domingo, 11 de maio de 2014

Cultura...


Diversidade cultural no Brasil

Desde o início de sua história, após a colonização europeia, o Brasil é marcado pela extensa diversidade cultural.

O Brasil é um país que possui uma rica diversidade cultural entre os habitantes.


Apesar do processo de globalização, que busca a mundialização do espaço geográfico – tentando, através dos meios de comunicação, criar uma sociedade homogênea – aspectos locais continuam fortemente presentes. A cultura é um desses aspectos: várias comunidades continuam mantendo seus costumes e tradições.

O Brasil, por apresentar uma grande dimensão territorial, possui uma vasta diversidade cultural. Os colonizadores europeus, a população indígena e os escravos africanos foram os primeiros responsáveis pela disseminação cultural no Brasil. Em seguida, os imigrantes italianos, japoneses, alemães, árabes, entre outros, contribuíram para a diversidade cultural do Brasil. Aspectos como a culinária, danças, religião são elementos que integram a cultura de um povo.

As regiões brasileiras apresentam diferentes peculiaridades culturais.

No Nordeste, a cultura é representada através de danças e festas como o bumba meu boi, maracatu, caboclinhos, carnaval, ciranda, coco, reisado, frevo, cavalhada e capoeira. A culinária típica é representada pelo sarapatel, buchada de bode, peixes e frutos do mar, arroz doce, bolo de fubá cozido, bolo de massa de mandioca, broa de milho verde, pamonha, cocada, tapioca, pé de moleque, entre tantos outros. A cultura nordestina também está presente no artesanato de rendas.

 
Capoeira

O Centro-Oeste brasileiro tem sua cultura representada pelas cavalhadas e procissão do fogaréu, no estado de Goiás; e o cururu em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. A culinária é de origem indígena e recebe forte influência da culinária mineira e paulista. Os pratos principais são: galinhada com pequi e guariroba, empadão goiano, pamonha, angu, cural, os peixes do Pantanal – como o pintado, pacu e dourado.

 
Cavalhadas em Pirenópolis (GO)

As representações culturais no Norte do Brasil estão nas festas populares como o círio de Nazaré e festival de Parintins, a maior festa do boi-bumbá do país. A culinária apresenta uma grande herança indígena, baseada na mandioca e em peixes. Pratos como otacacá, pirarucu de casaca, pato no tucupi, picadinho de jacaré e mussarela de búfala são muito populares. As frutas típicas são: cupuaçu, bacuri, açaí, taperebá, graviola, buriti.

 
Festival de Parintins (AM)*

No Sudeste, várias festas populares de cunho religioso são celebradas no interior da região. Festa do divino, festejos da páscoa e dos santos padroeiros, com destaque para a peregrinação a Aparecida (SP), congada, cavalhadas em Minas Gerais, bumba meu boi, carnaval e peão de boiadeiro. A culinária é muito diversificada, os principais pratos são: queijo minas, pão de queijo, feijão tropeiro, tutu de feijão, moqueca capixaba, feijoada, farofa, pirão, etc.

 
Feijoada

O Sul apresenta aspectos culturais dos imigrantes portugueses, espanhóis e, principalmente, alemães e italianos. Algumas cidades ainda celebram as tradições dos antepassados em festas típicas, como a festa da uva (cultura italiana) e a oktoberfest (cultura alemã), o fandango de influência portuguesa e espanhola, pau de fita e congada. Na culinária estão presentes: churrasco, chimarrão, camarão, pirão de peixe, marreco assado, barreado (cozido de carne em uma panela de barro) e vinho.

 
Chimarrão


Entendendo...

Conservadorismo - principais pensadores: Combate às ideias iluministas

Ao derrubar a mais emblemática monarquia absolutista europeia, a Revolução Francesa (1789) rompeu com o chamado Antigo Regime. O processo revolucionário na França perdurou por anos, alternando-se entre diferentes tipos de radicalismos políticos: cientificismo, racionalismo, ateísmo e progressismo (que se cristalizaram na doutrina do iluminismo) foram alguns dos princípios básicos inerentes ao movimento revolucionário francês.

Nesse contexto, surgiram pensadores conservadores que sistematizaram preceitos ideológicos com o propósito de combater as novas doutrinas iluministas.

Burke, Bonald e de Maistre

Entre os conservadores do século 18, destaca-se o filósofo inglês Edmund Burke (1729-1797), que combateu o ateísmo, o racionalismo e defendeu fervorosamente a ordem tradicional em declínio.


