religiosos e comunitários esquecidos pelo discurso científico-tecnológico e a rebelião contra imigrantes e grupos identitários, reunidos sob a alcunha genérica de “tirania do politicamente correto”. Emergiu dessa mistura uma figura que andava adormecida: o reacionário.

“Reacionários não são conservadores. Essa é a primeira coisa a entender sobre eles”, afirma o historiador Mark Lilla, da Universidade Colúmbia, no recém-lançado The shipwrecked mind: on political reaction (A mente náufraga: sobre a reação política). “Eles são, a seu modo, tão radicais quanto os revolucionários e tão firmemente presas de imagens históricas.” 

Enquanto o revolucionário busca a redenção numa ordem ideal futura, trazida pela destruição das estruturas em vigor, o reacionário a encontra num passado idílico, perdido por culpa da traição de intelectuais, jornalistas, políticos – em suma, das elites. O revolucionário é movido pela esperança numa idade das luzes; o reacionário, pelo medo de uma era de trevas. 

Enquanto a esperança pode ser frustrada, escreve Lilla, “a nostalgia é irrefutável”. Daí o apelo da mentalidade reacionária num período de frustração e esperanças perdidas. A “nova reação” saiu das redes sociais para as ruas e para as urnas, do vitupério escatológico de pregadores digitais para os atentados terroristas do Estado Islâmico, dos memes racistas e antissemitas da “alt-right” para o comando da candidatura Trump. 

“Islamistas políticos, nacionalistas europeus e a direita americana contam a seus filhos ideológicos essencialmente a mesma história”, diz Lilla. “A mente do reacionário é uma mente náufraga. Onde outros veem o rio do tempo fluir como sempre fluiu, o reacionário vê os restos do paraíso passar diante de seus olhos.”

Houve, no século XX, duas respostas antagônicas às revoluções da esquerda. De um lado, a escola austríaca, de Ludwig von Mises e Friedrich Hayek, alertava para o risco representado pelo Estado à liberdade individual.  Acreditavam no progresso e na razão. 

Suas ideias estão, em versões mais ou menos extremas, na alma dos liberais contemporâneos (chamados “libertários” nos Estados Unidos, onde o adjetivo “liberal” tem outra conotação). De outro lado, pensadores como Eric Voegelin e Franz Rosenzweig criticavam a perda de referências no mundo moderno. 

Deram voz tanto ao sentimento conservador (que busca “conservar” valores culturais, religiosos e familiares) quanto ao apelo reacionário (que busca voltar a um passado anterior não apenas à fantasia marxista, mas até ao Iluminismo e ao Renascimento, conspurcadores da comunhão com o divino).

O personagem mais influente na política recente, diz Lilla, foi outro: o filósofo Leo Strauss. Ele promoveu o improvável casamento de ideias liberais e conservadoras, entre a liberdade individual e o sentimento religioso, expurgado da poeira reacionária. 

São filhos intelectuais de Strauss a National Review de Ronald Reagan e os “neocons” de George W. Bush. Nada mais distante dele que Trump. Onde Reagan trazia otimismo com o futuro (“é sempre manhã na América”), Trump quer voltar ao passado (“torne a América grande de novo”). 

Com erudição, Lilla ajuda a entender essa e outras diferenças no balaio da “direita”. Fundamental, aqui no Brasil, para quem se diz de “esquerda” e ainda confunde liberais, conservadores e reacionários. E também para quem se reúne sob a tenda crescente da “nova direita”. A estes, o livro de Lilla traz ainda um alerta: cuidado com quem você vai para cama, ou pode acordar ao lado de um monstro.


Doces e travessuras...

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A curiosa origem do Dia das Bruxas

Dia das Bruxas é um festival ligado à cultura americana, mas celebrado em diversos países.

O Dia das Bruxas é conhecido mundialmente como um feriado celebrado principalmente nos Estados Unidos, onde é chamado de Halloween.

Mas hoje em dia é celebrado em diversos outros países do mundo, inclusive o Brasil, onde hábitos como o de ir de porta em porta atrás de doces, enfeitar as casas com adereços "assustadores" e participar de festas a fantasia vêm se tornando mais comuns.

Mas a origem pouco tem a ver com o senso comum atual sobre esta festa popular. Entenda a seguir como ela surgiu.

De onde vem o nome?

O Halloween tem suas raízes não na cultura americana, mas no Reino Unido. O nome deriva de "All Hallows' Eve".

