quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Arte...

Desenhos em Quadrinhos
História em quadrinhos da Turma da Mônica, criação do Maurício de Sousa.

O desenho em quadrinhos é uma forma de arte que conjuga texto e imagens com o intuito de narrar histórias dos mais diversos gêneros e estilos. São publicadas em sua maioria no formato de revistas, livros ou em tiras de jornais e revistas.

A publicação de histórias em quadrinhos no Brasil começou no início do século XX. O estilo comics dos super-heróis americanos que predomina no país, tem perdido espaço para uma expansão muito rápida dos quadrinhos japoneses. Os dois estilos têm sido empregados pelos artistas brasileiros.

A tira é o único formato que desenvolveu um conjunto de características profundamente nacionais. Apesar de não ser oriunda do Brasil, no país ela desenvolveu características peculiares. Recebeu influências da ditadura durante os anos 1960 e posteriormente de grandes nomes dos quadrinhos underground.

Em 1960, teve início a publicação da revista "O pererê", com texto e ilustrações de Ziraldo. Nessa mesma década, o cartunista Henfil iniciou a tradição do formato “tira”. Foi nesse formato de tira que estrearam os personagens de Maurício de Sousa, criador da turma da Mônica. Suas histórias passaram a ser publicadas em revistas, primeiramente pela revista Abril, em 1987 pela Editora Globo e a partir de 2007 pela Editora Panini.

Durante a década de 1960, o golpe militar e seu moralismo travaram confronto com os quadrinhos. Por outro lado, inspiraram publicações cheias de charges, como, por exemplo, O Pasquim.

A História em Quadrinhos no Brasil ganhou impulso na década de 1990, com a realização da primeira e segunda Bienal de Quadrinhos do Rio de Janeiro, em 1991 e 1993, e a terceira em Belo Horizonte, em 1997.

Entendendo...

Onze anos dos ataques às Torres Gêmeas
Para compreender os ataques às Torres Gêmeas, realizados no dia 11 de setembro de 2001, é preciso primeiro entender a antiga e conturbada relação entre Ocidente e Oriente.
Osama Bin Laden, o responsável pelo ataque às Torres Gêmeas.
Há exatamente onze anos o mundo assistia de forma perplexa o desabamento das famosas Torres Gêmeas, o Word Trade Center, após os choques consecutivos de dois aviões comerciais. Não se tratava de um mero acidente aéreo – o que muitos podem ter pensado após o choque do primeiro avião – mas sim da execução de um plano encabeçado por Osama Bin Laden. Somando-se os dois ataques às Torres, ao ataque ao Pentágono e ao avião que caiu na Pensilvânia no mesmo dia, quase três mil pessoas morreram. Desde aquela manhã de 11 de setembro de 2001, não apenas a história dos Estados Unidos, mas a de todo o mundo, nunca mais seria a mesma.

Mas para compreender um pouco melhor o que foi o “Onze de Setembro” é preciso considerar, pelo menos em linhas gerais, o tipo de relação construída décadas antes entre Oriente e Ocidente, fato que fomentaria o ódio de grupos radicais e fundamentalistas. Como se sabe, o século XX foi marcado pelo pleno desenvolvimento do capitalismo no mundo com seu coroamento como sistema econômico dominante com o fim da Guerra Fria entre os anos 80 e 90. Dessa forma, historicamente, as grandes potências mundiais localizadas no Ocidente empreenderam cada vez mais o projeto de expansão de seus poderes econômico, político e ideológico no mundo, vendo no Oriente uma oportunidade de exploração, principalmente pelas características regionais: rica em reservas de petróleo, além de uma posição estratégica geograficamente. Tanto pela luta contra a expansão do bloco socialista no Oriente Médio (em plena Guerra Fria), bem como pelo pretexto de proporcionar e financiar o desenvolvimento econômico, a presença das potências ocidentais – em especial dos Estados Unidos – foi se tornando uma realidade nessa região.

