domingo, 23 de março de 2014

Curiosidade...

Por que piscamos?
Piscar lubrifica e limpa a córnea

Quantas vezes você já fez essa pergunta e nunca recebeu uma resposta satisfatória? Também já deve ter se perguntado, por que os olhos ardem quando permanecemos certo tempo sem piscar?

Muitos dizem que piscar é um charme humano, que obtém muito sucesso durante uma paquera, mas a real finalidade da piscada não é essa. Na região ocular existe uma glândula responsável pela produção de lágrimas, denominada glândula lacrimal, a lágrima produzida por ela é responsável por irrigar os olhos, um tipo de líquido lubrificante. 

Piscamos inúmeras vezes ao longo do dia para espalhar essa lágrima por toda a superfície ocular, essa secreção permite uma limpeza natural da córnea. Além do mais, às vezes piscamos como reflexo para evitar a ação de agentes externos como, por exemplo, a poeira, impedindo que essa entre em contato direto com a córnea. Quando passamos um tempo sem piscar os olhos começam a arder, pois os mesmos necessitam de lubrificação constante, por isso é tão importante piscar.

Piscamos graças a um conjunto de nervos conectados aos olhos. Há dois tipos de estímulos; o visual e o sensitivo, que chegam ao nervo óptico, esse envia uma mensagem ao núcleo óculo-motor, situado atrás do globo, que aciona os músculos e fazem as pálpebras se fecharem. Permanecer muito tempo sem piscar pode gerar diversos problemas, entre eles a diplopia, ou seja, “Síndrome do Olho Seco”.

Se por ventura sentir alguma alteração na região ocular procure seu oftalmologista, para evitar problemas futuros.

Piada..

Um advogado e sua sogra estão em um edifício em chamas. Você só tem tempo pra salvar um dos dois. O que você faz? Você vai almoçar ou vai ao cinema?

Devanear...

Leia um trecho erótico do livro "80 dias - A cor da Paixão"
Você nunca mais irá se achar feia após a academia depois disso...

Simón era bem mais voltado para a família do que eu. Brigava com os irmãos como cães e gatos, e com os pais também de vez em quando, mas falava com todos pelo menos uma vez por semana. Minha família e eu tínhamos um relacionamento bem feliz, mas eu conseguia passar facilmente seis meses sem ter notícias deles.

Ergui o olhar e o beijei. Ele tinha lábios carnudos e, na maior parte dos dias, barba por fazer. Simón reagiu ao toque dos meus lábios, me beijou com firmeza e me puxou delicadamente para o quarto, passando as mãos por baixo da minha camiseta e puxando o fecho do meu sutiã esportivo.

Ele havia aprendido uma das minhas peculiaridades: não tinha nada que eu quisesse mais quando estava aborrecida — desde que não fosse com ele — do que sexo. Eu sabia que era uma forma estranha e específica de consolo, só minha e talvez de uma pequena minoria da população feminina. O sexo colocava meus pés no chão como mais nada conseguia fazer, e era a única coisa na Terra, atrás talvez apenas de tocar meu violino, que me fazia sentir em paz.

Simón puxou minha calça de corrida para baixo e deslizou o dedo para dentro de mim. Uma onda familiar de prazer subiu pela minha coluna em reação ao toque dele.

— Eu devia tomar banho — protestei. — Estou toda suada.

— Não, não devia — disse com firmeza, me empurrando para a cama.

— Você sabe que gosto de você assim.

Era verdade, e ele tentava enfatizar isso com frequência. Simón gostava de mim como eu era, estivesse como estivesse, algo que sempre deixava claro ao me acordar com a cabeça entre as minhas pernas ou partindo para cima de mim quando eu terminava de me exercitar. Ele era um homem apaixonado que amava fazer amor e fazia tudo que podia para me agradar. Porém, tínhamos gostos diferentes na cama.

Ambos preferíamos não estar no comando.

Simón não era um homem dominador, e eu sentia falta desse traço de força, da firmeza do toque de Dominik e de outros homens como ele. Eu queria ser amarrada à cama e deixar que outra pessoa fizesse o que quisesse comigo. Simón tentou, mas nunca conseguiu aceitar a ideia de que podia genuinamente me machucar. Ele dizia que, mesmo de brincadeira, não podia amarrar uma mulher nem bater nela, e isso descartava spanking, uma das coisas de que eu mais gostava.