Em seu livro Reflexões sobre a revolução em França, Burke criticou os ideólogos iluministas - como Denis Diderot e Jean-Jacques Rousseau (que havia elaborado a doutrina contratualista, fundamentando a coesão e ordem social no contrato social) -, além de Kant.


No século 19, o mais destacado conservador foi Louis de Bonald (1754-1840). Bonald era um político francês e defendeu o Antigo Regime, a Igreja Católica Romana, a restauração da tradição e o princípio da autoridade monárquica. Ele afirmava que "Onde todos os homens querem dominar com vontades iguais e forças desiguais, é necessário que um único homem domine ou todos se destruam".


Outro importante ideólogo do conservadorismo foi o filósofo e diplomata francês Joseph de Maistre (1753-1821), defensor da monarquia hereditária e opositor do movimento revolucionário, considerado por ele o principal responsável pelo colapso social e econômico e pela anarquia política em que a França mergulhou.

Revolucionários tornam-se conservadores

Em suas origens, o pensamento conservador pode ser concebido como uma atitude reativa em oposição às rápidas mudanças que se processavam nas sociedades europeias, entre os séculos 18 e 19, provocadas pelos movimentos revolucionários burgueses.


As revoluções burguesas provocaram a ruptura das tradições, dos costumes, dos hábitos e das crenças religiosas. Nesse contexto, enquanto uma ordem social desaba e uma nova ordem social está em construção, o conservadorismo emerge como força ideológica e política contra-revolucionária.


Em termos históricos, no entanto, é preciso considerar que os revolucionários progressistas também se tornaram conservadores, quando a sociedade burguesa capitalista (ou liberal) foi ameaçada por processos revolucionários populares.
Na atualidade, "conservadorismo" e "conservador" tornaram-se termos extremamente pejorativos - e por esse motivo são denominações pouco utilizadas na esfera da política. Muitos partidos políticos, inclusive, chegaram a retirar a palavra "conservador" de suas siglas.

Entretanto, o fato de o termo não ser usado não significa que o pensamento conservador deixou de existir.

Curiosidade...


Por um triz
A “espada de Dâmocles” explica a origem da expressão “por um triz”.

Muitas vezes, enfrentamos situações que nos revelam que os detalhes são determinantes para uma vitória ou um tremendo fracasso. A vitória em uma competição esportiva, a aprovação em um concurso público ou a conquista de uma vaga de emprego, podem ser decididas por questões que parecem ser mínimas. Em muitas situações, acabamos dizendo que a vitória (ou o fracasso) foram incrivelmente consumados “por um triz”. Mas afinal, qual o significado dessa expressão tão antiga em nosso cotidiano?

Por volta do século V a.C., Dionísio, o Velho, empreendeu a conquista da cidade de Siracusa, na Sícilia, onde veio a ocupar o posto de monarca. Por meio de várias ações, este grande estadista consolidou e ampliou seus poderes por toda a Itália Grega. Tornando-se senhor de muitas terras, acabou cercado por diversos interesseiros que invejavam a sua posição. Entre tantos outros, Dâmocles era figura comum do palácio real e desfrutava várias das regalias e banquetes ali realizados.

Mesmo sendo um amigo do rei, Dâmocles acreditava que o cargo real era cercado por vários privilégios que nem se comparavam aos que ele aproveitava por meio da proximidade com Dionísio. Preocupado em apagar essa errônea impressão, o rei decidiu organizar um grande banquete, onde Dâmocles ocuparia a cadeira real. Entretanto, uma pesada lâmina presa a um fio da crina de um cavalo foi colocada sob a cabeça. Por meio dessa incômoda situação, o imaturo amigo compreendeu que a vida no poder é algo bastante delicado.

É interessante notar que thrichos seja justamente a palavra que em grego, significa cabelo. Além do termo grego ter uma sonoridade próxima à palavra “triz”, temos uma possível explicação para o fato de “por um fio” ser sinônimo da expressão aqui investigada. Desse modo, podemos notar que a história dessa expressão cotidiana reafirma aquilo que dissemos no início do texto: um pequeno detalhe pode fazer toda a diferença!

Piada...

Um baiano deitado na rede pergunta pro amigo: Meu rei... tem aí remédio pra picada de cobra? Tem não, meu lindo. Por que, você foi picado? Não, mas tem uma cobra vindo na minha direção.

Devanear...