Contudo, é preciso que se diga que se esse objetivo dos países capitalistas ocidentais em poder explorar o Oriente não é algo novo, da mesma forma não é novidade o repúdio e a contestação da presença ocidental por parcelas da população de vários países dessa região. Obviamente, a presença de outros países deixa patente o enfraquecimento e a perda de autonomia e soberania de uma nação. Em outras palavras, ficaria sugerido que a presença ocidental prejudicaria os países do Oriente, uma vez que estes (assim como outros países da chamada periferia do capitalismo) deveriam submeter seus interesses aos do capital estrangeiro, ocidental. Além disso, naturalmente, no bojo do capitalismo vem sua indústria cultural, assim como seus valores, os quais certamente iriam na contramão da cultura e da tradição religiosa do Oriente, acirrando um estranhamento do ponto de vista étnico.

Em meados da década de 1990, a Guerra do Golfo Pérsico, empreendida pelos Estados Unidos, seria uma prova desse seu interesse em se fazer presente. Da mesma forma, a tentativa de mediar um acordo nas questões do Oriente Médio entre palestinos e israelenses seria outro exemplo. Contudo, a maior aproximação e apoio a países como Israel não passaria despercebida. Segundo o site do Jornal Estadão (O Estado de São Paulo), em notícia publicada em setembro de 2009, Bin Laden afirmava que um dos fatores que teriam motivado o ataque às Torres Gêmeas seria o apoio (não apenas político, mas também financeiro) dos EUA à Israel. País de tradição judaica, Israel é historicamente inimigo do povo palestino (islâmico em sua grande maioria), fato que o colocaria como nação inimiga do Islã.

Porém, essas questões são bem mais complexas do que aqui se expõe, mas em linhas gerais apontam o que seria a matéria-prima para o fortalecimento de um ódio ao Ocidente que encontraria suas bases num fundamentalismo religioso de natureza islâmica, fundamentalismo este que declararia uma guerra santa. Vale destacar que esta não traduziria, necessariamente, a opinião de todo o povo do Oriente de maneira geral, mas sim de grupos extremistas como AL-Qaeda, Hezbolah, entre outros mais radicais. Estas seriam as bases de um pensamento que, em 2001, materializar-se-ia com os ataques ao Word Trade Center. O representante maior dessa cultura ocidental e de seu sistema econômico gerador de exploração e miséria eram os Estados Unidos e, dessa forma, a suntuosidade e a imponência das duas torres seriam os símbolos do inimigo.

A reação dos Estados Unidos aos ataques foi rápida, resultando nas Guerras do Afeganistão e do Iraque, embora a efetividade dos motivos e dos resultados desses empreendimentos seja discutida até hoje. Quase que de forma esquizofrênica, os Estados Unidos declararam uma guerra permanente contra o terror, contra os países que pudessem fazer parte do chamado “eixo do mal”, e que poderiam estar envolvidos direta ou indiretamente com o terrorismo, apoiando Osama Bin Laden. O que se seguiu foi a disseminação de um medo internacional de possíveis ataques, além do preconceito e intolerância contra a comunidade islâmica, uma das consequências mais negativas de todo esse episódio.

Esse rompante contra o terrorismo e a luta contra um inimigo do Ocidente, personificado na figura de Osama Bin Laden – ao ponto do governo Bush desconsiderar as opiniões e os tratados existentes entre a comunidade internacional, declarando guerras e invasões como no caso do Iraque – se resume em uma década de guerras e mortes de civis e soldados (também americanos) em nome de uma paz que ainda não está garantida. As ações eram em nome de um ataque preventivo às possíveis ações terroristas (às quais em tempo deveriam ser desarticuladas) e, dessa forma, seria interessante a criação de uma coalizão de países. Assim, nações europeias a exemplo da Inglaterra aderiram aos planos de guerra do governo Bush. Tal adesão ganhou mais sentido quando, ao longo desse período de dez anos, alguns ataques (de menores proporções) ocorreram em cidades importantes como Madri (em 2004) e Londres (2005).

