Doutor, como eu faço para emagrecer? Basta a
senhora mover a cabeça da esquerda para a direita e da direita para a esquerda.
Quantas vezes, doutor? Todas as vezes que lhe oferecerem comida.
segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014
Devanear...
Leia um trecho erótico do livro "Cretina Irresistível", da
autora Christina Lauren
Chloe e Bennet brigaram, mas acabaram
fazendo as pazes. E bom, dizem que o melhor sexo é o da reconciliação. Será?
Perdi o raciocínio enquanto observava cada
parte de seu rosto: os olhos concentrados, os lábios macios apertados enquanto
prestava atenção, a pele suave. E, é claro, deixei meu olhar cair em direção
aos seios, pois ela usava uma blusa apertada e
meu Deus.
- Você está olhando meus peitos?
- Sim.
- Você usou o bat-sinal pra ficar olhando os
meus peitos?
- Sossega, nervosinha. Usei o bat-sinal
porque estou com saudade de você.
Seus braços caíram para os lados e começaram
a arrumar nervosamente a blusa.
- Como pode estar com saudade? Dormi na sua
casa ontem.
- Eu sei - conhecia esse lado dela. Sempre
tentando se preservar.
- E passamos o fim de semana inteiro juntos.
- Sim. Você e eu
e a Julia. E o Scot. E o
Henry. E a Mina. Não ficamos sozinhos. Não tanto quanto esperávamos.
Chloe virou a cabeça e olhou para a janela.
Pela primeira vez em semanas, tínhamos um perfeito dia de sol, e eu queria ir
lá fora com ela e
apenas sentar em algum lugar.
- Ultimamente eu tenho sentido saudades de
você o tempo inteiro - ela sussurrou.
O nó em meu peito se afrouxou um pouco.
- É mesmo?
Confirmando, ela se virou para mim.
- Sua agenda de viagens está uma droga - ela
se aproximou e ergueu uma sobrancelha. - E você não me deu um beijo de
despedida hoje de manhã.
- Na verdade, dei sim - eu disse, sorrindo.
- Você ainda estava dormindo.
- Isso não conta.
- Você está procurando uma discussão, srta.
Mills?
Ela deu de ombros, tentando esconder um
sorriso enquanto estudava cuidadosamente minha expressão.
- Nós podemos pular a briga e você pode
simplesmente chupar o meu pau por uns dez minutos.
Sem hesitar, ela se aproximou e passou os
braços ao meu redor, esticando o corpo para mergulhar o rosto em meu pescoço.
- Eu te amo - ela sussurrou. - E amei você
ter enviado o bat-sinal só porque estava com saudades.
Fiquei sem palavras, provavelmente por tempo
demais, até que finalmente consegui balbuciar:
- Eu também te amo.
Não é que Chloe não fosse expressiva; ela
era sim. Quando ficávamos sozinhos, ela era - fisicamente - a mulher mais
expressiva que já conheci. Mas, embora eu frequentemente expressasse meus
sentimentos, eu podia contar nos dedos as vezes em que ela pronunciou as
palavras eu te amo. Eu não precisava que ela falasse mais; porém, a cada vez
que dizia, isso me afetava de um jeito mais profundo do que eu esperava.
- Mas, falando sério - sussurrei, lutando
para me recompor. - Talvez eu só precise de uma rapidinha em cima da mesa.
Ela riu, balançando a cabeça em meu pescoço
e levando a mão até meu pau. Esse jogo eu conhecia, e era perfeitamente
possível que ela fizesse algo ameaçador, que iria me excitar na mesma medida
que me aterrorizava. Mas, em vez de me encarar com perigo nos olhos, ela virou
a cabeça para chupar meu pescoço e sussurrou:
- Não posso ir na reunião com o Douglas
cheirando a sexo.
- Você acha que não está sempre cheirando a
sexo?
- Nem sempre eu tenho o seu cheiro - ela
esclareceu, antes de lamber meu pescoço.
- Isso é o que você pensa.
Fazia muito tempo desde a última vez que
transamos no escritório e eu já não aguentava mais o desejo de possuí-la. Eu
queria rasgar minha calça e arrancar a camisa dela cintura acima, depois
arruinar as pilhas de papéis em minha mesa, jogando Chloe por cima de tudo.
Felizmente para mim, ela começou a descer,
beijando meu queixo até o pescoço, depois deslizou por meu corpo até o chão,
subindo levemente a saia, de um jeito quase inocente, para se ajoelhar na minha
frente.
