Guerras Médicas
Acima, escultura em
alto-relevo retratando Leônidas e os 300 de Esparta em luta contra os persas
Entre os séculos VI e
V a.C., as cidades-estados da Grécia Antiga começavam a viver o seu apogeu, o
que incluía a autonomia política de cada cidade. Entretanto, nessa mesma época,
na região do Oriente Médio e da Ásia Menor, estava em expansão o Império Persa.
Essa expansão dirigia-se à região da Anatólia (onde fica a atual Turquia) e,
por isso, ameaçava a liberdade política das cidades-estado gregas do lado leste
do Mar Egeu. A resistência que essas cidades-estado passaram a oferecer às
pretensões do Império Persa provocou as chamadas Guerras Médicas, ou Guerras
Greco-Persas.
O termo “médicas”
provém de “Medos”, que eram um dos povos que habitavam as planícies iranianas
que foram absorvidas pelos persas no começo de sua expansão, com o então rei
Ciro I, o Grande. Sendo assim, os persas eram conhecidos pelos gregos também
como medos. O sucessor de Ciro, Dario I, promoveu grandiosas reformas políticas
no Império, conseguindo expandi-lo ainda mais. Foi no governo de Dario I que
houve a criação do sistema de satrapias, isto é, províncias persas espalhadas
por diversas regiões; cada uma delas chefiada por um chefe (sátrapa) de
confiança do imperador.
Pois bem, uma dessas
satrapias, que ficava na Ásia Menor, estendeu os seus domínios até a região da
Jônia, onde estavam estabelecidas as cidades-estado gregas do lado oriental da
Grécia. O sátrapa persa quis submeter tais cidades aos domínios do império. Entretanto,
houve uma onda de revoltas contra os persas que se estendeu de 500 a 494 a.C. A
revolta dessas cidade recebeu o apoio de Atenas, que ficava do lado ocidental,
na região da Ática.
Dada a eficácia do
apoio dos atenienses às rebeliões da cidades gregas da parte oriental, Dario I
resolveu promover uma retaliação contra a Hélade, isto é, o conjunto de
cidades-estado gregas como um todo, com o objetivo de invadir e submeter toda a
Grécia. A primeira ação do imperador persa consistiu no envio de emissários
para propor a submissão das cidades gregas ao jugo persa. Muitas cidades-estado
aceitaram os termos da proposta imperial persa, mas houve novamente resistência
por parte de Atenas, que, dessa vez, recebeu o apoio da poderosa Esparta.
As invasões persas
começaram em 490 a.C. As defesas de Atenas foram organizadas pelo general
(estratego, em grego) Milcíades e eram compostas principalmente por hoplitas,
isto é, soldados/cidadãos de Atenas. A invasão persa ocorreu pela região de
Maratona, na Ática. Apesar de terem levado um efetivo de aproximadamente 50.000
homens, os persas foram derrotados pelos gregos e tiveram de recuar
temporariamente, sobretudo após a morte do imperador, Dario I, em uma dessas
batalhas.
Xerxes I, sucessor de
Dario I, tratou de preparar o maior efetivo do exército persa para, novamente,
tentar invadir a Grécia. A preparação levou dez anos. Dessa vez, os gregos
conseguiram também montar estratégias de grande envergadura, haja vista que
souberam, com antecedência, quais seriam as manobras do exército persa. As
defesas de Atenas foram preparadas pelo general Temístocles, um gênio militar e
um grande estrategista de batalhas navais. A marinha grega tornou-se a mais
poderosa arma grega dessa época.
Os espartanos,
liderados pelo rei Leônidas, possuíam um histórico de eficiência em combate por
terra com infantaria. O rei espartano e mais trezentos de seus melhores
soldados ficaram encarregados de conter o avanço do exército persa no
desfiladeiro de Termópilas, enquanto os atenienses preparavam uma
contraofensiva.
Em 481 a.C., Atenas,
Esparta, Corinto e outras cidades da Hélade fizeram um acordo entre si para que
fornecessem o que pudessem para a guerra contra os persas. Em 480, a guerra
teve início com a invasão da Ática. Atenas chegou a ser destruída pelos persas,
mas a marinha ateniense montou sua estratégia em Salamina. A Batalha de
Salamina foi decisiva para a derrota do exército persa. Em 479, os persas
sofreram uma nova derrota na cidade de Plateia e também na Batalha Naval de
Mícale. Em 478, a marinha de Atenas tomou a cidade de Sestos, no estreito de
Dardanelos, recuperando a rota do trigo que garantia boa parte da alimentação
grega.
Um novo conflito
entre persas e gregos só foi travado na época de Alexandre, o Grande, que
destruiu o poder do último líder persa, Dario III, e apropriou-se dos domínios
do seu vasto império.