domingo, 1 de junho de 2014

Língua afiada...




PEGADINHA GRAMATICAL

A função dos pronomes oblíquos como complementação verbal

Ao falarmos sobre pronomes, remetemo-nos à ideia de um termo que acompanha ou substitui o nome (substantivo), perceba:

Aquela obra é importantíssima para nossa pesquisa

Eu vi os meninos ontem, encontrei-os saindo do shopping.

Notamos que o pronome “aquela” acompanha o substantivo “obra”, e que “os” substitui o termo “meninos”.

Dentre as subclassificações dos pronomes destacamos: demonstrativos, possessivos, de tratamento, adjetivos, substantivos, interrogativos, relativos, pessoais do caso reto e do caso oblíquo.

Em se tratando dos pronomes do caso oblíquo, estes dividem-se em átonos e tônicos.

Vejamos, pois, esses pronomes, tendo em vista a respectiva relação que estabelecem com os pessoais:

Eu – me, mim, comigo
Tu – te, ti, contigo
Ele – o, a, lhe, se, si, consigo
Nós – nos, conosco
Vós - vos, convosco
Eles - os, as, lhes, se, si, consigo

Para compreendermos melhor sobre o referido assunto, é essencial que façamos a diferença entre artigo e pronome oblíquo. Note:

A aluna é esforçada, pois a vi estudando na biblioteca.

Enfatizando o assunto sobre complementação verbal, analisemos o pronome oblíquo referente à segunda oração:

Esse, por sua vez, refere-se a alguém, ou seja, à menina. No caso, ele funciona como complemento do verbo “ver”.

E quando falamos em complementação verbal, referimo-nos a objeto direto e objeto indireto.

Desta forma, o pronome oblíquo “a” tem a função sintática de objeto direto.

Já nesta oração, analise:

Eu entreguei-lhe o convite de casamento.

Ora, quando entregamos algo, geralmente é para uma determinada pessoa. Por isso, caso fôssemos desdobrar a oração, ficaria:

Eu entreguei o convite de casamento para ele (ela).

Notadamente, há a presença da preposição, e por assim dizer, estamos diante de um objeto indireto.

História...

Bárbaros: o mundo em transição
A partir do século 4 tudo mudou. Um império gigantesco sumiu, devorado por dezenas de povos bárbaros. Alguns deles sobreviveram até hoje. Outros se perderam para sempre.

No momento em que, em 370, os hunos, liderados por Átila, decidiram cavalgar das estepes asiáticas em direção a oeste, a Europa começou a ficar de pernas para o ar. Apenas 106 anos depois, caía por terra o Império Romano do Ocidente. Tinha início um processo militar, político e social, que transformou para sempre os rumos da História. 

Furiosos, destemidos, violentos, os hunos começaram a pressionar alguns povos, como ostrogodos e vândalos, que estavam em seu caminho. Para escapar da fúria de Átila e seus guerreiros, essas tribos também passaram a procurar recantos mais seguros onde pudessem se estabelecer. 

Tarefa nada fácil, já que naquela época o mundo era dominado por uma potência militar, política e econômica: o Império Romano. Com cerca de 6 milhões de quilômetros quadrados, o território latino se estendia de Portugal ao Iraque, do norte da África à Inglaterra. Apesar de alguns conflitos aqui e ali, havia um razoável equilíbrio entre os romanos e os povos por eles dominados. Em alguns casos, até postos do próprio exército imperial eram ocupados pelos germânicos, povo originário de uma região além das fronteiras do império.

A erupção dos hunos detonou um processo irreversível. Era o início de uma era que entrou para a História com o nome de invasões bárbaras. Tradicionalmente esse período abrange os séculos 5 e 6, embora tenham ocorrido invasões de povos bárbaros antes e depois disso, como se verá a seguir. Nessa época, o Império Romano desabou como um castelo de cartas e foi invadido por forasteiros de todos os cantos. 