Mas não
uma vez no chão, ela continuou
subindo a saia até chegar à cintura. Com uma mão, ela se tocou entre as pernas;
com a outra, abriu rapidamente meu cinto e o zíper. Fechei os olhos, precisando
acalmar minha mente enquanto ela me libertava e, sem hesitar, tomava meu pau em
sua boca. Meu pau estava quase totalmente ereto e, com seu toque, cresceu ainda
mais. Uma sucção quente e molhada desceu e subiu, mais forte da segunda vez,
enquanto ela se ajustava à sensação de me ter em sua boca.
Senti sua respiração acelerar em rápidas
lufadas em meu umbigo, e podia ouvir o som de seus dedos se movendo em si
mesma.
- Você está se tocando?
Sua cabeça se ajeitou levemente quando ela
confirmou.
- Você já estava molhada por minha causa?
Ela parou por um segundo, e então levantou a
mão acima da cabeça. Eu me inclinei e chupei dois dedos dela. Fui consumido
pela percepção tão clara do quanto ela queria aquilo. Eu sabia por experiência
própria qual era seu sabor antes de estar realmente pronta para mim por
exemplo, quando eu chegava tarde em casa e a surpreendia, em seu sono, com
minha boca. E sabia que tinha um sabor muito diferente depois de provocarmos um
ao outro por quase uma eternidade. Agora, em seus dedos, eu sentia sua
excitação máxima, e isso fez minha cabeça girar. Desde quando ela estava
esperando por isso? O dia todo? Desde que saí, hoje de manhã? Mas ela não me
deixou pensar muito, levou a mão de volta para o espaço oculto no meio de suas
pernas.
Observei sua cabeça se movendo e seus lábios
deslizando sobre mim. Tentei me concentrar nisso para me acalmar. Mas, mesmo
quando sua boca estava em mim, ou quando eu estava dentro dela, eu sempre
queria mais. Era impossível possuí-la de todas as maneiras ao mesmo tempo, mas
isso nunca me impediu de imaginar um furacão de posições e gemidos, minhas mãos
em seus cabelos e em sua cintura, meus dedos em sua boca e também entre suas
pernas, agarrando suas coxas.
Quando eu passava as mãos em seus cabelos
ela sabia que eu queria mais rápido, e quando minha cintura começava a se
mover, ela sabia que não deveria provocar, nem mesmo um pouco. Pelo menos, não
quando ela tinha uma reunião logo em seguida. Em um pensamento súbito, lembrei
que meu escritório não estava trancado; Chloe entrara pensando que iríamos
conversar sobre o trabalho. A porta da recepção estava fechada, mas também não
estava trancada.
- Oh, merda - murmurei. Por algum motivo, a
ideia de que poderíamos ser flagrados deixou tudo ainda mais excitante.
- Chloe
- sem mais aviso, um orgasmo desceu
por minhas costas, eletrizante e ardente, e tão intenso que deixou minhas
pernas bambas e meus punhos agarrando seus cabelos. Ela se arqueou com meu puxão,
seu braço se movendo rapidamente enquanto tocava a si mesma, fazendo os sons de
seu próprio prazer me atingirem, abafados.
Olhando para baixo, percebi que ela estava
observando minha reação
é claro que estava. Seus olhos se arregalaram e
mostravam uma doçura - ela parecia fascinada. Tenho certeza de que sua
expressão era exatamente igual à que eu fazia toda vez que a via gozar com meu
toque.
Após uma pausa para recuperar o fôlego, eu saí de sua boca e me ajoelhei
no chão de frente para ela, levando minha mão para encontrar a dela no meio de
suas pernas. Ela se ajeitou e deixou meus dedos tomarem o controle. Deslizei
dois para dentro, entrando fundo e de uma vez, e ela quase tombou para trás,
seu corpo se apertando em mim. Usei minha outra mão para apoiá-la e beijei seus
lábios, gemendo ao sentir que eles estavam um pouco vermelhos, um pouco
inchados.
- Estou quase lá - ela disse, passando o
braço livre ao redor do meu pescoço.
- Eu gosto dessa sua necessidade de me
avisar disso.
Eu imaginava que um dia meu toque se
tornasse familiar demais para ela, ou que minha técnica se tornasse cansativa,
mas cada vez que meu polegar raspava e pressionava seu clitóris ela parecia ter
uma sensação mais intensa do que antes.
- Mais um - ela sussurrou quase sem voz. -
Por favor, eu quero
Ela não terminou o pensamento. E nem
precisava. Enfiei três dedos e fiquei olhando enquanto sua cabeça caía para
trás, com os lábios separados e o som rouco e silencioso de seu orgasmo quase
abafado reverberando por seu corpo. Por alguns segundos, ficamos abraçados
enquanto eu respirava em seus cabelos, tentando imaginar que estávamos em outro
lugar, talvez em minha sala de estar ou no meu quarto, certamente não no chão
do meu escritório de porta destrancada.
