domingo, 10 de julho de 2016

Entendendo...

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OS EMOS COMO UMA TRIBO URBANA

Sociologia

Franja, piercings e tênis coloridos são alguns elementos da estética emo. Além disso, a tribo dos emos possui raízes musicais no emocore, gênero que mistura som pesado e letras românticas.


Olhos pintados com lápis preto, cobertos com franjas, adereços como cintos de grandes fivelas e tênis coloridos, além de piercings no rosto e roupas de cor predominantemente escura (embora existam os que prefiram outras cores) são alguns dos elementos utilizados pelos emos, que tentam expressar um estilo próprio que se tornou comum nos centros urbanos na última década. 

Obviamente, tal grupo não nasceu apenas como um estilo ou certo modismo. Originalmente, surgiram na década de 1980, nos Estados Unidos, tendo em suas raízes um gosto pelo rock e pelo punk, mas mais precisamente pelo chamado emocore, um gênero de música que mistura hardcore (de tom mais agressivo) com letras românticas.

Até se chegar ao tipo de música que realmente caracteriza o gosto dos emos atualmente, várias transformações ocorreram, distanciando-os cada vez mais do rock e do punk de trinta anos atrás. Dentre as primeiras bandas que produziriam um som emocore estariam Rites of Spring e Embrace, passando na década de 1990 por bandas como Jimmy Eat World e Dashboard Confessional, até chegar mais recentemente à Fall Out Boy, Panic! at the Disco e My Chemical Romance. 

No Brasil, bandas como NXZero, Fresno e  Restart seriam alguns exemplos desse gênero, o qual aqui teria chegado após o ano 2000. Contudo, é válido observar que muitas dessas bandas, ao que parece, não necessariamente se autorreferenciariam como fazendo parte do gênero emo, uma vez que haveria algo de pejorativo em tal classificação ou rótulo, desvirtuando o que tais bandas acreditariam ser realmente seu estilo musical.

Grosso modo, os emos são um tipo de grupo social informal (estes são constituídos por indivíduos que de algum modo comungam de uma visão de mundo, de um gosto por uma alternativa de comportamento). 

Consideram-se pessoas altamente emotivas e sensíveis às letras das músicas de sua preferência, as quais têm como temática a melancolia, a tristeza, problemas que envolvem a temática do amor, da rejeição do outro (como da própria família). Porém, é válido dizer que muitos entre os que aderem a esse grupo assim não o fazem apenas pelo gosto musical em comum, mas em grande medida pela identidade ou empatia a esse modo de vida, de comportamento, enfim, pela própria moda no tocante à vestimenta.

Quase que absolutamente, trata-se de grupos compostos por adolescentes e, dessa forma, pode-se compreender que a adesão e a procura de um “estilo” estão ligadas certamente ao momento da vida em que se busca construir uma identidade, lutando-se pela autoafirmação. 

Nesse sentido, talvez esse aspecto da transição na formação da personalidade (entre a infância e a idade adulta) possa explicar a mistura de símbolos do estilo punk com outros de certo aspecto infantil, como se vê na mescla entre roupas escuras e estampas de personagens infantis, além dos colares de contas coloridas, dos bottons, dos chaveiros e mochilas, dos bichos de pelúcia, etc.

Outro aspecto curioso no comportamento dos emos está na questão da sexualidade, a qual dentro desses grupos pode se manifestar de várias formas para além da heterossexualidade. Aliás, parte do preconceito que sofrem se dá por conta do já existente preconceito contra homossexuais e bissexuais, uma vez que esses tipos de sexualidade são bastante comuns entre os emos. 

A própria emotividade e a sensibilidade tão características desse grupo vão na contramão de uma expectativa social, por exemplo,  com relação a um comportamento masculino de um adolescente homem, o qual, pelo senso comum, deveria ser mais agressivo e não emotivo. Dessa forma, têm-se condições para se criar estereótipos, os quais certamente apenas servem para corroborar preconceitos de toda natureza.

Buscando-se aqui traduzir uma leitura imparcial, não se trata de criticar ou fazer apologia a essa tribo urbana, mas sim de compreender que os emos, enquanto grupo, veem em seu comportamento – assim como em outras épocas outros jovens também o faziam – uma forma de “transgredir” uma norma ou expectativa construída pela sociedade. 