Ele era um bom homem. Eu sabia que me colocar por cima era bem mais o estilo dele do que o contrário, mas estava fazendo assim porque sabia que eu preferia. O fato de eu ter passado nosso relacionamento inteiro com uma sensação irritante de insatisfação era fonte constante de culpa, como um ferimento que não fechava, uma coceira que eu não conseguia coçar.

Eu queria, mais do que qualquer coisa, ser o tipo de mulher que ficaria feliz com todas as coisas comuns. Eu tinha até mais do que as coisas comuns. Não apenas um bom homem, mas um homem maravilhoso. Nós dois tínhamos bons amigos, ótima saúde e carreiras de sucesso. Mas, ainda assim, uma voz sussurrava no meu ouvido que a vida que eu estava vivendo não era a vida que eu queria nem uma vida certa para mim.

Simón queria se casar e ter filhos, e eu não. Era a única coisa sobre a qual realmente discordávamos e nunca conseguíamos resolver, e eu tinha uma sensação dilacerante de horror cada vez que eu o via olhando para uma vitrine de joalheria e para os anéis de noivado, ou sorrindo para um bebê na rua. 

Todas as coisas que o teriam deixado feliz e satisfeito para sempre eram coisas que me apavoravam e, na calada da noite, quando eu não estava distraída pelo trabalho nem por compromissos sociais nem correndo no frio, sentia como se alguém tivesse prendido um peso no meu pescoço, ou pendurado uma auréola acima de mim que era tão pesada que eu não conseguia segurá-la no ar. Às vezes, sentia como se fosse ser esmagada sob o peso da minha própria vida.

Duas semanas se passaram, e meus sonhos estavam cheios de água agitada e do som da voz de Dominik.

Eu acordava de manhã, assustada, como se tivesse sido arrancada do sono por um leão.

Apesar dos meus medos e das minhas preocupações, o tempo passou, como sempre passava. Eu corria todos os dias, ensaiava, ia a eventos noturnos com outros casais, a maioria do cenário musical. Mas me sentia sem propósito, como um navio sem leme, como se minha vida estivesse gradualmente se dissolvendo no nada, um momento de cada vez.

Número dois...



"Aí não, amor!"
No país do sexo anal, a vida pode ser difícil para as mulheres

Um jornalista americano escreveu na revista Vanity Fair que a grande palavra da cultura alemã é “merda”. Segundo ele, os excrementos humanos e suas variações ocupam um lugar de destaque na língua e no pensamento alemães. Como eu não entendo mais que 12 palavras em alemão, não posso realmente julgar a afirmação, mas ela me fez pensar sobre qual seria a palavra mais reveladora, mais carregada de sentidos e mais frequente do português falado no Brasil - e aí não tenho dúvida que de que temos algo em comum com os alemães. Se eles se lambuzam com a palavra “merda”, nós, brasileiros, somos apaixonados pela palavra “cu”.

Ela aparece em todas as conversas e permeia todas as relações, invariavelmente de um jeito vulgar, mas que todos praticam. A gente diz que o Brasil é um cu, fala que fulano mora no cu do mundo, lembra que o cu não tem a ver com as calças. E esse é apenas o substantivo, o advérbio, o cu como sinônimo de coisa ruim. O outro uso da palavra, ainda mais revelador, é como metáfora da penetração. Se o cara fechou você no trânsito, você manda ele tomar... 

Porque dói. Se o chefe é injusto, obviamente está pondo ... Porque humilha. Quando você se deu mal, claro, levou ... Porque fere. E se alguém está passando dos limites, você pergunta: na bundinha não vai nada? Porque se trata de um abuso. Duvido que haja outro país em que a mesma palavra – e a metáfora da penetração – sejam usadas com tanta frequência e com tamanha intensidade emocional. Sobretudo na linguagem masculina. São os homens que mais põem e levam, o tempo inteiro.

