sábado, 27 de abril de 2013

Sinal de que a sociedade está decadente...


Um Senado para rir e chorar
Nenhum programa de humor me provocou mais risos na semana passada que a história protagonizada por um senador e um garçom, ambos de Tocantins. O senador João Costa, do Partido da Pátria Livre (PPL), preparou um discurso de 14 páginas sobre o aborto. Ao chegar à tribuna, uma surpresa: o plenário estava vazio. Que fazer? Como falar para cadeiras, ainda mais em sessão transmitida pela TV Senado? Em vez de cancelar o discurso, ele decidiu sentar-se no lugar do presidente e recriou a realidade, encenando uma sessão patética.

O senador João chamou o garçom Johnson Alves Moreira para fazer figuração. Não sabemos se Johnson posou de senador falso por pena ou se ganhou uma gratificação de João. Deveria. Johnson ficou em pé por meia hora, mexendo a cabeça em tom de aprovação, com a câmera focando em sua calvície e suas costas, numa tentativa de dar credibilidade às palavras do senador. João abriu o discurso assim: “Senhor presidente, senhores senadores, senhoras senadoras, senhores e senhoras presentes, e aqueles que acompanham esta sessão pela rádio e TV Senado...”. Na plateia, só Johnson.

A história foi relatada em detalhe pela repórter Maria Lima, do jornal O Globo. A foto também é assinada por ela. Um pequeno texto primoroso, por expor o ridículo de uma Casa que paga regiamente senadores para não fazer nada ou quase nada, além de queimar nosso dinheiro na fogueira das vaidades. Segundo o relato, o “garçom-senador virou motivo de piadinhas dos seguranças, que sugeriram que ele fizesse um aparte”. Johnson disse ter gostado da “experiência”.

O senador João encerrou seu discurso sobre “os direitos do nascituro” com outra simulação, como se houvesse uma fila de senadores para falar: “Considerando a exiguidade do tempo e o número de oradores, solicito que as peças do pronunciamento sejam dadas como lidas.
Obrigado pela atenção”. Só faltou a claque.

As dúvidas são: para seus colegas senadores, João Costa não passa de um João ninguém e, por isso, não interessa sua posição sobre o aborto? Ou há outros dias de gazeta institucionalizada no Senado, além de segunda e sexta-feira? Como se sente um senador que finge falar para uma multidão, diante de cadeiras vazias? A sessão João & Johnson ficará nos anais do Senado como o “dia do garçom”.

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Nenhum tema político me causou mais asco na semana passada que a aposentadoria de Roseana Sarney como servidora do Senado.
Ela entrou para o Senado em 1974, aos 21 anos de idade, sem prestar concurso público, num “trem da alegria”, chamado por sua assessoria de “processo seletivo”. Ela só trabalhou como servidora durante três anos, entre 1982 e 1985, quando o pai, José Sarney, já era senador. O Senado informa que contratou Roseana em novembro de 1984 e que, agora, a aposentou do cargo de “Analista Legislativo”. É de chorar.
Como deve se sentir  um senador que finge falar para uma multidão, diante  de cadeiras vazias? 
Em 1985, Roseana pediu licença do Senado para acompanhar o pai na Presidência da República, até 1990. Voltou como senadora e saiu depois como governadora. Continuou a contribuir para o RPPS, a previdência dos servidores. Isso é que é visão de futuro... Agora, pediu aposentadoria integral e ganhou. Roseana, em nota, afirmou que a “aposentadoria ocorre 38 anos depois” de ter começado a “trabalhar” para o Senado. Simples assim. E legal, ainda por cima.

Roseana receberá por mês, de aposentadoria, R$ 23.859,34. Como governadora do Maranhão, ganha R$ 15.409,95. O Maranhão, capitania dos Sarneys, é o Estado com o segundo pior IDH do Brasil – perdeu a primazia para o Estado de Renan Calheiros, Alagoas. Se Roseana quisesse, poderia acumular três aposentadorias quando deixasse o cargo atual: como ex-governadora, ex-senadora e ex-servidora. Porque são fontes diferentes. É o motivo oficial. No país do rombo na Previdência, calcula-se que 67% dos aposentados pelo INSS recebam o equivalente ao salário mínimo: R$ 678. Um sistema de castas duro de engolir, impossível de explicar.

Roseana teve escola particular de enriquecimento com o pai, que acumulou todas as fontes de renda possíveis – como o auxílio-moradia embolsado irregularmente. Há dois anos, o site Congresso em Foco divulgou que José Sarney recebia um supersalário de R$ 62 mil por mês: a soma do subsídio de quase R$ 27 mil do Senado aos R$ 35 mil de duas aposentadorias, no governo no Maranhão e no Tribunal de Justiça estadual.