"Hallow" é um termo antigo para "santo", e "eve" é o mesmo que "véspera". O termo designava, até o século 16, a noite anterior ao Dia de Todos os Santos, celebrado em 1º de novembro.

Mas uma coisa é a etimologia de seu nome, outra completamente diferente é a origem do Halloween moderno.

Como a festa começou?

Fogueiras estão presentes há muito tempo em celebrações de Halloween.

Desde o século 18, historiadores apontam para um antigo festival pagão ao falar da origem do Halloween: o festival celta de Samhain (termo que significa "fim do verão").

O Samhain durava três dias e começava em 31 de outubro. Segundo acadêmicos, era uma homenagem ao "Rei dos mortos". 

Estudos recentes destacam que o Samhain tinha entre suas maiores marcas as fogueiras e celebrava a abundância de comida após a época de colheita.

O problema com esta teoria é que ela se baseia em poucas evidências além da época do ano em que os festivais eram realizados.

A comemoração, a linguagem e o significado do festival de outubro mudavam conforme a região. Os galeses celebravam, por exemplo, o "Calan Gaeaf". Há pontos em comum entre este festival realizado no País de Gales e a celebração do Samhain, predominantemente irlandesa e escocesa, mas há muitas diferenças também.

Em meados do século 8, o papa Gregório 3º mudou a data do Dia de Todos os Santos de 13 de maio - a data do festival romano dos mortos - para 1º de novembro, a data do Samhain.

Não se tem certeza se Gregório 3º ou seu sucessor, Gregório 4º, tornaram a celebração do Dia de Todos os Santos obrigatória na tentativa de "cristianizar" o Samhain.

Mas, quaisquer que fossem seus motivos, a nova data para este dia fez com que a celebração cristã dos santos e de Samhain fossem unidos. Assim, tradições pagãs e cristãs acabaram se misturando.

Um dos hábitos mais comuns do Halloween é fantasiar-se.

O Dia das Bruxas que conhecemos hoje tomou forma entre 1500 e 1800.

Fogueiras tornaram-se especialmente populares a partir no Halloween. Elas eram usadas na queima do joio (que celebrava o fim da colheita no Samhain), como símbolo do rumo a ser seguido pelas almas cristãs no purgatório ou para repelir bruxaria e a peste negra.

Outro costume de Halloween era o de prever o futuro - previa-se a data da morte de uma pessoa ou o nome do futuro marido ou mulher.

Em seu poema Halloween, escrito em 1786, o escocês Robert Burns descreve formas com as quais uma pessoa jovem podia descobrir quem seria seu grande amor.

Muitos destes rituais de adivinhação envolviam a agricultura. Por exemplo, uma pessoa puxava uma couve ou um repolho do solo por acreditar que seu formato e sabor forneciam pistas cruciais sobre a profissão e a personalidade do futuro cônjuge.

Outros incluíam pescar com a boca maçãs marcadas com as iniciais de diversos candidatos e a leitura de cascas de noz ou olhar um espelho e pedir ao diabo para revelar a face da pessoa amada.

Comer era um componente importante do Halloween, assim como de muitos outros festivais. Um dos hábitos mais característicos envolvia crianças, que iam de casa em casa cantando rimas ou dizendo orações para as almas dos mortos. Em troca, eles recebiam bolos de boa sorte que representavam o espírito de uma pessoa que havia sido liberada do purgatório.

Igrejas de paróquias costumavam tocar seus sinos, às vezes por toda a noite. A prática era tão incômoda que o rei Henrique 3º e a rainha Elizabeth tentaram bani-la, mas não conseguiram. Este ritual prosseguiu, apesar das multas regularmente aplicadas a quem fizesse isso.

Nos EUA, abóboras entalhadas tornaram-se símbolo desta festa.

Em 1845, durante o período conhecido na Irlanda como a "Grande Fome", 1 milhão de pessoas foram forçadas a imigrar para os Estados Unidos, levando junto sua história e tradições.

Não é coincidência que as primeiras referências ao Halloween apareceram na América pouco depois disso. Em 1870, por exemplo, uma revista feminina americana publicou uma reportagem em que o descrevia como feriado "inglês".

A princípio, as tradições do Dia das Bruxas nos Estados Unidos uniam brincadeiras comuns no Reino Unido rural com rituais de colheita americanos. As maçãs usadas para prever o futuro pelos britânicos viraram cidra, servida junto com rosquinhas, ou "doughnuts" em inglês.

