domingo, 22 de setembro de 2013

Degradação do ser humano...

Usuários de crack se reúnem no centro de São Paulo nesta segunda-feira (14). (Foto: Yasuyoshi Chiba/AFP)
Brasil tem 370 mil usuários regulares de crack nas capitais, aponta Fiocruz

Estudo indireto com 25 mil pessoas mediu consumo por 6 meses em 2012.
Nordeste lidera lista em números absolutos, e 14% do total são menores.
Usuários de crack se reúnem no centro de São Paulo nesta segunda-feira (14).

O crack em números:

370 mil usam a droga nas capitais
80% dos usuários são homens
80% usam droga em local público
80% são não brancos
65% fazem 'bicos' para sobreviver
60% são solteiros
40% vivem nas ruas
40% estão no Nordeste
30% das usuárias já fizeram sexo para obter a droga
10% das usuárias ouvidas estavam grávidas
Usuários têm 8 vezes mais HIV
Tempo médio de uso é de 8 anos
16 é a média de pedras por dia

Um levantamento feito pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), ligada ao Ministério da Saúde em parceria com a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad), do Ministério da Justiça, revela que cerca de 370 mil brasileiros de todas as idades usaram regularmente crack e similares (pasta base, merla e óxi) nas capitais ao longo de pelo menos seis meses em 2012.

Por "uso regular", foi considerado um consumo de pelo menos 25 dias nos seis meses anteriores ao estudo, de acordo com definição da Organização Panamericana de Saúde (Opas).

Esse número de 370 mil pessoas corresponde a 0,8% da população das capitais do país e a 35% dos consumidores de drogas ilícitas nessas cidades. Além disso, 14% do total são crianças e adolescentes, o que equivale a mais de 50 mil usuários.

O estudo foi realizado com 25 mil pessoas de forma domiciliar e indireta, ou seja, cada indivíduo respondeu a questões sobre suas redes sociais (familiares, amigos e colegas de trabalho residentes no mesmo município) de forma geral e também especificamente sobre o uso de crack e outras drogas.

O resultado, portanto, é uma estimativa do que ocorre nas 26 capitais e no Distrito Federal – em outra pesquisa da Fiocruz, por exemplo, feita de forma direta com 7 mil entrevistados em 112 municípios (incluindo capitais e regiões metropolitanas) entre o fim de 2011 e junho de 2013, o total não passou de 48 mil usuários de crack e similares.

Consumo de crack no Brasil, por região.
Consumo de crack no Brasil, por região (Foto: Arte/G1)

Segundo os autores, a metodologia indireta, chamada Network Scale-up Method (NSUM), permite que populações de difícil acesso (como presos, hospitalizados, estudantes, militares, religiosos, fugitivos e vítimas de catástrofes) também entrem nessa conta.
De acordo com o secretário da Senad, Vitore Maximiano, essas duas pesquisas são as maiores já feitas sobre crack no mundo, pelo número de entrevistados e pelo volume de dados gerados.

"Somando-se os dois estudos, são 32 mil questionários produzidos. Estamos investigando uma população oculta, que tem dificuldade de revelar seu uso, suas prevalências, porque há a questão criminal, a discriminação", destaca.

Maximiano diz que o usuário de crack, conforme os resultados, é alguém que vive uma forte exclusão social, tem baixa escolaridade e dificuldade de inserção no mercado de trabalho, com predominância de indivíduos não brancos (80%) e em situação de rua.

Nordeste lidera ranking
Entre as regiões do Brasil, o Nordeste lidera o uso regular de crack e similares, com 40% do total, seguido do Sudeste, do Centro-Oeste, do Sul e do Norte (veja o gráfico acima). Além disso, cerca de 80% dos usuários dessas substâncias fazem isso em lugares públicos e de grande circulação, como as ruas.

Estamos investigando uma população oculta, que tem dificuldade de revelar seu uso, suas prevalências, porque há a questão criminal, a discriminação"

Nas capitais do Sudeste e do Centro-Oeste, o crack e similares correspondem a 52% e 47%, respectivamente, de todas as drogas ilícitas (com exceção de maconha) consumidas nessas cidades. Já no Norte, o crack tem uma participação menor no total: cerca de 20%.