Parecendo se lembrar disso ao mesmo tempo
que eu, Chloe subiu sua calcinha e baixou a saia no lugar, depois tomou minha
mão para eu levantá-la. Como de costume, fui atingido pelo silêncio ao redor, e
imaginei se éramos mesmo tão discretos como pensávamos.
Ela olhou ao redor, ainda um pouco fora do
ar, e deu um sorriso preguiçoso.
- Agora vai ser ainda mais difícil ficar
acordada na reunião.
- Não estou nem aí - eu murmurei, abaixando
para beijar seu pescoço.
Quando me endireitei, ela se virou e entrou
no meu lavabo, subindo as mangas da blusa para lavar as mãos. Eu me aproximei,
pressionando meu peito em suas costas, e coloquei minhas mãos debaixo da água
com as dela. O sabonete deslizou entre nossos dedos e ela pousou a cabeça para
trás em meu peito. Eu queria passar uma hora tirando seu cheiro de nossos
dedos, apenas para poder ficar nessa posição.
- Vamos passar a noite no seu apartamento? -
perguntei. Sempre era uma decisão difícil. Minha cama era melhor para
brincarmos, mas sua cozinha era mais abastecida.
Ela desligou a água e levou as mãos até a
toalha.
- Sua casa. Tenho que lavar roupas.
- Quem disse que o romantismo não existe
mais
- também usei a toalha e a beijei novamente. Ela manteve a boca fechada e
os olhos abertos, e eu me afastei um pouco.
Viva o vandalismo...
A
demonização da polícia e a romantização dos arruaceiros
A
qualquer deslize, o aparato de segurança é tratado como vilão, enquanto os
malfeitores são vitimizados pela mídia
NAS RUAS Protesto contra o Mundial em São
Paulo, no dia 25, virou baderna e levou a polícia a agir para conter violência.
Em tempos de rolezinhos, black blocs e
quetais, é estranho, muito estranho, que a polícia esteja sempre na berlinda.
Em vez de a mídia focar a cobertura nos malfeitores e em suas ações, tornou-se
algo corriqueiro condenar a atuação da polícia, que age para proteger a
população e o patrimônio público e privado.
Quem me conhece sabe que estou longe de ser
um defensor da truculência policial. Se alguém procurar, não vai achar nada em
minha biografia ou nos artigos e reportagens que escrevi em trinta anos de trabalho
como jornalista em que eu faça a apologia do Estado policial ou defenda a
violência das forças de segurança.
Ao
contrário. Sempre apoiei – e continuo a apoiar – o respeito aos direitos
humanos em qualquer circunstância, inclusive o dos bandidos e o dos presos, e o
tratamento igualitário dos cidadãos pela polícia, independentemente de raça,
cor e opção sexual de cada um.
Isso não significa que, para mim, a polícia
seja um mal por definição, como acreditam muitos radicais e anarquistas da
linha de Mikhail Bakunin, o fundador do “anarquismo social”, que estão à solta
por aí.
Eu acredito que a polícia e o aparato repressivo do Estado existem (e
devem existir) para oferecer segurança, garantir os direitos dos cidadãos e
proteger a propriedade pública e privada, de acordo com a Constituição e as
leis ordinárias do país. Sempre que haja qualquer ameaça aos direitos de
qualquer cidadão, ainda que seja o mero direito ao silêncio contra um pancadão
na madrugada, o Estado e a polícia devem agir prontamente, com a força exigida
em cada situação.
Ouso dizer, sob o risco de ser achincalhado
pela turba ignara que prolifera nas redes sociais, que, em São Paulo e em
outros estados do país, a polícia tem alcançado, de maneira geral, resultados
razoáveis.
Apesar da existência de problemas pontuais, parece inegável que, nos
últimos anos, houve um tremendo progresso na repressão ao crime organizado,
especialmente em São Paulo e no Rio. Houve também um grande progresso no
respeito aos direitos humanos por parte da polícia desde a redemocratização do
país, nos anos 1980.
É certo que, no Brasil, a polícia ainda está
muito longe da perfeição. Está sujeita a erros individuais ou coletivos da
mesma forma que qualquer cidadão ou categoria profissional, como mostra o caso
do manifestante que levou um tiro da polícia ao participar de um protesto em
São Paulo contra a realização da Copa do Mundo, no dia do aniversário da
cidade.
Embora pareça inverossímil que vários policiais estivessem perseguindo
um manifestante que só havia gritado palavras de ordem contra a Copa, também é
difícil explicar que, naquele contexto, eles tenham atirado a queima roupa,
ainda que o sujeito estivesse com um estilete afiado na mão.
Muitos analistas de gabinete viram na reação
dos policiais uma expressão do despreparo da polícia para lidar com grupos de
baderneiros e grandes manifestações. Segundo esse pessoal, a polícia paulista
estaria anos-luz atrás das polícias de países desenvolvidos.
