terça-feira, 4 de março de 2014

Cultura...

Vinícius em verso e prosa

Musical revisita obra de Vinicius de Moraes, mas evita biografia do artista

Maria Eugênia de Menezes

À primeira vista, o espetáculo Vinicius de Vida, Amor e Morte, com estreia prevista para sexta, se assemelha a outros da atual safra de musicais brasileiros. Para aqueles que resolveram dar as costas à Broadway e investir em produções nacionais, as biografias de artistas da MPB têm sido a principal fonte de inspiração. O movimento começou em 1998, quando o musical Somos Irmãs investigava a vida e as canções das irmãs Linda e Dircinha Batista, e se estende com força até hoje: o sucesso recente de Elis, a Musical, que chega a São Paulo em março, é evidência da longevidade do gênero.

A música popular, no entanto, pode se prestar a outro tipo de uso no teatro. E é isso que o diretor Dagoberto Feliz e a cia. Coisas Nossas resolvem testar em Vinicius. Nessa homenagem ao poeta e compositor, os dados biográficos ficam de lado. Ocupa o primeiro plano o processo criativo do autor. A gênese de sua poesia. Sua maneira de se relacionar com a arte, com o mundo e, especialmente, com as mulheres.

No cenário, a montagem já oferece ao público uma chave para a compreensão de sua proposta. Na cena inicial, que acontece fora da sala de teatro, os atores convidam os espectadores a adentrar em uma "casa", sem portas, janelas ou paredes. "Um espaço onírico", na definição do encenador. Lá, será possível confrontar-se com as muitas facetas de Vinicius: o romântico, o boêmio, o criador. Existe um lugar para o violão. A escrivaninha repleta de papéis e com uma garrafa de uísque sempre aberta. Um banco de praça para os encontros amorosos. Uma banheira – alusão ao lugar onde o escritor foi encontrado morto, em 1980.

Esse é o segundo espetáculo do grupo. Antes, também sob a direção de Dagoberto Feliz, eles lançaram Noel, o Poeta da Vila e Seus Amores. À ocasião, o texto era assinado por Plínio Marcos e vinha pontuado por 28 canções do compositor carioca. Personagens essenciais à trajetória de Noel despontavam no palco, entre eles Aracy de Almeida – sua grande intérprete – e o desafeto Wilson Batista. Naquela obra, a cenografia remetia a um cabaré e os episódios mais marcantes da trajetória do sambista iam sendo desfiados.

Na peça pela qual a cia. se aventura agora, o processo criativo foi distinto. Além de abandonar o viés biográfico, a obra não partiu de uma dramaturgia prévia, mas de um texto construído pelos próprios intérpretes. "É um espetáculo mais de sensações do que dados biográficos. Tem esse lado do delírio, do sonho", comenta Dagoberto, reconhecido principalmente por seu trabalho no grupo Folias D’Arte. O roteiro elege uma seleta de canções: das onipresentes Chega de Saudade e Minha Namorada até temas menos conhecidos como O Astronauta. Também lança mão de poemas e crônicas. Assim, quase tudo o que é dito durante a encenação foi escrito pelo próprio poetinha. Uma maneira de torná-lo uma presença constante em cena, ainda que nenhum ator encarne sua figura.

Passados apenas alguns meses do centenário de nascimento de Vinicius, o tom de celebração é inevitável. O que não necessariamente quer dizer reverência. Curiosamente, as situações políticas abordadas não destoam tanto do contexto contemporâneo. Versos que fazem menções às mulheres, porém, podem provocar estranhamento. E são, por isso mesmo, tratados com ironia. Afinal, não se concebe hoje que alguém diga que uma mulher deve ser "feita apenas para amar, para sofrer pelo seu amor/ E para ser só perdão". Para Dagoberto, esse tratamento "crítico" dispensado à obra do escritor não quer dizer que "a poesia dele tenha perdido força com o tempo". "Mas alguns dos temas nos quais ele toca são percebidos hoje de maneira diferente."

Entendendo...

Liberdade

Liberdade - É a condição daquele que é livre; autodeterminação; independência; autonomia

Segundo o Dicionário de Filosofia, em sentido geral, o termo liberdade é a condição daquele que é livre; capacidade de agir por si próprio; autodeterminação; independência; autonomia.