O milho era uma cultura importante da agricultura americana - e acabou entrando com tudo na simbologia característica do Halloween americano. Tanto que, no início do século 20, espantalhos - típicos de colheitas de milho - eram muito usados em decorações do Dia das Bruxas.

Foi na América que a abóbora passou a ser sinônimo de Halloween. No Reino Unido, o legume mais "entalhado" ou esculpido era o turnip, um tipo de nabo.

Uma lenda sobre um ferreiro chamado Jack que conseguiu ser mais esperto que o diabo e vagava como um morto-vivo deu origem às luminárias feitas com abóboras que se tornaram uma marca do Halloween americano, marcado pelas cores laranja e preta.

Foi nos Estados Unidos que surgiu a tradição moderna de "doces ou travessuras". Há indícios disso em brincadeiras medievais que usavam repolhos, mas pregar peças tornou-se um hábito nesta época do ano entre os americanos a partir dos anos 1920.

As brincadeiras podiam acabar ficando violentas, como ocorreu durante a Grande Depressão, e se popularizaram de vez após a Segunda Guerra Mundial, quando o racionamento de alimentos acabou e doces podiam ser comprados facilmente.

Mas a tradição mais popular do Halloween, de usar fantasias e pregar sustos, não tem qualquer relação com doces.

Ele veio após a transmissão pelo rádio de Guerra do Mundos, do escritor inglês H.G. Wells, gerou uma grande confusão quando foi ao ar, em 30 de outubro de 1938.

Ao concluí-la, o ator e diretor americano Orson Wells deixou de lado seu personagem para dizer aos ouvintes que tudo não passava de uma pegadinha de Halloween e comparou seu papel ao ato de se vestir com um lençol para imitar um fantasma e dar um susto nas pessoas.

Festival se popularizou e é comemorado hoje até mesmo na ChinaHoje, o Halloween é o maior feriado não cristão dos Estados Unidos. Em 2010, superou tanto o Dia dos Namorados e a Páscoa como a data em que mais se vende chocolates. Ao longo dos anos, foi "exportado" para outros países, entre eles o Brasil.

Por aqui, desde 2003, também se celebra neste mesma data o Dia do Saci, fruto de um projeto de lei que busca resgatar figuras do folclore brasileiro, em contraposição ao Dia das Bruxas.

Em sua "era moderna", o Halloween continuou a criar sua própria mitologia. Em 1964, uma dona de casa de Nova York chamada Helen Pfeil decidiu distribuir palha de aço, biscoito para cachorro e inseticida contra formigas para crianças que ela considerava velhas demais para brincar de "doces ou travessuras". Logo, espalharam-se lendas urbanas de maçãs recheadas com lâminas de barbear e doces embebidos em arsênico ou drogas alucinógenas.

Atualmente, o festival tem diferentes finalidades: celebra os mortos ou a época de colheita e marca o fim do verão e o início do outono no hemisfério norte. Ao mesmo tempo, vem ganhando novas formas e dado a oportunidade para que adultos brinquem com seus medos e fantasias de uma forma socialmente aceitável.

Ele permite subverter normais sociais como evitar contato com estranhos ou explorar o lado negro do comportamento humano. Une religião, natureza, morte e romance. Talvez seja este o motivo de sua grande popularidade.


Esforço e dedicação...

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A conversa de trinta segundos que pode levar à perda de peso

Mulher com sobrepeso

Estudo aponta que quando um médico conversa com um paciente sobre perder peso, o impacto pode ser enorme.

Quando um médico passa ao menos 30 segundos conversando com um paciente sobre perder peso, o efeito disso pode ser surpreendente, aponta um estudo da Universidade de Oxford.

Se todo médico fizer isso em consultas sobre qualquer problema de saúde, o impacto na mudança de vida dos pacientes será enorme, segundo os pesquisadores. No entanto, para alcançar os melhores resultados, é necessário oferecer também um programa gratuito de perda de peso.

Abdominais hipopressivos, o exercício da moda para reduzir a cintura.

Segundo o resultado do estudo, publicado na revista científica The Lancet, os pacientes não se sentiram ofendidos com o conselho. 

"Mais do que qualquer outra pessoa, seu médico pode falar abertamente sobre a importância de perder peso. Não é como você falar à sua mulher que ela deveria emagrecer ou vice-versa", disse Paul Cooper, um voluntário do experimento.