Ao contrário do pai, Roseana prometeu “devolver aos cofres públicos” a parte dos rendimentos que ultrapassar o teto do funcionalismo, R$ 28 mil. Não sabemos como fará isso. Para o Senado, ela não pode devolver nada. Depositará na conta do Tesouro? Fará um requerimento abrindo mão de quase um terço de sua remuneração mensal de R$ 39 mil? Doará para a Fundação Sarney? Vamos esperar para ver. Prometo divulgar seu ato de generosidade, Roseana.

terça-feira, 23 de abril de 2013

Só rindo...


Refletir...


“Se o problema tem solução, não esquente a cabeça, porque tem solução. Se o problema não tem solução, não esquente a cabeça, porque não tem solução.”
(Provérbio Chinês)

Língua afiada...


PEGADINHA GRAMATICAL
"Estamos servindo almoço"

Estamos servindo almoço

Li essa frase em uma faixa afixada à frente de um restaurante da cidade de Londrina (PR) que servia apenas jantar e passou a servir almoço também.

Aparentemente não há problema algum, não é mesmo? Aparentemente apenas, pois há uma inadequação gramatical muito freqüente na linguagem cotidiana do brasileiro, mesmo daquele que tem bom nível cultural.

É o uso do verbo estar acompanhado de gerúndio inadequadamente; é o vício do gerundismo. Isso não quer dizer que seja sempre errado usar o gerúndio, forma nominal do verbo que serve para indicar ação em curso. É adequado usar o gerúndio exatamente quando este indicar ação em curso.

A frase não teria inadequação alguma, portanto, se fosse afixada defronte ao restaurante na hora do almoço e retirada quando este terminasse, pois a ação de servir almoço estaria em curso, ou seja, estaria acontecendo naquele exato momento e continuaria por um tempo determinado.

A combinação do verbo estar, no presente do indicativo (estou, estás, está, estamos, estais, estão), com gerúndio, indica ação em curso ocorrendo no exato momento da fala. Li a frase, porém, por volta das 18h30. Não era hora do almoço, então. Por isso ela está inadequada gramaticalmente.

Veja, por exemplo, as seguintes frases:

Estou estudando Português.
Estou namorando Ester.

Essas frases só estariam adequadas gramaticalmente se estivessem ocorrendo no exato momento da fala, ou seja, se, no momento em que falei a primeira frase, estivesse realmente estudando Português e, no momento em que falei a segunda frase, estivesse namorando Ester.

Se, porém, quisesse indicar ação cotidiana, ou seja, se quisesse indicar que as ações ocorrem costumeiramente, deveria usar somente apenas o verbo estudar, na primeira frase, e apenas namorar, na segunda, ou a combinação ter com particípio em ambas as frases.
Por exemplo:

Estudo Português todos os dias.
Namoro Ester há vários anos
Tenho estudado português bastante ultimamente.
Tenho namorado Ester todos os dias.

A frase apresentada, então, para se adequar aos padrões cultos da Língua Portuguesa, deveria ser assim estruturada:

Servimos almoço.
ou

Servimos almoço também.

História...


Nova República e Democracia
Cidadão brasileiro recebendo o título de eleitor: o documento garante o direito ao voto nas eleições.
No ano de 1985, a chegada de José Sarney na presidência da República marcava o fim do regime militar e o retorno do regime democrático brasileiro. Nesse governo, temos a organização de várias leis novas que deveriam devolver as liberdades e direitos perdidos por milhares de cidadãos brasileiros. Grande parte dessas leis foi registrada na Constituição de 1988, que ainda hoje ocupa o posto de conjunto de leis mais importante do país.
Já nessa época temos a organização de novos partidos políticos. Anteriormente, o governo militar só permitia a existência de dois partidos políticos e ninguém poderia fundar partidos que defendessem ideias que ameaçassem a ordem vigente. Com a Nova República, partidos de várias tendências ideológicas tinham a liberdade de se organizar, realizar manifestações públicas e disputar as futuras eleições.
Essa situação reforçava o retorno para a democracia. Afinal de contas, o regime democrático deve ser responsável por garantir que as diferentes opiniões e propostas tenham direito à manifestação. Desse modo, o cidadão poderia votar e conhecer diferentes tipos de ideais políticos que se organizavam através dos partidos. Ao mesmo tempo, a Nova República também permitiu que os sindicatos, associações de bairro e cooperativas garantissem a livre organização dos cidadãos brasileiros.
Um dos pontos mais discutidos sobre a democracia na Nova República também se concentra no fato de o voto ser obrigatório entre os cidadãos maiores de dezoito anos. Para alguns, essa exigência fere a escolha dos brasileiros em querer ou não participar da escolha dos nossos políticos. Contudo, depois de mais de vinte anos de ditadura, o voto obrigatório talvez seja uma necessidade temporária para que o exercício da cidadania voltasse a integrar o cotidiano dos cidadãos.
Além disso, a Nova República ainda teve de encarar outros desafios para que nos transformássemos em uma democracia real. A concentração de renda, os problemas do sistema educacional, o aumento da criminalidade, a corrupção, o preconceito e a exploração dos menos favorecidos são alguns dos vários desafios desse tempo e que ainda precisam ser resolvidos.
Por tal razão, vemos que os cidadãos devem levar muito a sério o direito que possuem de colocar os políticos que exercerão o poder. Cada voto deve representar um compromisso com esses problemas que afetam o país. Os nossos vereadores, deputados, senadores, governadores e presidente devem exercer seus cargos igualmente comprometidos com a superação desses problemas que atingem a sociedade brasileira atual.