Num primeiro momento, os esforços se concentraram no Afeganistão para a desarticulação do regime talibã (apoiadores de Bin Laden, logo da Al Qaeda), com um projeto, no mínimo contraditório, de impor a democracia como regime político para aquele país. Em seguida, os Estados Unidos redirecionaram sua estratégia de guerra, atacando o Iraque do ditador Sadam Hussein com o propósito de também levar a democracia. Pelo menos em tese, a guerra contra o Iraque se deu por conta do possível apoio de Sadam às organizações terroristas, além de sua suposta propriedade e produção de armas nucleares (para destruição em massa), acusação esta mais tarde desmentida. Assim, eram países que compunham o eixo do mal.

Contudo, olhando criticamente não apenas o resultado, mas as condições do desenvolvimento dessas ações dos Estados Unidos, especialistas afirmam que nas entrelinhas desses empreendimentos contra o terror estava um projeto de expansão e fortalecimento da hegemonia norte-americana no mundo e que tinha a questão do combate ao terrorismo mais como pretexto do que como objetivo.

Passados dez anos, é possível fazer um breve balanço das transformações ocorridas na ordem mundial, relacionando-as com esses famigerados ataques em uma manhã de setembro em Nova York. Apesar de Osama Bin Laden estar morto desde maio de 2011, e apesar de os Estados Unidos terem ocupado com relativo sucesso o Afeganistão e o Iraque (aliás, com a captura de Sadam e sua condenação à morte, posteriormente), a vitória americana não necessariamente se configurou a contento.

Alguns trilhões de dólares foram (e ainda serão) desembolsados pelo governo norte-americano em nome da guerra, o que, se somado à política econômica nacional nos últimos anos, fez com que os Estados Unidos aumentassem substancialmente sua dívida. As crises econômicas, como as de 2008 e 2011, enfrentadas pelo país (e, obviamente, pelo mundo) contribuiriam para o enfraquecimento da hegemonia americana, que agora divide espaço com países em forte crescimento econômico como a China (isso sem falar no fortalecimento de outros que compõem o BRICS, como o Brasil). Assim, o desvario por uma caça aos terroristas, mas que tinha como real objetivo realçar o poder norte-americano no mundo, resultou em um grande fracasso. De tal modo, os Estados Unidos saíram diminuídos, menores do que quando entraram nas guerras. Em outras palavras, ocorreu uma fragilização do imperialismo norte-americano (embora seja incontestável que os EUA são e serão poderosos por um bom tempo, dado seu poder bélico, tecnológico e financeiro no mundo), e uma consequente rearticulação dos atores internacionais, com o surgimento de novos blocos e da reorientação das relações entre os países.

Além disso, a luta contra o terror promoveu a exacerbação do xenofobismo, da intolerância, da perseguição ao islamismo, assim como práticas polêmicas pelas forças de Estado em nome de uma segurança e defesa nacionais. Prova disso seria o lamentável equívoco cometido pelo governo inglês ao matar um brasileiro (Jean Charles de Menezes) em 2005, por confundi-lo com um suspeito de terrorismo.

De fato, alguns pontos merecem destaque: não houve outro ataque de mesmas proporções que as do 11 de Setembro, e a Al-Qaeda realmente se fragilizou com a morte de Bin Laden. Porém, isso não significa, infelizmente, que outros eventos de cunho terrorista não venham a ocorrer. Afinal de contas, a forma como os Estado Unidos intervieram apenas ampliou sua imagem negativa para o Oriente, o que pode permitir que, para alguns, o discurso de grupos radicais e fundamentalistas faça mais sentido do que nunca. Mesmo assim, pode-se pensar numa avaliação menos pessimista quando se olha para a “Primavera Árabe” (Revolução Política que tem transformado regimes como o Egito e a Líbia), uma vez que os jovens do Oriente estariam percebendo a importância da luta política, desinteressando-se por medidas radicais e de violência tão características dos extremismos religiosos, fato que poderia diminuir adeptos aos grupos fundamentalistas. Assim, menos jovens poderiam estar interessados em se tornar pilotos suicidas em nome de Alá e do nacionalismo, mas sim compreendendo outras possibilidades de luta.
http://www.brasilescola.com/sociologia/dez-anos-dos-ataques-as-torres-gemeas.htm

Curioso...

