sábado, 4 de janeiro de 2014

Cultura...

Do carnaval ao imenso canavial
Frei Betto

O Brasil é o país do carnaval. Aqui não se vive sem os cinco efes: fé, festa, feijão, farinha e futebol. Toda essa alegria está ameaçada de se transformar numa grande tristeza nacional caso o governo federal não tome, o quanto antes, severas medidas para impedir que o país se torne um imenso canavial em mãos estrangeiras.

Estamos de volta aos ciclos de monocultura que, nos livros didáticos de minha infância, marcavam os períodos da história nacional: pau-brasil; cana-de-açúcar; ouro; borracha; café etc. Esta a razão da recente visita de Bush ao Brasil, temos a matéria-prima e a tecnologia alternativas ao petróleo, energia fóssil prestes a se esgotar. Hoje, 80% das reservas petrolíferas se encontram no conflitivo Oriente Médio. Construir usinas nucleares é dispendioso e arriscado, alvos potenciais de terroristas. A solução mais segura, barata e ecologicamente correta é a cana-de-açúcar e os óleos vegetais. Petróleo era um bom negócio quando o barril custava US$ 2. Hoje não custa menos de US$ 50. E não dá duas safras. Cana e mandioca, além de abastecer veículos e indústrias, dão quantas safras se plantar. Basta dispor da terra adequada e disto que, ao contrário dos EUA, há nos trópicos em abundância: água e sol.

De olho nessa fonte alternativa de energia, Bush veio ver para crer. O etanol extraído de nossa cana tem a metade do custo do produzido pelo milho made in USA; 1/3 do preço do etanol europeu obtido da beterraba; e é, hoje, 30% inferior ao preço da gasolina, além de não poluir a atmosfera nem se esgotar.

Então o Brasil se tornará um país rico? Sim, se o governo agir com firmeza e detiver a ganância das multinacionais. Bill Gates e sua Ethanol Pacific já estão de olho nas terras de Goiás e do Mato Grosso. Japoneses, franceses, holandeses e ingleses querem investir em usinas de álcool. Se o Planalto não tomar a defesa da soberania nacional, o imenso canavial Brasil estará produzindo combustível para os países industrializados que, na defesa de seus interesses, cuidarão da segurança de seus negócios aqui, ou seja, regressaremos ao estágio colonialista de República, não das Bananas, mas da Cana. E as próximas gerações correrão o risco de experimentar na carne o que hoje sofrem os iraquianos.

Assim como Monteiro Lobato, na década de 1940, clamou pela defesa do petróleo brasileiro, dando origem à Petrobras, é hora de se exigir a criação da Biocombrás, a Companhia Brasileira de Biocombustíveis. Caso contrário, teremos nosso território agricultável retalhado pelo latifúndio associado às empresas multinacionais; a cana imperando no Sudeste; a soja e as pastagens desmatando ainda mais a Amazônia e provocando graves desequilíbrios ambientais. E é ilusão imaginar que a tecnologia de exploração da biomassa vegetal absorverá mão-de-obra. O desemprego e o subemprego (boias-frias) serão proporcionais ao número de pés de cana plantados.

Bush não veio aqui preocupado com a miséria em que vivem milhões de brasileiros, sobretudo os migrantes expulsos do campo e amontoados nas favelas em torno das grandes cidades. Nem interessado na pequena propriedade rural e na agricultura familiar. Veio soprar nos ouvidos do presidente Lula para o Brasil dar as costas à Venezuela petrolífera de Chávez e erguer seu copo de garapa orgulhoso de sua energia vegetal, feliz porque vão chover álcool dólares na lavoura nacional. O Brasil entra com a terra, a água e o sol, e um pouco de mão-de-obra barata, eles colhem, exportam e vendem o produto via Monsanto, Cargill e congêneres, aplicando os lucros lá fora. Ficam com o verde da cana e dos dólares e, nós, com o amarelo da fome, como descrevia Carolina Maria de Jesus em Quarto de despejo.