A história desse conceito perpassa os estudos de épocas e pensadores diversos e registra a interpretação de doutrinas sociais bastante variadas. Podemos fazer uma distinção inicial entre o que se convencionou chamar de concepção “negativa” e “positiva” da liberdade. 

Em sentido negativo, liberdade significa a ausência de restrições ou de interferência. O sentido positivo de liberdade significa a posse de direitos, implicando o estabelecimento de um amplo âmbito de direitos civis, políticos e sociais. O crescimento da liberdade é concebido como uma conquista da cidadania.

No sentido político, a liberdade civil ou individual é o exercício de sua cidadania dentro dos limites da lei e respeitando os direitos dos outros. "A liberdade de cada um termina onde começa a liberdade do outro" (Spencer).

Em um sentido ético, trata-se do direito de escolha pelo indivíduo de seu modo de agir, independentemente de qualquer determinação externa. "A liberdade consiste unicamente em que, ao afirmar ou negar, realizar ou enviar o que o entendimento nos prescreve, agimos de modo a sentir que, em nenhum momento, qualquer força exterior nos constrange" (Descartes).

A liberdade de pensamento, em seu sentido estrito, é inalienável, inquestionável. Reivindicar a liberdade de pensar significa lutar pela liberdade de exprimir o pensamento. Voltaire ilustra bem essa liberdade: "Não estou de acordo com o que você diz, mas lutarei até o fim para que você tenha o direito de dizê-lo."

T. Hobbes afirma que o “homem livre é aquele que não é impedido de fazer o que tem vontade, no que se refere às coisas e que pode fazer por sua força e capacidade”.

Kant diz que ser livre é ser autônomo, isto, é dar a si mesmo as regras a serem seguidas racionalmente. Para Jean-Paul Sartre, a liberdade é a condição ontológica do ser humano. O homem é, antes de tudo, livre. O homem é nada antes de definir-se como algo, e é absolutamente livre para definir-se, engajar-se, encerrar-se, esgotar a si mesmo.

No livro “A sociedade do espetáculo” (1997), Guy Debord, ao criticar a sociedade de consumo e o mercado, afirma que a liberdade de escolha é uma liberdade ilusória, pois escolher é sempre optar entre duas ou mais coisas prontas, isto é, pré-determinadas por outros. 

Uma sociedade como a capitalista, onde a única liberdade que existe socialmente é a liberdade de escolher qual mercadoria consumir, impede que os indivíduos sejam livres na sua vida cotidiana. A vida cotidiana na sociedade capitalista, segundo Debord, se divide em tempo de trabalho e tempo de lazer. Assim, a sociedade da mercadoria faz da passividade (escolher, consumir) a liberdade ilusória que se deve buscar a todo o custo, enquanto que, de fato, como seres ativos, práticos (no trabalho, na produção), somos não livres.

De maneira geral, a liberdade de indivíduos ou grupos sempre sugere, ou tem a possibilidade de implicar, a limitação da liberdade de outros.

http://www.brasilescola.com/sociologia/consciencia-e-liberda-humana-texto-2.htm

Curiosidade...

Por que os pássaros geralmente não tomam choque em fios elétricos?

Um desequilíbrio pode ser fatal

Curiosamente, os pássaros conseguem pousar sobre fios elétricos, encapados ou não, sem levar choque. Aparentemente causa grande espanto quando analisado, pois quando um fio desencapado é tocado libera grande descarga elétrica. Com os pássaros é diferente.

A distância entre as patas dos pássaros é bem curta, não é suficiente para gerar um potencial elétrico entre dois pontos (DDP). O choque, dessa forma, somente acontece quando a corrente elétrica entra por um determinado local e sai por outro, ou seja, fecha o ciclo da eletricidade que é a condução de energia. A eletricidade liberada no pássaro não lhe provocará uma descarga elétrica porque ele não estará encostado em nenhum objeto a não ser o fio, porém, se o pássaro desequilibrar e encostar-se a outro objeto, ele receberá a corrente elétrica.

Se uma pessoa, por descuido ou curiosidade, pegar um fio com as duas mãos, nada acontecerá também; desde que ela esteja como pássaro, sem encostar em nada além daquele fio.

Agora se você pegar em um fio destes e der diferença de potencial a ele (encostar em algo - outro fio, poste....) o choque acontecerá.