Encontrar um estranho pelos corredores de um aeroporto nunca foi tão sexy. Pelo menos até esse momento...

Leia um trecho do livro "Um Toque de Vermelho"

Ele zanzava de um lado para outro num canto mais afastado da área de espera, com uma passada precisa e controlada, demarcada pelas longas pernas vestidas num jeans claro. Os cabelos grossos e escuros ligeiramente compridos, emoldurando seu rosto másculo. Uma camiseta creme com gola em V escondia seus ombros fortes, um sinal de que as partes que as roupas ocultavam faziam jus às que deixavam expostas.

Lindsay afastou da testa uma mecha dos cabelos molhados para apreciar melhor os detalhes. Sex appeal da cabeça aos pés, era o que aquele cara tinha. Do tipo que é impossível de fingir ou imitar - do tipo que transformava a beleza física num simples bônus. 

Ele se movia por entre a multidão sem nem levantar os olhos, e mesmo assim foi capaz de se desviar de um homem que cruzou seu caminho. Sua atenção estava toda concentrada num BlackBerry, demonstrando tamanha habilidade na digitação que o ventre de Lindsay se contraiu. Uma gota de chuva desceu por sua nuca. O contato suave com água fria fez com que a experiência de observá-lo se tornasse fisicamente mais intensa. 

Atrás dele, os vidros transparentes revelavam o céu cinzento do fim da tarde. A chuva escorria pelas janelas do terminal. Aquele mau tempo era inesperado, e não apenas porque o relatório meteorológico não previa chuva. Ela sempre tinha sido capaz de sentir a proximidade das chuvas com uma precisão incomum, mas essa tempestade lhe havia passado despercebida. Fazia sol quando ela aterrissou, e pouco depois o céu desabou.

Ela adorava chuva, e em outra ocasião qualquer não se importaria de sair no meio do aguaceiro para pegar o ônibus que a levaria até o avião. Naquele dia, porém, o mau tempo parecia carregar consigo um mau agouro. Uma sensação de melancolia, ou de luto. E ela havia se deixado levar por isso.

Desde que era capaz de se lembrar, Lindsay sentia que o vento se comunicava com ela. Fosse gritando em meio a uma tempestade ou sussurrando através de uma brisa, ela sempre conseguia decifrar a mensagem. Não por meio de palavras, mas de sensações. Seu pai chamava isso de sexto sentido e fez de tudo para demonstrar que era uma coisa exótica e interessante, e não alguma espécie de aberração grotesca.

Esse radar interior era o que direcionava seu olhar para aquele homem no portão de embarque, mais ainda que a beleza dele. Em sua aparência, havia algo de melancólico que a fazia lembrar a tempestade que tomava força atrás da janela. Era aquela qualidade que a atraía... além da ausência de uma aliança no dedo dele.

Lindsay se virou, ficou de frente para o homem e desejou que ele a olhasse. Ele ergueu a cabeça. Seus olhares se encontraram. Foi como se ela tivesse recebido uma rajada de vento no rosto, fazendo com que seus cabeços se arrepiassem. Mas a sensação não era de frieza, e sim de um calor úmido e sedutor. Lindsay manteve os olhos fixos nele por um instante que pareceu infinito, hipnotizada por seus olhos azuis cintilantes, que demonstravam sintonia com a fúria ancestral da tempestade lá fora.


Ela respirou fundo e tomou o caminho de uma lojinha de pretzels ali ao lado, dando a ele a oportunidade de retribuir o óbvio interesse manifestado por ela... ou não. Meio que por instinto, ela sabia que ele não era o tipo de homem que corria atrás de mulher. Lindsay foi até o balcão e olhou o cardápio. 

O cheiro da massa quentinha e macia e da manteiga derretida era de dar água na boca. A última coisa de que ela precisava antes de ficar sentada por mais uma hora num avião era uma bomba calórica como um pretzel gigante. Por outro lado, talvez uma boa dose de serotonina fosse capaz de acalmar seus nervos exaltados pela sensação de estar espremida numa multidão.

Ela fez o pedido. "Palitinhos de pretzel, por favor. Com molho marinara e um refrigerante diet." A moça do caixa informou o valor. Ela remexeu na bolsa em busca da carteira.

"Pode deixar."

Minha nossa... aquela voz. Sedutoramente sonora. Lindsay tinha certeza de que era ele. Ele se inclinou em sua direção, e ela sentiu o perfume exótico dele. Não era colônia. Era um cheiro de homem. Natural e viril. Puro e límpido, como o ar depois de uma tempestade. Ele fez a nota de vinte dólares deslizar pelo balcão. Ela sorriu e deixou que ele pagasse.

