A conversa de trinta segundos que pode
levar à perda de peso
Mulher com
sobrepeso
Estudo aponta
que quando um médico conversa com um paciente sobre perder peso, o impacto pode
ser enorme.
Quando um médico
passa ao menos 30 segundos conversando com um paciente sobre perder peso, o
efeito disso pode ser surpreendente, aponta um estudo da Universidade de
Oxford.
Se todo médico
fizer isso em consultas sobre qualquer problema de saúde, o impacto na mudança
de vida dos pacientes será enorme, segundo os pesquisadores. No entanto, para
alcançar os melhores resultados, é necessário oferecer também um programa
gratuito de perda de peso.
Abdominais
hipopressivos, o exercício da moda para reduzir a cintura.
Segundo o
resultado do estudo, publicado na revista científica The Lancet, os pacientes
não se sentiram ofendidos com o conselho.
"Mais do que qualquer outra
pessoa, seu médico pode falar abertamente sobre a importância de perder peso.
Não é como você falar à sua mulher que ela deveria emagrecer ou
vice-versa", disse Paul Cooper, um voluntário do experimento.
Na verdade, até
mesmo os pacientes que não tinham a intenção de emagrecer perderam 10% de seu
peso depois de terem sido aconselhados a entrar em um programa gratuito de
perda de peso.
'Já que você
está aqui…'
Cooper ia a uma
consulta de rotina em Northampton (Reino Unido) quando seu médico lhe disse que
pesar 98 kg não era saudável. "Eu não conseguia ver meus pés quando olhava
para baixo", disse o homem de 69 anos.
Ele é uma das
1.882 pessoas com obesidade que participaram do experimento de Oxford. Todas
estavam em uma consulta médica para outros problemas de saúde quando o médico
lhes disse algo na linha "já que você está aqui, queria falar sobre o seu
peso".
Um quinto da
população brasileira é obesa, diz estudo
Os médicos
ofereceram a metade do grupo vagas em um programa gratuito de perda de peso.
Apenas quatro em cada dez pessoas realmente compareceram ao programa, mas mesmo
assim esses pacientes perderam 5% de seu peso e cerca de um décimo deles perdeu
10% do peso original depois de um ano. A perda média de peso foi de 2,4 kg.
Os voluntários
do segundo grupo receberam o mesmo conselho, porém sem o programa de apoio, e
perderam em média 1kg depois de 12 meses.
"O impacto
é bastante significativo se levarmos em conta o esforço realizado - 30 segundos
de conversa", disse à BBC Paul Aveyard, professor de Medicina da
Universidade de Oxford.
"Se todos
os anos conseguíssemos fazer as pessoas com maior sobrepeso perderem 2,4 kg, o
impacto seria enorme em termos de saúde", disse.
"Essa
prática deveria ser incluída em nosso repertório de rotina, como aconselhar
sobre pressão alta ou sobre parar de fumar", diz Aveyard, que também é
médico.
Paul Cooper
contou que tentou uma "dieta bastante restrita" e agora pesa 84 kg.
"Agora eu consigo ver meus pés", disse à BBC.
Paul Cooper diz que se sente mais saudável
depois de perder peso.
"Só depois
de perder peso percebi que você não precisa se sentir assim, eu ainda posso
fazer uma caminhada de 20 quilômetros no parque ou jogar críquete no
verão."
Seu conselho
para quem quer perder peso? "Você não precisa abrir mão de todos os seus
prazeres à mesa. Pode comer um pedaço pequeno de bolo de aniversário bem
devagar em vez de comer tudo em um segundo. Antes, eu costumava comer meia
dúzia de chocolates diante da TV. Coma devagar, diga a você mesmo que é um
agrado e aproveite ao máximo."
No entanto,
esses programas de perda de peso não se aplicam a todos, adverte o doutor Imran
Rafi, da Faculdade Real de Medicina.
"Se essa
estratégia é de baixo custo e é eficaz, temos que considerá-la em uma ampla escala."
"Temos que
entender que, apesar de alguns pacientes desse estudo terem se beneficiado do
encaminhamento para programas de perda de peso, esses programas não vão
funcionar para todos e não devem ser considerados uma solução geral para
diminuir as taxas crescentes de obesidade."
De acordo com um
estudo recente também da revista The Lancet, um quinto da população brasileira
adulta - quase 30 milhões de pessoas - é obesa.
O número é maior
entre as mulheres: 23% delas, ou 18 milhões, eram obesas em 2014. Entre os
homens, o índice é de 17% (11,9 milhões).
Os números
colocam o Brasil entre os países mais obesos do mundo. Entre os homens, só fica
atrás de China e EUA; entre as mulheres o Brasil fica em quinto, atrás também de
Rússia e Índia.
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