Pesquisa diz que 40% dos
jovens não confiam na proteção da camisinha
Levantamento no Brasil ouviu 1.208 pessoas entre 18 e 29 anos.
Sábado (1º) é o Dia Mundial de Luta contra a Aids.
Pesquisa brasileira que ouviu de 1.208 pessoas com idades entre
18 e 29 anos de 15 estados aponta que 40% dos jovens do país acreditam que a
camisinha não protege de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), como a AIDS,
ou de uma possível gravidez.
Segundo a “Agência Brasil”, que divulgou os dados, as informações são parte da
pesquisa “Juventude, Comportamento e DST/AIDS” que foi elaborada pela Caixa
Seguros, com apoio do Ministério da Saúde e da Organização Pan-Americana de
Saúde (Opas). A divulgação oficial da pesquisa deve ocorrer na próxima semana.
O estudo aponta que 91% dos entrevistados já fizeram sexo alguma
vez, 36% não usaram preservativo na última vez que tiveram relações sexuais e
apenas 9,4% foram a um centro de saúde nos últimos 12 meses para obter
informações ou tratamento para DSTs.
A pesquisa também fornece dados sobre o desconhecimento do
brasileiro sobre a AIDS e a transmissão do vírus HIV. Um em cada cinco jovens
entrevistados acredita ser possível contrair a doença utilizando o mesmo talher
ou copo de quem está infectado; já para 15% dos entrevistados, enfermidades
como malária, dengue, hanseníase ou tuberculose são DSTs.
Estudantes formam o símbolo da luta contra a AIDS durante ação
realizada em Taipei, em Taiwan. Ministério está preocupado com homossexuais
mais jovens
Dados divulgados pelo Ministério da Saúde em novembro apontam um crescimento
dos casos de AIDS entre os jovens, especificamente entre os homossexuais com
idade entre 15 e 24 anos. Em 2002, homo afetivos com essa faixa etária
eram pouco menos de 40% dos casos. Atualmente, essa mesma camada da população
já ultrapassou os 50% dos casos.
Ainda de acordo com o governo federal, com informações do
Programa Conjunto das Nações Unidas sobre o HIV/AIDS (Unaids), o Brasil tem
atualmente entre 490 mil e 530 mil soropositivos. Dado anterior, de 2010,
utilizado pelo governo até então apontava que o país abrigava 630 mil
infectados.
A região com a maior concentração de casos da doença no país é o
Sudeste, com 43,8% do total. Porém, na taxa de incidência por habitante, a
doença aparece mais nos estados do Sul – o Rio Grande do Sul lidera a lista,
com 40,2 casos para 100 mil habitantes, seguido pela Santa Catarina, com 36,4.
O vírus é mais comum nas cidades maiores – acima de 500 mil habitantes –, e tem
seus menores índices nos municípios com menos de 50 mil pessoas.
Em quatro capitais do país, maioria ignorou camisinha em
primeira relação sexual.
Maioria ignora camisinha em primeira relação sexual
Em setembro, pesquisa da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) feita em
quatro capitais brasileiras apontou que 73% dos brasileiros não usaram nenhum
método contraceptivo em sua primeira relação sexual. Entre as pessoas que se
preveniram, 26% usaram apenas a pílula ou o coito interrompido, deixando a
camisinha de lado.
O dado é preocupante porque a camisinha é o modo mais importante
de prevenção contra as doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), dizem
especialistas. Para o líder da pesquisa, a falta de cuidados na primeira vez
está ligada ao comportamento típico dos adolescentes.
“O adolescente age por impulso, é da natureza dele”, afirmou
Afonso Celso Pinto Nazário, chefe do departamento de ginecologia da Escola
Paulista de Medicina, da Unifesp.
Nazário acredita ainda que os jovens tenham relaxado em relação
à prevenção contra o HIV. “Como hoje a AIDS não é mais letal, houve uma
afrouxada do medo”, apontou o especialista.
Na avaliação dele, a melhor forma de incentivar o uso do
preservativo é por meio de campanhas de divulgação. “É uma atividade constante
de informação”, disse Nazário. “Como [as pessoas] relaxam, tem que martelar
sempre”, completou.
A pesquisa ouviu três mil homens e mulheres em Belo Horizonte,
Curitiba, Recife e São Paulo, sendo 750 em cada cidade. O objetivo inicial era
avaliar os riscos da gravidez na adolescência, um “problema” comum no Brasil.
“A gravidez na adolescência é um problema social e econômico”,
afirmou o professor da Unifesp. “A mulher grávida adolescente vai ter que
retardar várias metas da vida”, completou. Ele apontou dificuldades médicas que
as adolescentes gestantes enfrentam como o maior número de partos prematuros e
cesarianas. O estudo foi conduzido pela Unifesp em parceria com a farmacêutica
Bayer.