Além disso, as capitais do Nordeste são as que concentram mais crianças e adolescentes usuários de crack e similares, com 28 mil pessoas. No Sul e no Norte, esse número é de cerca de 3 mil indivíduos em cada região.

Segundo Maximiano, o alto uso de crack no Nordeste está ligado ao Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) local, onde há uma população mais carente. Essa droga acaba sendo, portanto, uma alternativa barata. Já no Sul, a relação é de ordem sociológica, pois lá as pessoas tradicionalmente consomem mais drogas (sobretudo injetáveis) que a média nacional.

Nas mesmas cidades analisadas, estima-se que 1 milhão de pessoas usem drogas ilícitas em geral (cocaína, heroína, ecstasy, LSD etc.), com exceção de maconha. De acordo com os autores, ainda não é possível fazer um estudo em todo o país porque não há bancos de dados nacionais com informações suficientes sobre grupos específicos da população.

Jovem segura cachimbo para fumar crack em São Luís (MA) (Foto: Reprodução/TV Mirante)
Jovem segura cachimbo para fumar crack em São Luís (MA).

Cachimbo é a forma mais usada para fumar crack no Brasil, diz estudo 

Usuário difícil de encontrar.
Na opinião do pesquisador da Fiocruz Francisco Inácio Bastos, um dos coordenadores dos levantamentos, em estudos tradicionais com perguntas diretas não é possível identificar os usuários de crack e similares em casa, pois eles estão nas ruas. Para ter acesso a essas pessoas, então, é preciso ir a busca das redes de contatos.

Além de estarem fora de casa, os indivíduos que consomem drogas como o crack são mais estigmatizados que aqueles que usam maconha ou álcool, na opinião de Bastos. Por isso, a maioria dos usuários não assume o vício.

Entre as perguntas feitas pelo método indireto, incluídas em uma lista com cerca de 100 questões, estavam: "Você conhece alguém que usa crack? Quantas pessoas?" Além disso, o levantamento reuniu perguntas sobre o programa Bolsa Família e outros assuntos que, depois, foram confirmados em cadastros oficiais das capitais.

Sobre as "cracolândias", Bastos diz que esse não é um fenômeno comum e está mais restrito a São Paulo e ao Rio de Janeiro, pois para esses locais existirem é preciso de alguns pré-requisitos, como grande densidade urbana, ausência do poder público naquele determinado lugar e uma cadeia de distribuição de drogas de grande porte.

O relatório da Fiocruz conclui que o estudo indireto pode servir de base para futuras pesquisas sobre crack com essa mesma metodologia, a fim de gerar uma série histórica confiável. A partir dele, na visão dos autores, também é possível pensar em políticas públicas e estratégias voltadas principalmente para crianças e adolescentes. 

Homem jovem, solteiro e de rua
O outro levantamento da Fiocruz, feito de forma direta com 7 mil pessoas de 18 anos ou mais em 112 municípios, entre 2011 e 2013, envolveu cerca de 400 perguntas e teve como base o método Time-Location Sampling (TLS), para analisar o perfil dos usuários e o cenário de consumo.

As cidades pesquisadas foram as 26 capitais, o Distrito Federal, nove regiões metropolitanas e municípios de médio e pequeno porte. Os locais de estudo foram as próprias cenas de uso de crack e serviços de saúde próximos.

A média de idade dos entrevistados era de 30 anos. Por sexo, os usuários se mostraram predominantemente homens, representando quase 80% do total. Em levantamentos anteriores sobre crack e cocaína, essa proporção era menor: cerca de 60%, contra 40% de mulheres. Esse índice encontrado agora, segundo a Fiocruz, tem relação com uma maior presença masculina no tráfico e em cenários abertos de uso de drogas.

Entre as mulheres usuárias de crack ouvidas, 10% estavam grávidas naquele momento e mais da metade já havia engravidado pelo menos uma vez desde o começo do vício.

