Conselho
de Segurança da ONU solicita cessar-fogo imediato na faixa de Gaza
Membros do Conselho de Segurança da
ONU se reúnem na sede da entidade, em Nova York, para discutir um cessar-fogo
imediato e inegociável entre Hamas e Israel, para a faixa de Gaza.
Com mais de 1.000 pessoas mortas no
conflito entre Israel e Hamas, o Conselho de Segurança da ONU pediu "um
cessar-fogo humanitário imediato e incondicional" na guerra de Gaza entre
Israel e o Hamas. O pedido foi feito após reunião de emergência reunida na sede
da entidade, em Nova York, na madrugada desta segunda-feira (28), e foi
criticado tanto por israelenses quanto por palestinos.
O cessar-fogo permitiria a entrega de
"ajuda urgente", diz a declaração, lida pelo presidente rotativo do
Conselho, o embaixador de Ruanda, Eugene- Richard Gasana. O texto acordado por
unanimidade insta Israel e o Hamas "a aceitar e implementar integralmente
o cessar-fogo humanitário no período do Eid al-Fitr" – feriado que marca o
fim do Ramadã, o mês sagrado do islamismo.
28.jul.2014 - Moradores do bairro
residencial de Shejaiya, na Cidade de Gaza, reúnem pertences entre escombros de
edifícios destruídos neste domingo (27), por bombardeios e ataques com tanques
israelenses. O movimento islâmico Hamas disparou mais foguetes contra Israel,
motivando uma solicitação da ONU por um cessar-fogo imediato e inegociável
entre o grupo e Israel Marco Longari/AFP.
Segundo a rede norte-americana CNN, O
conselho de 15 países também proclamou seu apoio a "uma paz abrangente
baseada na visão de uma região onde dois Estados democráticos, Israel e
Palestina, vivem lado a lado em paz com fronteiras seguras e reconhecidas como
previsto na resolução do Conselho de Segurança 1850 (de 2008)".
O representante palestino na ONU,
Riyad Mansour, disse que o comunicado não fez avanços e que era necessária uma
resolução formal exigindo a retirada das forças israelenses de Gaza. "Eles
deveriam ter adotado uma resolução há mais tempo, condenando esta agressão e
pedindo que esta agressão pare imediatamente", disse.
O representante de Israel na ONU, Ron
Prosor, qualificou o comunicado de tendencioso, por deixar de mencionar o
lançamento de foguetes por militantes palestinos contra o território
israelense. "Milagrosamente, o texto não menciona o Hamas", protestou
Prosor.
A chamada para um cessar-fogo veio
depois que Hamas e Israel voltaram a novas agressões, depois de um cessar-fogo
temporário falhar. O governo israelense acusou o Hamas de não ter respeitado a
trégua solicitada pelo próprio grupo islâmico.
Mais de mil mortos, entre eles 218
crianças.
Após a trégua de 12 horas do sábado
(26), centenas de corpos que estavam sob escombros em Gaza foram recolhidos, o
que aumentou o número de mortes palestinas para mais de mil, segundo a ONU e
autoridades locais.
A Unicef (Fundo das Nações Unidas
para a Infância) estima que ao menos 218 crianças foram mortas no confronto
entre militares israelenses e radicais do Hamas. Desse total, dois terços delas
teriam idade inferior a 12 anos.Do lado israelense, 43 soldados e três civis
foram mortos em 20 dias de conflito.
"Parem matança"
O secretário-geral da ONU, Ban
Ki-moon, condenou o ataque feito na última quinta-feira (24) ao abrigo da
entidade na faixa de Gaza. Entre as vítimas estavam mulheres, crianças e
funcionários da ONU.
O local, uma escola da UNWRA (Agência
de Assistência aos Refugiados Palestinos) em Beit Hanoun, era usado por dezenas
de pessoas como refúgio dos últimos confrontos na região entre Israel e o
Hamas.
"Estou horrorizado com as
notícias de um ataque a uma escola de UNRWA, em Gaza do norte, onde centenas de
pessoas haviam se refugiado", afirmou Ban em comunicado no dia do
ocorrido. "O ataque destaca a necessidade imperativa de parar a matança –e
pará-la agora", disse Ban, acrescentando que Israel precisa respeitar
regras humanitárias internacionais. Entre elas está a inviolabilidade das
integridade das instalações da ONU e de seus funcionários. (Com agências
internacionais)
Entenda a ofensiva de Israel em Gaza
Como o novo conflito começou?
A tensão aumentou drasticamente após
o sequestro de 3 jovens israelenses na Cisjordânia, em junho. Israel então fez
missão de busca que prendeu 420 palestinos e matou 6 inocentes. Após 18 dias,
os corpos dos jovens foram achados. Vários grupos jihadistas assumiram o crime.
Mas Israel culpa o Hamas, que não se posicionou. Depois, um palestino de 16
anos foi morto em Jerusalém por judeus radicais
Em qual contexto político o crime
aconteceu?
As relações entre os governos
israelense e palestino já estavam tensas desde que, em abril, Hamas e Fatah
anunciaram governo de unidade nas regiões autônomas palestinas. O presidente
palestino, Mahmoud Abbas, disse que o novo governo reconhece os acordos de paz
assinados, mas Israel acha que Abbas não pode fechar acordo com Israel e, ao
mesmo tempo, com o Hamas, que quer a destruição de Israel
Por que a área do conflito é
polêmica?
Os jovens israelenses eram de
assentamentos em território palestino da Cisjordânia considerados ilegais pela
ONU por violar o artigo 49 da Quarta Convenção de Genebra, de 1949, que proíbe
a transferência violenta de população civil para outro Estado. Israel discorda
dessa interpretação e alegando que a área nunca teria sido parte de um Estado
soberano e que o acordo não se aplica ali
Por que a ONU fala em
"emergência humanitária"?
A ofensiva de Israel está cada vez
mais sangrenta. Em poucas semanas, mais de mil palestinos foram mortos nos
ataques em Gaza, inclusive dezenas de idosos e crianças. Cerca de 53 mil
soldados israelenses agem em uma pequena faixa de terra de 362 km2, ondem vivem
meio à extrema pobreza 1,8 milhão de palestinos. A ONU diz que mais de 3/4 das
vítimas são civis e já são mais de 80 mil desabrigados.