Na verdade, até mesmo os pacientes que não tinham a intenção de emagrecer perderam 10% de seu peso depois de terem sido aconselhados a entrar em um programa gratuito de perda de peso.

'Já que você está aqui…'

Cooper ia a uma consulta de rotina em Northampton (Reino Unido) quando seu médico lhe disse que pesar 98 kg não era saudável. "Eu não conseguia ver meus pés quando olhava para baixo", disse o homem de 69 anos.

Ele é uma das 1.882 pessoas com obesidade que participaram do experimento de Oxford. Todas estavam em uma consulta médica para outros problemas de saúde quando o médico lhes disse algo na linha "já que você está aqui, queria falar sobre o seu peso".

Um quinto da população brasileira é obesa, diz estudo

Os médicos ofereceram a metade do grupo vagas em um programa gratuito de perda de peso. Apenas quatro em cada dez pessoas realmente compareceram ao programa, mas mesmo assim esses pacientes perderam 5% de seu peso e cerca de um décimo deles perdeu 10% do peso original depois de um ano. A perda média de peso foi de 2,4 kg.

Os voluntários do segundo grupo receberam o mesmo conselho, porém sem o programa de apoio, e perderam em média 1kg depois de 12 meses.

"O impacto é bastante significativo se levarmos em conta o esforço realizado - 30 segundos de conversa", disse à BBC Paul Aveyard, professor de Medicina da Universidade de Oxford.

"Se todos os anos conseguíssemos fazer as pessoas com maior sobrepeso perderem 2,4 kg, o impacto seria enorme em termos de saúde", disse.

"Essa prática deveria ser incluída em nosso repertório de rotina, como aconselhar sobre pressão alta ou sobre parar de fumar", diz Aveyard, que também é médico.

Paul Cooper contou que tentou uma "dieta bastante restrita" e agora pesa 84 kg. "Agora eu consigo ver meus pés", disse à BBC.

Paul Cooper diz que se sente mais saudável depois de perder peso.

"Só depois de perder peso percebi que você não precisa se sentir assim, eu ainda posso fazer uma caminhada de 20 quilômetros no parque ou jogar críquete no verão."

Seu conselho para quem quer perder peso? "Você não precisa abrir mão de todos os seus prazeres à mesa. Pode comer um pedaço pequeno de bolo de aniversário bem devagar em vez de comer tudo em um segundo. Antes, eu costumava comer meia dúzia de chocolates diante da TV. Coma devagar, diga a você mesmo que é um agrado e aproveite ao máximo."

No entanto, esses programas de perda de peso não se aplicam a todos, adverte o doutor Imran Rafi, da Faculdade Real de Medicina.
"Se essa estratégia é de baixo custo e é eficaz, temos que considerá-la em uma ampla escala."

"Temos que entender que, apesar de alguns pacientes desse estudo terem se beneficiado do encaminhamento para programas de perda de peso, esses programas não vão funcionar para todos e não devem ser considerados uma solução geral para diminuir as taxas crescentes de obesidade."

De acordo com um estudo recente também da revista The Lancet, um quinto da população brasileira adulta - quase 30 milhões de pessoas - é obesa.

O número é maior entre as mulheres: 23% delas, ou 18 milhões, eram obesas em 2014. Entre os homens, o índice é de 17% (11,9 milhões).

Os números colocam o Brasil entre os países mais obesos do mundo. Entre os homens, só fica atrás de China e EUA; entre as mulheres o Brasil fica em quinto, atrás também de Rússia e Índia.


Operação concentração...

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As dez multinacionais que controlam o mercado mundial de alimentos

A Coca-Cola e a Pepsi geram impacto importante no mercado mundial de açúcar.

Essa é uma entre tantas consequências da globalização: um número reduzido de empresas multinacionais controla uma parte importante do mercado mundial de alimentos.

O resultado é que tais firmas concentram uma enorme influência para determinar como a comida é repartida no mundo. 

Potencialmente, também têm a capacidade de determinar ações que podem ajudar a aliviar a fome no planeta.

Maconha, pena de morte e camisinha em filme pornô: o que mais está em jogo nas eleições dos EUA?

Grilos, larvas e escorpiões serão a comida do futuro?

Por isso, a Oxfam, ONG baseada na Grã-Bretanha, está realizando há três anos uma campanha pública entitulada Behind the Brands (Por trás das marcas).

