terça-feira, 23 de outubro de 2012

Devanear...


Poema de Sete Faces - Carlos Drummond de Andrade

Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.

 As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.

O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.

O homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.

Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus
se sabias que eu era fraco.

Mundo mundo, vasto mundo,
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.

Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo.

Pensamentos...


"Cartas de amor são escritas não para dar notícias, não para contar nada, mas para que mãos separadas se toquem ao tocarem a mesma folha de papel". Rubem Alves, escritor, SP, 1947

Terça-feira, 23 de outubro de 2012

Anjo do dia: Mumiah.
Dia de São João de Capistrano.
Dia de Santos Dumont.
Dia do Aviador, em homenagem a Santos Dumont no dia em que ele levantou vôo com o seu "14 Bis"
Dia do Protesto Mundial Contra o uso de eletrochoque.
Dia Nacional da Aviação.

1906 Alberto Santos Dumont sobrevoa Paris a bordo do seu invento, o "14 Bis", o 1º voo mecânico do mundo, percorrendo 60 metros.
1912 Penápolis, assim chamada em homenagem ao presidente Afonso Pena, passa a se chamar Rio Branco, em homenagem ao Barão de Rio Branco, chanceler brasileiro cuja ação diplomática resultou no Tratado de Petrópolis em 1920, e passa a ser a capital do Acre.
2005 Plebiscito pergunta: "O comércio de armas de fogo deve ser proibido no Brasil?", saindo vencedor o "não", infelizmente.

1940 Nascimento: Edson Arantes do Nascimento, o craque de futebol Pelé, em Três Corações, MG.
1961 Nascimento: Moacir Góes, diretor de teatro, em Natal - RN.

Refletir...


“A estratégia sem tática é o caminho mais lento para a vitória. Tática sem estratégia é o ruído antes da derrota.” (Sun Tzu)
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Volta e meia a cena se repete...


Depois de suposta briga, casal morre ao cair de 21º andar de prédio no Rio
Mulher foi identificada como a advogada Adriana Pontes. Delegado do 5º DP informou que havia marcas de sangue e luta corporal em sala de edifício
Um homem e uma mulher morreram após caírem do 21º andar, do prédio 185 na avenida Rio Branco, no centro do Rio de Janeiro. A mulher foi identificada como a advogada Adriana Maria Ribeiro Pontes. O homem não possuía documento e ainda não foi identificado. A polícia já sabe que houve luta corporal antes da queda. O acidente ocorreu por volta das 22h40.
Segundo testemunhas, uma briga teria provocado a tragédia. De acordo com informações iniciais, as vítimas teriam discutido, aos berros, e caído após travarem luta corporal. A janela por onde eles despencaram fica na sala 2.121, em um vão interno do edifício Marquês do Herval.
A polícia informou que o imóvel é do tipo misto (comercial e residencial) e possui uma porta de segurança reforçada. De acordo com o adjunto do 5º DP (Mém de Sá), delegado Leonardo Affonso, havia marcas de sangue e luta corporal na sala.
Uma vizinha contou aos policiais do 5º BPM (Praça da Harmonia), que atenderam a ocorrência, que o casal vinha brigando havia pelo menos um mês e que ela mesma já tinha acionado a PM outras vezes assustada com as discussões. A moradora revelou que, antes da queda, chegou a ver a vítima na sacada do imóvel e um homem atrás.
A advogada trabalhava e costumava pernoitar no local. O homem seria o namorado dela que visitava o imóvel com frequência. A sala, aliás, já teria sido usada há alguns anos como escritório de jogo do bicho. No imóvel há uma porta de segurança reforçada.
Segundo peritos do Instituto de Criminalística Carlos Éboli, Adriana trajava apenas sutiã e calça. No entanto, não foi possível precisar quem caiu primeiro. As testemunhas serão convocadas a prestar depoimento na delegacia.

De cara limpa...