Não precisa ser o Contardo Caligaris para perceber que este é um país de sodomitas, ao menos retoricamente. Os homens brasileiros são obcecados por sexo anal, e por isso o assunto transborda de forma tão exuberante na linguagem diária.  Os marmanjos pensam e falam insistentemente sobre o assunto, mesmo quando não praticam. O resultado dessa predileção real ou imaginária é que o tema invade a rotina das mulheres. Em boa parte dos lares brasileiros sexo anal é motivo de debate acirrado. Às vezes, é o grande impasse sexual do relacionamento. O homem quer, a mulher resiste. E a conversa continua.

Em privado, muitas mulheres reclamam dessa insistência masculina. Elas às vezes cedem, com grande desconforto, para que o sujeito não vá realizar a mesma fantasia com outra mulher. 

Sexo anal muitas vezes é um sacrifício, um gesto de amor que o parceiro nem sempre percebe como tal. As mulheres muitas vezes se embriagam para permitir que aconteça. Usam anestésico para reduzir as sensações ruins. Veem cursos na internet para aprender o jeito menos dolorido de se deixar penetrar. Isso tudo antes. 

Depois que acontece, elas reclamam de outras coisas. A primeira é a dor, presente durante e depois do sexo. A outra é que o parceiro, tendo vencido essa fronteira, acha que a passagem ficou livre. Em vez de diminuir, a concessão aumenta a pressão por dar o cu. Outra vez.

Mas essa é apenas parte da história. A outra envolve as mulheres que gostam de sexo anal. Há muitas delas, verdadeiras entusiastas. Por razões que podem ser psicológicas ou físicas – o reto tem mais terminações nervosas que a vagina – elas atingem orgasmos mais intensos ou têm sensações emocionais mais completas quando penetradas por trás. 

O ato envolve alguns cuidados do parceiro, geralmente implica em algum tipo de dor para elas, mas, ainda assim, ou por isso mesmo, elas curtem. Por fetiche, por doação, por anatomia – quem saberá?

Hoje em dia, com a difusão de um certo feminismo rasteiro, existe preconceito em relação a mulheres que gostam de sexo anal. 

Uma moça que eu conheço foi discutir as possíveis consequências da penetração anal com a ginecologista e ouviu um sermão. 

“Você não precisa se submeter a isso”, disse a médica. “Eu não me submeto. Eu gosto”, respondeu a moça. “Mas penetração anal machuca, não é para gostar”, retrucou a médica. A moça, que é boa de briga, mas já se sentia um pouco humilhada, encerrou a conversa sugerindo à médica que a anatomia “e a cabeça” delas eram diferentes. Talvez fosse o caso de mandar a médica moralista tomar naquele lugar.

No fundo tudo se resume a anatomia e cabeça.

Algumas mulheres não têm a anatomia necessária. Gostam de sexo, transam com desenvoltura e têm prazer em experimentar novidades. Mas, por mais que tentem, a penetração anal resulta para elas num ato triste e doloroso, que leva à beira do mal estar e não do êxtase. 

Nessas circunstâncias, o parceiro precisa abrir mão e entender que só há prazer quando dois estão curtindo. Mesmo porque, em alguns casos o problema anatômico é dele. Entre as vantagens de ser bem dotado não se inclui a de achar parceiras ansiosas para o sexo anal. Esse é um terreno em que os menores têm mais chance.

A questão dos sentimentos – o que passa pela cabeça das mulheres – é ainda mais complicada. No mar revolto e impenetrável de onde emerge o prazer não há respostas claras. Li há tempo sobre uma mulher que se excitava intensamente só de ouvir uma voz masculina que viesse por trás dela – esse era o preâmbulo suficiente para uma perfeita relação anal. Outras mulheres, igualmente saudáveis, não podem nem ouvir falar de dar o cu. A simples menção do ato lhes desperta repulsa e temor. Quem está certa e quem está errada? Ninguém.

Houve um tempo em que a dificuldade das mulheres em se deixar penetrar dessa forma era considerada um defeito. Fulana é ruim de cama, nem gosta de sexo anal, os homens diziam. Os mesmos homens que diante de um delicado dedo no seu ânus seriam capazes de reagir aos bofetões. Acho que esse tempo está acabando, porém. 