Por meio dela, discute as políticas de compra de alimentos dessas grandes multinacionais - e a maneira como isso influi no mercado da comida.

As dez maiores empresas que estão no foco da campanha são Nestlé, PepsiCo, Unilever, Mondelez, Coca-Cola, Mars, Danone, Associated British Foods (ABF), General Mills e Kellogg's. Elas foram selecionadas por encabeçar mundialmente o volume de vendas do setor.

Todas são europeias ou norte-americanas. Dominam os setores de produtos lácteos, refrigerantes, doces e cereais, entre outros.

A Oxfam diz que essas empresas faturam juntas US$ 1,1 bilhão (R$ 3,4 bilhões) diariamente e empregam milhares de pessoas.

"Há uma ilusão de opções. Você vai a um supermercado e vê diversas marcas, mas muitas são das mesmas dez empresas", afirmou Irit Tamir, da Oxfam América, à BBC Mundo, o serviço em espanhol da BBC.

Concentração de mercado

Essas empresas operam em mercados globais em que a produção de alguns itens está concentrada em poucas empresas.

Irit Tamir aponta como exemplo três delas, que atuam na cadeia de valor do cacau: Mars, Mondelez e Nestlé. Elas controlam 40% do comércio mundial nessa área.

Multinacionais geram um grande impacto no mercado global de alimentos.

Somente entre 3,5% e 5% do valor de uma barra de chocolate vai para o pequeno produtor rural, segundo a ONG.

Enquanto isso, no setor de refrigerantes, Coca-Cola e Pepsi se tornaram as maiores compradoras de açúcar do mundo.

Classificações

A Oxfam estimou o impacto das políticas dessas empresas sobre algumas variáveis: posse da terra, mulheres, camponeses e trabalhadores, transparência, clima e água.

Assim, a ONG criou uma tabela de classificação da responsabilidade social na política de aquisição de alimentos dessas dez corporações. As atitudes positivas rendem pontos na tabela.

Depois, os ativistas fizeram uma campanha para que as empresas minimizem o impacto que exercem sobre setores específicos.

"Pedimos que as grandes empresas do setor de chocolate tratem melhor as trabalhadoras", disse Irit Tamar, a título de exemplo.

As multinacionais estão sendo instadas a reduzir seu impacto ambiental.

A organização também pediu às empresas de refrigerantes que não tolerem conflitos de terra em relação ao cultivo de cana-de-açúcar. Já as firmas de cereais General Mills e Kellogg's foram convidadas a reduzir o impacto climático de suas atividades.

A boa notícia é que muitas empresas responderam bem à campanha, segundo a Oxfam. A evolução delas na tabela ao longo de três anos de campanha é positiva.

Em fevereiro de 2013, por exemplo, a empresa com melhor classificação entre as dez grandes, a Nestlé, tinha apenas 38 pontos de 70 possíveis. Em 2016, a pontuação da mesma companhia subiu para 52.

Transparência

As ações adotadas pelas empresas vão de políticas de transparência corporativa a estratégias de redução de danos ambientais provocados por cultivos, diz a Oxfam.

A oferta global de alimentos está cada vez mais concentrada em poucas mãos.

O fato de essas grandes empresas parecerem estar adotando políticas mais socialmente responsáveis é uma consequência positiva, pois espera-se que o poder dessas corporações continue aumentando no futuro.

"Estamos presenciando cada vez mais concentração (de mercado) entre poucas empresas", disse Tamar. "As grandes compram as pequenas".

A Oxfam pede que as empresas empreguem bem esse poder econômico que estão adquirindo e afirma que ficará vigilante.


Mundo real...

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Drogas, contrabando e milhares de pessoas: um dia na fronteira terrestre mais movimentada do mundo

Robert Hood posa vestido de uniforme de funcionário de proteção de fronteiras americano, trabalha como diretor assistente da alfândega de San Ysidro, entre a Califórnia (EUA) e Tijuana (México).

Robert Hood, agente do serviço americano de Alfândega e Proteção das Fronteiras (CBP, na sigla em inglês), permanecia em pé na divisa entre Estados Unidos e México, a frente de 25 filas de automóveis que esperavam para fazer a travessia.

Qualquer condutor poderia estar traficando cocaína, heroína, metanfetamina ou mesmo pessoas - imigrantes ilegais.