O mínimo que se espera do presidente Lula é que siga o exemplo de Chávez e defenda os interesses nacionais. A empresa venezuelana equivalente à nossa Petrobras era a sócia minoritária na exploração do petróleo do país vizinho. Agora Chávez reverteu a equação: a partir de 1º de maio a Venezuela fica com 60% das cotas e as empresas estrangeiras com 40%.

Foi o clamor popular que, no passado, obrigou o governo a ouvir que “o petróleo é nosso”. É hora de clamar pelo etanol e impedir que o imenso canavial Brasil multiplique o trabalho escravo, aumente o número de boias-frias e devaste o que nos resta de florestas e reservas indígenas.
http://www.outrobrasil.net/

Entendendo...

Trote Estudantil

Um trote estudantil leve


Nas universidades brasileiras a cada início de ano letivo, ou semestre, há o costume de aplicar o chamado trote nos alunos novatos, que são chamados de “calouros” ou “bixos”. O trote é basicamente um rito de passagem, os veteranos estabelecem tarefas aos calouros, as tarefas são classificadas em leve, mediana e grave.

Leve

Pintura corporal: os veteranos pintam o rosto, os braços, a camiseta, as calças dos calouros com o nome da universidade e o curso.

Raspagem de cabelo: é quando raspam o cabelo do bixo. Esse tipo de trote é aplicado nos homens.

Mandar casar os calouros: o menino deve tirar um papelzinho da boca de uma menina, com sua própria boca, sem usar as mãos.

Mediana

Mergulho: os calouros são obrigados a se molhar completamente entrando em fontes, piscinas, etc.

Pedágio: os calouros devem pedir dinheiro nos sinais aos motoristas, e só terminam a tarefa quando atingem o valor estipulado pelos veteranos.

Graves

Mastiguinha: força-se o calouro a ingerir comida previamente mastigada por um veterano.

Chispada: o calouro deve correr nu em público, tal ato pode causar sua detenção para prestar esclarecimentos.

Esse costume brasileiro é similar ao praticado em Portugal, onde se diferem especialmente no fato de que no Brasil os trotes estudantis são aplicados em universidades, já em Portugal também são aplicados nas escolas. É interessante ter brincadeiras no primeiro contato de um jovem com a universidade, desde que as brincadeiras não sejam humilhantes, constrangedoras e não provoquem nenhuma lesão física.

Observamos que trotes violentos têm crescido consideravelmente no Brasil, um desses trotes foi aplicado em um calouro do curso de medicina da USP, no dia 22 de fevereiro de 1999, cujo resultado foi a morte por afogamento do estudante. Na tentativa de amenizar essa realidade, muitas universidades baniram o trote estudantil ou substituíram pelo “trote solidário” (no qual os calouros devem doar sangue, arrecadar alimentos ou realizar algum trabalho comunitário).
http://www.brasilescola.com/sociologia/trote-estudantil.htm

Curiosidade...

Por que dormimos?
  
Qual é o agente do sono? 

Normalmente, todos os seres vivos sentem necessidade de dormir. Seja qual for a espécie, em algum momento do dia se reservam ao sono, sendo ele longo ou curto. Os ursos são conhecidos como dorminhocos, no inverno eles dormem praticamente o tempo todo. Por outro lado, os peixes não dormem, eles apenas alternam períodos de vigília e repouso. A título de comprovação, é só observar que suas pálpebras não se fecham.

O período de sono indicado para os humanos pode variar de acordo com a idade, sendo que jovens precisam dormir de 8 a 10 horas, diariamente. É óbvio que só conseguimos dormir quando chega o sono. Mas afinal, ele é produzido exatamente pelo quê?

Uma substância química desenvolvida pela glândula pineal (localizada na base do cérebro) é importante para o sono, ela é denominada de melatonina. Trata-se de uma secreção glandular que entra na circulação sanguínea para regular o ciclo referente ao ato de dormir e acordar. Como vemos, a glândula só regula o período de sono, mas não necessariamente o produz.