Esta visão, porém,
não parece fundamentada na realidade.
Mesmo na Europa e nos Estados Unidos, onde a polícia é tida como mais
preparada, há casos escabrosos de erros policiais, iguais ou piores do que o
cometido pela polícia de São Paulo no final de janeiro.
Na Inglaterra, por exemplo, o brasileiro
Jean Charles de Menezes foi morto em 2005 por um erro grosseiro da
respeitadíssima Scotland Yard. Na Austrália, a polícia é acusada de ter
provocado a morte do brasileiro Roberto Curti, de 21 anos, com choques
elétricos, em 2012. Nos Estados Unidos,
o afroamericano Rodney King, foi brutalmente espancado pela polícia em 1991,
depois de uma perseguição por roubo.
Na França, o General De Gaulle, então
presidente do país, reagiu com mão pesada contra as manifestações estudantis
que transformaram Paris numa praça de guerra, nos idos de 1968.
Erros policiais podem acontecer em qualquer
lugar, mas não devem ofuscar os acertos, nem colocar em xeque a ação da polícia
como um todo. A violência policial também pode ocorrer em qualquer país e quase
sempre é mais que justificada, por mais que isso deixe estarrecidos os críticos
da gauche tropical (ou esquerda caviar, como preferem alguns).
Por tudo isso, não parece fazer sentido que,
no Brasil, a mídia dê eco aos que acusam a polícia de ser a sempre a grande
vilã e trate os baderneiros como vítimas indefesas, romantizando suas ações.
Não faz sentido também tratar as afirmações de um ativista aguerrido (para
dizer o mínimo) como verdade absoluta, enquanto as explicações da polícia são
questionadas de forma implacável.
Seria mais ou menos como perguntar ao
Fernandinho Beira- Mar, um dos maiores traficantes do país, preso desde 2002, o
que ele acha de ficar na solitária, e depois publicar sua resposta em manchete,
malhando os policiais que o prenderam por tê-lo algemado em público.
O triste,
hoje, é que há diversos veículos de comunicação com fama de sérios fazendo esse
tipo de jornalismo descabido. No final, quem paga o pato é a polícia. Além de
ter de lidar com os arruaceiros, ela ainda leva a fama de incompetente e
despreparada.
Miopia governamental...
O
alegre rolezinho dos hipócritas
A
ministra Maria do Rosário deve trocar seus óculos num shopping ocupado pelo
rolezinho
Os brasileiros, esses crédulos, achavam que
o governo popular parasitário do PT jamais alcançaria os padrões de cara de pau
do chavismo. Quando o governo venezuelano explicou que estava faltando papel
higiênico no país porque o povo estava comendo mais, os brasileiros pensaram:
não, a esse nível de ofensa à inteligência nacional os petistas não vão chegar.
Mas o Brasil subestimou a capacidade de empulhação do consórcio Lula-Dilma. E o
fenômeno dos rolezinhos veio mostrar que o céu é o limite para a demagogia dos
oprimidos profissionais.
A parte não anestesiada do Brasil está
brincando de achar que o populismo vampiresco do PT não faz tão mal assim. E
dessa forma permite que a presidente da República passe o ano inteiro
convocando cadeia obrigatória de rádio e TV. Como no mais tosco chavismo, Dilma
governa lendo teleprompter. Fala diretamente ao povo, recitando os contos de
fadas que o Estado-Maior do marketing petista redige para ela. Propaganda
populista na veia, e gratuita, sem precisar incomodar Marcos Valério nenhum
para pagar a conta.
Só mesmo numa república de bananas
inteiramente subjugada é possível um escárnio desses. O recurso dos
pronunciamentos oficiais do chefe da nação existe para situações especiais, nas
quais haja uma comunicação de Estado de alta relevância (ou urgência) a fazer.
Dilma aparece na televisão até para se despedir do ano velho e saudar o ano
novo – ou melhor, usa esse pretexto para desovar as verdades de laboratório de
seus tutores. Mas agora, com a epidemia dos rolezinhos, o canal oficial da
demagogia está ligado 24 horas.
Eles não se importam de proclamar na telinha
que a economia está indo de vento em popa, com os números da inflação de 2013
estourando a previsão e gargalhando por trás da TV. Mas a carona nos rolezinhos
é muito mais simples. Basta escalar meia dúzia de plantonistas da bondade para
dizer que as minorias têm direito à inclusão no mundo capitalista – e correr
para o abraço. Não se pode esquecer que o esquema petista vive das fábulas dos
coitados. Delúbio Soares, hoje condenado e preso por corrupção, disse que o
mensalão era “uma conspiração da direita contra o governo popular”.