Em localidades que existem Tuiuius, os fios da rede elétrica são mais afastados uns dos outros. O pouso dele sobre estes fios não ocasiona o choque como no pássaro da foto; porém a asa dele é muito grande; no pouso ou ao voar, a asa dele pode encostar em outro fio gerando uma ddp e ocasionando a passagem de corrente pelo pássaro ou como é mais conhecido - o famoso choque elétrico.

Piada...


A mulher comenta com o marido: Querido, hoje o relógio caiu da parede da sala e por pouco não bateu na cabeça da mamãe... Maldito relógio. Sempre atrasado...



Devanear...
















Leia um trecho picante do livro "Playboy Irresistível"

No quarto volume da série é a vez das viciadas nas histórias de Christina Lauren conhecerem o que rola entre Will e Hanna

Confira um trecho de "Playboy Irresistível"

O quarto estava escuro, felizmente vazio e ainda relativamente intocado pela mudança recente. Uma cama estava feita no meio do quarto, e um guarda-roupa estava encostado num canto, mas a parede oposta ainda estava cheia de caixas alinhadas.

- De quem é este quarto? – eu perguntei.

- Acho que é do Denny, mas não tenho certeza.

Passando o braço por trás de mim, ela trancou a porta e então começou a me encarar, sorrindo.

- Oi.

- Oi, Hanna.

Sua boca se abriu e seus lindos olhos se arregalaram.

- Você não me chamou de Ziggy.

Sorrindo, eu sussurrei:

- Eu sei.

- Fala de novo?

Sua voz parecia rouca, como se estivesse pedindo para eu tocá-la de novo, para eu beijá-la. E talvez, quando a chamei de Hanna, foi quase como um beijo. Com certeza, foi assim que me senti. E parte de mim - uma grande parte de mim - decidiu que eu já não me importava mais. Eu não me importava por ter beijado sua irmã doze anos atrás e por seu irmão ser um dos meus amigos mais próximos. Eu não me importava que Hanna fosse sete anos mais nova que eu e, de muitas maneiras, uma garota inocente. Eu não me importava que eu provavelmente fosse estragar tudo, ou que meu passado pudesse incomodá-la. Nós estávamos sozinhos num quarto escuro, e cada centímetro da minha pele parecia zumbir com a necessidade de sentir o toque dela sobre mim.

- Hanna – eu disse num tom de voz baixo. As duas sílabas preencheram minha cabeça e tomaram minha pulsação.

Ela soltou um sorriso todo secreto e então olhou para minha boca. Sua língua molhou seus lábios.

- O que você está pensando? - eu sussurrei. - O que estamos fazendo neste quarto tão escuro, trocando olhares maliciosos?

Ela ergueu as mãos e soltou palavras com a respiração ofegante.

- Este quarto é Las Vegas. Entendeu? O que acontece aqui, permanece aqui. Ou, melhor dizendo, o que é dito aqui não sai daqui.

Eu ri.

- Certo...?

- Se ficar estranho, ou se eu cruzar um limite da nossa amizade que por algum milagre eu ainda não tenha cruzado, apenas me diga, e daí vamos embora, e tudo vai voltar ao mesmo nível de ridículo que era antes.

Eu suspirei e assenti, dizendo “Certo”, e fiquei observando enquanto ela respirava fundo. Hanna já estava um pouco alta, e com certeza nervosa. Uma ansiedade subia por minhas costas.

- Eu fico tão atrapalhada quando estou perto de você – ela disse em voz baixa.

- Apenas comigo? - eu disse, sorrindo.

Ela deu de ombros.

- Eu quero você... me ensinando coisas. Não apenas sobre como me comportar na presença de outros homens... mas como ficar com um homem. Penso nisso o tempo todo. E sei que você é bom nessas coisas sem precisar estar num relacionamento e... - ela perdeu a voz, olhando para mim no meio do quarto escuro. - Somos amigos, não é?

Eu sabia exatamente para onde isso estava indo, então murmurei:

- Seja lá o que for, eu farei.

– Você nem sabe o que estou pedindo.

Rindo, eu sussurrei:

- Então, peça.

Ela chegou mais perto, colocou a mão em meu peito e eu fechei os olhos enquanto a palma de sua mão quente deslizava por minha barriga. Eu me perguntei por um segundo se ela podia sentir meu coração acelerando. Eu sentia minha pulsação por toda parte, batendo em meu peito e reverberando em minha pele.