Além disso, a maioria (60%) dos usuários de crack declarou ser solteira, 40% vivem nas ruas, 65% fazem trabalhos esporádicos ou autônomos e muitos não chegaram a concluir o ensino médio ou entrar no ensino superior. Atividades ilícitas, como tráfico de drogas e furtos/roubos, foram admitidas por apenas 6,4% e 9% dos entrevistados, respectivamente.

A principal motivação para usar crack e similares foi curiosidade/vontade, apontada por mais da metade dos entrevistados. Em seguida, vieram pressão dos amigos (26,7%) e problemas familiares ou perdas afetivas (29,2%). O baixo preço da droga também seria um fator contribuinte para a manutenção do vício ao longo do tempo, mas não determinante para o início da experimentação.

O tempo médio de uso foi de 8 anos nas capitais, contra 5 anos nos demais municípios. O número médio de pedras utilizadas por pessoa nas capitais foi de 16 ao dia, contra 11 nas outras cidades. O consumo dos homens foi mais prolongado, mas as mulheres usaram mais pedras por dia – até 21, contra 13 dos homens.

Além desses dados, quase 30% das usuárias de crack ouvidas admitiram trocar dinheiro ou drogas por sexo, contra 1,3% dos homens. Elas também foram maioria nos casos de violência sexual prévia: 44,5%, contra 7% no sexo masculino.

Mais de um terço de todos os usuários entrevistados admitiu, ainda, não ter utilizado preservativo em nenhuma das relações sexuais ocorridas naquele mês. E mais da metade (53,9%) nunca havia feito um teste de HIV, o que é algo preocupante, pois os usuários analisados apresentaram prevalência do vírus da Aids oito vezes maior que a da população geral.

A maioria (quase 75%) fumava crack em cachimbos, seguidos de latas (51,8%) e copos plásticos com tampa de alumínio (28,3%). Além disso, mais de 70% compartilhavam esses apetrechos, o que a Fiocruz chama atenção pelo risco de transmissões virais como hepatites.

Dos entrevistados que já tiveram alguma situação de overdose nos 30 dias anteriores à pesquisa, 44,7% passaram por isso pelo uso de crack e 22,4% sofreram intoxicação aguda em decorrência do abuso de álcool. E, ao todo, 41,6% relataram terem sido detidos no último ano, por motivos como posse de drogas (quase 14%), assalto/roubo (9,2%), furto/fraude/invasão de domicílio (8,5%) e tráfico ou produção de drogas (5,5%).

Resposta do governo
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, anunciou nesta quinta-feira (19), durante entrevista coletiva em Brasília, que será feito um plano de três eixos para enfrentar o crack no país: um de prevenção, um de cuidados e outro de autoridade.

"(O primeiro) exige um conjunto de medidas de orientação social, que possa esclarecer os malefícios do uso do crack", explicou. Já o eixo de cuidados inclui tratar os usuários, contratar bons profissionais e manter um número suficiente de unidades de tratamento.

"O eixo autoridade tem a ver com medidas de segurança pública e o enfrentamento rigoroso das organizações de narcotraficantes", destacou.

O ministro afirmou também que os usuários de crack devem ser considerados dependentes químicos e, portanto, passíveis de tratamento, e não tratados com sanções penais.

"A maior parte dos usuários são pessoas de extrema vulnerabilidade social. Quando você vai ouvi-las, ao contrário do que muitos pensam 80% querem tratamento e 92% querem apoio para conseguir emprego ou ensino para se reinserir socialmente", disse Cardozo.

Ações
Em dezembro de 2011, a presidente Dilma Rousseff lançou um conjunto de ações integradas para o combate ao crack com orçamento de R$ 4 bilhões do governo federal. Na ocasião, a presidente anunciou a criação de 2.462 leitos destinados ao tratamento de usuários de drogas.

Segundo o ministério, foi investido desde então R$ 1,5 bilhão em ações de implementação e custeio de serviços que atendem aos usuários de crack, e 85 das 308 unidades de rua previstas foram construídas. De acordo com o ministro, o programa segue "estritamente" o cronograma para usar os recursos.

