Mapa
da Violência 2013: Brasil mantém taxa de 20,4 homicídios por 100 mil habitantes
Alagoas, Maranhão, Espírito Santo,
Pará e Bahia são os estados com os piores índices de violência
BRASÍLIA - O Mapa da Violência 2013 -
Mortes Matadas por Armas de Fogo, divulgado nesta quarta-feira, informa que
36.792 pessoas foram assassinadas a tiros em 2010. O número é superior aos
36.624 assassinatos anotados em 2009 e mantém o país com uma taxa de 20,4
homicídios por 100 mil habitantes, a oitava pior marca entre 100 nações com
estatísticas consideradas relativamente confiáveis sobre o assunto.
Entre os estados que apresentaram as
mais altas taxas de homicídios estão Alagoas com 55,3, Espírito Santo com 39,4,
Pará com 34,6, Bahia com 34,4 e Paraíba com 32,8. Pará, Alagoas, Bahia e a
Paraíba estão entre os cinco estados também que mais sofreram com o aumento da
violência na década. No Pará, o número de assassinatos aumentou 307,2%, Alagoas
215%, Bahia 195% e Paraíba 184,2%. Neste grupo está ainda o Maranhão com a
disparada da matança em 282,2% entre o ano 2000 e 2010.
O Rio de Janeiro aparece em 8º lugar
no ranking dos estados mais violentos com uma taxa de 26,4. O estudo mostra, no
entanto, que o número de mortes por armas de fogo está em declínio. De 2000 a
2010, os assassinatos a tiros no Rio caíram 43,8%. Em São Paulo a queda foi
ainda maior, 67,5%, e o estado viu a taxa de homicídio baixar 9,3%. O estado,
que no início da década passada estava entre os seis mais violentos, aparece
desta vez na 24º posição, atrás apenas de Santa Catarina, Roraima e Piauí.
Entre as capitais mais violentas
estão Maceió, a primeira da lista
com 94,5 homicídios por 100 mil habitantes. Logo depois vêm João Pessoa com
taxa de 71,6, Vitória com 60,7, Salvador com 59,6 e Recife com 47,8. São taxas
bem acima da média nacional, 20,4, e dos níveis considerados toleráveis pela
ONU, que giram em torno de 10 homicídios por 100 mil. Com uma taxa de 23,5, o
Rio aparece em 19º lugar na lista. A cidade de São Paulo apresentou taxa de
10,4 e está na 25ª colocação.
Para Júlio Jacobo Waiselfisz,
coordenador do Mapa da Violência 2013, a declarada priorização da segurança
pública por governadores e iniciativas do governo federal tais como a campanha
do desarmamento não foram suficientes para forçar a queda dos índices de
violência na primeira década do século XXI. Do ano 2.000, segunda metade do
governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, até o fim do segundo
mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, 2010, foi registrada uma
taxa de aproximadamente 20 homicídios com armas de fogo por 100 mil habitantes.
— Não tenho elementos para julgar (a
correção) das políticas de segurança. Mas se está havendo alto índice de
violência, nossas políticas não são suficientes — comenta Jacobo.
O estudo confirma ainda a
"nacionalização" dos homicídios e duas diferentes tendências da
violência. O número de assassinatos a tiros tem aumentado em áreas
tradicionalmente hospitaleiras do Norte e do Nordeste e diminuído no Sudeste, a
partir de avanços registrados em São Paulo e no Rio de Janeiro. Dos cinco
estados mais violentos do país em 2010, três estão na região Nordeste: Alagoas,
Bahia e Paraíba. Quatro das cinco cidades com os piores dados estão no litoral
da região: Maceió, João Pessoa, Salvador e Recife.
Para Jacobo, a escalada da violência
em cidades e estados do Nordeste não significa que está havendo uma
"nordestinização" da matança. Para ele, o que está havendo é a
expansão em âmbito nacional da criminalidade. As mortes violentas, que antes de
concentravam em grandes centros urbanos como São Paulo e Rio, estão se
espalhando pelo país. O movimento acompanharia a desconcentração industrial e
os deslocamentos populacionais ligados às atividades econômicas.
— Não dá para dizer que está havendo
uma nordestinização da violência. A violência tem crescido também no Paraná, em
Santa Catarina e no entorno de Brasília — disse Jacobo.
Santa Catarina sofreu aumento de
homicídios de 44,5% na década, embora ainda permanece com taxa de 8,5
homicídios por grupos de 100 mil. O Distrito Federal, com uma taxa de 25,3 por
100 mil, está em 9º lugar no ranking de assassinatos com armas de fogo. O Mapa
da Violência apresenta o ranking de homicídios das cidades com mais de 20 mil
habitantes.
Entre as cinco cidades mais perigosas
do país estão: Simões Filho, na Bahia, com taxa de 141,5 homicídios por 100 mil
habitantes; Campina Grande do Sul, no Paraná, com 107,0, Lauro de Freitas (BA)
com 106,6, Guaíra com 103,9, e Maceió com 91,6. São números piores que o de
Medellin e Bogotá, na Colômbia, no auge do poder do narcotráfico de Pablo
Escobar. Para Jacomo, a onda de violência em algumas cidades e estados
brasileiros também estaria ligada ao narcotráfico, ao crime organizado e a
grande quantidade de armas em circulação.
Pelo estudo, 70% dos homicídios no
país são cometidos com armas de fogo. Uma explicação seria a disseminação da
cultura da violência. Segundo o pesquisador, muitos homicídios resultam dos
chamados conflitos de proximidade. São desentendimentos em que uma das partes,
ao invés de tentar eliminar o conflito, mata o oponente.
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