- Eu assisti outro filme – ela disse. - Outro pornô.

Meus olhos se abriram com surpresa. Talvez eu não estivesse tão certo de onde isso estava indo, afinal.

- Aqueles filmes são bem ruins, na verdade – ela disse baixinho, como se estivesse preocupada em não ofender minhas sensibilidades masculinas. Rindo, eu concordei.

- É mesmo.

- As mulheres são muito exageradas. Na verdade – ela disse, reconsiderando– os homens também são, na maior parte do tempo.

- Na maior parte do tempo?

- Não no final - ela disse, com a voz quase sumindo de vez. - Quando o cara gozou, ele tirou de dentro dela e gozou em cima dela.

Seus dedos se moveram para debaixo da minha camisa, acariciando a linha de pelos que descia da minha barriga até dentro da calça. Ela segurou a respiração e subiu a mão até meu peito, onde começou a explorar.

Merda. Eu estava tão excitado que mal conseguia manter minhas mãos longe de seus quadris. Mas eu queria que ela liderasse a conversa. Ela me trouxe até aqui, ela começou tudo isso. Eu queria que ela confessasse tudo antes de me entregar o bastão. E então, eu não iria me conter.

- Isso é bem comum em filmes pornôs - eu disse. - Os caras não gozam dentro das mulheres.

Ela olhou para mim.

- Eu gostei daquela parte.

Senti minha ereção acordar de vez dentro da minha calça e minha garganta secou imediatamente.

- É mesmo?

- Acho que estou apenas agora descobrindo essas coisas. Nunca realmente tentei antes... ou, talvez, acho que nunca quis explorar com os caras com quem eu fiquei. Mas desde que comecei a sair com você, não consigo parar de pensar nesse tipo de coisa.

- Isso é bom.

Estremeci no meio do quarto escuro, querendo não ter respondido tão rápido, parecendo tão desesperado. Eu queria mais do que qualquer coisa que ela me pedisse para carregá-la até a cama e transar com ela tão alto que a festa inteira saberia onde estávamos e o que ela estava recebendo.

- Eu não sei do que os homens realmente gostam. Sei que você diz que os homens são fáceis, mas não é verdade. Ela tomou minha mão e, com os olhos colados em meu rosto, levou-a até os seios. Debaixo da minha palma, ela era exatamente como imaginei centenas de vezes. Cheia de curvas macias e pele cremosa sob as minhas carícias. Era tudo que eu podia fazer para tentar resistir à tentação de erguê-la e esmagá-la com meu corpo contra a parede.

- Eu quero que você me mostre como fazer - ela disse.

- Como fazer o quê?

Ela fechou os olhos por um segundo, engolindo em seco.

- Quero tocar você até você gozar.

Respirei fundo e olhei para a cama no meio do quarto.

- Aqui?

Ela seguiu meus olhos e balançou a cabeça.

- Não ali. Ainda não numa cama. Apenas... - ela hesitou, e depois disse quase sem voz: - Isso é um sim?

- Humm, é claro que estou dizendo sim. Não sei se conseguiria dizer não para você mesmo se eu devesse.

Ela mordeu o lábio tentando evitar um sorriso e deslizou minha mão até sua cintura.

- Você quer bater uma para mim? É isso que você está pedindo?

Dobrei meus joelhos para olhar em seus olhos. Eu me senti um idiota sendo tão direto, e essa conversa parecia completamente irreal, mas eu precisava deixar claro o que estava acontecendo antes de eu me soltar e levar isso longe demais.

- Só quero ter certeza de que estou entendendo.

Ela ficou tímida de repente, e então assentiu.

- É isso mesmo.

Cheguei mais perto e, quando o leve aroma botânico de seu xampu me atingiu, percebi o quanto eu estava realmente ansioso. Nunca fiquei nervoso antes, mas agora eu estava apavorado. Eu não me importava se seria bom para mim – ela podia ser atrapalhada e desastrada, muito devagar ou muito rápida, muito mole ou muito apertada –, mas eu sabia que iria gozar muito em suas mãos. Apenas queria que ela continuasse sendo tão aberta assim comigo em todos os momentos. Eu queria que o sexo fosse divertido para ela.

- Você pode me tocar - eu disse, tentando equilibrar cuidadosamente minha necessidade de ser gentil com minha tendência a ser dominador.