Por isso, ao se falar de novas tribos urbanas ou de grupos em geral que constituem minorias, é preciso considerar que a intolerância da sociedade com os “diferentes” fica expressa nos atos de violência, sejam em termos físicos ou psicológicos. Assim, um curioso fenômeno social pode ser percebido no fato de que essa mesma sociedade urbana/industrial, ao passo que cria os mais diferentes grupos sociais – como os emos –, não se mostra suficientemente capaz de lidar com eles.


http://brasilescola.uol.com.br/sociologia/emo.htm

Cultura...

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Significado de Cultura popular
O que é Cultura popular:

Cultura popular é uma expressão que caracteriza um conjunto de elementos culturais específicos da sociedade de uma nação ou região.


Muitas vezes classificada como cultura tradicional ou cultura de massas, a cultura popular é um conjunto de manifestações criadas por um grupo de pessoas que têm uma participação ativa nelas. A cultura popular é de fácil generalização e expressa uma atitude adotada por várias gerações em relação a um determinado problema da sociedade. A grande maioria da cultura popular é transmitida oralmente, dos elementos mais velhos da sociedade para os mais novos.

A cultura popular surgiu graças à interação contínua entre pessoas de regiões diferentes e à necessidade do ser humano de se enquadrar ao seu ambiente envolvente. A sociologia e etnologia, que estudam a cultura popular, não têm como objetivo fazer juízos de valor, mas identificar as manifestações permanentes e coerentes dentro de uma nação ou comunidade.

Alguns estudiosos indicam que cada pessoa tem no seu interior a noção do que é popular, que é definido pela vertente de tradição e comunidade.

A cultura popular é influenciada pelas crenças do povo em questão e é formada graças ao contato entre indivíduos de certas regiões. Pode envolver áreas m música, literatura, gastronomia, etc.

Cultura popular brasileira
A cultura popular brasileira é caracterizada por diferentes categorias culturais, causadas pelo regionalismo. Na cultura popular brasileira é possível verificar variações na música, dança, e gastronomia. A música sertaneja, a capoeira, o folclore, a literatura de cordel, o samba, são elementos importantes da cultura popular brasileira. No âmbito da gastronomia, a culinária baiana é das mais apreciadas no Brasil.

Cultura popular e cultura de massa
De acordo com alguns autores, só é possível fazer a diferenciação entre cultura popular e cultura de massas quanto o passar do tempo separa o que é moda e circunstância, alcançando e integrando a essência de um povo. Neste caso, a palavra "massa" não remete para uma classe social, e sim para um grande número de pessoas dentro de uma sociedade.

Apesar das duas expressões serem frequentemente usadas como sinônimos, algumas pessoas fazem a diferenciação, referindo que a cultura de massa revela um produto ou vertente cultural que é difundido para as grandes massas, muitas vezes para todos o mundo. A cultura de massa é frequentemente divulgada em meios de comunicação de massa, e na grande maioria dos casos, é incentivada por indústrias com o objetivo de obter lucros. Exemplo disso é Coca Cola, MacDonald's, pizza, etc.

Por outro lado, a cultura popular remete para diferentes manifestações que são populares e com origem em diferentes regiões. Está mais relacionada com a tradição e é transmitida de geração em geração.

Cultura popular e cultura erudita
A cultura erudita, também conhecida como cultura de elite ou cultura superior, é aquela que é obtida através de estudos, investigação teórica e dados empíricos. Ao contrário da cultura popular, a cultura erudita é quase exclusiva para pessoas com capacidade financeira elevada. A ópera e obras de arte são alguns exemplos de manifestações da cultura erudita.


http://www.significados.com.br/cultura-popular/

Curiosidade...

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O SURGIMENTO DA MODA

A moda surgiu em meados do século XV no início do renascimento europeu. A palavra moda significa costume e provém do latim modus. A variação da característica das vestimentas surgiu para diferenciar o que antes era igual, usava-se um estilo de roupa desde a infância até a morte.

A partir da Idade Média, as roupas eram diferentes seguindo um padrão que aumentava segundo a classe social, houve até leis que restringiam tecidos e cores somente aos nobres.

A burguesia que não era nobre, mas era rica, passou a imitar o estilo nobre das roupas iniciando um processo de grande trabalho aos costureiros que a partir de então, eram obrigados a produzirem diferentes estilos para diferenciar os nobres dos burgueses.

Com a revolução industrial no século XVIII, o custo dos tecidos diminuiu bastante, em 1850 com a invenção das máquinas de costura o custo dos tecidos caiu ainda mais.

A partir de então, até os mais humildes puderam comprar roupas melhores.