"Desde o início do programa isso passa por uma pactuação com estados e municípios com a definição de uma matriz de responsabilidade, para que a partir daí você consiga fazer a alocação dos recursos", disse o ministro. "Você tem o tempo de articulação do programa, que é exatamente o que foi feito para fazer acordos e negociar com estados e municípios."

Segundo o governo, desde o início do programa foram criados 1.885 novos leitos em 37 Centros de Álcool e Drogas, 60 Unidades de Acolhimento, 85 Consultórios na Rua e enfermarias especializadas em álcool e drogas.

Minoria consciente...




O ateísmo "paz e amor"

Uma nova geração de pensadores ateus defende a tolerância religiosa 
e questiona a militância do biólogo Richard Dawkins e de seus seguidores


Um dos biólogos mais brilhantes e influentes da atualidade trocou a ciência pelas discussões religiosas. A maior parte de seu tempo é dedicada a escrever e a falar sobre Deus. Seria apenas mais um caso de fanatismo religioso, não fosse um fato: Richard Daw­kins não tem religião. Britânico de 72 anos, autor de Deus, um delírio, ele é um dos mais célebres militantes do ateís­mo. Seu estilo aguerrido e suas críticas impiedosas a diversas religiões, ocidentais e orientais, deram visibilidade aos ateus nos últimos anos – e renderam um sem-número de críticas a sua intolerância. Em agosto, uma frase sua sobre a pequena quantidade de muçulmanos vencedores do Prêmio Nobel despertou indignação nos jornais e nas redes sociais. Em resposta, o escritor Reza Aslan, muçulmano, afirmou que Dawkins era “o pior tipo de fanático”. “Ele diz que nunca leu o Alcorão, mas tem certeza de que o islã é a maior força do mal no mundo.”

A postura agressiva e muitas vezes preconceituosa de Dawkins e de seus asseclas, como o neurocientista americano Sam Harris ou o filósofo americano Daniel Dennett, começa aos poucos a ceder espaço a um ateísmo de postura mais tolerante. O filósofo britânico A.C. Grayling é um representante dessa transição. Grayling está longe de ser um fã da religião. “O mundo seria bem melhor se não acreditássemos em conto de fadas”, disse ele a ÉPOCA. “A religião é simplesmente inconsistente com a modernidade.” Mas suas obras são bem menos cáusticas que as de Daw­kins. Em março, Grayling lançou The god argument (O argumento divino, em tradução livre). O livro apresenta argumentos filosóficos contra a existência de Deus. Trata-se basicamente de um manifesto humanista. Mesmo acreditando que a religião é prejudicial à humanidade, Grayling não gasta muita energia em debates com religiosos. Em 2011, ele publicou The good book (O livro bom), uma espécie de guia de vida para ateus. Em 608 páginas, apresenta citações e conceitos de grandes pensadores, como Aristóteles, Confúcio, Cícero, Isaac Newton e Charles Darwin, em capítulos e versículos. Não bastasse isso, Grayling imita a estrutura bíblica. O primeiro capítulo, sobre a origem do Universo de acordo com a ciência, é o Gênesis – então seguido de Lamentações e Provérbios, e assim por diante. Em vez de apenas criticar as religiões, os livros de Grayling tentam construir alternativas a elas.

Um passo além de Grayling estão os ateus que desejam dialogar com religiosos. Um defensor da ideia é o americano Chris Stedman. Autor de blogs de religião no jornal Washington Post, no site da emissora CNN e no site Huffington Post, ele lançou em novembro do ano passado o livro Faitheist (trocadilho com as palavras “ateu” e fé”, em inglês). Organizador da comunidade de ateus e agnósticos da Universidade Harvard, Stedman afirma que a diversidade de opiniões deve ser celebrada. “As pes­soas fazem coisas boas ou ruins com ou sem religião”, afirma. Para ele, os ateus devem se organizar em comunidades para debater em pé de igualdade o privilégio religioso em sociedades como a americana. 
 