Navegar é preciso, viver não é preciso
A frase afamada por Fernando Pessoa foi originalmente proferida pelo general romano Pompeu.

No mundo das letras, sabemos que o processo criativo nem sempre se encerra na mente geniosa de um escritor capaz de gerar um mundo completamente isento da realidade que o cerca. Cada vez mais, estudiosos vem detectando que vários romances, contos, poemas e canções se mostram ricamente contaminados pelos valores de seu tempo. Em alguns casos, ainda é possível ver que o processo criativo também abraça referências históricas bastante remotas em relação ao tempo em que vive o autor.

Ao falarmos que “navegar é preciso, viver não é preciso”, alguns logo citam a genialidade do escritor português, Fernando Pessoa. Indo um pouco mais adiante sobre o estudo dessa frase, aponta este que, o poeta ao mesmo tempo em que lançava uma sentença sobre a condição do homem, dialogava ricamente com a tradição histórica dos portugueses na exploração dos mares. Contudo, devemos saber que essa interpretação está longe de remontar as origens da afamada frase.

No século I a.C., os romanos viviam ativamente o seu processo de expansão econômica e territorial. Na medida em que Roma se transformava em um império de dimensões gigantescas, a necessidade de desbravar os mares, se colocava como elemento fundamental para o fortalecimento de uma das mais importantes potências de toda a Antiguidade. Foi nesse contexto que o general Pompeu, por volta de 70 a.C., foi incumbido da missão de transportar o trigo das províncias para a cidade de Roma.

Naqueles tempos, os riscos de navegação eram grandes, em virtude das limitações tecnológicas e dos vários ataques piratas que aconteciam com relativa frequência. Sendo assim, os tripulantes daquela viagem viviam um grave dilema: salvar a cidade de Roma da grave crise de abastecimento causada por uma rebelião de escravos, ou fugir dos riscos da viagem mantendo-se confortáveis na cidade de Sicília. Foi então que, de acordo com o historiador Plutarco, o general Pompeu proferiu essa lendária frase.

De fato, a afirmação do general Pompeu surtiu bons frutos. A viagem foi realizada com sucesso e o militar ascendeu ao posto de cônsul com amplo apoio das camadas populares romanas. Pouco tempo depois, esse mesmo prestígio o fez ser um dos integrantes do Primeiro Triunvirato que governou todo o território romano. Afinal, será que foi a vitória da história de Pompeu que levou o lendário escritor português a tomar empréstimo dessa instigante sentença? Quem sabe!

Piada...

A velhinha pergunta para o marido moribundo: 'Meu bem, depois de 40 anos de casado, me satisfaça uma curiosidade. Você já me traiu alguma vez?' 'Sim, querida! Uma única vez! Lembra-se quando eu trabalhava na Nestlé, e tinha uma secretária chamada Margarida?' 'Sim, me lembro!' 'Pois é, aquele corpo já foi todinho meu!' - E após alguns segundos, ele pergunta: 'E você, minha velha, já me traiu alguma vez?' 'Sim, meu bem! Uma única vez! Lembra-se quando a gente morava na Vila Andrade, em frente ao Corpo de Bombeiros ?' 'Sim... me lembro! - responde o moribundo.' 'Pois é... aquele corpo já foi todinho meu!'
http://www.piadasnet.com/piada289casais.htm

Devanear...

Tempo
Mar insondável, cujas ondas são os anos,
Oceano do tempo, cujas águas de aflição
Receberam o sal do pranto dos humanos!
Tu, mar sem praias, que na cheia e na vazão
Abraças os limites da mortalidade,
E uivando por mais vítimas, em tua saciedade,
Vomitas teus despojos em sua costa inóspita;
Traiçoeiro em calma, horror na tempestade,
Velejar em ti quem há de,
Insondável mar!
(P. B. Shelley, tradução de Péricles Eugênio da Silva Ramos)
http://classicosuniversais.com/category/literatura/poesia/

Sem palavras...