Mesmo após a facilidade das confecções, as mulheres ainda eram privadas da modernidade continuando a usar roupas sob medida. A partir desta dificuldade, surgiu a alta costura que produzia diferentes estilos por meio de estilistas que inventavam tendências.


http://brasilescola.uol.com.br/curiosidades/o-surgimento-moda.htm

Piada...

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Vida depois do casamento

Piadas Curtas

A esposa estava lavando a louça, enquanto o marido tomava uma cerveja sentado no sofá.

De repente, o marido se vira para esposa e pergunta:

- Amor, o que você fazia antes de casar comigo?


E a mulher, sem pensar duas vezes, responde:

- Eu vivia!


Piadas: http://www.piadas.com.br/

Devanear...

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Reação violenta...


Tiros de fuzil em Dallas

Na mesma cidade em que John F. Kennedy foi assassinado, um atentado brutal expõe a tensão racial nos Estados Unidos
O barulho de tiros de fuzil ecoou forte pelas ruas de Dallas, a terceira maior cidade do Texas, nos Estados Unidos, na noite da quinta-feira, dia 7. Dezenas de vídeos, gravados por presentes que fugiam do fogo cruzado, circulavam minutos depois nas redes sociais e exibiam um cenário de horror, caos e medo no coração da cidade, em um local a poucas quadras da Dealey Plaza, onde o presidente John F. Kennedy foi assassinado em 1963.

O alvo, desta vez, eram os policiais texanos que escoltavam uma marcha, pacífica, contra a violência policial e a morte de jovens negros. Cinco policiais morreram e sete ficaram feridos depois que quatro atiradores, agindo no que aparenta ser uma ação coordenada, dispararam tiros no momento em que a manifestação caminhava para sua conclusão.

Foi o maior ataque contra forças de segurança no país desde o de 11 de setembro de 2001. Um dos responsáveis foi encurralado pela polícia. Durante a negociação, segundo os agentes que o cercaram, ele disse que estava com muita raiva e que queria “matar policiais brancos”. Terminou morto.

A ação foi uma resposta – violenta e injustificável, como observou o presidente Barack Obama – a eventos ocorridos nesta semana, quando, em menos de 48 horas, dois americanos negros foram mortos em uma abordagem policial. Alton Sterling, em Louisiana, levou uma sequência de tiros no peito quando estava já imobilizado no chão por dois policiais.

A ação foi filmada por testemunhas e publicada na internet. Um dia depois, em Minnesota, a morte de Philando Castile a tiros foi transmitida ao vivo por sua namorada, Diamond Reynolds, no Facebook. O casal fora abordado por um policial, aparentemente por uma lanterna traseira queimada.

Uma criança de 4 anos, filha de Diamond, presenciou a cena do banco de trás. Depois das mortes, novamente os Estados Unidos foram tomados por manifestações de revolta popular.



ATAQUE

A área onde ocorreu o ataque em Dallas, na quinta-feira, dia 7, durante uma manifestação pacífica. Cinco policiais morreram vítimas de atiradores.

Área onde ocorreu o ataque contra policiais em Dallas,na quinta dia 07 (Foto: Laura Buckman/AFP)


Sterling e Castile somam-se à longa lista de mortes de negros em circunstâncias controversas em abordagens policiais no país. A questão ganhou proeminência graças à atuação de movimentos como o Black Lives Matter (Vidas Negras Importam).   

O slogan se tornou internacional depois que a cidade de Ferguson, em Missouri, imergiu em protestos seguidos de repressão violenta, em 2014. O estopim, daquela vez, foi o adolescente Mike Brown Jr., de 18 anos, morto a tiros por um policial.

O jovem estava desarmado. Nas semanas e nos meses que se seguiram, um debate sobre racismo e uso de força policial tomou conta do país. Desde então, a cada nova morte de negros por policiais, a discussão vem à tona.

A sequência de incidentes trágicos eleva o tom da discussão sobre porte de armas, racismo e uso de força policial nos Estados Unidos. Loretta Lynch, a procuradora-geral americana e primeira mulher negra a ocupar o cargo, pediu a seus compatriotas união. “Não podemos deixar que esta semana precipite um novo tipo de normalidade neste país.

Peço a vocês que se virem para os outros, não contra os outros”, disse. “Conclamo vocês a lembrar, todo dia, a cada dia, que somos uma nação. Somos um só povo. E estamos juntos.”

As estatísticas disponíveis tendem a corroborar o pleito dos manifestantes que cobram uma reformulação na maneira como a polícia atua, principalmente em relação a comunidades de minorias raciais.