A substância misteriosa capaz de nos deixar com vontade de ir para a cama ainda não foi descoberta. Pesquisas relacionadas a esse fato apontam para a possibilidade de ser um ácido graxo, similar a um dos componentes das membranas celulares, mas por enquanto é só uma possibilidade que precisa ser constatada.
http://www.brasilescola.com/curiosidades/por-que-dormimos.htm

Piada

Nenhum Peixe
O pescador chega em casa e diz para a mulher: 
— Oi, meu amor... Ah, hoje não consegui pescar nada! 
— Eu sei! — respondeu ela. — Você esqueceu a carteira em casa!
http://piadasengracadas.net/categoria/diversas/

Devanear...

Leia um trecho do livro erótico "Peça-me o que Quiser", de Megan Maxwell
O terceiro volume da trilogia erótica da autora chega às lojas dia 14 de janeiro

Livro "Peça-me o que Quiser" chega ao Brasil em janeiro.
Nossos olhares se encontram. Estamos pertinho um do outro, e já sei o que Eric quer e o desejo. Sua respiração se acelera. A minha também.

Como somos! Sorrimos. De repente, sinto a mão de Eric sob minha saia longa e, excitada, pergunto:

- O que você está fazendo?

Eric - meu Eric - sorri perigosamente. Num fiozinho de voz, digo:

- Aqui?

Concorda. Está brincalhão. E eu me excito mais ainda.

Quer me masturbar ali?

As pessoas ao nosso redor riem, se divertem e bebem margaritas, enquanto ouvem as ondas e a música. Estou de costas para todo mundo, sentada no pufe diante do meu amor. Sinto que a mão dele chega na minha coxa. Traça pequenos círculos e logo alcança a calcinha.

- Eric...

- Psiu.

Sorrio, toda nervosa.

Minha nossa!

Disfarçando, olho para os lados. Cada um na sua, ninguém presta atenção na gente. Eric, aproximando-se mais de mim, cochicha brincalhão:

- Ninguém está olhando, pequena.

- Eric...

- Calminha.

Afasta o tecido fino da calcinha, e rapidamente um de seus dedos brinca com meu clitóris. Fecho os olhos, e minha respiração fica mais profunda.

Minha nossa, eu adoro isso.

A sensação de proibido me excita. Me excita muito. Quando Eric mete em mim um de seus dedos, fico ofegante. Ao abrir os olhos, me deparo com seu sorriso sensual.

- Gosta?

Aceno que sim, como um bonequinho, enquanto meu estômago se desfaz em mil pedacinhos de prazer.

Não quero que Eric pare.

Ele sorri enquanto seu dedo brinca dentro de mim e as pessoas, alheias ao nosso excitante joguinho, se divertem ao redor.

Que sem-vergonha ele é!

Mas eu gosto, eu gosto, eu gosto. Então quero participar, sorrio e me mexo em busca de mais profundidade e prazer.

Minha expressão de safada faz Eric arquejar.

Sim...

Eu o deixo louco.

Sim...

E aproximando sua boca da minha, sussurra, extremamente excitado:

- Não se mexa se não quer que percebam.

Deus, santo Deus, que tesãooooooo...

Vou ter um troço!

Como não vou me mexer?

Sua maneira de me tocar faz com que eu queira mais e mais. Quando minha cara demonstra o que penso, Eric retira sua mão debaixo de minha saia,

se levanta, me pega e diz:

- Vamos.

Excitada, nervosa, ávida, eu o sigo. Posso segui-lo ao fim do mundo!

Me surpreendo ao ver que não vai na direção do nosso quarto e sim na da praia. Quando as luzes do bar deixam de nos iluminar e a escuridão da noite

e a brisa nos envolvem, meu amor me beija com desespero. Ansiosa para tocá-lo, desabotoo a camisa de meu marido e me delicio com seu corpo. É suave, musculoso e ardente.

Eu o acaricio. Ele me acaricia.