Era uma pena que estivesse vestida com um jeans velho, uma camiseta larga e coturnos. Nada poderia ser mais confortável, mas para aquele homem ela preferia estar bonita e arrumada. Ele evidentemente pertencia a um outro mundo, o que ficava claro pela beleza de astro de cinema e pelo relógio Vacheron Constantin que ostentava no pulso. Ela se virou e estendeu a mão para ele. "Obrigada, senhor...?"

"Adrian Mitchell." Ele aceitou o cumprimento e aproveitou para acariciar seus dedos com os polegares. Lindsay sentiu uma reação visceral ao toque dele. Ficou quase sem fôlego, e seu coração disparou. Visto de perto, ele era irresistível. Ferozmente masculino e terrivelmente lindo. Impecável. "Olá, Adrian Mitchell."

Ele se agachou e pegou a etiqueta da mala dela com seus dedos longos e masculinos. "Prazer em conhecê-la, Lindsay Gibson... de Raleigh? Ou está voltando de viagem?" "Estou indo para o mesmo lugar que você. No mesmo avião." Os olhos dele tinham um tom de azul muito pouco habitual. Como a coloração cerúlea que se vê no coração das chamas. Combinados com a pele morena e emoldurados pelos cílios compridos, eram simplesmente deslumbrantes.

E estavam concentrados nela como se não houvesse mais nada no mundo para se ver.

Ele a observou da cabeça aos pés com um olhar intenso. Lindsay se sentiu exposta e envergonhada, como se ele a tivesse despido em pensamento. Seu corpo reagiu à provocação.  Os seios incharam, a tensão nos músculos foi se dissipando.

Qualquer mulher teria amolecido toda diante dele, porque não havia nada naquele corpo que denunciasse um sinal qualquer de insegurança. Dos ombros largos e os bíceps delineados até as feições milimetricamente esculpidas do rosto, cada ângulo do corpo dele parecia afiado e preciso.

Ele se inclinou sobre ela para pegar o troco, movimentando-se de maneira ágil e naturalmente elegante. Aposto que ele deve ser um animal na cama. Excitada pelo próprio pensamento, Lindsay apanhou a mala pela alça. "Então você mora no Orange County? Ou está viajando a negócios?"

"Estou indo para casa. Para Anaheim. E você?"

Ela foi até o outro balcão, para pegar seu pedido. Ele a seguiu com uma passada mais comedida, mas que não escondia a determinação de ir atrás dela. Essa característica um tanto predatória fez com que ela ficasse ansiosa. Sua sorte enfim havia mudado - seu destino final também era Anaheim.

"O Orange County é o meu futuro lar. Estou me mudando para lá, a trabalho." Ela preferiu não entrar em detalhes, como a cidade em que ia morar. Sabia bem como se proteger quando era necessário, mas não estava disposta a arrumar mais problemas além dos que já tinha.

"É uma grande mudança. Para o outro lado do país."

 "Estava na hora de mudar."

Ele abriu um leve sorriso. "Vamos jantar juntos."

O tom aveludado da voz dele fez o interesse dela crescer ainda mais. Ele era carismático e tinha uma personalidade magnética, duas qualidades capazes de produzir relacionamentos memoráveis, ainda que de curta duração. Ela pegou o saquinho de papel e o refrigerante que a atendente entregou.

"Você vai direto ao ponto. Eu gosto disso."

A chamada para o voo fez com que sua atenção se voltasse para o portão de embarque. Na verdade era o anúncio de um pequeno atraso, o que deixou os passageiros um tanto inquietos. Adrian não tirava os olhos dela. Ele apontou para uma fileira de assentos logo adiante. "Ainda temos tempo para nos conhecer melhor."

Lindsay o acompanhou até lá. Deu outra espiada ao redor, e viu que não eram poucas as mulheres com os olhos vidrados em Adrian. A sensação de que ele era como uma tempestade em pleno curso não parecia mais tão intensa, e a chuva lá fora se tornou pouco mais que uma garoa forte. 

A correlação entre os dois eventos era intrigante  A reação feroz que sentiu ao ver Adrian Mitchell e aquela capacidade sem igual de despertar seu radar meteorológico interior foram determinantes para a decisão de deixá-lo se aproximar. As anomalias de sua vida sempre mereciam uma maior investigação.