Viva a sabedoria...


A noção de progresso em Marcuse
Segundo Marcuse, as condições técnicas que surgiram para satisfazer as necessidades básicas do ser humano permitem que se dê um salto qualitativo para o progresso deste mesmo ser humano.
A máscara do sistema caiu com a teoria de Marcuse que evidencia a indevida associação de liberdade e felicidade ao consumo de bens
A noção de progresso pode ter duas acepções: a primeira diz respeito a seu aspecto quantitativo que exibe a evolução da técnica na busca da dominação da natureza. O segundo aspecto é qualitativo e aborda o desenvolvimento das potencialidades humanas, visando a sua plena realização.
A visão psicanalítica de Freud coloca a impossibilidade da felicidade do ser humano. Isso porque de acordo com esta teoria, o trabalho na sociedade burguesa não é prazeroso, visto que é empregado como valor socialmente útil, o que causa a repressão das pulsões de Eros ou do princípio de prazer, impedindo a sua plena satisfação.
A evolução do progresso quantitativo ou técnico que utiliza ou dispende uma grande quantidade de energia pulsional se deu em detrimento do progresso qualitativo ou humano. A tentativa de dominação da natureza pelos homens acarretou a dominação destes pela produtividade. Esta condiciona o comportamento dos indivíduos em sociedade, visando sempre atender apenas às suas necessidades. Mesmo quando o indivíduo se beneficia com alguma melhora nas suas condições de existência é sempre para que a produção tenha maior eficácia e rentabilidade. A vida do indivíduo torna-se administrada, a visão linear do tempo determina o presente visando um futuro incerto, porém que se impõe a esse. O passado já não mais serve para nada.
Se para Freud esta visão só possibilita a infelicidade, para Marcuse ela é o ponto chave para o desenvolvimento humano. As condições técnicas que surgiram para satisfazer as necessidades básicas do ser humano já permitem que se dê um salto qualitativo para o progresso deste mesmo ser humano. Para isso, entretanto, é necessário dessublimar a cultura que só tende a produzir bens supérfluos e divulgar a aquisição de tais bens como fonte de liberdade e felicidade. Deve-se contrapor àquela visão linear de tempo, uma visão que tem apenas uma curva ascendente, uma visão do tempo pleno, de duração e satisfação reais. Para Freud, a infelicidade se caracteriza pela impossibilidade da realização dos desejos. Marcuse propõe a transcendência desses desejos a fim de alcançar a plena fruição das pulsões (claro, com o mínimo de repressão!) que caracterizam a verdadeira felicidade.
Portanto, a máscara do sistema caiu com a teoria de Marcuse que evidencia a indevida associação de liberdade e felicidade ao consumo de bens, o que na verdade provoca o efeito ilusório de satisfação, fomentando cada vez mais os desejos e tornando as pessoas doentes, pois a coisificação da expressão não é suficiente para a plenitude e satisfação. É necessária a desvinculação destas ideias CONSUMO = LIBERDADE, para que possamos pensar em um progresso realmente qualitativo de vida e de relações humanas. Como diz Marcuse, “o tempo compreendido de forma linear é vivido em relação a um futuro mais ou menos incerto” de forma que “o tempo pleno, a duração da satisfação, a duração da felicidade individual, o tempo como tranquilidade, só pode ser imaginado como sobre-humano...”. Esta pode ser uma alternativa para as reflexões atuais sobre sistemas produtivos, superando a antítese entre capitalismo e comunismo exagerados.

Cultura...


A Nostalgia da Europa
Na Idade Média, a unidade europeia repousava na religião comum. Nos Tempos Modernos, ela cedeu o lugar à cultura (à criação cultural) que se tornou na realização dos valores supremos pelos quais os Europeus se reconhecem, se definem, se identificam. Ora, hoje, a cultura cede, por sua vez, o lugar.
Mas, a quê e a quem? Qual é o domínio onde se realizaram valores supremos susceptíveis de unir a Europa? As conquistas técnicas? O mercado? A política com o ideal de democracia, com o princípio da tolerância? Mas, essa tolerância, que já não protege nenhuma criação rica nem nenhum pensamento forte, não se tornará oca e inútil? Ou então, será que podemos entender a demissão da cultura como uma espécie de libertação à qual nos devemos abandonar com euforia? Não sei. A única coisa que julgo saber é que a cultura já cedeu o seu lugar. Assim, a imagem da identidade europeia afasta-se do passado.
Europeu: aquele que tem a nostalgia da Europa.

Milan Kundera, in "A Arte do Romance"
http://www.citador.pt/textos/a-nostalgia-da-europa-milan-kundera

Mais uma etapa superada...