Os olhos de Hood escaneavam a situação de um lado a outro. Seu olhar se fixou em um Hyundai prateado e em outro Honda azul.

Tentei seguir seus olhos para ver o mesmo que ele. Mas a única coisa que consigui perceber foi um mar de veículos com motoristas entediados.

Hood então enxergou algo suspeito. "Vejo dois carros que quero analisar", disse.

100 mil pessoas por dia

Localizada 24 km ao sul de San Diego, na Califórnia (EUA), e ligada à cidade mexicana de Tijuana, a passagem de San Ysidro é a fronteira terrestre mais movimentada do mundo.

A cada dia mais de 100 mil pessoas cruzam a fronteira entre México e Estados Unidos por este posto de controle e por outro chamado Otay Mesa, a vários quilômetros de distância.

Gente que vai ao trabalho ou à escola, visitar familiares ou passar férias. O volume é assombroso.

Filas de automóveis em posto de controle fronteiriço americano.

Os automóveis se concentram em largas filas antes de atravessar a fronteira entre México e Estados Unidos.

Cheguei em uma manhã para conferir de perto a enorme tarefa dos agentes americanos de alfândega e proteção da fronteira.

Havia lido histórias incríveis sobre traficantes engenhosos que escondiam metanfetamina em tanques de gasolina e cocaína em painéis laterais dos veículos.

Queria saber como funcionários detectam motoristas suspeitos em meio a milhões de cidadãos respeitosos da lei que cruzam a fronteira ao mesmo tempo.

O processo prévio

Não se trata, claro, de um lugar de fácil acesso. Antes de aceitar me mostrar o local, os agentes verificaram meus antecedentes para ter certeza de que eu não representava uma ameaça.

Além disso, entregaram-me uma lista com recomendações para manter a segurança e a privacidade.

Por exemplo: "Por razões de segurança dos funcionários, não se permite registrar nomes, fotos ou vídeos reconhecíveis sem a autorização do agente em questão".

Dois agentes americanos prendem um suspeito.

Em 2014, as autoridades americanas prenderam mais de 33 mil infratores da lei de imigração dos EUA.

Enquanto dirigia em direção ao sul pela rodovia interestadual, vi como Tijuana se abria diante de mim, uma cidade com casas e tendas coladas na fronteira.

Do lado americano, o desenvolvimento é mais escasso. A pequena comunidade de San Ysidro está ao alcance dos olhos.

Mas, além dessa pequena cidade, de leste a oeste, o que se vê são colinas e ranchos áridos.

Uma espécie de terra de ninguém dominada principalmente por agricultores e funcionários da patrulha.

'Última saída dos EUA'

Um aviso na rodovia adverte: "Última saída dos EUA". Estacionei o carro e caminhei em direção à fronteira.

Havia um zumbido, às vezes incômodo, naquele lugar.

Viajantes carregavam suas malas enquanto trocavam dinheiro e caminhavam apressados ao outro lado da rua. Táxis e ônibus esperavam.

A segurança estava sempre presente: agentes da polícia tinham acabado de algemar um homem que vagava pela calçada.

Assim que cheguei ao cruzamento, pude ver por que os agentes eram tão cautelosos com os visitantes.

A funcionária Angelica De Cima me disse que tinham acabado de apreender três quilos de cocaína e que poderiam acontecer mais ações.

De fato, os agentes de San Ysidro realizam em média seis apreensões de narcóticos por dia.

De Cima me permitiu ver a área de inspeção, onde havia um pacote de cocaína que, nas ruas dos Estados Unidos, valeria US$ 80 mil.

Cachorro antinarcóticos revisa parte de baixo de um veículo.

Os cachorros treinados para detectar narcóticos são peça fundamental nas inspeções.

Ao lado do pacote estava um extintor de incêndio oco onde a droga estava escondida, localizado no banco traseiro de uma caminhonete.

Naquela manhã, antes de o veículo chegar à cabine de inspeção, um cachorro treinado já havia detectado algo suspeito.

"Se o cachorro alertar, os agentes falarão com a pessoa, farão algumas perguntas e provavelmente irão retirá-la algemada do veículo", disse Hood. "Você não quer que essa pessoa continue conduzindo o veículo. É perigoso para todos."

Logo após os agentes terem tomado o controle da caminhonete, um funcionário testou o extintor de incêndio para comprovar se funcionava.

Alguns dias antes, outro carregamento havia sido apreendido num extintor.