Ele esperou que ela se sentasse antes de perguntar: "Algum amigo vai buscar você no aeroporto? Ou algum parente?." Não havia ninguém à espera dela, apenas uma van reservada para levá-la ao hotel onde se hospedaria até encontrar um apartamento. "Não é aconselhável fornecer esse tipo de informação a um estranho."

"Então vamos amenizar os riscos." Ele se inclinou com um gesto fluido, levando a mão ao banco de trás para pegar a carteira. Tirou um cartão de visita e entregou para ela. "Ligue para quem estiver à sua espera e diga quem eu sou e como entrar em contato comigo."

"Você é bastante determinado." E claramente está acostumado a dar ordens. Ela não se importou. Lindsay tinha a personalidade forte e, se não encontrasse resistência, acabava ela mesma assumindo o comando. Homens dóceis e gentis eram desejáveis em certas situações, mas não em sua vida pessoal.

"Sou mesmo", ele concordou, sem hesitação.

Lindsay apanhou o cartão. Seus dedos se tocaram, e a eletricidade subiu pelo braço dela.

Ele respirou fundo, pegou a mão dela e acariciou a palma com os dedos. Parecia que estava mexendo entre suas pernas, porque o nível de excitação foi o mesmo. Ele a olhava com um desejo sexual quase palpável, intenso e implacável. Como se soubesse exatamente o que fazer para deixá-la toda entregue... ou estivesse prestes a descobrir.

"Você está me parecendo encrenca certa", ela murmurou, fechando a mão para que ele não tirasse os dedos.

"Vamos jantar. E conversar. Prometo que vou me comportar." Sem largá-lo nem por um minuto, ela pegou o cartão de visita com a outra mão. O sangue pulsava com força em suas veias por causa daquela excitação tão imediata e imprevista. Mitchell Aeronáutica, ela leu. "E você está viajando num voo regular."

"Eu tinha outros planos." O tom de voz dele ficou sério. "Mas meu piloto me deixou na mão."

O piloto dele. Ela abriu um sorrisinho. "Você não odeia quando isso acontece?"

"Geralmente, sim... Mas aí apareceu você." Ele sacou o Black- Berry do bolso. "Use o meu telefone, assim quem atender já vai ter o número."

Não sem alguma relutância, Lindsay o soltou e pegou o celular, apesar de poder muito bem usar o seu. Deixou o refrigerante no chão acarpetado e levantou. Adrian fez o mesmo. Ele era rico, elegante, educado, solícito e lindo de morrer. 

Apesar de parecer um sujeito civilizado, havia um quê de perigo pairando sobre ele, algo que apelava para os instintos mais elementares de uma mulher. Talvez o aeroporto lotado tivesse aguçado seus sentidos. Ou talvez fosse o indicativo de uma química sexual volátil entre os dois. Fosse o que fosse, ela não estava achando nada ruim.

Deixando o saquinho com os pretzels no assento, ela se afastou um pouco e digitou o número da oficina mecânica de seu pai. Enquanto isso, Adrian foi até o balcão do portão de embarque.

"Linds. Você já chegou?"

Ela ficou surpresa com o modo como ele atendeu. "Como você sabia que era eu?"

"Eu vi o número que estava ligando. O código é da Califórnia."

"Ainda estou em Phoenix, na conexão. Estou ligando de um celular emprestado."

"O que aconteceu com o seu? E por que ainda está em Phoenix?"

Eddie Gibson criou sozinho a filha durante vinte anos, e era um pai superprotetor, o que não era de se estranhar ao levar em conta as circunstâncias terríveis da morte de Regina Gibson.

"Não aconteceu nada com o meu, e eu perdi a conexão. É que conheci uma pessoa." Lindsay explicou quem era Adrian e passou as informações contidas no cartão de visita. "Não estou com medo. É que ele é o tipo de cara que parece estar precisando de um freio. Acho que não está acostumado a ouvir a palavra 'não' com muita frequência."

"Acho que não mesmo. Mitchell é uma espécie de Howard Hughes."

Ela levantou as sobrancelhas. "É mesmo? Dinheiro, filmes, estrelas de cinema? Ele está metido com tudo isso?"

Lindsay observou Adrian por trás, aproveitando a chance de estudá-lo melhor enquanto estava distraído. Era tão atraente como de frente, tinha as costas largas e um traseiro apetitoso.

"Se você conseguisse se concentrar em alguma coisa por mais de cinco minutos, saberia disso", respondeu seu pai.