 Christine Swidorsky entra com o filho nos braços
Casal adianta casamento nos EUA e troca as alianças na presença do filho, com câncer terminal
Christine Swidorsky entra com o filho nos braços
Não é exagero dizer que este fim de semana foi um dos mais emocionantes da vida de Christine Swidorsky e Sean Stevenson. Os dois celebraram o casamento na cidade de Jeannette, na Pensilvânia, Estados Unidos. A cerimônia foi organizada para que o filho, Logan, de 2 anos, pudesse participar. O menino tem leucemia e outras complicações, e está em fase terminal.
Logan foi o padrinho de casamento dos pais. Ele fez o caminho até o altar no colo da mãe, Christine, e permaneceu ao lado da avó, Debbie Stevenson, durante os 12 minutos da cerimônia.
A noiva Christine Stevenson não largou o filho.
O casamento estava marcado para julho de 2014, mas o casal abandonou esse planejamento depois que os médicos deram ao menino apenas três semanas de vida. Eles queriam que Logan visse o casamento e que estivesse nas fotos da família. Christine e Sean receberam doações suficientes para organizar toda a cerimônia em apenas uma semana.
- Este é o nosso sonho virando realidade. Toda a família junta, e todos unidos celebrando. Uma celebração à vida do meu filho, e uma celebração ao nosso casamento - disse Christine, segundo a filiada da emissora CBS na Pensilvânia.
Christine Stevenson e Sean Stevenson adiantaram o casamento.
Logan nasceu em outubro de 2010, e foi diagnosticado com leucemia pouco depois do aniversário de um ano. O menino tem anemia Fanconi, doença rara que muitas vezes leva ao câncer.
- Será uma das coisas que nunca esqueceremos, pelo resto das nossas vidas - desabafou Sean.



Leia mais: http://extra.globo.com/noticias/mundo/casal-adianta-casamento-nos-eua-troca-as-aliancas-na-presenca-do-filho-com-cancer-terminal-9352417.html#ixzz2b8RdXf3I

Faz de conta...











Michael Shermer: "As pessoas gostam de ser enganadas"
O psicólogo e escritor americano diz que é mais fácil acreditar em esquisitices – como mediunidade, horóscopo e discos voadores – que pensar e questionar.
O CÉTICO Michael Shermer  em foto de 2008.  Ele devotou sua carreira  a desmascarar cultos, pseudociências  e crendices.  
O CÉTICO
Michael Shermer em foto de 2008. Ele devotou sua carreira a desmascarar cultos, pseudociências e crendices (Foto: Byrd Williams)
A diferença entre um mágico e um médium é que o mágico confessa fazer truques, enquanto o paranormal afirma ter poderes que o habilitam a ler pensamentos, prever o futuro ou falar com os mortos. “Basta ao médium dizer que tem poderes para as pessoas crerem. Faz parte da natureza humana”, afirma o psicólogo e escritor americano Michael Shermer, de 57 anos, diretor da Sociedade Cética e da revista Skeptic.“Não evoluímos para duvidar ou ter visão crítica. Isso exige educação e reflexão. Crer é mais fácil.” Nesta entrevista, ele fala sobre os temas de seu livro Por que as pessoas acreditam em coisas estranhas (JSN, 384 páginas, R$ 65, publicado agora no Brasil), e ataca a farsa por trás da crença em discos voadores, bruxas, quiromancia e mediunidade.
ÉPOCA – Por que as pessoas acreditam em esquisitices?
Michael Shermer – A razão básica está em nosso cérebro, programado pela evolução para enxergar o mundo e procurar razões sobrenaturais para explicar eventos da natureza.
ÉPOCA – Dê um exemplo, por favor.
Shermer – Nas sociedades tribais, o pajé até hoje é aquele que detém os conhecimentos que podem salvar os membros da tribo em momentos decisivos. São os pajés que sabem quais são as plantas e raízes com poderes curativos. São eles que decretam que tal região virou tabu, tornando-a um local proibido e dando chance à fauna para se recompor. Anos depois, num momento de escassez, é o pajé quem tem o poder para liberar a volta dos caçadores ao local, salvando a tribo da fome. Esse tipo de poder sempre foi exclusivo dos magos, dos pajés e dos sacerdotes. Logo, acreditar em seus emissários significava a própria salvação. Quando o pajé dizia que enxergava o futuro, que os membros da tribo deveriam caçar ou buscar água em tal região, e que a salvação de todos estaria em fazer o que ele dizia, tudo não passava de uma profecia autorrealizável. Só isso.