Embora, em números absolutos, a quantidade de brancos mortos em abordagens policiais nos Estados Unidos seja superior ao de negros, em termos proporcionais negros morrem mais vítimas de abordagens policiais do que os brancos.

Outros fatores como pobreza, desigualdade e violência em comunidades periféricas desempenham um papel na questão. Os números indicam a ocorrência de uma combinação tóxica de falta de treinamento, transparência, fiscalização e punição de agentes de segurança envolvidos em abordagens seguidas de morte. Além de racismo puro e simples, claro.

O pleito por mudança e reforma na maneira como as forças de segurança trabalham enfrenta a resistência do corporativismo dos policiais. Em uma triste ironia, a polícia de Dallas, alvo do ataque da quinta-feira, era citada como exemplo para polícias do resto dos Estados Unidos, por causa de seu trabalho junto à comunidade e no uso de estratégias para agir de maneira a impedir uma escalada na tensão durante abordagens policiais.

Depois que novos protocolos foram implementados pela corporação, o número de queixas por violência policial caiu 64% entre 2009 e 2014 na cidade (a maior parte da  mudança ocorreu após David Brown, negro, chegar ao comando da polícia, em 2010). Momentos antes de o tiroteio começar, sua conta oficial do Twitter compartilhara fotos e vídeos da manifestação, citando os slogans gritados e enfatizando o caráter pacífico do ato.

O clima de tensão racial vivido pelo país tem raízes históricas. No entanto, desde a eleição de Barack Obama, o primeiro negro a ocupar a Presidência do país, em 2008, grupos supremacistas brancos parecem cada vez mais confortáveis em vocalizar suas posições racistas e virulentas. A candidatura presidencial do bilionário Donald Trump, que não tem pudor em disparar slogans xenofóbicos e racistas (a ponto de receber apoio de um ex-líder da organização racista Ku Klux Klan), também deu voz a esses núcleos.

Depois do ataque em Dallas, Joe Walsh, um ex-congressista membro do Tea Party, ala radical do Partido Republicano, tuitou: “Agora é guerra. Preste atenção, Obama. Prestem atenção, marginais do Black Lives Matter. A América de verdade irá atrás de vocês”.

Com as convenções partidárias de democratas e republicanos marcadas para daqui a duas semanas, em Filadélfia e em Cleveland, é provável que haja protestos, principalmente em Cleveland, onde ocorrerá a Convenção Republicana. Cleveland é uma das cidades mais violentas dos Estados Unidos e uma das metrópoles onde há mais casos de violência policial contra negros. A possibilidade de protestos e conflitos e os ataques de Dallas fizeram a polícia de Cleveland reforçar o esquema de segurança.

Não é o primeiro verão de violência racial nos Estados Unidos. Entre 1965 e 1968, uma série de tumultos raciais varreu o país e culminou no assassinato de Martin Luther King Jr., um marco trágico na luta pelos direitos civis dos negros nos Estados Unidos. Em 1992, a situação foi ainda pior.

Quatro policiais foram filmados espancando um motorista negro, Rodney King. Depois de um júri de maioria branca inocentar os policiais, a revolta se espalhou pelas ruas de Los Angeles. Por seis dias, manifestantes e policiais se enfrentaram nas ruas. Lojas foram saqueadas, carros foram destruídos, 55 pessoas morreram e mais de 2 mil ficaram feridas.

Os Estados Unidos vêm avançando no combate ao racismo – e por isso mesmo atos como os da semana passada são lamentáveis. Depois de uma série de protestos de negros lutando pelos direitos civis em Newark e Detroit, em 1967, o então presidente americano, Lindon B. Johnson, designou uma comissão para tentar entender os motivos da violência racial.

“Nossa nação está se movendo em direção a duas sociedades, uma negra e uma branca – separadas, e desiguais”, escrevia em seu relatório a Comissão Kerner. Se os americanos não agirem para barrar a onda de ódio e tensão racial, o país pode reviver cenas que há décadas tenta esquecer.


A violência policial nos Estados Unidos  (Foto: Época)




http://epoca.globo.com/tempo/noticia/2016/07/tiros-de-fuzil-em-dallas.html

Separados? Juntos?



A questão dos toaletes

O banheiro virou tema de debate. Vou mais longe. Por que há banheiro para homem e para mulher?