Continuamos, como uma grande nação emergente, obcecados pelo cu, mas aos poucos percebemos que isso pode ser apenas uma metáfora. Se a sua fêmea relutante não tiver medo de ser violada a cada noite, se ela souber que tudo vai ficar no terreno da fantasia, talvez ela aceite brincar e falar sobre o assunto. A imaginação não tem esfíncter e pode ser muito excitante. Por ela passam, sem dor, coisas que na vida carnal fariam chorar e desistir.

100% desconfiar!


Você confia em alguém?
Na versão de Dilma? De Alckmin? No governo? Na oposição? Na polícia? Em quem acreditar?

A confiança é a base das relações. Em casa ou no trabalho, na família, no amor, na amizade. Quando se perde totalmente a confiança, por uma sucessão de mentiras, incompetências ou traições, fica difícil até acreditar na verdade. 

O Brasil vive hoje uma crise profunda de credibilidade das instituições, das empresas e dos governantes. É ruim para o país, é péssimo para nossa autoestima como brasileiros e, em ano eleitoral, provoca uma baita insegurança.

Você acredita na versão da presidente Dilma Rousseff sobre o monumental escândalo da compra bilionária da refinaria de Pasadena pela Petrobras? Você acredita que Dilma, então ministra da Casa Civil, foi traída pelo Conselho que ela mesma dirigia? Você acredita que Dilma, com todo o seu rigor de gerentona, assinou um negócio de mais de US$ 1 bilhão sem conhecer as cláusulas, apenas com base num parecer “técnico e juridicamente falho”, segundo a nota do Planalto?

Você acredita nas boas intenções da Petrobras? Você acredita que ninguém da estatal levou dinheiro ao recomendar a compra, por US$ 1,19 bilhão, de uma refinaria vendida um ano antes por US$ 42,5 milhões? Você acredita que o escândalo da refinaria de Pasadena não passa, segundo o presidente do PT, Rui Falcão, de um ataque à maior empresa do Brasil e “patrimônio de nosso povo”? Você confia em Rui Falcão?

Você confia na inocência do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa? Ele foi preso pela Polícia Federal com mais de R$ 1 milhão em casa, sob acusação de envolvimento com quadrilha de lavagem de dinheiro. Você acredita que o Land Rover que ele ganhou de presente do doleiro Alberto Youssef tenha sido apenas um mimo como pagamento por uma consultoria?

Você acredita no governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, quando ele diz que pegar água da Bacia do Rio Paraíba do Sul – que abastece o Rio de Janeiro – seria uma boa política para os dois Estados? Alckmin acha que seu plano não prejudicará em nada o abastecimento de água do Estado do Rio e que é “uma via de mão dupla”. Você confia em Alckmin?

Você acredita que nossa inflação anual em 2013 ficou abaixo dos 6%, como afirma o governo? Você, que compra comida e paga por serviços, acha mesmo que a inflação foi de 5,91%? Você confia nos índices oficiais? Você acredita que, caminhando nesse ritmo, a inflação, no próximo ano, subirá ou será “trazida para o centro da meta” – como se fala no economês ininteligível dos ministros?

Você acredita na versão dos PMs que levaram para o hospital Claudia Ferreira, moradora do Morro da Congonha, no Rio de Janeiro? Você acredita que o subtenente Rodney Miguel Arcanjo só colocou Claudia no porta-malas da patrulha porque a rua era estreita, e ele ficou receoso devido ao assédio dos parentes e vizinhos de Claudia? 

Você acha mesmo que os PMs só queriam salvar Claudia? Você confia nos flagrantes da PM carioca e nos resultados de inquéritos? Mesmo após a história mentirosa e fantasiosa sobre o desaparecimento de Amarildo da favela da Rocinha, você confia nas versões oficiais sobre os “autos de resistência”? Você acredita que os PMs apoiam as UPPs?

Você acredita que o Brasil tem condições de sediar uma Copa do Mundo com um mínimo de respeito a prazos, horários, transporte, voos e acomodações? E sem desperdício de dinheiro? O estádio que abrirá a Copa em 12 de junho, com o jogo entre Brasil e Croácia, será entregue incompleto no dia 15 de abril à Fifa. 

Sem carpete, com piso de cimento. Sem iluminação, holofotes terão de ser alugados. Lanchonetes ainda por acabar. Ah, o problema é do BNDES, que atrasou a liberação do financiamento de R$ 400 milhões. A Fifa tinha exigido que o estádio fosse entregue com dois telões, cada um com 90 metros quadrados. Adivinhe! Os telões terão de ser alugados. 

