segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Todo mundo fingindo de...

Sobre desabafos e o jornalismo do ‘faz de conta’
     
Está circulando na internet um vídeo com uma entrevista do jornalista Ricardo Boechat na qual ele faz um desabafo, sem papas na língua, que bem poderia ser uma espécie de manifesto contra o jornalismo “faz de conta” que nos é servido diariamente pela maioria dos jornais, revistas e emissoras de rádio ou televisão do país.

“Faz de conta” porque tem muito pouca coisa a ver com a realidade e procura nos passar a imagem de que se trata de informação isenta e objetiva. Não sei se a minha experiência pode ser generalizada, mas a cada dia que passa encontro mais pessoas que deixaram de ler jornais, viram a cara para as capas de revistas semanais e evitam os telejornais tentando evitar acessos de irritabilidade.

É muito preocupante ver como as pessoas estão se afastando da imprensa depois de terem sido contaminadas pelo vírus da dúvida sobre a fidedignidade e isenção das notícias publicadas nos principais veículos de comunicação jornalística do país. Mais preocupante ainda é perceber que ainda é grande o número de profissionais que não se deram conta do papel que lhes está sendo imposto pelas empresas jornalísticas.

Boechat, no auge de seu desabafo, diz que mudou sua maneira de ver a ética pública depois de constatar que as redações checam a credibilidade de declarações de cidadãos comuns, mas aceitam sem restrições afirmações de políticos que, segundo o âncora do Jornal da Band, são quase sempre mentirosas porque defendem algum interesse oculto.

A docilidade com que a imprensa aceita o jogo dos participantes do poder político no Brasil é provavelmente a maior responsável pelo desencanto da opinião pública não só em relação aos jornais, mas em relação a quase tudo o que tem a ver com governos.

O jornalismo que nos é oferecido diariamente ganha cada vez mais ares de um grande “faz de conta” em que a imprensa “faz de conta que informa” e nós, o público, “fazemos de conta” que acreditamos no que nos é passado como verdade. É cada vez maior o número de leitores e telespectadores que se preocupam mais em tentar captar o que está nas entrelinhas do que aquilo que é impresso ou dito por jornalistas profissionais.

É claro que a complexidade dos fatos, dados e eventos dificulta enormemente o desafio de informar o público, nos tempos pós-avalancha informativa. Há dezenas de percepções, posicionamentos, vieses e interesses embutidos até mesmo nas notícias mais corriqueiras. São poucos os leitores e telespectadores cientes desta dificuldade. A grande massa do público culpa os jornalistas pelo “faz de conta”.

Mas em nome da preservação do emprego e do status social, a atitude mais comum nas redações é também fazer de conta, agarrando-se ao discurso corporativo que associa críticas e agressividade contra jornalistas à ameaças contra a liberdade de imprensa. Na verdade, muitas pessoas querem dizer apenas que não aguentam mais o jornalismo “faz de conta”.

A saturação com a hipocrisia está dando origem a uma onda de desabafos de todo o tipo de pessoas. Parece que nossa quota de tolerância chegou ao limite, como mostram as explosões de descontentamento popular materializadas nos protestos de rua desde junho. A sobrevivência de Ricardo Boechat na bancada do Jornal da Band ainda é uma incógnita porque o desabafo de seu principal âncora coloca TV Bandeirantes num dilema: se tolera as duras afirmações do jornalista, coloca-se em rota de colisão com o establishment politico de Brasília; mas, se afastar Boechat do seu posto, passa um recibo de autenticidade para tudo aquilo que ele botou na boca do trombone.

Piada...

Estado laico esquecido, religião oficial consagrada
Ninguém lhe roubará o título de figura mais humana, simpática e mais calorosa do mundo. Quintessência da bonomia e da lhanura. Esses galardões o papa Francisco conquistou no seu primeiro périplo internacional, aqui, no Brasil, e o manterá, esperamos, por um longo tempo.

Percebeu a bagunça na organização do evento e generosamente a atribuiu a si, acobertando involuntariamente a irresponsabilidade embutida na incúria e na incompetência dos anfitriões.

Por outro lado, a visita do sumo pontífice, embora riquíssima em matéria de provocações e estímulos de ordem moral e política, não conseguiu nos aproximar da discussão direta sobre um dos problemas centrais do mundo contemporâneo: o poder religioso e a ausência de um contrapoder democrático para contrabalançá-lo. Em outras palavras: a questão do laicismo do Estado continuará fermentando, adiada e explosiva.