A excitação de nossos corpos cresce a cada segundo. Entre beijos e carícias, chegamos à barraquinha onde de manhã preparam umas margaritas sensacionais. Agora está fechada. Mas Eric quer brincar. Com pressa, abre a camisa que uso amarrada na cintura. Quando meus seios ficam à mostra, ele diz:

- É isto o que eu quero...

Como um lobo faminto, se ajoelha e me beija os mamilos. Primeiro um, depois o outro. A camisa cai no chão, e fico apenas com a saia longa. Excitada, olho para o bar, onde as pessoas continuam se divertindo. Estão a uns cem metros, mas sem me importar com quem possa nos ver, agarro o cabelo de Eric e murmuro, levando meu seio direito a sua boca:

- Saboreie.

Entusiasmado, ele acaricia meu seio, enquanto suas mãos percorrem minhas pernas e erguem minha saia, lenta e pausadamente. Quando meu mamilo está arrepiado, sem necessidade de que eu peça, Eric se dedica ao outro, enquanto sussurro:

- Sim, sim, é assim que eu gosto...

Enlouquecido, suas mãos apertam meu traseiro, e ouço o tecido de minha calcinha se rasgando. Quando olho Eric, ele diz caçoando:

- Isso não faz falta.

Dou uma gargalhada, mas quando, com um puxão, Eric me baixa a saia até o chão e fico nua na barraquinha, meu riso fica nervoso.

Estou a poucos passos dos turistas do hotel, nua, com a calcinha rasgada, mas com vontade de me divertir. Nesse instante, ouvimos um riso de mulher perto de nós. Eric e eu olhamos e descobrimos que no outro lado da barraquinha estão uma mulher e um homem na mesma situação que a gente.

Não dizemos nada. Nem é preciso. Sem nos aproximarmos uns dos outros, cada casal continua em sua excitante atividade. A presença deles nos estimula muito. Eric me beija. Deseja minha boca como eu preciso da dele. Suas mãos agarram e sobem meus pulsos por cima da cabeça. Seu corpo esmaga o meu contra a parede da barraquinha, e noto sua ereção pressionando minha barriga.

Isso mexe mais ainda comigo.

Duro. Incansável. Eu o quero dentro de mim, ele sussurra:

- Você me deixa louco.

Sorrio e fecho os olhos. Sou imensamente feliz.

De repente, o gemido da mulher nos faz olhar de novo. Ela agora está no chão, de quatro, e seu companheiro a penetra por trás, sem parar.

Sem conseguir afastar os olhos desse espetáculo, observo a expressão da mulher. Sua boca, seu rosto, seu olhar extasiado me mostram todo o prazer que ela sente, e me excito mais ainda.

Gosto de olhar. Olhar me excita. Olhar me faz querer jogar.

- Gosta do que vê? - pergunta Eric ao meu ouvido.

A pergunta me faz lembrar nossa primeira visita ao Moroccio, aquele restaurante tão especial em que ele me levou em Madri. Sorrio com a lembrança de minha cara de horror naquele dia e suspiro ao imaginar minha cara neste momento. Tudo é diferente. Graças a Eric minha percepção do sexo mudou e, na minha opinião, para melhor. Agora sou uma mulher que aproveita o sexo. Que fala de sexo. Que brinca com o sexo e que já não o vê como tabu. Aceno que sim. A voz de Eric, carregada de erotismo, e o espetáculo a que assistimos são excitantes como poucos. E então a mulher geme cada vez mais alto e os movimentos de seu parceiro são mais duros e certeiros.

Não posso desviar o olhar: Eric solta o cordão da calça de linho e a tira.

Com rapidez, me vira e me diz ao ouvido:

- Agora quero ouvir você gemer.

Sem mais, me separa as pernas e, depois de passar o pênis entre minhas nádegas, baixa-o até meu sexo e, após uns segundos em que me deixa impaciente, me penetra.

Oh, sim, sim!

Ele é certeiro e vigoroso. Como nós dois gostamos. Seu pênis - duro mas suave - entra totalmente em mim. Minha vagina, deliciada de recebê-lo, o prende, o aperta. O prazer é enorme. A excitação me mata.