É comum que agentes da fronteira se deparem com diferentes tentativas dos traficantes de burlar os controles.

Latas de queijo e jalapenos cheias de metanfetamina.

Uma vez encontraram metanfetamina dentro de latas de queijo e pimentas.

Certa vez os agentes encontraram 68 quilos de metanfetamina líquida e cristalizada dentro de um tanque de gasolina de uma caminhonete.

Também encontraram 162 tubos de ensaio com ketamina, um anestésico utilizado como droga recreativa, escondidos no teto de um Lexus.

E em outra ocasião descobriram metanfetamina escondida em latas de queijo e pimenta.

"Estou aqui há 29 anos e já vi praticamente tudo", afirmou Hood.

'Cabo solto da história'
Caminhamos pelas filas onde os motoristas esperavam para cruzar aos Estados Unidos. É a primeira oportunidade para identificar veículos suspeitos - a zona "pré-primária", como definem os policiais.

"Enchemos a área de cachorros e agentes", disse Hood.

Funcionário revisa automóvel com um cachorro.

Milhares de automóveis se submetem a inspeção na fronteira todos os dias.

Enquanto os cachorros estão ocupados, os funcionários caminham entre os carros, conversam com condutores e revistam os veículos se algo parece suspeito.

"Falamos com as pessoas. Estamos buscando o cabo solto da história", assinalou Hood. "Digamos que a pessoa fale que está indo trabalhar. 'Como chama seu chefe?'. 'Ed', ela responde. 'OK, pode me passar o telefone de Ed?'. E a pessoa diz: é que comecei a trabalhar faz uma semana. Estão preparadas até certo ponto."

Os agentes também revisam os tanques de gasolina e usam medidores de densidade para determinar se os pneus e outros espaços contêm alguma substância de contrabando.

As técnicas funcionam: quase 40% das apreensões acontecem na etapa pré-primária.

Uma mão surge da parte inferior do assento traseiro de um carro.

Além de narcóticos, os agentes frequentemente se deparam com imigrantes escondidos dentro dos veículos.

A oportunidade seguinte para flagrar traficantes são os 47 postos de inspeção, onde as autoridades examinam passaportes, fazem perguntas aos motoristas sobre o objetivo da viagem e observam sua conduta.

Se algo parece suspeito, os condutores são geralmente enviados a outra área de inspeção, onde se fazem provas mais extensas com o uso de tecnologia sofisticada, como raio-X e visores de fibra ótica.

"Sempre queremos novas tecnologias", disse Hood. "Se alguém quiser provar algo novo, vem aqui, porque se funciona aqui, serve em qualquer lugar."

Narcóticos em toneladas

A estratégia de abordagem gera uma quantidade enorme de apreensões.

No ano de 2014, os agentes dos portos de entrada da Califórnia inspecionaram cerca de 27 milhões de veículos privados e mais de um milhão de caminhões comerciais.

Ao todo, apreenderam 76 toneladas de narcóticos e prenderam mais de 33 mil infratores da lei de imigração.

As apreensões de cocaína, heroína e maconha diminuíram em relação ao ano anterior. Já as de metanfetamina subiram 8%, com mais de 6,8 toneladas.

Metanfetamina líquida e cristalizada dentro de um tanque de gasolina.

Uma vez os agentes encontraram 68 kg de metanfetamina líquida e cristalizada dentro de um tanque de gasolina.

O serviço não é perfeito. Ninguém sabe quantos traficantes burlam os controles ou quantos imigrantes ilegais conseguem atravessar a fronteira para os Estados Unidos com êxito.

A CBP tem mais de 44 mil funcionários, sendo a maior agência de segurança do país.

No começo deste ano, um grupo de trabalho policial emitiu um comunicado crítico à CBP que levantava preocupações sobre corrupção e uso excessivo da força.

De Cima disse que já estavam colocando as mudanças em prática nos treinamentos de uso da força e que estão revisando outras recomendações.

Enquanto vemos os agentes perambulando entre os carros, disse a Hood que imaginava que o trabalho parecia cansativo: passar horas debaixo do sol, respirando emissões de gás dos carros, detectando possíveis traficantes.

Hood olhou em direção à fila de automóveis.

"No final do dia, estamos esgotados", disse. Logo esboçou um sorriso. "Mas sempre estamos nos perguntando se há mais alguém solto por aí."


Mais uma etapa superada...