Com a sua visível obsessão pela transparência, o papa Francisco tentou lembrá-la no discurso dirigido à sociedade civil, no belíssimo monumento à cultura que é o Theatro Municipal do Rio de Janeiro (sábado, 27/7). Textosurpreendente, em todos os sentidos – enfatiza a “cultura do encontro”, valoriza uma “humanização integral”, prega uma “democracia muito além da lógica da representação”, propõe um “humanismo na economia”, chega a louvar um Estado laico, “sem assumir como própria qualquer posição confessional”, porém só admite nessa igualdade os santificados por alguma crença religiosa.

E nosotros,hermano Jorge Mario Bergoglio?

Nós, agnósticos, descrentes ou não-crentes, nós os que levamos às últimas consequências a condição de pensantes, nós os que duvidamos não somos filhos de Deus? Este observador sempre imaginou que os céticos e até mesmo os ateus seriam os preferidos dos pastores de almas porque têm a coragem para questionar e adiantar-se ao rebanho.

Como democratas intransigentes e integrais, respeitamos a presença daquilo que o papa Francisco denominou “fator religioso na sociedade”, mas como humanistas, herdeiros do Renascimento e do Iluminismo – e não apenas na economia – sonhamos com algo mais abrangente, um laicismo autêntico, legítimo, capaz de valorizar aqueles que não necessitam de intermediários para aproximar-se de Deus, nem se curvam ou cultivam dogmas e tabus.

Estimativas inflacionadas

Foi um discurso rico, estimulante sob o ponto de vista filosófico e algo desafiador sob o ponto de vista político por escancarar a percepção de que o laicismo dos crentes nunca será absoluto, sempre relativizado: segrega os descrentes, não lhes oferece o mesmo espaço-cidadão.

A cobertura do discurso nas edições de domingo (28/7) só agravou a noção de que nosso país adota uma religião oficial. Apenas a Folha de S.Paulo tentou valorizar com um subtítulo o parágrafo sobre laicismo do discurso pontifical. Os demais se contentaram em reproduzir burocraticamente a íntegra. E estamos conversados.

Na segunda-feira (29), nenhum opinionista deu sequência à opinião do papa Francisco, exceto o jornalista Luís Paulo Horta, que dividiu com o também jornalista Frei Betto o recanto de opinião do caderno diário do Globo sobre a Jornada Mundial da Juventude (JMJ, ver aqui).

A grande verdade é que nossa imprensa não é laicista, nem laica, não se ocupa/preocupa com secularismo ou a isonomia no Estado de Direito. Nunca o fez. Exceto no período 1808-1822, quando, a exemplo de Hipólito da Costa, alguns jornalistas-fundadores assumiam-se como maçons e, mais tarde, nos albores da República, quando os positivistas defendiam a rigorosa separação entre Igreja e Estado.

Hoje, a forte penetração do Opus Dei nos grandes e médios jornais brasileiros, tanto nos comandos intermediários como na cúpula das entidades corporativas, não permite nem permitirá que o debate sobre o laicismo possa prosperar e ser incorporado à agenda para o aperfeiçoamento democrático.

A prova mais recente foi a cobertura da visita do papa Francisco não apenas intensa, extensa e pouquíssimo isenta como também nada pluralista. Aliás, assumidamente devocional e engajada. Quando a mídia não assume os princípios de tolerância e respeito às diferenças, o Estado adota o mesmo comportamento e incorpora os mesmos favorecimentos.

Jornais impressos não são obrigados a ser equilibrados, mas caso pretendam uma imagem de credibilidade deveriam tentar posturas mais naturais, equidistantes. Porém a TV, sobretudo a TV aberta, é uma concessão pública, do Estado, e, como tal, não pode estar atrelada a uma religião, muito menos transmitir cultos religiosos ao vivo em versão integral.

Não foi o que aconteceu com a cobertura da homilia do papa na quinta-feira (25/7), pela GloboNews, transmitida ao vivo de Copacabana com os/as âncoras in loco, tiritando de frio, porém devidamente aquecidos pela fé religiosa.

Também a via-crúcis, encenada na mesma Copacabana, foi transmitida integralmente (sem comerciais) pela Rede Globo, em TV aberta, ao vivo, na noite de sexta-feira. O único jornalista a registrar o pecado foi Nelson de Sá, da Folha (sábado, 27/7). A Rede Globo não ofereceu explicações. E ninguém cobrou. Nem a Folha, embora o jornal tenha sido o único veículo a contestar as estimativas absurdamente inflacionadas divulgadas pelos organizadores no tocante ao número de participantes dos diferentes eventos da Jornada.