Rogéria sem mágoas: “Meus tios me bolinavam sob meu consentimento”
A mais famosa transformista do País faz um balanço dos seus quase 50 anos de carreira. Sem lágrimas, sem plásticas
9h da manhã. Linha 472 Leme-Triagem. Ônibus relativamente cheio. Uma senhora de lenço no pescoço, óculos escuros e chapéu entra em uma das primeiras paradas. Ninguém a percebe entre tantos passageiros. Com os cabelos louros bem cuidados, mas tendo que ser ajeitados de vez em quando devido ao vento que vem da janela aberta, a senhora viaja por quarenta minutos sem receber qualquer olhar inquisidor. Ao descer do veículo, ela está satisfeita: cumpriu seu papel de mulher.
É graças aos meus santos protetores que hoje eu sou a Rogéria”
A passageira é Rogéria . Ou Astolfo Barroso Pinto. Ela explica o que fazia no tal ônibus. “Um certo dia pensei: ‘vamos deixar de ser sedentária? Vamos fazer um personagem’. Resolvi inventar que preciso ir ao dentista toda manhã. O ônibus Leme-Triagem virou meu palco. Me dei a Palma de Ouro, o Oscar de Melhor Atriz. Fiz isso durante um mês, entrando e saindo do ônibus sem chamar a atenção. Ninguém percebeu que não era mulher”, conta, realizada.
A situação mostra que Rogéria faz de palco qualquer lugar onde esteja. Para esta entrevista, ela recebeu a equipe do iG no camarim do Bar do Tom, onde está em cartaz com a peça “Homenagem a Trois”, ao lado de Chico Caruso e Miele . Ela gira na cadeira em frente a uma penteadeira, se levanta, faz alongamento e alguns passos de balé, muda a entonação de voz de acordo com suas lembranças como se dissesse um texto cênico.
Talvez porque sua vida se misture ao que aprontou sobre os palcos. Começou maquiadora, cuidando de estrelas como Fernanda Montenegro , Ítalo Rossi, Fernando Torres, Sergio Britto, Elizeth Cardoso. Foi atração principal do teatro Carlos Gomes, do Rio, no auge do Teatro de Revista, no fim dos anos 60. Na Europa, circulou por Espanha, Inglaterra e França, onde atuou nos mais animados cabarés parisienses. Neste bate-papo, Rogéria conta por que não é, aos 69 anos, mais uma passageira comum.
iG: Você está em cartaz com uma peça de humor bastante biográfica. Há algum pudor para falar da sua vida?
ROGÉRIA: Quando brinco, brinco em cima de mim. Não me incomoda piada sobre gays, por exemplo. O que me incomoda é piada sobre santos. Não gosto. Não reclamo, acho graça e me retiro. Porque se eu for acreditar que pastor diz que não temos Cristo interno, eu não estaria viva. É graças aos meus santos protetores que hoje eu sou a Rogéria.
iG: Foi fácil se transformar na Rogéria?
ROGÉRIA: Não. Meu maior sonho era estudar no Actor’s Studios de Nova York. Era fantasia maluca de geminiana sem dinheiro. Mas tive uma coisa melhor. Tive todo o elenco da Tele Rio, anterior à TV Globo, para maquiar. Fernanda Montenegro, Ítalo Rossi, Fernando Torres, Sergio Britto, Elizeth Cardoso, Emilinha, Marlene, Chico Anysio, além de trabalhar com Walter Clark, Boni...
iG: Na peça, você fala e canta sobre momentos marcantes de quase 50 anos de carreira. Como decidiu viver 24h por dia esta personagem?
ROGÉRIA: Certa manhã, e isso já faz um bom tempo, acordei e pensei ‘Vamos deixar de ser sedentária?’. Resolvi inventar que preciso ir ao dentista. O ônibus Leme-Triagem virou meu palco. Fui de tênis, porque não queria parecer uma bichinha de sapatinho. Era para parecer uma senhora. E arrasei. Minha entrada de lenço, de óculos, chapéu, com essas unhas imensas... Me dei a Palma de Ouro, o Oscar de Melhor Atriz.
iG: Já aconteceu de algum rapaz desatento confundi-la para valer?
ROGÉRIA: Ah, mas eu desmistifico na hora! Tenho medo do homem descobrir que sou homem só na hora H. Falo logo ‘você sabe que sou um homem? Não sou operada’. Se a tábua estiver arriada, sento e faço xixi. Se estiver levantada, faço em pé. Nunca fiz análise, portanto. Eu lido assim com minhas verdades.
iG: Como Fernanda e Bibi Ferreira te deram um empurrão na carreira, nos anos 60?
ROGÉRIA: Eu não era apenas um gay maquiador, era um artista que cantava. Fernanda me dizia que era preciso talento e vocação. E eu preocupada: “Mas vestida de homem?”. E ela: “Pode ser como você quiser”. Bibi entra nessa história depois, quando a vi no palco fazendo “My Fair Lady” (1962). Foi ela quem me colocou no espetáculo “Roque Santeiro”, cantando com ela ao vivo. É muito atrevimento!