De fato, ela não era capaz de se lembrar da última vez que tinha lido uma revista, e havia desistido de assinar a tevê a cabo fazia muitos anos. Alugava filmes e temporadas inteiras de seriados, porque não queria perder tempo com os intervalos. "Não estou conseguindo dar conta nem da minha vida, pai. Onde é que vou arrumar tempo para cuidar da vida dos outros?"

"Da minha você está sempre cuidando", ele provocou.

"Você eu conheço. E amo. Mas celebridades? Não é a minha praia."

"Ele não é uma celebridade. Na verdade sabe proteger muito bem sua privacidade. Vive numa propriedade enorme no Orange County. Eu vi na tevê uma vez. É tipo uma maravilha da arquitetura. 

Mitchell parece o Hughes porque é um zilionário recluso que adora aviões. A mídia fica em cima dele porque o pessoal adora aviadores. Isso sempre foi assim. E dizem que ele é bonitão também, mas isso eu não sei julgar."

E ela o havia distinguido no meio de uma multidão. "Obrigada pela informação. Eu ligo quando chegar."

"Eu sei que você pode muito bem se cuidar sozinha, mas juízo."

"Claro. E você, nada de porcaria no jantar. Faça uma comida de verdade. Ou melhor, arrume uma gata para cozinhar para você."

"Linds...", ele começou, fingindo irritação.

Aos risos, ela encerrou a ligação, depois acessou o histórico de chamadas do celular e apagou o número. Adrian apareceu com um resto de sorriso ainda nos lábios. Seus movimentos eram tão fluidos, demonstravam de tal forma sua força e sua confiança, que ela os considerava ainda mais atraentes que sua aparência. "Tudo certo?"

"Certíssimo."

Ele estava segurando um cartão de embarque. Lindsay viu seu nome nele e franziu a testa. "Eu tomei a liberdade", ele explicou, "de pegar assentos vizinhos para nós."


Etapas nem sempre cronológicas...



Entre a barbárie dos incendiários e a civilização

Diante dos acontecimentos dramáticos que se sucedem no país desde junho de 2013, é preciso pacificar os ânimos e recolocar a nação na trilha da tolerância e do respeito ao direito alheio
 Ônibus incendiado em São Paulo (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Ônibus incendiado em São Paulo
A cada dia que passa, fico mais convencido de que há alguma coisa errada, muito errada com o Brasil de hoje. Praticamente todos os dias, acontece um ato de violência social por aí – da queima de ônibus na periferia a invasões de shopping centers; da transformação do Ceagesp de São Paulo em praça de guerra a barricadas erguidas nas estradas com pneus em chamas; de passeatas contra a Copa do Mundo a quebra-quebra generalizado na hora do rush. Se, algum dia, o tal do “homem cordial”, de que falava o historiador Sérgio Buarque de Holanda, realmente existiu, hoje ele não passa de uma lenda.

Diante dos acontecimentos dramáticos que se sucedem no país desde junho do ano passado, quando uma onda de manifestações levou milhões de pessoas às ruas, a impressão é de que o Brasil de hoje é um país em convulsão social, uma panela de pressão pronta para explodir pelo menor motivo a cada momento. De repente, é como se o Brasil precisasse de um grande movimento social para recolocar a Nação na trilha da tolerância com a diferença, de convivência pacífica e democrática entre os opostos.

Hoje, tudo, absolutamente tudo, torna-se alvo de contestação e violência, principalmente por parte de grupelhos de ativistas radicais e de revolucionários intolerantes, quase todos de orientação marxista-leninista, que se dedicam dia e noite à causa. O pior é que, muitas vezes, contam com apoio de políticos de extrema esquerda e até mesmo com patrocínio oficial, como o Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST), conhecido por invadir fazendas legitimamente registradas em cartório e pregar o fim da propriedade privada no país.

Se a blogueira cubana, Yoani Sánchez vem ao Brasil para dar uma palestra, um grupo de xiitas pró-Cuba a impede de falar. Se a prefeitura do Rio de Janeiro aumenta as passagens de ônibus, mesmo que bem abaixo da inflação, logo surge um bando – o mesmo de sempre – para bagunçar o coreto. 

Ontem, em São Paulo, a atriz espanhola Angélica Liddell teve de interromper a sua performance, porque meia dúzia de ativistas subiu ao palco para protestar contra o uso de um cavalo na peça, embora o animal não fosse alvo, aparentemente, de maus-tratos.  Será que o próximo passo será defender o fim do Jóquei Clube, por realizar corridas de cavalo?