Dupla de gigantes

Ao contrário do que aconteceu na Copa das Confederações permeada por críticas e questionamentos, o noticiário geral da JMJ foi energizado pela devoção. Até mesmo as tremendas falhas de organização e logística da prefeitura do Rio foram perdoadas. No balanço final apresentado pelo prefeito Eduardo Paes na segunda-feira (29) ele se autoconferiu a nota dez e ficou por isso mesmo. Assim se constroem factoides e ilusões.

O natural entusiasmo dos jovens peregrinos e a emoção dos cariocas extasiados com a figura benevolente do pontífice foram sutilmente utilizados para maquiar a imperdoável improvisação. A ausência de acidentes ou incidentes nas colossais concentrações humanas nas areias de Copacabana não pode ser tomada como façanha das autoridades. Resultaram da índole de um povo simples, crente, fascinado pelos espetáculos, atraído por uma intensa, demorada e perfeita cruzada motivadora.

Seus autores: a dupla de gigantes da comunicação devidamente irmanados: a igreja católica e a Rede Globo.

http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/estado_laico_esquecido_religiao_oficial_consagrada

sábado, 3 de agosto de 2013

Aproveitem...


Só rindo...

~


Refletir...

“A esposa é escolhida por sua virtude; a concubina, por sua beleza.” (Provérbio Chinês)

Língua afiada...

PEGADINHA GRAMATICAL
Particularidades relacionadas às letras “E” e “I”

Quando nos referimos às particularidades reveladas pelos fatos linguísticos, logo temos a noção da amplitude de características que a estes se relacionam.

À medida que nos tornamos assíduos leitores, vamos “arquitetando” nosso conhecimento e, consequentemente, colocando-o em prática, sobretudo quando se trata da modalidade escrita da linguagem.

Eis, portanto, algumas considerações que se relacionam ao estudo das letras “e” e “i”, uma vez que uma simples troca destas pode acarretar tão somente em fatores inerentes à semântica. Constatemos, pois, algumas ocorrências:

http://www.brasilescola.com/gramatica/particularidades-relacionadas-as-letras-e-i.htm

História...

Rio de Janeiro e os ratos de ouro
As reformas urbanas na cidade do Rio de Janeiro, no início do século XX, levaram o Diretor-Geral da Saúde Pública, Oswaldo Cruz, a comprar ratos.

No início do século XX, a cidade do Rio de Janeiro era a capital federal do Brasil. O governo republicano resolveu realizar uma reforma na cidade a partir de três frentes: a modernização do porto, a reforma urbana e o saneamento urbano. Além dessas reformas, foram efetivadas diversas campanhas contra as doenças que constantemente infectavam a população.

Nesse texto, daremos ênfase ao combate das doenças na cidade do Rio de Janeiro, na primeira década do século XX (1901-1910). Mas, especificamente, analisaremos o combate ao agente transmissor da peste bubônica, a pulga dos ratos. Para combater a pulga dos ratos, era necessário combater os ratos. Assim, o governo do Rio de Janeiro, representado pelo Diretor-geral da saúde pública, o médico e sanitarista Oswaldo Cruz, realizou uma campanha de caça aos ratos.  Naquele contexto histórico, os ‘ratos valiam ouro’, pois, conforme a medicina do período, a principal forma de transmissão da peste bubônica (a Peste Negra da Idade Média) era a pulga presente nos ratos, que, em contato com os seres humanos, tornava-se o principal agente transmissor da doença.

Em diferentes pontos da cidade do Rio de Janeiro, Oswaldo Cruz montou diversas brigadas mata-ratos e estipulou a meta de cada voluntário, ou morador da cidade, de eliminar cinco ratos por dia. O cidadão que conseguisse eliminar oito ratos receberia 300 réis do governo por cada animal acima da cota (assim, nesse exemplo, a pessoa faturaria do governo 900 réis pelos três ratos acima da cota).

As metas estipuladas por Oswaldo Cruz foram adaptadas de acordo com as diferentes realidades. As pessoas desempregadas, os boêmios e os malandros fizeram verdadeiros criatórios de ratos (principalmente os malandros, que se especializaram na procriação dos camundongos, que posteriormente eram vendidos para o governo).

Dessa maneira, as medidas estipuladas por Oswaldo Cruz, que tinham como objetivo extinguir a população de ratos do Rio de Janeiro, quase acabaram proliferando mais ratos pela cidade, pois os ratos têm uma enorme capacidade de procriação.

A criação de ratos realizada pela população foi descoberta pelas autoridades públicas. Diversas pessoas foram presas, porém várias outras ganharam dinheiro com a venda de ratos. Dessa forma, percebemos fatos inusitados que compõem a história do Brasil. Como vimos, desde o início do século XX, a população brasileira precisava e ainda precisa de muita criatividade para sobreviver neste país.

Mais uma etapa superada...