iG: Teve apoio familiar?
ROGÉRIA: Tive uma família maravilhosa, com uma mãe que nunca me fez uma afronta. Nenhum dos meus 14 tios questionou minha sexualidade. Eu não sofri bullying. Eu que batia em todos os garotos! Brincava de Cleópatra com eles, que me carregavam em cima de uma liteira.
iG: O aumento dos casos de bullying faz crer que a sociedade está mais preconceituosa?
ROGÉRIA: Concordo. As pessoas estão mais preconceituosas. A verdade é que não estão estudando, não abrem mais suas cabeças como nas décadas de 70 e 80, por exemplo. Sabe o que me enche de orgulho? Quando uma senhora me para na rua e me diz que adora quando falo que meu nome é Astolfo Barroso Pinto. Isso mostra que nada do que fiz foi em vão.
iG: Já sofreu abuso sexual?
ROGÉRIA: Vou revelar uma coisa que nunca contei. Meus tios passavam a mão em mim, com o claro intuito de se aproveitarem. Eles me bolinavam. Mas eu tinha a situação em minhas mãos. Eles só passavam a mão porque eu deixava.
O povo começou a gritar ‘Ro-gé-ria, Ro-gé-ria...’. Foi o povo quem me batizou”
iG: Da onde surgiu o nome Rogéria?
ROGÉRIA: Foi num concurso de fantasia, março de 1964. Fiquei em primeiro lugar. E todo mundo queria saber meu nome. O apresentador errou no microfone: “Ele é Rogério, maquiador da TV Rio”. E o povo começou a gritar ‘Ro-gé-ria, Ro-gé-ria...’. Foi o povo quem me batizou.
iG: Como foi parar no Moulin Rouge, o mais famoso cabaré de Paris?
ROGÉRIA: Isso foi depois de ser estrela do teatro Carlos Gomes, no Rio, com três grandes espetáculos. Meu teste para trabalhar em Paris foi engraçado. Devia mostrar que conseguia me passar por mulher entre os franceses. Peguei o metrô cheio, de Pigalle a Montparnasse. Coloquei um aplique no cabelo e me vesti como uma mulher normal, como quem vem do trabalho. O diretor ao meu lado deu a sentença: ‘Você está pronto para ser uma mulher”. Comecei no dia seguinte no Moulin Rouge.
iG: Qual foi a proposta mais absurda que já recebeu?
ROGÉRIA: Depois de Paris fui para a Espanha em turnê. Era a ditadura franquista. Fiz um sucesso atrás do outro. Até que o empresário do show fez uma proposta que não esperava: ‘Opera-te, Rogéria. Porque você será a grande estrela da TV espanhola’. Nunca pensei em ser mulher, eu adoro ser Rogéria. Falei pro homem que ia tirar férias para ver neve em Paris e voltaria operada. Claro que não voltei. Fui ver a neve ( risos ).
iG: Por que não quis operar?
ROGÉRIA: Eu tinha medo de parecer puta ou trava. Tenho que passar por atriz! Passei pelas mãos deIrene Ravache, Bibi Ferreira, Fernanda Montenegro... Ao invés de colocar em prática o fato de que eu sou mulher, coloquei na cabeça que sou ator. Não é minha cabeça, portanto, estar operada. O que me interessa é o prestígio artístico.
Tenho 69 anos, olha minhas mãos... Não são mãos de velha. Não tenho nada de botox”
iG: Isso não era um problema nos seus relacionamentos dentro dos cabarés franceses?
ROGÉRIA: Não, porque não fazia essas coisas... Quando trabalhei no Carrousel, um dos cabarés mais badalados de Paris, a madame do local me perguntou se eu não queria ter um namorado. Várias dançarinas desciam para atender aos clientes. Eu não. Até que aparece um sujeito querendo me levar para Londres. Nem guarda-roupa eu tinha para enfrentar o frio inglês. Ele me deu tudo. Resumindo: namorei ele por uma semana.
iG: Quantas plásticas já fez?
ROGÉRIA: Nenhuma ( diz ela alisando o rosto ). Cito Vanessa Redgrave ( atriz inglesa de 75 anos ). Ela é uma senhora que está pior que eu. Mas nunca precisou fazer uma plástica. É a atriz que é, sem precisar de nenhuma plástica. Tenho 69 anos, olha minhas mãos... Não são mãos de velha. Não tenho nada de botox.
iG: Como é sua rotina fora dos palcos?
ROGÉRIA: Sou péssima dona de casa. Sou cheirosa, asseada, limpa. Mas não controlo a bagunça. Ainda sou do telefone fixo, não tenho celular. Acesso a internet só para ver vídeos. Atividade física? (ela se levanta e alonga os joelhos para encostar os dedos na ponta dos pés. Em seguida faz uns giros de balé pelo camarim ). Vejo televisão conversando comigo. Não sou saudosista, mas gosto de olhar para trás e ver que consegui fazer com que as pessoas me respeitassem sendo quem eu sou.
http://gente.ig.com.br/2012-10-23/rogeria-sem-magoas-meus-tios-me-bolinavam-sob-meu-consentimento.html