Muita gente pode achar que tudo isso é normal, que é resultado da democracia que se instaurou no país com o fim do regime militar, em 1985. Eu não. Acredito que só uma sociedade doente, profundamente dividida em relação aos rumos do país, pode viver num ambiente assim. Só uma sociedade atordoada, que perdeu as referências de quais são os limites da civilização, do que é certo e errado, pode acreditar que isso é normal. 

Hoje, a vida nas grandes cidades do Brasil está se tornando cada vez mais perigosa e arriscada – e não só por causa do trânsito enlouquecido e da violência da bandidagem. Já não se pode sair de casa sem ouvir o noticiário para saber onde vai ser a "guerrilha urbana" do dia, para tentar não cruzar com ela.  Preocupados com o noticiário, pais e mães ligam para seus filhos no meio do dia para saber se está tudo bem. A família do cinegrafista Santiago Ilídio Andrade, da Band, morto depois de ter sido atingido por um rojão num protesto, sabe o que isso significa melhor do que ninguém.

Não sei onde tudo isso vai dar, mas acredito que, se esse acirramento de ânimos continuar, dificilmente vai acabar bem. Do jeito que a coisa vai, desconfio que logo, logo, esse embate ganhará novos contornos. Em vez de os grupelhos de extrema esquerda resistirem à polícia, quando ela dá o ar de sua graça para proteger a população e o patrimônio público e privado do vandalismo, eles vão acabar enfrentando grupos rivais igualmente radicais, como acontecia nos anos 1930, quando comunistas e integralistas lutavam entre si, sem dar a mínima para a democracia -- e todos nós sabemos onde isso costuma acabar. 

Sinceramente, espero estar enganado. Ficarei até feliz com isso. Estou certo, porém, de que esse Brasil, marcado pelo radicalismo e pela violência social, não é o Brasil que sonhamos para nós, para os nossos filhos e para os nossos pais.

Pensem bem antes de responder...

Você é Hipócrita?

Sobre a Essência da Educação

Um Suborno para Seu Professor

Um professor estava dando um teste aos seus alunos. Entregou todos os testes e voltou à sua mesa para esperar. Quando o teste terminou, todos os alunos o entregaram de volta. O professor notou que um dos alunos tinha colocado uma nota de $100 presa ao teste, com um bilhete dizendo: “Um dólar por ponto.”

Na aula seguinte o professor entregou os testes de volta. Aquele aluno recebeu o seu teste e $56 de troco.

Um Coração
O Talmud relata o seguinte episódio:

Quando nosso pai Jacob estava no leito de morte, cercado por todos os seus filhos, de repente sentiu a Divina Presença, a Shechiná, se afastar dele. Foi dominado pelo medo de que alguns dos seus filhos ali presentes estivesse levando uma vida imoral, e que por isso a Shechiná o tivesse deixado. O velho pai confrontou seus filhos, perguntando se talvez algum deles tinha se corrompido, traindo os valores que ele, Jacob, tinha tentado inculcar dentro deles.

Os filhos responderam com a famosa declaração judaica: “Shema Israel Hashem Elokenu Hashem Echad. Ouça Israel - o nome de Jacob era Israel - o Eterno é Nosso D'us, o Eterno é Um. Assim como em seu coração há somente Um, em NOSSO coração também há somente Um.”

Naquele momento Jacob respondeu: “Baruch Shem Kevod Malcuto Le’olam Vaed. Bendito seja o honorável nome de Seu reino para todo o sempre.” (Talmud Pessachim 56 a)

Sua resposta levanta uma questão. Ouçamos cuidadosamente suas palavras: “Assim como no SEU coração há somente Um, também em NOSSO coração há somente Um.” A primeira metade da declaração parece supérflua. Sabemos que no coração de Jacob havia somente um D'us. Isso não estava em discussão; ninguém suspeitava do coração e da fé de Jacob. A questão era o que estava se passando no coração DELES. Tudo que precisavam dizer era: “Ouça, pai, em NOSSO coração há somente Um!’”?

Um Espelho
A resposta é que nessa mesma expressão eles resumiram um dos maiores temas da educação. A primeira metade da frase não era supérflua. Os filhos de Jacob estavam explicando por que o pai não precisava temer sobre o destino moral dos filhos. “Jacob, nosso pai, se há apenas Um em seu coração,” os filhos disseram, “pode ter certeza de que em nossos corações, também, há somente Um.” Como em seu coração havia um, nosso coração também está saturado com o único D'us vivo.”