As várias maneiras de não acreditar (Foto: David Levenson/Getty Images (2), divulgação (2),  Jeremy Sutton-Hibbert/Getty Images e Colin McPherson/Corbis)
Mas sem incitar qualquer tipo de rixa. “Uma verdadeira sociedade secular precisa de pluralismo”, afirma. Para Stedman, os ateus e religiosos devem se engajar em diálogos construtivos e pacientes. “É preciso identificar valores em comum, porque a religião dificilmente sairá do mapa. A cooperação é extremamente necessária num mundo em que as vozes extremistas costumam afogar as outras”, diz. Stedman fala com conhecimento de causa. Em suas próprias palavras, ele era um “católico fundamentalista” antes de virar ateu.

O filósofo suíço Alain de Botton é ainda mais conciliador que Stedman. “Tenho um respeito profundo pela religião, apesar de não acreditar em seus aspectos sobrenaturais”, disse Botton a ÉPOCA. “As grandes religiões são enormes máquinas capazes de transmitir ideias sobre a bondade, a morte, a família e a comunidade. Não há nada parecido com isso no mundo laico, e isso é uma pena.” Em seu livro Religião para ateus (editora Intrínseca), Botton se propõe a “roubar” das religiões ideias sobre como viver. Uma de suas sugestões mais polêmicas é a construção de um templo para ateus, no centro de Londres. Dawkins, é claro, detestou a ideia. “Ateus não precisam de templos para buscar o sentido da vida”, disse ele ao jornal britânicoThe Guardian. Botton, em resposta, afirmou que a ideia era uma reação a Dawkins. “Por causa de Richard Dawkins, o ateísmo tornou-se conhecido como uma força destrutiva”, diz. “Escrevo para pessoas que não acreditam em Deus, mas, mesmo assim, reconhecem o lado positivo da religião: os rituais, a arquitetura, a música e a conexão com o passado.”

Nem todos os ateus aderiram à postura mais tolerante defendida por Botton e Stedman. Um exemplo é a Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos (Atea). Ela tem 10 mil membros e arrecada R$ 2 mil por mês. Apesar dos números modestos, ganhou destaque ao organizar a primeira campanha publicitária ateísta do país em Porto Alegre. Em julho, voltou às manchetes graças a um protesto contra os gastos públicos relacionados à chegada do papa Francisco ao Brasil. “É preciso ser enérgico. Quem não é engajado ignora os males causados pela religião, como a ascensão da bancada evangélica no Brasil”, diz Daniel Sottomaior, um dos fundadores da Atea. “Até porque criar ativismo para depois ficar sentado não faz muito sentido.”

Nesse debate, uma das vozes mais sensatas é de Peter Steinberger, professor de ciência política do Reed College, em Portland, nos Estados Unidos. Steinberger lançou em julho o livroThe problem with God: why atheists, true believers, and even agnostics must all be wrong (O problema com Deus: por que ateus, crentes e até agnósticos devem todos estar errados). O livro defende uma tese antiga, mas esquecida no meio do debate religioso iniciado por Dawkins: qualquer discussão relacionada à existência divina é uma perda de tempo. “As religiões são incoerentes, mas Dawkins também é incoerente por não ter uma prova definitiva da inexistência de Deus”, diz. “Os novos ateus acham que a ciência atual é suficiente para explicar o mundo, mas isso não é possível.” Se as discussões entre religiosos e ateus se esvaziarem por falta de provas, como Steinberger sugere, os ateus moderados estarão um passo à frente dos militantes: terão sido os primeiros a abandonar um confronto inútil e a buscar maneiras de coexistir com os religiosos. “Ser ateu é como não colecionar selos”, diz Grayling. “É possível ser um ‘não colecionador de selos’ militante? Basta não colecionar selos.” 
 
Os 10 mandamentos do bom ateu (Foto: ÉPOCA)

Chiqueza...

Carro estacionará dentro da sala de estar em edifício em Goiânia
É possível observar o carro estacionado da sala de estar em empreendimento em Goiânia.

