A situação das mulheres no
Afeganistão: uma imagem perturbadora
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Esta
fotografia da capa da revista Time, de Agosto passado, é simplesmente
chocante e perturbadora, pertence a Aisha, uma jovem afegã, de 18 anos, a
quem foram cortadas as orelhas e o nariz, por não respeitar as regras talibãs
e por ter fugido de casa da família do marido. Esta imagem está a revoltar
todos aqueles para quem os direitos humanos são bens inalienáveis.
Quando
tinha 16 anos, seu pai oferecera-a em casamento a um guerrilheiro talibã para
pagamento de uma dívida. E aqui começa o seu calvário. A jovem foi
prisioneira durante dois anos, sofrendo todo o tipo de enxovalhos: além das
agressões de que era vítima, ainda a obrigavam a dormir com os animais no
estábulo. Aisha decidiu fugir aos 18 anos, mas foi capturada pela família do
marido, em Kandahar. Foi julgada pela justiça talibã. Qual o castigo? A
mutilação descrita acima. Pagou bem caro a sua ousadia. Pois, havia desonrado
o marido.
Obviamente
que o talibã nega que tal tenha ocorrido. Tudo isto não passa, dizem os
talibãs, de uma provocação inventada pelos americanos. Ainda que desmintam os
maus tratos infligidos às mulheres, a ONU apresenta uma realidade diferente,
onde 90% das mulheres afegãs sofrem algum tipo de abuso doméstico.
Aisha
conta que era constantemente espancada e tratada como uma escrava. Mesmo
assim, a história não foi suficiente para convencer um comandante
talibã, e enquanto um cunhado de Aisha a segurava, o marido barbaramente
a mutilava.
Conta
ela, à Revista Time, que quando lhe cortaram o nariz e as orelhas desmaiara.
Quando acordou estava sozinha no deserto. Ficara ali para morrer. Relata que
quando acordou mal podia vislumbrar algo por causa do sangue que lhe cobria o
rosto, sentindo apenas uma terrível sensação fria no nariz decepado. Em tais
condições, Aisha consegue arrastar-se até a casa de seu avô, que a levou a um
posto médico americano, ficando ao cuidado deste cerca de 10 semanas. Tendo,
depois, sido transportada para um refúgio em Cabul, e dali seguira para os
Estados Unidos da América, por intermédio da Grossman Burn Foundation, onde
vive com uma família que a alojou.
A
Fundação conseguiu colocar uma prótese no seu nariz, que já dá bem a ideia de
como a jovem ficará, mas pretende fazer uma cirurgia reconstrutiva
permanente, usando ossos, cartilagem e pele de outras partes do seu próprio
corpo para recriar o nariz. A fotógrafa da Time, Jodie Bieber, quis
fotografá-la e mostrar-lhe a beleza da mulher que ela é. “És mesmo uma mulher
bonita. Não compreendo, nem imagino o que possas sentir quando tens o nariz e
as orelhas cortadas, mas o que posso fazer, e mostrar-te, é a tua beleza
nestas fotografias”, disse a fotógrafa a Aisha.
Enfim,
com aquela fotografia da Time, Bibi Aisha diz que quer que o mundo veja
o efeito do ressurgimento dos talibãs sobre as mulheres do Afeganistão.
Segundo a Time, a jovem entendeu o que significaria para ela estar na capa
desta prestigiada revista. Ela sabe que se vai tornar num símbolo para as
mulheres afegãs, que tiveram de pagar, bem caro, com o seu corpo e espírito,
a aplicação da ideologia repressiva e totalitária do regime talibã.
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terça-feira, 23 de outubro de 2012
Viva a sabedoria...
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