Você acredita que os estádios de Curitiba e Cuiabá estarão prontos logo? Aliás, você confia na Fifa?

Você confia na oposição? Deve haver alguma coisa errada, porque, se 64% dos brasileiros estão insatisfeitos com o atual rumo do Brasil e querem que o próximo presidente mude muito ou totalmente o país, por que Dilma, segundo as previsões, venceria logo no primeiro turno? Você confia em Aécio Neves ou Eduardo Campos na Presidência da República? 

Você sabia que 35% dos brasileiros não conhecem Eduardo Campos e 27% não conhecem Aécio Neves? Você acredita que Campos e Aécio possam restituir a confiança na ética política e acabar com o vexame internacional do Brasil em saneamento, educação, saúde e segurança?
Todos podem ser inocentes ou competentes, não é mesmo? Em alguém daí de cima – de políticos a empresários e policiais –, a gente deveria acreditar, pelo bem do Brasil. Você confia?

Circo Brasil...

A desmoralização e a sangria da Petrobrás

ROLF KUNTZ - O Estado de S.Paulo

Produzir petróleo, vejam só, é prioridade da Petrobrás, segundo garantiu a presidente da companhia, Graça Foster. Essa declaração, em linguagem típica de negócios, deve ter soado como heresia em relação aos padrões da gestão petista, famosa internacionalmente por seus projetos de baixa qualidade, pela falta de foco empresarial e por um prejuízo superior a US$ 1 bilhão num único investimento. Seu valor de mercado, o 12.º maior do mundo há cinco anos, caiu para a 120.ª posição, segundo lista divulgada na internet pelo jornal Financial Times. 

Qualquer sinal de seriedade, nesta altura, pode favorecer pelo menos uma recuperação de imagem. Sem renegar abertamente a preferência aos fornecedores nacionais, a presidente de certa forma redefiniu as regras do jogo. Prometeu continuar comprando da indústria local, mas com duas ressalvas. As encomendas serão de acordo com a capacidade da indústria e os preços terão de ser competitivos "em relação a outras oportunidades fora do Brasil". 

Se continuar no posto e insistir nessa orientação, talvez consiga reconverter a Petrobrás numa empresa - uma organização de negócios com foco razoavelmente definido, metas de rentabilidade e padrões profissionais de administração.

A mudança, nesse caso, envolverá a adoção de alguns critérios vitais tanto para a Boeing quanto para a mais modesta padaria do bairro. Esses critérios foram pisoteados durante os últimos dez anos. Nesse período, a maior empresa brasileira foi subordinada a objetivos políticos e pessoais do grupo instalado no Palácio do Planalto e às conveniências de seus companheiros e aliados. 

Antes disso, a Petrobrás pode ter sido mal orientada em algumas fases, mas quase sempre funcionou com critérios empresariais, empenhada em procurar e extrair petróleo e gás, produzir e distribuir combustíveis e contribuir para a segurança energética do Brasil.

Com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua sucessora, os interesses empresariais da Petrobrás foram postos em segundo ou terceiro plano. Isso levou a desperdícios, comprometeu a geração de caixa e reduziu as possibilidades de investimento exatamente quando a companhia, depois da descoberta do pré-sal, teria de cumprir um programa excepcionalmente difícil e custoso.

Investimentos de US$ 220,6 bilhões estão previstos para o período entre 2014 e 2018 no recém-divulgado plano de negócios. A maior parte desse dinheiro, US$ 153,9 bilhões, deverá ser destinada a exploração e produção. Levantar esses bilhões dependerá da melhora de vários indicadores. O documento enumera os "pressupostos da financiabilidade". Será preciso manter o grau de investimento, elevar os preços de derivados até os níveis internacionais e promover parcerias e reestruturação do modelo de negócios, tudo isso sem a emissão de novas ações.

Para manter o grau de investimento e continuar atraente para os financiadores, a empresa terá de melhorar seus indicadores de endividamento e de alavancagem no prazo de 24 meses. Em outras palavras, terá de reduzir a proporção entre recursos de terceiros e recursos próprios e precisará diminuir para menos de 2,5 vezes a relação entre a dívida líquida e os ganhos antes do pagamento de juros, impostos e dividendos (Ebitda).

