Rio de Janeiro e os
ratos de ouro
As
reformas urbanas na cidade do Rio de Janeiro, no início do século XX, levaram o
Diretor-Geral da Saúde Pública, Oswaldo Cruz, a comprar ratos.
No
início do século XX, a cidade do Rio de Janeiro era a capital federal do
Brasil. O governo republicano resolveu realizar uma reforma na cidade a partir
de três frentes: a modernização do porto, a reforma urbana e o saneamento
urbano. Além dessas reformas, foram efetivadas diversas campanhas contra as
doenças que constantemente infectavam a população.
Nesse
texto, daremos ênfase ao combate das doenças na cidade do Rio de Janeiro, na
primeira década do século XX (1901-1910). Mas, especificamente, analisaremos o
combate ao agente transmissor da peste bubônica, a pulga dos ratos. Para
combater a pulga dos ratos, era necessário combater os ratos. Assim, o governo
do Rio de Janeiro, representado pelo Diretor-geral da saúde pública, o médico e
sanitarista Oswaldo Cruz, realizou uma campanha de caça aos ratos. Naquele contexto histórico, os ‘ratos valiam
ouro’, pois, conforme a medicina do período, a principal forma de transmissão
da peste bubônica (a Peste Negra da Idade Média) era a pulga presente nos
ratos, que, em contato com os seres humanos, tornava-se o principal agente transmissor
da doença.
Em
diferentes pontos da cidade do Rio de Janeiro, Oswaldo Cruz montou diversas
brigadas mata-ratos e estipulou a meta de cada voluntário, ou morador da
cidade, de eliminar cinco ratos por dia. O cidadão que conseguisse eliminar
oito ratos receberia 300 réis do governo por cada animal acima da cota (assim,
nesse exemplo, a pessoa faturaria do governo 900 réis pelos três ratos acima da
cota).
As
metas estipuladas por Oswaldo Cruz foram adaptadas de acordo com as diferentes
realidades. As pessoas desempregadas, os boêmios e os malandros fizeram
verdadeiros criatórios de ratos (principalmente os malandros, que se
especializaram na procriação dos camundongos, que posteriormente eram vendidos
para o governo).
Dessa
maneira, as medidas estipuladas por Oswaldo Cruz, que tinham como objetivo
extinguir a população de ratos do Rio de Janeiro, quase acabaram proliferando
mais ratos pela cidade, pois os ratos têm uma enorme capacidade de procriação.
A
criação de ratos realizada pela população foi descoberta pelas autoridades
públicas. Diversas pessoas foram presas, porém várias outras ganharam dinheiro
com a venda de ratos. Dessa forma, percebemos fatos inusitados que compõem a
história do Brasil. Como vimos, desde o início do século XX, a população brasileira
precisava e ainda precisa de muita criatividade para sobreviver neste país.
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