Há alguns anos traduzi e adaptei para jovens A Dama das Camélias, de Alexandre Dumas Filho. A certa altura, empaquei no original francês. O protagonista, Armand, seguia Marguerite até seu “toilete”. Ela, recostada em um canapé, ouvia as juras de amor dele, ajoelhado. Quando ele saía, ela pegava uma pequena bacia e escarrava sangue. Estranhei. Comparei com outras traduções. Em todas, “toalete”. Mas aqui usa-se o termo para banheiro social. Pede-se, educadamente, para evitar falar em necessidades físicas.

– Posso ir à toalete? Rápido!

Mas Armand se ajoelharia para declarar seu amor ao lado de um vaso sanitário? Marguerite deitaria no canapé sob o risco de bater a cabeça e dar descarga? Fui à luta. Busquei plantas de prédios de meados do século XIX, em Paris, como o que Marguerite moraria. Concluí: tratava-se do que chamaríamos de quarto de vestir, com um penico embaixo do canapé. O prédio teria um local para jogar as “águas sujas”, como diz Eça de Queiroz em O Primo Basílio. Traduzi como “quarto de vestir” para dar uma ideia mais aproximada.

Fiquei pensando em como adotamos toalete como se fosse um eufemismo. Até bem pouco tempo atrás, o banheiro não era bem-visto pelos arquitetos. No interior, era comum que fosse fora da casa. O visitante pedia:

– Posso usar a casinha?

No lar, só penicos. Tinham suas vantagens. Estimulavam a flexibilidade das pernas, mesmo em idades avançadas. Mansões de décadas atrás ofereciam um banheiro para três quartos. No máximo, uma suíte para o casal. Nos Estados Unidos, segundo o filme Vidas cruzadas (The help, de Tate Taylor, 2012), nos anos 1960 surgiu o banheiro de empregada. Questão de racismo, pois as patroas brancas não queriam usar o mesmo ambiente que as empregadas negras. Uma racista chega a dizer: “Elas carregam doenças diferentes das nossas”.

Banheiro de empregada é discriminação. Racial ou social, por pobreza. O que faz alguém diferente de alguém a ponto de não poder usar o mesmo? No Brasil, a questão nem foi levantada. Herança das senzalas, os aposentos para empregadas permaneceram. E nunca se discutiu por que alguém pode trabalhar numa casa, participar da intimidade e à noite ser trancada num cubículo, com um banheiro cuja porta nem fecha.

Nos últimos anos, porém, os arquitetos e construtoras piraram na questão. Um apartamento de classe média alta hoje oferece todos os quartos com suíte. Mais toalete. E banheiro de empregada. Digamos, três quartos, cinco banheiros. Recentemente, em uma festa, ouvi uma ricaça reclamar:

– Mas como só toalete para visitas? Seria preciso dois!

Livros já foram objeto de decoração nas salas elegantes. Perderam espaço para torneiras, pias e chuveirinhos. Apartamentos do tipo quarto e sala chegam a oferecer um “toa­lete” para visitas, além da suíte. Nos de luxo, dois banheiros na suíte do casal, para ele e ela. Que frenesi por banheiros é esse?

Agora vem uma nova questão, a de gênero. Os conservadores defendem que a pessoa só use o banheiro correspondente ao sexo da certidão de nascimento. Mesmo transexual ou travesti. Travestis e transexuais, com razão, sabem que nos banheiros masculinos podem ser vítimas de ofensas e agressões. Vou mais longe. Por que há banheiro para homem e mulher? Em eventos, quando vejo as longas filas dos femininos, costumo brincar com elas, todas tensas, segurando-se, mal-humoradas.

No Japão, em duas viagens que fiz, percebi que essa diferença é muito relativa. Em baladas, mulheres usam normalmente banheiros masculinos. Em banhos públicos, próximos de fontes vulcânicas, homens, mulheres e crianças misturam-se pelados, sem constrangimento. De banheiro de empregada não sei, até porque japonês nem têm esse tipo de funcionária. E, com o espaço reduzido de Tóquio, duvido que alguém tenha quatro suítes. Parece escandalosa e temível essa mistura?

Certa vez, no Museu do Louvre, em Paris, eu estava em pé, enfileirado, com uns cinco cavalheiros, naquele momento crucial. Filinha de espera. Uma mulher, turista oriental, entrou, passou por nós sem dar a menor importância e foi para um reservado. Tudo com extrema naturalidade.

Não sei explicar. Só queria entender. Por que o frenesi por banheiros entre os arquitetos? E como se transformou em debate encarniçado na questão de gêneros? Não seria mais fácil para quem quer entrar trancar a portinha?


Mais uma etapa superada...