Não são números e objetivos escolhidos de forma arbitrária. A Petrobrás ganhou destaque na imprensa internacional, em outubro, como a empresa mais endividada do mundo, de acordo com levantamento do Bank of America Merrill Lynch. Quanto ao risco de ser rebaixada pelas agências de avaliação de crédito e perder o grau de investimento, está longe de ser imaginário.

No ano passado a Standard & Poor's alterou a perspectiva da empresa de estável para negativa. Poucos meses depois, a Moody's baixou a classificação da Petrobrás de A3 para Baa1 com perspectiva negativa, preservando o nível de investimento. Para justificar a revisão a agência citou o nível de alavancagem e a perspectiva ruim de geração de caixa nos anos seguintes.

A perda de valor de mercado afetou tanto a Petrobrás quanto a Eletrobrás, prejudicadas principalmente pela interferência política na administração das maiores estatais, convertidas em casas da mãe Joana. O loteamento de postos e o desprezo aos critérios técnicos tem sido uma das marcas principais da gestão petista. 

Dirigentes de grandes companhias controladas pelo governo - para nem falar da maioria dos ministros - são identificados mais pelo nome de seus padrinhos do que pela reputação profissional. Parte do noticiário sobre a prisão do ex-diretor de Refino e Abastecimento Paulo Roberto Costa tratou de suas relações com políticos do PP, do PMDB e de sua livre circulação no Congresso.

O desprezo aos padrões empresariais foi evidenciado nos fracassados projetos de associação com a PDVSA, no controle de preços de combustíveis, na baixa qualidade de vários investimentos, na desastrosa compra da refinaria de Pasadena, no Texas, e na conversão da Petrobrás em instrumento de uma política industrial com validade vencida e injustificável no século 21.

O grotesco episódio do petroleiro João Cândido, lançado ao mar em 2010 com palavrório de Lula e nenhuma condição de navegar, foi uma boa demonstração de um estilo de governo e de administração. A aprovação da compra da refinaria texana com base num sumário executivo, como confessou a presidente da República, foi perfeitamente compatível com esse estilo gerencial. 

Sua fama de administradora jamais foi merecida. Essa trapalhada confirma a opinião de quem nunca aceitou a lenda. Estranha, mesmo, era a presença no Conselho de Administração, então chefiado pela ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, de grandes empresários. Sua função, para o governo, seria legitimar os desmandos cometidos na empresa. Como podem ter ignorado esse detalhe?


Se aqui o país fosse habitado por pessoas sérias...

O caso da refinaria sepulta as invencionices ufanistas de Lula e Dilma. A Petrobras é deles. Só é nossa a conta bilionária
DILMA ROUSSEFF-PLATAFORMA P-56 2
José Sérgio Gabrielli, Graça Foster, Dilma Rousseff e Paulo Roberto Costa em visita à Plataforma P-56, em Angra dos Reis, em junho de 2011

No comício promovido por Lula para oficializar a saída de José Eduardo Dutra e a chegada de José Sérgio Gabrielli, o Brasil ficou sabendo que a Petrobras seria presidida por um gênio da raça disfarçado de economista baiano. “O companheiro José Sérgio Gabrielli  se transformou num dos mais importantes diretores financeiros que a empresa já teve em toda a sua história”, informou o palanque ambulante em 22 de julho de 2005. Nem todos enxergam tão longe, elogiou-se na continuação do palavrório.

“Não faltaram pessoas que me diziam assim: o mercado não vai gostar, o mercado vai reagir, é melhor deixar quem está lá”, foi em frente o recordista brasileiro de bravata & bazófia. ”Como eu não tenho nenhuma relação de amizade com o mercado, resolvi indicar quem eu queria”. O que queria (e, pelo jeito, encontrara) era alguém capaz de acumular a presidência da OPEP com a coordenação do carnaval de Salvador. Como até gente assim pode precisar de conselhos, ele lembrou a Gabrielli que, caso quisesse ajuda, bastaria recorrer à onisciente e onipresente Dilma Rousseff, chefe da Casa Civil e presidente do Conselho de Administração da Petrobras.