O rolezinho é um ato de justiça social,
assim como o papel higiênico acabou porque os venezuelanos comeram muito. E a
desenvoltura dos hipócritas do governo popular no caso das invasões de
shoppings está blindada, porque a burguesia covarde e culpada é presa fácil
para o sofisma politicamente correto. Os comerciantes dos shoppings, lesados
pela queda do consumo e até por furtos dos jovens justiceiros sociais, estão
falando fininho. Estão sendo aviltados por uma brutalidade em pele de cordeiro,
por uma arruaça fantasiada de expressão democrática, e têm medo de fazer
cumprir a lei.
A ministra dos Direitos Humanos, como
sempre, apareceu como destaque no desfile da demagogia petista. Maria do
Rosário defendeu os rolezinhos nos shoppings e “o direito de ir e vir dessa
juventude”.
A ministra está convidada a passear num
shopping onde esteja acontecendo o ir e vir de 3 mil integrantes dessa
juventude. Para provar que suas convicções não são oportunismo ideológico,
Maria do Rosário deverá marcar sua próxima sessão de cinema ou seu próximo
lanche com a família num shopping center invadido por milhares de
revolucionários do Facebook, protegidos seus. Se precisar trocar as lentes de
seus óculos, Maria do Rosário está convidada a se dirigir à ótica num shopping
que esteja socialmente ocupado por um rolezinho.
Se a multidão não permitir que a ministra
chegue até a ótica, ou se a ótica estiver fechada por causa do risco de
assalto, depredação ou pela falta de clientes, a ministra deverá voltar para
casa com as lentes velhas mesmo. E feliz da vida, por não ter de enxergar seu
próprio cinismo socialista.
Shoppings fechados em São Paulo e no Rio por
causa dos rolezinhos são a apoteose da igualdade (na versão dos companheiros):
todos igualmente privados do lazer, todos juntos impedidos de consumir cultura,
bens e serviços num espaço destinado a isso. É a maravilhosa utopia do
nivelamento por baixo. O jeito será importar shoppings cubanos – que vêm sem
nada dentro, portanto são perfeitos para rolezinhos.
Mazela social...
Remoção
ou expulsão de favelados? Por Renata Neder
Cartaz de documentário sobre a remoção de
favelas nas décadas de 60 e 70.
Quem ainda não assistiu ao filme Remoção, de
Luiz Antônio Pilar e Anderson Quack, deveria tentar ver, o quanto antes, para
entender melhor a relação controversa e histórica entre a sociedade do Rio de
Janeiro e as favelas, hoje chamadas eufemisticamente de
"comunidades".
Com apoio de entrevistas e documentos da
época, o filme retrata o intenso processo de remoção de favelas da Zona Sul do
Rio nas décadas de 60 e 70. Ao exibir depoimentos de pessoas removidas,
pesquisadores e arquitetos, o documentário revela o aprofundamento da
segregação espacial da cidade a partir dessa política de remoções. O
documentário tem patrocínio da Petrobras e do Governo do Estado do Rio de
Janeiro.
“Não foi uma remoção, foi uma expulsão”. A
frase é de um ex-morador do Parque Proletário, na Gávea, removido nos anos 60 e
retratado no filme. Mas a mesma frase foi dita por um ex-morador da Restinga,
na Zona Oeste, removido em 2011. Décadas separam os dois episódios, mas a forma
como a cidade olha e trata as favelas parece não ter mudado tanto assim.
Lucien Parisse escreveu no fim dos anos 60
que “a cidade olha as favelas como uma realidade patológica, uma doença, uma
praga, uma calamidade pública”. As políticas para as favelas eram orientadas
por essa visão. O morador da favela era o não cidadão, o morador indesejado que
deveria ser, portanto, removido.
Deveria ser removido e levado para longe. O
filme recupera bem a realidade de quem foi reassentado em conjuntos em áreas
bem distantes de local de onde vinham. Apesar de um discurso oficial de que
tais conjuntos (como o da Cidade de Deus, Vila Kennedy e Vila Aliança) teriam
toda a infraestrutura e acesso a serviços e equipamentos urbanos, a realidade
foi bem diferente.
Não havia nada, não havia cidade em volta.
Não havia transporte. Pessoas perderam seus empregos, seus laços sociais e sua
qualidade de vida.
Ao ver o filme, é impossível não se remeter
ao que tem acontecido nos últimos anos na cidade. Famílias continuam a ser
removidas de áreas mais centrais e são reassentadas em áreas mais distantes, na
Zona Oeste da cidade. Em algumas favelas - como a Rocinha - , a remoção em
massa está descartada. Está claro que é muito melhor para as famílias que mudem
para outras edificações ou bairros dentro da mesma comunidade.