ÉPOCA – Há os que afirmam ver coisas sobrenaturais e outros que dizem ouvir o canto dos anjos ou o lamento dos mortos.
Shermer – Somos animais sociais, e o cérebro foi programado para reconhecer rostos e fisionomias. Por isso, temos a tendência de enxergar faces escondidas no desenho das nuvens, nas manchas de um sudário ou nas rochas da superfície de Marte. Pela mesma razão, basta olhar as nuvens para reconhecer nelas as formas de diversos animais. Essa também é uma herança evolutiva, já que por milênios reconhecer a existência de um animal escondido na paisagem poderia significar a diferença entre a vida e a morte. Qualquer pessoa também pode dizer que fala com os mortos. Não tem nada de mais. Difícil é conseguir fazer os mortos responderem. Todas as alegações como essas que foram investigadas a sério acabaram revelando a existência de microfones escondidos na mobília, nas paredes ou no forro. Nenhuma fotografia pretensamente tirada de um disco voador sobreviveu a um exame detalhado. São todas alegações falsas, montagens feitas para iludir. Embora seja possível que algumas alegações de eventos paranormais, mediúnicos ou ufológicos possam ser verdadeiras, a verdade é que a maior parte delas é falsa, e o mais provável é que todas não passem de pura farsa.
ÉPOCA – Por que as mulheres parecem acreditar mais em esquisitices que os homens?
Shermer – Não é verdade. Homens e mulheres, indistintamente, têm a mesma tendência para acreditar nessas coisas. O que muda é o tipo de esquisitice. Mulheres acreditam mais em mediunidade, espiritismo, cartomantes, bruxaria, amuletos, terapias alternativas, curandeiros e simpatias. Os homens preferem acreditar em paranormalidade, pseudociência, criacionismo e objetos voadores não identificados.
ÉPOCA – Por que as pessoas diferenciam um mágico profissional que faz truques de um médium que diz ser paranormal?
Shermer – É porque o mágico confessa que faz um truque, mas não revela seu segredo. Isso tem razões históricas. A magia é tão antiga quanto as artes adivinhatórias. Há vários séculos, no tempo da Inquisição, os mágicos que ganhavam a vida seguindo as feiras regionais na Europa medieval foram sensatos em confessar que não eram bruxos. Eles confessaram que faziam truques para não acabar na fogueira. Sua confissão retirou dos mágicos profissionais a aura sobrenatural, a qual, embora tentem até hoje, nunca conseguiram resgatar.
ÉPOCA – E as cartomantes e os adivinhos?
Shermer – A maioria acabou na fogueira. As cartomantes e os adivinhos, os médiuns atuais, foram perseguidos porque alegavam deter poderes sobrenaturais. Eles afirmavam que conseguiam prever o futuro e influenciar o destino das pessoas. Ora, esses eram atributos exclusivos da Igreja Católica. Os mesmos inquisidores que se mostraram brandos com os mágicos não pouparam de sua ira persecutória cartomantes e adivinhos, todos eles rotulados de bruxos seguidores da magia negra. Os médiuns e charlatões da atualidade não correm esse risco. Por isso podem afirmar sem medo que têm visões, que falam com os mortos, enxergam o passado, o presente e o futuro. Ou alegar que leem a sorte e influenciam o destino de uma pessoa olhando as cartas do tarô, as linhas da palma da mão, o alinhamento dos planetas de um mapa astral, os reflexos de uma bola de cristal ou a borra de uma xícara de café.
ÉPOCA – Por que as pessoas insistem em acreditar que essas alegações são verdadeiras?
Shermer – Porque os médiuns afirmam que são verdadeiras. Basta aos médiuns, curandeiros e pais de santo dizer que têm visões e preveem o futuro para que as pessoas acreditem. Faz parte da natureza humana. Não evoluímos para duvidar ou questionar. Desenvolver um senso crítico e uma visão própria de mundo exige educação, reflexão e tempo. Crer é muito mais fácil. As pessoas preferem ser enganadas.
ÉPOCA – Quem pede remuneração para fornecer um bem ou serviço que não existe pode ser processado. Por que isso não se aplica ao “trabalho profissional” de cartomantes e médiuns?
Shermer – Porque adivinhos e paranormais se protegem atrás dos direitos universais da liberdade de opinião, de expressão, de reunião e de religião. É muito difícil ou quase impossível provar que um sujeito não escuta vozes interiores ou fala com os anjos se ele assim o afirma. Os religiosos e os crentes das religiões ditas oficiais poderiam ser investigados e processados exatamente pelas mesmas alegações, pois suas religiões aceitam doações em dinheiro como as cartomantes. Seus membros também alegam ter um canal direto de comunicação com o sobrenatural, assim como as cartomantes.
ÉPOCA – Por que gente inteligente crê em esquisitices?
Shermer – Foi para dar título ao livro que escolhi chamar o conjunto de crendices e enganações reivindicadas por médiuns e paranormais de “coisas estranhas”. Palavras mais corretas seriam farsa ou enganação. São atos na maioria das vezes criados para iludir e enganar. Em certas circunstâncias, podem ser classificados como delírios, quando seus devotos acreditam que viveram ou vivem uma experiência extraordinária, inexplicável, extrassensorial. Ainda assim, há explicação para tudo. Quem tem uma boa formação cultural e crê nessas fantasias o faz em duas possibilidades. Ou se trata de um indivíduo conivente com a farsa ou é alguém que sofreu de um surto psicótico, é esquizofrênico e, portanto, doente, ou teve uma alucinação. O estado alterado de consciência pode ser fruto da ingestão de alucinógenos como a ayahuasca, o mescal ou o LSD. Episódios psicóticos também podem ser causados pela privação de sono e pelo cansaço extremo. Para tudo há uma explicação. Se ela convence o crente, o doente ou o usuário, é outra questão.