Ainda em 2005, a sumidade descoberta por Lula encampou a grande ideia de Nestor Cerveró, diretor da Área Internacional: comprar por US$ 360 milhões metade de uma refinaria no Texas que a empresa belga Astra Oil havia adquirido meses antes por US$ 42,5 milhões. Com a ajuda de outro diretor, Paulo Roberto Costa, Cerveró produziu o “resumo executivo” apreciado em 3 de fevereiro de 2006 pelo Conselho de Administração. Foi uma decisão desastrosa, comprovou o desfecho do negócio: em 2012, para encerrar a disputa judicial iniciada cinco anos antes, a Petrobras pagou mais US$ 820 milhões à Astra Oil e transformou-se na única proprietária de uma refinaria inútil.

Feitas as contas, a aquisição da velharia no Texas, sugerida por Gabrielli e aprovada por Dilma, custou US$ 1,18 bilhão ─ ou 2,8 bilhões de reais, que poderiam ter atendido a angustiantes urgências do viveiro de miseráveis fantasiado de potência emergente. Só nesta semana a supergerente mandona que tudo quer saber, e confere até o custo do cafezinho, resolveu enxergar o monumento à inépcia, à vigarice e à gatunagem. Com a candura de uma Filha de Maria, alegou desconhecer a existência de cláusulas leoninas infiltradas no contrato. Bastaria ter lido os documentos colocados à disposição da presidente do Conselho.

Em outubro de 2010, todos no Planalto sabiam da história inverossímil. Menos Lula, reiterou a visita do maior governante desde Tomé de Souza ao campo de Tupi. “Quando a gente quiser ter orgulho de alguma coisa neste país a gente lembra da Petrobrás, de seus engenheiros, de seu geólogos, do pessoal que é a razão maior do orgulho, mais do que o Carnaval, do que o futebol”, recomeçaram as invencionices ufanistas. “A Petrobrás é a certeza e a convicção de que este país será uma grande nação. É a prova mais contundente de que o brasileiro é capaz, é inteligente, não é de segunda classe”.

Depois que o Estadão incorporou a presidente da República ao espetáculo da indecência, a movimentação dos atores ampliou a afronta ao país que presta. Em campanha no Ceará, Dilma recusou-se a comentar a transação vergonhosa: estava lá para não dizer coisa com coisa sobre “mobilidade urbana”. Gabrielli, agora secretário de Planejamento da Bahia, culpou a “crise internacional” pelo negócio suspeitíssimo. Nestor Cerveró, hoje diretor financeiro da BR Distribuidora, tirou férias e foi para a Europa. Cerveró achou prudente cair fora do país tão logo soube que o álibi montado por Dilma  transfere integralmente a culpa para os autores do resumo executivo.

A demissão o alcançou a milhares de quilômetros de distância. Nesta sexta-feira, por ordem do Planalto, o diretor financeiro da BR Distribuidora perdeu o emprego fpelo que fez há mais de oito anos o diretor da Área Internacional da Petrobras. É bom que se cuide: para salvar do naufrágio a candidata à reeleição, o comitê central da campanha pode conferir-lhe o papel que sobrou para Marcos Valério no escândalo do mensalão. Seu parceiro Paulo Roberto Costa está preso, mas por outros motivos: a polícia descobriu que trocou a direção da Petrobras pelo alto comando de uma quadrilha especializada em lavagem de dinheiro.

Afônico de novo, Lula sussurrou a alguns amigos que Dilma não deveria ter confessado o que fez. Daqui a alguns dias vai recuperar a voz para jurar que não sabe de nada. Como os afilhados Dilma e Gabrielli, como os demais sacerdotes da seita que o venera, o padrinho e Grande Pastor sempre soube de tudo. Recitando que o petróleo é nosso, os donos do poder privatizaram a empresa agora reduzida a caso de polícia. A Petrobras é do PT. Só é nossa a conta bilionária.
http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/direto-ao-ponto/o-caso-da-refinaria-desmoraliza-a-vigarice-ufanista-do-padrinho-de-dilma-e-gabrielli-o-petroleo-nao-e-nosso-e-a-petrobras-e-deles/

Mais uma etapa superada...