Muitas remoções dos anos 60 e 70 foram
justificadas pelo “risco”. Favelas foram
removidas por estarem em áreas consideradas “não urbanizáveis”. Mas, hoje,
estão ocupadas por edifícios destinados à classe alta. Então essa área era
não-urbanizável para quem? O argumento técnico, afinal, não era tão técnico
assim. Hoje, muitas famílias são removidas por estarem em área dita de risco.
Será que daqui a alguns anos veremos essas áreas ocupadas também por
empreendimentos para a classe alta?
No filme, as pessoas se queixaram muito da
marcação das casas com um X vermelho, indicando a ameaça de remoção. Hoje, os
moradores se queixam do SMH (em referência à Secretaria Municipal de
Habitação).
Em 2013, circulou por aqui o documentário
“Prezado Mandela”, de Dara Kell e Cristopher Nizza, sobre a atuação do
movimento de moradia "Abahlali BaseMjondolo" que lutava contra as
remoções na África do Sul e contra a chamada Lei da Favela, que dava poder às
autoridades locais e aos donos de terras para despejar os moradores. Eles
dizem: “No apartheid, separavam os negros dos brancos. A Lei da Favela separa
os pobres dos ricos.”
Remoção faz isso mesmo: separa os pobres dos
ricos. Segrega no espaço urbano uns e outros. Nos anos 60 e 70, o lema das
propagandas do governo era “demolir para construir”. Pois essas demolições
serviram para construir uma cidade mais segregada.
Ontem e hoje, as remoções aprofundam as
desigualdades urbanas. Ontem e hoje, os moradores das favelas se sentem
expulsos. Uma moradora da Cidade Alta resume ao final do filme: “Remoção, em uma
palavra? Violência.” Ontem, e hoje.
Hipocondria...
O
que está por trás do abuso de analgésicos
As
drogas lícitas das estrelas de Hollywood matam 15 mil pessoas por ano nos
Estados Unidos. E no Brasil?
O Brasil é um país altamente tolerante com a
automedicação. Quem nunca comprou remédio sem receita ou ofereceu um comprimido
a um amigo? A dificuldade de acesso a consultas médicas é parte do problema,
mas não explica todos os casos. Compartilhar remédio como quem compartilha
conselho é um traço cultural.
Oferecer comprimidos para a dor de cabeça é
um clássico. Quem consome analgésicos em excesso conhece o resultado. Depois de
tomar uma determinada dosagem por um certo tempo, ela deixa de fazer efeito. A
pessoa parte para uma dose maior que, num certo momento, também deixará de
funcionar. É um ciclo que precisa ser evitado.
Drogas ilícitas como cocaína e crack
assustam. O abuso de drogas lícitas como os medicamentos é visto como um
problema menor. Pode não ser. Analgésicos potentes como os opióides podem matar
quando consumidos fora da indicação médica.
Um dos casos mais emblemáticos é o do cantor
Michael Jackson, morto em 2009, aos 50 anos. Segundo as investigações, Jackson
era dependente de analgésicos – entre eles, os opióides. Volta e meia surge a
notícia de alguma celebridade de Hollywood que se deu muito mal por causa do
abuso desses remédios. No ano passado, foi a vez do ator Zac Efron.
Os opióides são uma ferramenta
importantíssima no arsenal médico. São eles que aliviam dores intensas como
aquelas provocadas pelo câncer, pelos politraumatismos e pelas queimaduras
graves. O uso deveria ser altamente restrito, mas os controles existentes têm
se mostrado falhos.
Há quem compre esses remédios de forma
ilegal pela internet. Ou consiga uma receita de forma ilícita. Ou use os
comprimidos receitados para um parente. Um mercado negro estimula o uso
recreativo.
“Quem procura essas drogas com essa intenção
faz isso por causa do efeito euforizante”, diz o neurocirurgião Claudio
Fernandes Corrêa, coordenador do Centro de Dor e Neurocirurgia Funcional do
Hospital 9 de Julho, em São Paulo. “Esse efeito é variável. Alguns dizem sentir
um prazer físico e mental. Outros têm náuseas e vômitos”, afirma.
É o tipo de diversão que quase sempre acaba
mal. Um dos opióides potentes usados de forma abusiva é a oxicodona, vendida
com o nome comercial de OxyContin. Na medicina, ela é usada para aliviar dores
de intensidade moderada a forte. Por exemplo, nos pós-operatórios, na
neuropatia diabética e em algumas dores crônicas.
“O abuso de oxicodona pode matar”, diz
Corrêa. “Provoca depressão respiratória e a pessoa morre”. A overdose de
medicamentos contra a dor provoca cerca de 15 mil óbitos todos os anos nos
Estados Unidos. Não há dados precisos no Brasil, mas os especialistas dizem que
o uso recreativo no país é menos comum. “Algo como um caso no Brasil para cada
dez casos nos Estados Unidos”, diz Corrêa.