Ela tocou meu cinto, abriu a fivela, e eu deslizei meus dedos de sua cintura, subindo até o botão de sua camisa. Seu sorriso era quase brincalhão – ela tentou abaixar a cabeça para escondê-lo, mas não conseguiu. Eu não tinha ideia de como eu parecia, mas imaginei meus olhos arregalados, boca aberta e mãos trêmulas abrindo os botões. Puxando sua camisa pelos ombros, notei a maneira como ela hesitou na minha braguilha, com dedos incertos, antes de dar um passo para trás e deixar a camisa cair no chão.

E lá estava ela, na minha frente vestindo um simples sutiã branco de algodão. Levei minhas mãos até suas costas, olhando-a nos olhos como se pedisse permissão antes de abrir o fecho e deslizar a peça de roupa íntima por seus braços. Eu não estava preparado para a visão de seus seios nus, então apenas fiquei ali parado, olhando, feito um bobo. Eu estava tão duro que até sentia a pulsação em meu pau. Eu precisava de alívio para essa tensão.

- Merda, Hanna, agora me agarre.

- Mostre como, Will - ela implorou, correndo as duas mãos em minha barriga e depois abaixando-as, apenas raspando a ponta da minha ereção.

Tomei sua mão quente e a envolvi no meio meu do pênis. Depois a fiz subir e descer pela extensão, soltando um longo e intenso gemido. Ela também gemeu, discreta – um som contido e excitado -, e eu quase gozei ali mesmo. Mas ao invés disso, fechei os olhos com força, abaixei de novo para beijar um caminho subindo pelo pescoço, e a guiei. Bem devagar. Fazia muito tempo desde que recebi uma punheta, e cem por cento das vezes eu preferia uma chupada ou sexo propriamente dito, mas isso, neste instante, era a coisa mais sexy que fiz em muitos anos.

Na verdade, era a coisa mais sexy. Seus lábios estavam muito próximos. Eu podia sentir sua respiração, podia sentir a doçura do coquetel de ameixa que ela tomou.

- Você acha estranho eu tocar você desse jeito sem nem ter te beijado ainda? - ela sussurrou.

Neguei com a cabeça, olhando para onde seus dedos me envolviam. Engoli em seco, mal conseguindo pensar.

- Não existe certo nem errado aqui. Não existem regras.

Ela ergueu os olhos, saindo de minha boca até encontrar meu olhar.

- Você não precisa me beijar.

Fiz uma expressão de surpresa.

- Oh, Hanna. Sim, eu preciso.

Ela molhou os lábios.

- Se você quer mesmo.

Foi isso mesmo que eu quis dizer, mas ao mesmo tempo não era. De um modo geral, era estranho ter uma garota querendo me fazer gozar num quarto qualquer sem nem mesmo trocarmos uns beijos.

Saindo do armário...


Por que tanto homem se fantasia de mulher?

Botar peruca, maquiagem e salto alto no Carnaval serve para exorcizar a fragilidade masculina do dia-a-dia

Eles nunca se fantasiam de mulher discreta. Só de periguete. Precisam parecer vulgares e desejáveis. É tão divertido assim? Eles quase sempre se fantasiam de periguete. Por que é tão divertido assim?  

Eles são héteros, muito machos, mas no Carnaval soltam a franga. Essa expressão significa “desinibir-se, geralmente assumindo um lado feminino, alegre”. Não é novidade, e acontece no Brasil inteiro. Eles não se fantasiam de mulher discreta. 

Precisa ser vulgar e desejável. Salto alto, seios pontudos, maquiagem pesada, decotes... e rebolation. No Bloco das Piranhas ou no Bloco das Virgens, nosso vizinho circunspecto fica irreconhecível até a Quarta-Feira de Cinzas. É tão divertido assim ser mulher?

Não existem blocos de mulheres fantasiadas de homens. Se a mulher quiser se desreprimir, a última fantasia será a de homem. “Mulher já pode se vestir de homem no dia a dia, usar calça comprida, camisa social, mocassim...e ninguém põe em dúvida sua sexualidade. Já o homem...”, diz o psiquiatra Luiz Alberto Py. 

“Quando Gilberto Gil e Caetano Veloso apareceram de pareô, a reação foi supernegativa. Em 1956, um artista plástico, Flávio de Carvalho, fez um desfile com homem de saia no Viaduto do Chá, em São Paulo, e foi vaiadíssimo.”