Só rindo...


Viva a sabedoria...

A situação das mulheres no Afeganistão: uma imagem perturbadora
Esta fotografia da capa da revista Time, de Agosto passado, é simplesmente chocante e perturbadora, pertence a Aisha, uma jovem afegã, de 18 anos, a quem foram cortadas as orelhas e o nariz, por não respeitar as regras talibãs e por ter fugido de casa da família do marido. Esta imagem está a revoltar todos aqueles para quem os direitos humanos são bens inalienáveis.
Quando tinha 16 anos, seu pai oferecera-a em casamento a um guerrilheiro talibã para pagamento de uma dívida. E aqui começa o seu calvário. A jovem foi prisioneira durante dois anos, sofrendo todo o tipo de enxovalhos: além das agressões de que era vítima, ainda a obrigavam a dormir com os animais no estábulo. Aisha decidiu fugir aos 18 anos, mas foi capturada pela família do marido, em Kandahar. Foi julgada pela justiça talibã. Qual o castigo? A mutilação descrita acima. Pagou bem caro a sua ousadia. Pois, havia desonrado o marido.
Obviamente que o talibã nega que tal tenha ocorrido. Tudo isto não passa, dizem os talibãs, de uma provocação inventada pelos americanos. Ainda que desmintam os maus tratos infligidos às mulheres, a ONU apresenta uma realidade diferente, onde 90% das mulheres afegãs sofrem algum tipo de abuso doméstico.
Aisha conta que era constantemente espancada e tratada como uma escrava. Mesmo assim, a história não foi suficiente para convencer um comandante talibã, e enquanto um cunhado de Aisha a segurava, o marido barbaramente a mutilava.
Conta ela, à Revista Time, que quando lhe cortaram o nariz e as orelhas desmaiara. Quando acordou estava sozinha no deserto. Ficara ali para morrer. Relata que quando acordou mal podia vislumbrar algo por causa do sangue que lhe cobria o rosto, sentindo apenas uma terrível sensação fria no nariz decepado. Em tais condições, Aisha consegue arrastar-se até a casa de seu avô, que a levou a um posto médico americano, ficando ao cuidado deste cerca de 10 semanas. Tendo, depois, sido transportada para um refúgio em Cabul, e dali seguira para os Estados Unidos da América, por intermédio da Grossman Burn Foundation, onde vive com uma família que a alojou.
A Fundação conseguiu colocar uma prótese no seu nariz, que já dá bem a ideia de como a jovem ficará, mas pretende fazer uma cirurgia reconstrutiva permanente, usando ossos, cartilagem e pele de outras partes do seu próprio corpo para recriar o nariz. A fotógrafa da Time, Jodie Bieber, quis fotografá-la e mostrar-lhe a beleza da mulher que ela é. “És mesmo uma mulher bonita. Não compreendo, nem imagino o que possas sentir quando tens o nariz e as orelhas cortadas, mas o que posso fazer, e mostrar-te, é a tua beleza nestas fotografias”, disse a fotógrafa a Aisha.
Enfim, com aquela fotografia da Time, Bibi Aisha diz que quer que o mundo veja o efeito do ressurgimento dos talibãs sobre as mulheres do Afeganistão. Segundo a Time, a jovem entendeu o que significaria para ela estar na capa desta prestigiada revista. Ela sabe que se vai tornar num símbolo para as mulheres afegãs, que tiveram de pagar, bem caro, com o seu corpo e espírito, a aplicação da ideologia repressiva e totalitária do regime talibã.


Mais uma etapa superada...