Atualmente, os comprimidos de oxicodona
disponíveis no Brasil podem ser quebrados. Isso facilita o uso abusivo. Se for
esmagado, o comprimido vira um pó que pode ser inalado. Misturado a um
solvente, pode ser injetado na veia.
A boa notícia é que o fabricante pretende
lançar em breve uma nova tecnologia que pode reduzir o problema. Assim que a
Anvisa liberar o registro da nova formulação (o que pode acontecer ainda neste
semestre) os comprimidos em circulação no Brasil serão feitos especialmente
para não quebrar.
O princípio ativo continua o mesmo. Ainda
que alguém consiga quebrar o comprimido, restarão pedras grandes que não podem
ser inaladas. Se alguém colocar um solvente, o produto vira um gel que não pode
ser injetado.
“Essa tecnologia não vai encarecer o
produto. A oxicodona será vendida pelo mesmo preço”, diz Andréa Naves, diretora
médica da Mundipharma Brasil. “A versão anterior vai deixar de ser fabricada”.
Essa mesma tecnologia foi lançada nos
Estados Unidos em 2010. Ajudou a reduzir os casos de abuso de oxicodona. Os
dependentes parecem ter migrado para outras drogas.
Quem são as pessoas que abusam de drogas
lícitas? Por que fazem isso? Por que precisam delas? Essa é a questão central
que ainda não foi atacada. Cabe à sociedade olhar para ela e gerar a
transfomação necessária.
“Quem abusa de opióides parece buscar uma
fuga da realidade”, diz Corrêa. “São pessoas aparentemente sem grandes
problemas, às vezes até bem-sucedidas na profissão, mas que precisam desse tipo
de fuga”.
É preciso acabar com a ilusão de que pílulas
aliviam toda e qualquer dor. Contra as dores da alma, elas nada podem fazer.
Alguns incômodos nascem na mente e se manifestam no corpo. Nesses casos, os
comprimidos podem ajudar. Mas a causa da dor vai continuar onde sempre esteve.
Corpo e mente funcionam juntos. Eles têm
limites. Não passam incólumes em caso de sobrecarga. Quando o fardo fica pesado
demais, a gente tropeça e cai. Sábio é quem aproveita a queda para respirar. O
chão é o melhor conselheiro. Depois é juntar os cacos e recomeçar. A vida é
isso e talvez essa seja a graça dela.
Família feliz...
Ser
pai e mãe não é atividade para perfeccionistas
As
lições deixadas por famílias de gente especial
Quando alguém elogia minhas filhas e ainda
faz um comentário espontâneo dizendo que uma das duas – ou ambas – são a minha
cara, ou a do meu marido, é difícil negar que uma lufada de orgulho toma conta
de mim.
Num exercício solitário e particular, resolvi que toda vez que elas
estiverem também nos seus dias ruins, vou procurar naquele comportamento hostil
traços meus. Não cheguei ao ponto de sorrir para um estranho e dizer “são a
minha cara“ diante de uma dupla emburrada trocando insultos infantis em
público.
Esse exercício de aceitação é uma reconciliação íntima com minha
natureza crítica para eu enxergar o outro como ele é e não como eu gostaria que
ele fosse (ou se comportasse o tempo todo).
Cientes dos nossos defeitos e da óbvia
conclusão de que os filhos não são nossa cópia, talvez estejamos nos preparando
melhor para compreendê-los e aceitar os desdobramentos dessa personalidade que
desabrocha. A verdade é que não dá para ser um perfeccionista no papel de pai
ou mãe, e passei a entender isso melhor depois de ler Longe da Árvore, de
Andrew Solomon (Companhia das Letras).
Longe da Árvore é uma fascinante jornada
pelas histórias de centenas de famílias cujos filhos não saíram como
planejados. São vários os exemplos: síndrome de Down, nanismo, surdez,
esquizofrenia, transexuais, prodígios, deficientes, autistas, estupro, crime.
Não que todos tenham um traço comum. Há
histórias e histórias, altos e baixos que variam em intensidade. Mesmo que a
dedicação dos pais oscile e o grau de exigência dos filhos também, sobressai a capacidade humana de amar, até
quando não há uma troca real satisfatória, caso dos autistas graves.
Quando deparamos com um roteiro de vida que
fugiu à chamada normalidade, o que podemos aprender com isso? As famílias
excepcionais nos ensinam que a normalidade é conviver com o diferente porque a
diversidade é a regra, não a exceção. E mais: que o conceito de felicidade
existe inclusive fora dos estereótipos que nos acorrentam.
“Se você tem um filho com deficiência, será
para sempre o pai de um filho com deficiência; é um dos fatos básicos a seu
respeito, fundamental para a maneira como as outras pessoas o percebem e
decifram.