Estou ofegante, e meu amor, meu amante, meu alemão me agarra possessivo pela cintura, ansioso pelo prazer, enquanto me preenche, me arrancando gemidos que nos deixam loucos.

Olho para a direita. Os que antes gemiam nos observam. Agora sou eu que mostra à outra mulher o tamanho do meu prazer.

Sim, sim, quero mostrar para ela. Quero que saiba o quanto gozo.

Eric com sua altura e força me levanta um pouco do chão umas duas vezes, e eu me agarro na madeira da barraquinha, à espera de que ele entre e saia de mim outra vez. Gosto do modo que me possui.

Eric continua, sem parar. Eu adoro. Ele adora. Os desconhecidos também, até que minhas forças se vão, meu corpo se desmancha de prazer e chego ao orgasmo com um gemido delicioso. Eric goza um instante depois, com um gemido rouco. Ficamos quietos por uns instantes, sem nos mexer. Estamos esgotados. Até que um movimento nos faz voltar à realidade: o outro casal se veste e, após nos acenar um tchau, se vai.

Eric, ainda me abraçando, sai de dentro de mim. Beija minhas costelas e, quando vê que me encolho, me vira e diz, me puxando entre seus braços:

- Que acha de um banhozinho de mar?

Sim, claro! Com ele tudo me parece ótimo e, sem hesitar, aceito.

Adoro sentir Eric tão natural. Nem um pouco tenso. Nem um pouco sério.

Nus, felizes, de mãos dadas, corremos até a praia e mergulhamos. Quando nossas cabeças reaparecem, meu amor me abraça e, depois de me beijar, diz:

- A cada dia estou mais louco por você, senhora Zimmerman.

Sorrio.

Não é para sorrir? Para babar, gritar de felicidade. Que marido sensacional eu tenho!

Envolvo seu corpo com as pernas e, quando noto que seu pênis começa a crescer de novo, com expressão divertida olho meu insaciável, fogoso e excitante marido, e sussurro:

- Peça-me o que quiser.
http://mdemulher.abril.com.br/amor-sexo/reportagem/contos/leia-trecho-erotico-livro-peca-me-quiser-megan-maxwell-763796.shtml

Sem rumo...


Dias de ninguém
O período entre o Natal e o Ano Novo é o melhor do ano porque nada parece acontecer, nem mesmo os acontecimentos

Eu me sinto feliz logo que termina o Natal e o Ano Novo está a cinco dias de acontecer. Parece que o mundo suspende a descrença e os homens passam a experimentar um intervalo quando tudo parece possível, salvo os fatos. Nada parece acontecer, nem mesmo os acontecimentos. Há um clima de contagem regressiva até a virada do ano que pelo menos eu gostaria de assistir em câmera muito lenta para que nunca chegasse ao final. Como Aquiles que jamais alcançará a tartaruga, já que ele se desloca em um espaço divisível ao infinito, mantendo-se em eterna desvantagem em relação ao trajeto da tartaruga. Gosto de ser Aquiles e o calendário, a tartaruga no mundo em que linguagem, a realidade e a lógica se embaralham. Alguns chamam esse estado de devaneio, ou fantasia.

É o momento em que vale apena habitar os dias de ninguém, os meus favoritos. Vivo mais neles do que em outros dias do ano, pois consigo respirar e resolver problemas que foram prorrogados até o limite. Até problemas não parecem um problema. É como se, em 60 horas, a eternidade se apresentasse e eu pudesse senti-la sem ter de me angustiar ou morrer para isso.  

No entanto, infelizmente, fatos continuam a ocorrer nesse período. Jornalistas vivem de notícias, mas torcem para que elas não aconteçam entre as festas de fim de ano. Muitas catástrofes costumam acontecer, independentemente da vontade dos homens de notícia. Agora é a estação das chuvas no Sudeste do Brasil e morros e casas despencam e rios inundam os vales, deixando milhares de flagelados. Foi em 26 de dezembro de 2004 que o tsunami atingiu a Indonésia, matando 230 mil pessoas. Como se fôssemos acordados com gritos de terror no meio de um sono bom, um sono sem sonhos. Nâo, isso não pode ter acontecido...