Minissaia, vestido de alcinha, frente única, tomara que caia, sandália, shortinho. É tudo ótimo no calor. Mulher tem um enorme leque de variações no vestuário. Homem é mais conservador. As novidades na roupa masculina desde os anos 60 foram a bermuda, a bata e a camiseta regata. Mesmo assim... Vários lugares noturnos e restaurantes admitem mulher de sandália, mas homem não. Mulher de short sim, mas homem de bermuda não.

Mas a roupa é só o visível. A fantasia de piranha desnuda outras fantasias. “O Carnaval é um rito profano e sagrado. O homem se veste de mulher porque quer ser mais afetivo de maneira escancarada, sair beijando todos, de qualquer sexo. Homem afetivo, nos outros dias do ano, é coisa de gay”, afirma o psicoterapeuta Sócrates Nolasco. “É um contraponto. Um momento do ano em que ele não precisa afirmar sua masculinidade. Mulher pode ser afetiva, carinhosa, extrovertida, dada, e nem por isso será tachada de ‘piranha’.”

Não se duvida que uma mulher seja mulher. Ela pode até ter relações amorosas ou conjugais com outra. Continua sendo mulher, caso não imite machos. Ela pode beijar amigos e amigas, abraçar, fazer carinho publicamente. Isso não fará dela “piranha” ou lésbica ou mesmo bissexual. A mulher pode, no trabalho, assumir atitudes estereotipadas masculinas – isso não fará dela um homem. O inverso é mais complicado.

É como se esses homens que se equilibram com pernas cabeludas sobre saltos altíssimos aproveitassem o Carnaval para exorcizar sua dificuldade de mostrar afeto ou fragilidade no dia a dia. Tudo é permitido porque é fingimento. No filme Se eu fosse você, em que Tony Ramos e Gloria Pires trocam de alma e papéis, as plateias o acham muito mais engraçado que ela. 

Porque Tony Ramos não se comporta exatamente como a sua mulher no filme. “A compulsão por futilidades e os trejeitos exagerados lembram mais o comportamento de um gay afeminado”, diz Nolasco. Para virar homem, Gloria Pires fala grosso, não abaixa a tampa do vaso e faz embaixadinhas – ela muda bem menos.

Os homens que se fantasiam de mulher para zoar à vontade fazem do Carnaval uma catarse de fetiches. Claro que só saem em bando. Coisa de macho mesmo. Porque sair sozinho vestido de mulher pode dar origem a outras interpretações.

“Todos, homens e mulheres, temos um lado homossexual”, diz Py. “A sexualidade é uma limitação brutal. A percepção de que a gente pertence a um sexo significa não pertencer ao outro, o que de certa forma nos rouba uma parte da humanidade. 

A mulher tem uma versatilidade comportamental muito maior. O homem não pode nem fazer carinho em outro homem. O Carnaval é a transgressão inocente, o liberou geral para desfrutar seu lado feminino sem perigo.”

Simpatizo com esses bandos de homens fantasiados de mulheres fálicas em tantos blocos espalhados pelo Brasil. Por um instante, eu me lembro de Freud. O pai da psicanálise dizia que a mulher sentia inveja do pênis. Não seria o contrário?

http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/ruth-de-aquino/noticia/2014/03/por-que-tanto-homem-bse-fantasia-de-mulherb.html

País de bundas moles...


A obsessão pela bunda

Aprecio uma bela bunda – de mulher ou de homem. Mas é vergonhoso usar o traseiro como artigo turístico

Até pouco tempo atrás, não se podia escrever bunda na imprensa. Ela não era vista com bons olhos. A bunda sim, mas a palavra não. Virava “bumbum’”ou, pior a meu ver, “traseiro”. Eu me recusava a escrever “nádegas”, palavra que contraria qualquer estética... Soa mal, é despida de carinho.

Aprecio uma bela bunda. De mulher ou de homem. Acompanho com os olhos e admiração genuína a moça que dança a caminho do mar, o rapaz que joga futevôlei com graça e virilidade. Observo a harmonia do corpo proporcional, a postura elegante, o andar sensual e, claro, essa observação é 3D, 2.0, de frente e de costas. Mas o fio dental ainda é uma das invenções mais vulgares de nossa praia.