Projeto mostra carro estacionado na sala de estar em empreendimento em Goiânia (GO); modelo é único no Brasil
Não será mais preciso morar em casa para estacionar o carro dentro da residência em Goiânia (GO).

No Victorian Living Desire, empreendimento de luxo das incorporadoras GPL, Terral e Town, um elevador automotivo leva o veículo do subsolo até o apartamento, onde há espaço para estacionar com vista para a sala de estar.

Já existem sistemas similares em Cingapura e nas cidades de Miami e Nova York, nos Estados Unidos.

Chamado de SkyDrive, o elevador desenvolvido pela Atlas Schindler comporta até um carro por apartamento.

As outras quatro vagas de cada unidade ficarão, sem muita novidade, no subsolo do edifício.

Como medida de segurança, toda a circulação interna foi organizada por meio de acesso biométrico.

Mas a preocupação é tanta que alguns itens de segurança só serão apresentados diretamente ao morador pela empresa que desenvolveu a tecnologia.

Serão 31 apartamentos (um por andar) de 404 m². A arquitetura é assinada por Alexandre Leite.

Inhom, inhom...

Idosos assaltam apartamento na região de Perdizes, em SP
Morador de um prédio em Perdizes, na zona oeste de São Paulo, o designer Luiz Carvalho, 27, teve três grandes surpresas no último sábado ao retornar para casa no final da tarde.

A primeira foi perceber que seu apartamento havia sido vítima de furto, do qual levaram dois notebooks, um HD externo, um iPod e roupas, entre outros objetos.

A segunda, e mais chocante, foi saber que os ladrões eram dois idosos. Um deles, careca; outro, de cabelos brancos --ambos com passos lentos para subir escadas.

A descoberta ocorreu após Carvalho assistir as imagens das câmeras de segurança.

"Não acreditei quando vi homens de idade carregando minhas roupas em cabides e andando com minha mochila pelas escadarias."

De acordo com os vídeos, os dois ficaram dentro do prédio por aproximadamente uma hora. Usaram uma chave micha para abrir a porta do local. A ação no apartamento durou cerca de 20 minutos.

A terceira surpresa do designer foi verificar que a dupla chegou a furtar algumas coisas de baixo valor, mas ignorou outras mais valiosas.

Os idosos também carregaram, por exemplo, dois lápis de cor, três camisas, um talco para pés, perfumes e uma máquina fotográfica antiga do Mickey.

Um dos suspeitos estava de camisa social e terno. O outro, de bermuda e chinelo. Nenhum vivia no edifício.

Além das imagens internas, os idosos também foram flagrados por uma câmera de segurança de uma loja mesmo bairro onde o crime ocorreu. Ela mostra os dois homens fugindo em um veículo utilitário de luxo.

Para Carvalho, os idosos tiveram facilidade para agir porque não levantaram suspeitas enquanto estiveram no local. "Eles pareciam parentes de moradores. Se tivesse encontrado com eles na escada eu os teria ajudado a carregar algumas coisas", disse.

Segundo policiais, um dos idosos tentou invadir outro prédio, na rua Cotoxó. Entretanto, só conseguiu passar pelo primeiro portão do edifício. Ao ficar preso na porta de acesso, furtou a câmera de segurança e fugiu.

O prédio da década de 1950 onde o designer mora não tem porteiro nem câmeras apontadas para a rua. Mas, para reforçar a segurança após o crime, foi trocada a fechadura da entrada principal.

A decisão foi tomada porque os bandidos também levaram as chaves da vítima, inclusive as do carro dele.

Até ontem à noite, os dois idosos não tinham identificados pela polícia.

Estado cruente...


Elizabeth Gomes no depoimento que prestou dentro do inquérito policial militar
Caso Amarildo: estado do Rio recorre contra pensão concedida à família do pedreiro

O ajudante de pedreiro Amarildo Dias de Souza desapareceu no dia 14 de julho.

O governo do estado recorreu, na última quarta-feira, da decisão judicial que havia concedido antecipadamente uma pensão mensal e tratamento psicológico à família do pedreiro Amarildo de Souza, desaparecido desde julho, na favela da Rocinha, após uma operação policial.