Mas nem tudo são tragédias. Poucas horas atrás o cantor canadense Justin Bieber divulgou na sua conta do Twitter que vai se aposentar. Aos 20 aos. Presentes de Natal são sempre bem-vindos, mesmo que de última hora, como este de Bieber. A retirada de cena de Bieber abrilhantará a cena musical por muitos anos. Tomara que ele cumpra a promessa. Quantos jovens não seriam poupados de acampar por meses nos estádios para esperar para que ele interrompa seu show de dublagem no meio? 

Não sou um belieber para acreditar nele. Mesmo assim, se outras jovens celebridades do mesmo naipe seguissem o Twitter de Bieber e o levassem ao pé da letra como inspiração, talvez o mundo se enchesse de alegria. Seria maravilhoso assistir à suspensão perpétua de Selena Gomez, Demi Lovato, One Direction (esses New Kids on the Block da Cool Britannia), Lindsay Lohan e mesmo o bando de criancinhas que enxameiam os canais de televisão e os jovens escritores que acham que escrevem bem. A interrupção precoce dessas carreiras enriqueceria o planeta e colaboraria com a restauração de um pouco de ar puro no meio ambiente. Mas talvez Bieber tenha produzido apenas uma ocorrência nula, um factoide.

Devo ter cuidado para não resmungar como em outros dias do ano, se quiser manter a alegria que este interregno me traz. O ano já acabou, embora restem algumas horas que podem ser aproveitadas com grande intensidade. Até mesmo a igreja católica aboliu o limbo, o espaço simbólico onde moravam as almas boas que, segundo os antigos sábios da patrística, não alcançaram o advento do cristianismo. Com a licença de Santo Tomás de Aquino, quero crer que o limbo existe na Terra e se estende do fim do Natal ao dia 31. O limbo e a suspensão do tempo não são mera convenção, porque todo mundo sente coletivamente a passagem do tempo quando ela é ritualizada por bilhões. O resultado é uma violenta liberação de energia que chega ao paroxismo no Réveillon. A mesma regra vale para quando bilhões, antes de explodir, combinam dar um tempo na história para desfrutar do limbo. O melhor das festas é esquecer que elas existem. Ou nem isso.
http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/luis-antonio-giron/noticia/2013/12/dias-de-bninguemb.html

Lorotas...

Cinco resoluções para descumprir em 2014
Uma pequena lista de promessas inúteis que nós, pais, fazemos para nós mesmos


Dedico a última coluna do ano a um tema recorrente na casa de muita família com crianças. Como eu não sou diferente de ninguém, fiz uma pequena lista de resoluções que cansei de fazer em vão. Não foram promessas de ano novo, repare bem, mas decisões atiradas ao vento e na hora da tempestade.

1) Nunca mais levarei as crianças num shopping
Campeã lá em casa, a frase foi dita inúmeras vezes depois daquele passeio furada clássico em que todo mundo se chateou um pouquinho: a gente por não conseguir agradar, as crianças por não conseguirem algo que pediram.

Shopping é um lugar irresistível. Cheio de coisas bonitas, vitrines pensadas para seduzir e lojas de brinquedos. Muitas. Porque brinquedo é tudo aquilo que chama a atenção do seu filho. Pode ser um tablet sedutor na loja de eletrônicos, um tênis colorido na prateleira da sapataria ou até mesmo um vaso de cristal na loja de decoração onde você nem pensou em entrar.

O problema dessa resolução é que, mais cedo ou mais tarde, você será obrigado a ir no shopping por algum motivo e não terá ninguém com quem deixar as crianças. Ou ainda: o casal desmemoriado vai chegar à brilhante conclusão de que bom mesmo é estar junto, então vamos todos para o shopping.  
“Vai ser legal!“
“Isso, isso!“.

E lá vai a família incauta se lançar ao risco de tudo terminar em choro e ranger de dentes depois de ter dito que “nunca mais levaria crianças a um shopping novamente“ .