Dito isso, acho vergonhoso o uso do glúteo feminino brasileiro como artigo turístico para atrair estrangeiros infelizes que sonham com o sexo tropical – às vezes pago, às vezes não. O Carnaval e a Copa do Mundo são chamarizes para bandos de homens de fora. A propaganda da bunda é um recurso empobrecedor, misógino e perigoso. 

O turismo sexual é uma tragédia no Brasil. Interrompe a infância e a inocência de milhares de brasileirinhas e, especialmente no Norte e Nordeste do país, é uma praga social de dimensões ainda desconhecidas e acobertadas. Muitas famílias exploram suas meninas-moças para colocar comida na mesa.

Na semana passada, causaram furor duas camisetas da Adidas, marca alemã de material esportivo e uma das patrocinadoras da Copa. Numa camiseta, o coração verde-amarelo foi transformado numa bunda de biquíni, de cabeça para baixo. Noutra, mais sutil, a moça de biquíni, com o Pão de Açúcar ao fundo, lançava o convite “looking to score”, que associa “fazer gols” a “se dar bem” e “pegar mulher”.

A resposta do Planalto à Adidas foi uterina. A Secretaria de Direitos Humanos publicou uma nota de repúdio à “confecção de camisetas com ilustrações de cunho sexual, associado às cores e aos símbolos do Brasil”. A presidente Dilma Rousseff publicou em seu perfil no Twitter: “O governo aumentará os esforços na prevenção da exploração sexual de crianças e adolescentes no #Carnaval e na #CopaDasCopas”.

A Embratur se insurgiu contra os alemães da Adidas. “Não aceitaremos que a Copa seja usada para práticas ilegais”, afirmou Flávio Dino, presidente da Embratur. “Exigimos que a Adidas ponha fim à comercialização desses produtos. Lembramos que no Brasil há leis duras para reprimir abusos sexuais, e as polícias atuarão nesses casos no território nacional.”

A Adidas suspendeu a venda das camisetas. É louvável que se tente frear a publicidade sexual explícita brasileira. Mas não dá para transformar a Adidas em bode expiatório. Faz muito tempo que nossos nativos exploram a bunda como atrativo turístico.

Recentemente, a ONG Rio Eu Amo Eu Cuido usou a bunda como carro-chefe de uma campanha absurda e equivocada contra pontas de cigarro jogadas ao chão. Entre os fundadores e principais conselheiros da ONG está um jovem culto e viajado, Joaquim Monteiro de Carvalho, formado na PUC do Rio e ligado à prefeitura. Resolveram ser “ousados” e, em vez de usar palavras como guimba ou bituca, apelaram para a tradução literal da expressão americana “cigarette-butt” (bunda de cigarro).

Foi convocado um time de popozudas, lideradas pela Mulher Melancia. O jingle era um funk criado especialmente para a campanha: Bunda no chão é coisa do passado/Para de botar a bunda no lugar errado/Bunda caída não tem nada a ver/Olha que essa bunda tá queimando você/Se liga na mensagem/Ouça o que eu te digo/Bunda de cigarro é pra jogar fora no lixo/Lixo lixo lixo lixo lixo lixo.

“No Brasil, bunda é mais do que preferência. É um patrimônio nacional. Todo mundo ama bunda. E todo mundo usa bunda pra vender tudo. Usam bunda pra vender disco. Usam bunda pra vender revista. Usam bunda pra vender cerveja. E se a gente utilizar essa cultura da bunda a nosso favor?”, dizia a campanha. 

“Com uma pegada irreverente e criativa, o movimento vai chamar a guimba de ‘bunda de cigarro’(...), que ninguém gosta de ver caída no chão. E uma ideia assim não podia ter qualquer bunda. (...) As melhores promotoras são nossas queridas popozudas. Queremos que uma equipe de meninas com bumbum grande distribua porta-bundas para os banhistas nas areias do Rio de Janeiro.”

O cartaz exposto nas esquinas cariocas era uma enorme bunda de mulher. Os dizeres: “Bunda caída: eu acho caído”. O efeito negativo foi tão devastador que quem desabou no chão foi a campanha. “Foi ingenuidade nossa”, disse Ana Lycia Gayoso, de 26 anos, porta-voz da ONG, formada em relações internacionais. “Aprendemos com o erro.”

Diante da campanha do Rio Eu Amo Eu Cuido, as camisetas da Adidas não passam de uma alegoria calipígia.

Mais uma etapa superada...