Fiscais da Vigilância Sanitária do Rio extorquiam R$ 50 mi por
ano, diz polícia
Ao menos 25
fiscais da Vigilância Sanitária Municipal do Rio foram presos nesta
quinta-feira acusados de extorquir comerciantes e empresários na capital para
não aplicar multas. Segundo a Polícia Civil, o grupo criminoso faturava mais de
R$ 50 milhões ao ano.
Por volta
das 14h, a polícia ainda tentava cumprir outros cinco mandados de prisão e 52
de busca e apreensão. Todos são acusados de concussão e formação de quadrilha e
podem pegar até 12 anos de prisão.
De acordo
com a investigação, os fiscais usavam uma tabela de preços estipulados por eles
para cobrar a propina dos comerciantes. Os valores variavam de R$ 400 a R$ 500
por mês. No total, 100 mil estabelecimentos comerciais - entre restaurantes,
bares, clínicas, empresas de projetos arquitetônicos e outras - foram alvos do
esquema.
O delegado
da Draco (Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas), Alexandre
Capote, responsável pela investigação, disse que os comerciantes que pagavam a
propina eram vítimas já que os fiscais ameaçavam multar e fechar o
estabelecimento caso eles não pagassem o valor cobrado. Os 30 acusados
representam 10% dos 300 profissionais que atuam na Vigilância Sanitária
Municipal do Rio.
"Foi
constatado enriquecimento ilícito desses fiscais, que ganham em média R$ 2.800
por mês. Em algumas casas encontramos até R$800 mil em espécie", afirmou
Capote.
As prisões
aconteceram em diversos pontos da cidade e em Niterói. Foram apreendidos mais
de R$ 1 milhão em espécie nas casas dos fiscais, além de computadores,
documentos e três armas.
"O que
chamou a atenção era a organização deles porque um fiscal apresentava o outro
quando fazia o rodízio e assim repeliam a tentativa da secretaria de coibir a
corrupção. Ainda tinha a certeza da impunidade tanto que foi achado grande
quantidade de dinheiro dentro de casa, inclusive com naftalina e amarrados com
linha porque o elástico estraga a nota. Isso indica que o dinheiro estava ali
guardado durante muito tempo", disse o promotor Homero Freitas.
A
investigação detectou provas de que a quadrilha agia desde 2010. O grupo era
chefiado por Eduardo De Nigres, da Secretaria de Vigilância Sanitária. Nigres
saiu do país há alguns dias. Agora, a Polícia Federal investiga o paradeiro
dele no exterior.
Participam
da ação delegacias especializadas, a Draco (Delegacia de Repressão às Ações
Criminosas Organizadas), da Secretaria de Segurança, o Ministério Público do
Estado e a Secretaria Municipal de Vigilância Sanitária.
Em nota, a
Secretaria Municipal de Saúde informou que está colaborando com as investigações,
para que os responsáveis sejam identificados e punidos.