2) Não alugarei mais de um filme por vez
Essa é aquela promessa clássica e inútil muito comum entre casais com filhos pequenos.
Por que a gente insiste em alugar dois ou três filmes de uma só vez? - pergunto ao meu marido, antes de devolver dois sem serem vistos e um com multa.

- Não vamos mais fazer isso, ok? - ele me propõe, da boca pra fora.

Um dia, a gente volta no videoclube, encontra todos os títulos premiados que não conseguiu ver no cinema, o vendedor explica que “se levar mais um, tem mais dois dias de prazo para devolver“ e acaba levando tudo pra casa.

3) Não vou ficar repetindo o que a criança tem que fazer
Naquele dia de paciência zero, você botou a cara mais séria do mundo e vaticinou: quer saber? De agora em diante, falarei uma vez  só. Se ouviu, ótimo, se não ouviu, azar.
A regra valeria para todas as ordens diárias que somos obrigados a emitir.
- Levanta da cama!
- Acaba logo seu café!
- Vem comer!
- Escova os dentes!
- Calça o tênis.
- Faz o dever.

Promessa inútil. Recorremos a essa resolução para sermos menos chatos porque não tem nada mais chato do que ficar repetindo tudo, incluindo verbo em frase. Conselho de amiga: você não vai mais dizer isso. Sabe por que? Porque não adianta. Está para nascer a criança que fará tudo no primeiro comando. E como nós somos pais zelosos, preocupados em formar bons cidadãos, ou no mínimo pessoas com noções básicas de higiene pessoal, vamos falar quantas vezes for necessário.

Eu agora digo assim: meninas, eu só vou dizer isso mais oito vezes, hein!!! (ênfase no “hein“, com voz de brava).

Mas atenção: nenhuma estratégia pode ser repetida à exaustão. No início, elas riam, depois não mais. Eu também já usei gravador. Em vez de ficar falando, botei o troço para repetir incessantemente o que eu queria dizer. Piada de curta duração. Educar, às vezes, é como trabalhar na Apple e ter que inventar um Ipad por dia sem ter nem estagiado no Vale do Silício.

4) Se você não vier agora, vai ficar sem banho
Não, eu nunca deixei de dar banho nas minhas filhas, mas já disparei essa algumas vezes. Inutilmente.

Não me julgue. Você não tem ideia de quantas horas da minha vida eu passei sentada dentro do banheiro esperando uma das duas filhas aparecer na hora que eu chamo.
E a verdade dolorosa é que eu devo ter ganho poucos minutos a mais com essa ameaça que não cumpri. Não vale a pena.

5) Nunca mais vou à praia num feriado
Duas horas e meia foi o tempo que levamos num certo feriado para cumprir um trajeto de 30 km entre nossa casa e a praia. Ninguém tinha obrigações, o dia estava convidativo, as crianças indóceis. Vamos nessa? Cada um pegou um cocar e sentou no carro. Haja paciência, brincadeira e passatempo. 

Eu deveria ter filmado todas as coreografias que inventei com os braços para embalar música do rádio porque não vou conseguir inventar coisa melhor sob pressão. Mas, ao chegamos ao nosso destino, demos um tempo num shopping (olha ele aí, gente!) para almoçar, as crianças correram pelos corredores para desestressar, chegamos na praia na hora do sol bom e voltamos para casa quase anoitecendo. Apesar do transtorno da ida, nos divertimos à beça. Acredito que depois de boicotar uns três feriados, a gente esqueça a experiência ruim e se aventure de novo. Ora, por que não?

Receba 2014 leve, sem a ilusão de estar no controle a não ser daquilo que você pode fazer para melhorar a si mesmo. Seja mais paciente e gentil com aqueles que mais ama, a começar pelo seu filho.

Não leve a vida tão a sério e lembre-se que, quando se tem criança na área, a melhor resolução é ficar atento a si mesmo.
http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/isabel-clemente/

Mais uma etapa superada...