Esses pais tendem a ver a aberração como doença até que o hábito e o
amor lhes permitam lidar com sua nova realidade estranha – muitas vezes
introduzindo a linguagem da identidade. A intimidade com a diferença promove a
reconciliação“, diz trecho do livro. Conforme conclusões de Solomon, “as
famílias infelizes que rejeitam seus filhos diferentes têm muito em comum, ao
passo que as felizes que se esforçam para aceitá-los são felizes de uma infinidade
de maneiras“.
É um dado da modernidade: futuros pais têm
cada vez mais meios para selecionar os filhos que desejam ter. À parte
julgamentos morais, éticos e espirituais sobre essa busca pelo filho perfeito,
sem defeitos, com bons antecedentes e livres de doenças (não vou enveredar por
aqui nesta coluna), as famílias que encaram o desafio são nosso farol num mundo
que ainda precisa aprender a lidar com as diferenças.
Há os que desistem no meio do caminho,
verdade. Entregam seus filhos especiais para outros criarem. Limitações existem
e entendê-las sem julgamento nos ajuda a
lutar por um Estado que ofereça suporte a quem precisa, quesito no qual nosso
país falha bastante.
Várias sentenças geniais ficaram
reverberando na minha cabeça ao longo do livro, mas quando entra na parte mais
confessional, o autor me vem com essa: paternidade (e maternidade, grifo meu)
não é atividade para perfeccionistas. Perfeita por todos os motivos do mundo.
Ninguém sabe de antemão que filho terá, saia ele de uma concepção programada,
acidentada ou de um processo de adoção.
E ainda que venha sem deficiências ou
incompetências graves, será um outro buscando uma identidade que não a sua. A
lição, de compreender o outro em toda sua essência, vale para todos nós.
Costumo dizer que o mal da humanidade é não
saber interpretar, não conseguir se expressar, ou as duas coisas ao mesmo
tempo. A relação parental está repleta desses pequenos conflitos que mudam de
intensidade ao longo dos anos, como tudo na vida.
E talvez boa parte da
responsabilidade esteja nas nossas expectativas. Para cada grande projeto, pode
acrescentar aí o dobro de ansiedade e uma boa dose de medo. Somos capazes de
amar e aceitar nossos filhos sem esperar nada em troca como se houvesse um
impedimento real intransponível? Essa é a grande barreira que essas famílias
especiais encontram pela frente mas que, quase sempre, conseguem ultrapassar.
Para quem não tem filhos ainda, pode ser que
tantas histórias sobre as dificuldades e os profundos desafios de ser pai e mãe
de gente especial soem desencorajadoras.
Não é por aí. Entre os altos e baixos que marcam a vida dessas famílias,
está a lição maior sobre a capacidade humana de amar qualquer pessoa,
independente de como ela seja.
Conforme descreve o autor, “a predisposição para
o amor dos pais prevalece na mais penosa das circunstâncias. Há mais imaginação
no mundo do que se poderia pensar“.
Como mãe de duas meninas normais, eu me
perguntava a cada página se aquelas conclusões não se aplicariam a mim. Creio
que sim. Entendo que, ao me tornar mãe, passei a observar o humano sob uma nova
dimensão. Eu não sei se estou acertando nas minhas atitudes diárias.
Estamos
todos sujeitos a revisão. Surgirão estudos um dia, quem sabe, condenando as
pessoas que deixaram seus filhos raspar bolo cru da tigela e aí eu saberei que
errei. Brincadeiras à parte, se não
estivermos cometendo nenhum desatino, sugiro que façamos o maior proveito
possível do tempo presente sobretudo no esforço de aceitá-los, com suas
idiossincrasias.
Ao lidar com uma criança, você saberá o
quanto de paciência realmente tem. Conhecerá de uma hora para outra seu real
poder de improvisação, os limites da sua criatividade e até da sua fé.
Perceberá o próprio desconhecimento sobre a vida diante de perguntas que misturam
sagacidade e inocência.
Ao mesclar o pouco que sabem com o muito que desejam
fazer, as crianças nos indicam todo um futuro pela frente e, de quebra, nos
eternizam em traços, trejeitos e defeitos. Mas é no presente que elas nos
transformam.
É agora que nos sentimos tão vulneráveis quanto fortes e, diante
dessa exacerbação de nossa ambivalência humana,
encontramos espaço para melhorar. Taí o as crianças fazem por nós.
Deixo para o fim uma frase de Andrew
Solomon, uma sugestão para repensarmos, de preferência todos os dias, nosso
papel de pai e mãe.
“Olhar no fundo dos olhos de seu filho e ver
nele algo de você mesmo e algo totalmente estranho, e então desenvolver uma
ligação fervorosa com cada aspecto dele, é alcançar a desenvoltura da
paternidade altruísta.“
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