Eutanásia
Sociologia
A eutanásia é
o ato em que um indivíduo, em situação de sofrimento constante por um mal ou
doença incurável, escolhe cessar sua própria vida.
A eutanásia é
definida como a conduta pela qual se traz a um paciente em estado terminal, ou
portador de enfermidade incurável que esteja em sofrimento constante, uma morte
rápida e sem dor. É prevista em lei, no Brasil, como crime de homicídio.
Entre as
formas dessa prática existe a diferenciação entre eutanásia ativa, quando há
assistência ou a participação de terceiro – quando uma pessoa mata
intencionalmente o enfermo por meio de artifício que force o cessar das
atividades vitais do paciente - e a eutanásia passiva, também conhecida como
ortotanásia (morte correta – orto: certo, thanatos: morte), na qual se consiste
em não realizar procedimentos de ressuscitação ou de procedimentos que tenham
como fim único o prolongamento da vida, como medicamentos voltados para a
ressuscitação do enfermo ou máquinas de suporte vital como a ventilação
artificial, que remediariam momentaneamente a causa da morte do paciente e não
consistiriam propriamente em tratamento da enfermidade ou do sofrimento do
paciente, servindo apenas para prolongar a vida biológica e, consequentemente,
o sofrimento.
A literatura
que trata desse tema é ainda escassa no Brasil, uma vez que o tema é um tabu e
geralmente associado ao suicídio assistido. No entanto, aqueles que advogam a
favor da “boa morte”, como é referida por estes, a diferenciação do suicídio
assistido com o argumento de que a ortotanásia, ou eutanásia passiva, nada mais
é que permitir que o indivíduo em estado terminal, portador de doença incurável
e que demonstre desejo conscientemente, possa passar pela experiência da morte
de forma “digna e sem sofrimento desnecessário”, sem a utilização de métodos
invasivos para a prolongação da vida biológica e do sofrimento humano. Uma
morte natural.
A eutanásia
não é um dilema recente, trata-se de uma discussão que permeia a história
humana por tratar de um tema tão complexo e sensível: a escolha individual da
vida pela vida, ou o direito a escolher quando o sofrimento ou a dor pode se
tornar uma justificativa tangível para que se busque a morte como meio de
alívio.
A eutanásia é
um direito legalmente previsto em alguns países como a Holanda e a Bélgica, nos
casos para pacientes terminais ou portadores de doenças incuráveis que
acarretam em sofrimento físico e emocional para o paciente e seus familiares.
Em outros países, no entanto, é possível que o paciente faça o requerimento
legal de não haver tentativa de ressuscitação no caso de parada crítica de
órgãos. É importante destacar que a eutanásia é um ato de vontade própria e
individual do enfermo, quando em estado de plena consciência, que garante a
esse a escolha entre cessar seu sofrimento em vida ou continuar lutando. Este é
o principal ponto da discussão sobre o direito de escolha individual à vida: a
liberdade do sujeito que sofre em determinar se sua vivência é justificada seja
pelas suas crenças, vontade individual, ou por simples compaixão por aqueles
que seriam atingidos pela sua morte.
No Brasil, a
eutanásia é um crime previsto em lei como assassinato, no entanto, existe um
atenuante que é verificado no caso do ato ter sido realizado a pedido da vítima
e tendo em vista o alívio de um sofrimento latente e inevitável, que reduz a
pena para a reclusão de 3 a 6 anos.
Os debates
sobre o assunto são geralmente encabeçados por membros de organizações
religiosas, que argumentam que a vida é uma dádiva divina sobre a qual nenhum
ser humano tem direito ou o poder de voluntariamente cessá-la, e por alguns
profissionais da saúde que argumentam que as enfermidades que acarretam em
sofrimento prologando seriam reduzidas caso os governantes investissem mais em
formas de assistência de saúde de maior qualidade. Aqueles que lutam pela sua
legalização se pautam no direito da escolha individual, independente de crença
religiosa, no que diz respeito à sua própria vida, tendo sempre em vista a
dignidade humana e o direito de acabar com o sofrimento quando não existe outra
alternativa.
Um dos
maiores defensores da eutanásia, o médico Jack Kevorkian, assistiu a mais de
130 doentes terminais em suas mortes*
O assunto é
incrivelmente complexo e possui vários lados a serem vistos, para isso é
importante que ele seja exposto de forma compreensível para todos. Filmes que
tratam sobre a eutanásia são uma boa fonte de informação. Um deles é o filme
Você não conhece o Jack (You don't know Jack – 2010) que conta a história real
de Jack Kervokian, um médico que realizava a eutanásia para pacientes em estado
terminal e em sofrimento agudo.
A vida, a
morte e o sofrimento humano são sempre assuntos complexos e difíceis de serem
tratados. Entretanto, essa é uma realidade a qual todos estamos sujeitos.
*Créditos da
imagem: Dfree / Shutterstock.com
http://www.brasilescola.com/sociologia/eutanasia.htm
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