ÉPOCA – O que acha da religiosidade e do sincretismo humanos?
Shermer – Sou ateu e sou otimista. Até a Idade Média, éramos uma espécie controlada pela fé e dominada por suas crendices e seus medos. Hoje, dezenas de milhões de pessoas nos países ricos se declaram ateias. A religiosidade, pelo menos na Europa e nos Estados Unidos, recua ano a ano.
ÉPOCA – Não é assim no Brasil nem nos países em desenvolvimento.
Shermer – À medida que o padrão de vida subir, a elevação da escolaridade e da educação científica reduzirá o porcentual de religiosos na população. É um caminho sem volta. Basta os governos investirem em educação de qualidade.
ÉPOCA – Um argumento dos religiosos para desqualificar os ateus é que eles escolheram não crer num deus e que essa é sua crença.
Shermer – Se os religiosos querem acreditar num deus bondoso, num paraíso com 100 mil virgens ou seja lá o que for, não dou a mínima. Os religiosos não me interessam. O que me interessa são as centenas de milhões de pessoas que não seguem religião nenhuma e nunca vão à igreja.
ÉPOCA – Quer dizer que, para o senhor, a religião é inofensiva?
Shermer – O problema começa quando seus seguidores usam a religião para lançar aviões contra arranha-céus, jogar bombas em clínicas de aborto (nos Estados Unidos), mutilar mulheres, restringir os direitos individuais e alterar a legislação para proibir o ensino da evolução. Eles querem obrigar as crianças a aprender o criacionismo, uma doutrina religiosa travestida de verdade científica.

http://revistaepoca.globo.com/ideias/noticia/2012/01/michael-shermer-pessoas-gostam-de-ser-enganadas.html

Mais uma etapa superada...