Com frequência, os pais pensam que podem transmitir valores aos filhos sem interiorizá-los na vida diária. Ensinam aos filhos sobre integridade, fé, amor e disciplina, mas não necessariamente incorporam esses princípios. Rezam a um D'us, mas aquele único D'us não os desafia em sua vida pessoal. Eles falam contra raiva, animosidade, inveja e egoísmo, mas eles próprios são presas desses traços.

Isso geralmente não resolve. Os filhos não reagem tanto àquilo que os pais dizem quanto àquilo que são. Valores são como resfriados: são apanhados, não ensinados. Se em seu coração há Um - em seus corações também haverá Um. Quando seus filhos sentem consciente e inconscientemente sua pureza e integridade, é provável que os valores que moldaram os pais continuem na vida dos filhos. Pode levar alguns anos ou décadas, mas as sementes plantadas pelo seu coração no coração de seus filhos irá produzir os resultados.

Os cientistas políticos há muito descobriram que quatro em cada cinco pessoas com preferência por um partido cresceram votando como os pais. Na verdade, enquanto muitas pessoas passam por uma rejeição temporária da política dos pais na juventude, praticamente nada é mais previsível da sua ideologia política que aquela de seus pais - é um fator mais determinante que renda, educação ou qualquer outro campo social.

Hipocrisia
Quando indagado sobre os maiores desafios que enfrenta hoje, o diretor de uma das maiores escolas judaicas nos Estados Unidos disse: pais gastam milhares de dólares por ano em mensalidades escolares para enviar os filhos para nossa escola onde, junto com matemática e química, devemos ensinar algumas éticas básicas. Então, no domingo, os pais levam os filhos ao parque de diversões e mentem sobre sua idade para economizar 5 dólares no ingresso. Para economizar cinco pratas eles destroem uma educação de $15.000.

A maior parte dos pais e professores entende que valores e perspectivas devem ser plantados pelo exemplo pessoal. No entanto, na prática às vezes tentamos inculcar em nossos filhos e alunos rotinas de comportamento que ainda não dominamos pessoalmente. Insistimos para que nossos filhso comam corretamente, embora sobrevivamos de café e bolinhos. Insistimos para que não fiquem horas sentados na frente da TV, enquanto não correspondemos a essa expectativa. Em resumo, achamos mais fácil educar nossos filhos que a nós mesmos, e à vezes é isso que fazemos.

Essa hipocrisia tem resultados desastrosos: muitos filhos veem seus pais e professores como insinceros. O desrespeito desabrocha lentamente até que, entre os 12-15 anos, prejudica o relacionamento entre pais e filhos ou entre professor e aluno. Então os filhos rejeitam a autoridade moral dos adultos em sua vida. Isolam-se emocionalmente dos pais e professores, começam a tomar as próprias decisões (muitas vezes autodestrutivas).

Num famoso estudo sobre a transmissão de valores de pais aos filhos foi feita a seguinte pergunta a muitas crianças: o que seus pais querem que você seja quando crescer - rico, inteligente, famoso ou bom? A maioria das crianças, de variados setores demográficos e culturais - disse rico, inteligente ou famoso como mais importante. E a característica de menor valor foi “bom”. Ironicamente, os pais dos mesmos setores responderam que preferiam “bom” como característica para seu filho.

Por que então houve essa desconexão entre o desejo dos pais e a percepção dos filhos?

A resposta pode ser que ensinar e transmitir valores aos filhos exige uma prática paralela por parte dos pais. A verdadeira bondade não é ensinada em livros, é transmitida pelo exemplo vivo. Os pais podem dizer aos filhos que desejam que eles sejam bons acima de tudo, mas o que os filhos estão sentindo por parte dos pais? Eles estão - os pais - colocando a bondade acima de todos os outros confortos?

Se você deseja tocar o coração de seu filho, assegure que seu próprio coração foi tocado. E trabalhe não apenas na sua identidade consciente, mas também na inconsciente. Os filhos muitas vezes reagem ao inconsciente dos pais ainda mais que ao consciente.

Essa foi a mensagem dos filhos de Jacob ao pai: o motivo pelo qual há apenas Um em nosso coração é porque nossos corações refletem e espelham o SEU coração, e em seu coração há apenas Um. Isso é verdadeiro a respeito de todo pai e professor.

Mais uma etapa superada...