No dia 4 deste mês, o desembargador Lindolpho Morais Marinho, da 16ª Câmara Cível, havia determinado que o Estado pagasse à mulher de Amarildo, Elizabeth Gomes da Silva, seus seis filhos, e outros dois parentes, tratamento psicológico no valor equivalente a quatro salários mínimos (R$ 2.712). 

O magistrado dá como possibilidade que o estado ofereça o tratamento através de profissionais de seu quadro de saúde. Além disso, na decisão o desembargador determinou que fosse paga uma pensão mensal a Elizabeth e seus filhos no valor de um salário mínimo.

Elizabeth Gomes no depoimento que prestou dentro do inquérito policial militar.

“Não é difícil imaginar uma família humilde, pobre, tendo como moradia apenas um cômodo, de futuro incerto e sem esperança de dias melhores, que repentinamente se confronta com angustiante e desesperador acontecimento: seu chefe é levado pela autoridade policial, que lhe deve custodiar e simplesmente desaparece (...) Tudo isso leva a crer fielmente que esta família necessita com urgência de amparo.”, afirmou Lindolpho Marinho em seu despacho.

O governo do estado, por meio de sua assessoria de imprensa, afirmou que, apesar do recurso, vai pagar a pensão à família de Amarildo, e que o tratamento psicológico ficará a cargo do estado.

Cena de cinema...

Flagrante de prisão de ladrão de ônibus foi registrado na Avenida Francisco Bicalho


Na delegacia, Adenilson Jataraiba Ferreira confessou ter assaltado o ônibus para comprar cocaína
Delegado e inspetor rendem ladrão de ônibus no Centro do Rio

Um tiro seguido de perseguição policial assustou os motoristas que passavam pela Avenida Francisco Bicalho, no Centro do Rio, no fim da manhã desta sexta-feira. O delegado André Luís Drumond Flores, diretor do Departamento Geral de Tecnologia da Informação e Telecomunicações (Dgtit), e o inspetor Cláudio Barcelos, que passavam numa viatura pela via, capturaram Adenilson Jataraiba Ferreira, acusado de roubar a cobradora do ônibus linha 338/Taquara-Candelária.

Flagrante de prisão de ladrão de ônibus foi registrado na Avenida Francisco Bicalho. 

Drumond percebeu a ação ao ver o motorista e a cobradora, que desceram do coletivo aos gritos de “pega ladrão”, apontando para o bandido, num táxi. O delegado e o inspetor desceram da viatura armados para render o suspeito, que fugiu.

Como não sabiam se o bandido estava armado, os policiais buscaram abrigo na própria viatura. O delegado, então, deu um tiro para o alto. O disparo assustou o criminoso, que se rendeu, deitando no chão. Só depois disso, os policiais se aproximaram e renderam o bandido. Os R$ 50 roubados no ônibus foram recuperados. A ação foi flagrada pelo fotógrafo Thiago Lontra, do EXTRA, que registrou o momento em que o inspetor Cláudio Barcelos se aproximou do criminoso, já rendido.

Na delegacia, Adenilson Jataraiba Ferreira confessou ter assaltado o ônibus para comprar cocaína. 

— O disparo para o alto é procedimento padrão. Ele é dado em duas situações: para evitar a fuga do criminoso ou para evitar um confronto. Eu não sabia se ele (o bandido) estava armado. Então, procurei abrigo na viatura. Aí, quando dei o disparo para o alto, ele deitou no chão — disse o delegado.

As vítimas e o suspeito foram levados à 17ª DP na viatura policial. Adenilson, que tem antecedentes criminais por roubo, lesão corporal, estupro e vias de fato, foi preso em flagrante. Ele disse ter cometido o crime para sustentar o vício em cocaína.

— Foi uma cena de cinema, rapaz. O policial deu um tiro para cima e eu me deitei no chão. Se desse o tiro em mim, eu nem estaria aqui para contar a história — disse Adenilson.

Mais uma etapa superada...