“Germânicos de quase todas as tribos marcharam em massa para dentro do império. Foi uma verdadeira inundação humana”, conta o historiador Voltaire Schilling. Mas, afinal, quem eram esses povos que desafiaram o poder romano? Por que passaram a ser conhecidos como bárbaros? De onde vinham?

Bárbaros também por não tomar vinho
O conceito de povos bárbaros tem raízes na Grécia Antiga, cerca de dez ou 12 séculos antes de Cristo. Os gregos já haviam sistematizado a noção de barbaroi, termo que designava todo aquele que não falava grego. Essa visão egocêntrica do estrangeiro sempre foi própria do homem e a história da relação entre os povos muitas vezes é a história da percepção que ele tem do outro. 

Segundo o historiador búlgaro Tzvetan Todorov, o outro pode ser qualquer coisa: as mulheres para os homens, os ricos para os pobres... Mas também pode estar numa outra sociedade, que será próxima ou distante segundo nossos valores culturais, morais e históricos. “Os outros podem ser desconhecidos, estrangeiros, cuja língua e costumes não compreendemos, tão estrangeiros que chegamos a hesitar em reconhecer que somos da mesma espécie”, relata Todorov em sua obra Conquista da América. 

Esse conceito é tão próprio ao ser humano que até culturas distantes da grega tratavam do assunto de modo semelhante. Para os astecas, de língua nahuatl, por exemplo, o estrangeiro era chamado de popoloca.

O conceito cunhado pelos gregos atravessou os séculos e foi parar em Roma. Não por acaso, já que Roma, desde o século 5 a.C., importou da Grécia valores culturais, políticos, referências arquitetônicas e artísticas. Assim, para os romanos, os germânicos eram os “outros”, incivilizados, diferentes, habitantes daquelas regiões que ficavam do outro lado das margens dos rios Reno e Danúbio, fronteiras naturais do poder romano na Europa. 

Ou seja, aqueles que tinham hábitos e costumes não românicos. “Até o fato de os germânicos não tomarem vinho era um argumento”, comenta a professora Norma Mendes, da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Como se vê, o termo bárbaro carregava também um boa dose de preconceito. Além do mais, era muito genérico e se aplicava a dezenas de povos nômades, bem diferentes entre si. Alguns tinham raízes na Ásia, como hunos e alanos. Outros vinham do norte da Europa, como ostrogodos, visigodos, borguinhões, vândalos, francos, lombardos e suevos. A relação é extensa. 

Havia quase uma centena de povos diferentes. E muitos, como os gépidos, os marcomanos e os lígios, nunca chegaram a constituir um Estado significativo.

Em geral esses povos não românicos não sabiam ler ou escrever (suas tradições, em geral, eram passadas de forma oral através das gerações) e praticavam religiões pagãs primitivas. Embora não tivessem um desenvolvimento avançado, não eram tão selvagens quanto supunham os romanos. 

Os germânicos praticavam agricultura e pecuária e introduziram na Europa artigos como peles, calças e vestimentas mais adequadas ao frio, esquis, o uso do sabão e da manteiga, a fabricação de tonéis, além do cultivo de novos cereais, como a aveia e o centeio. Alguns bárbaros como Teodorico, rei ostrogodo, foram educados nas melhores escolas de Constantinopla, capital do Império Romano do Oriente. Outros, como os hunos, mostraram aos europeus a importância da cavalaria e do arco e flecha curto.

Embora quase todos fossem nômades e procurassem novos espaços para se estabelecer (devido à falta de terras boas ou desequilíbrios populacionais), nem todos se expandiram no mesmo momento histórico e, com o passar do tempo, uns até subjugaram outros. Alguns deles sobreviveram. Outros foram varridos do mapa para sempre. 

Quanto à estrutura social, de maneira geral os germânicos eram ligados a valores familiares. Após o casamento, era comum se manterem fiéis por toda a vida. Seus hábitos eram também muito mais regrados. Banquetes e orgias pagãs, sodomias e outras perversões comuns em Roma e Grécia eram desconhecidos para a maioria deles. Na questão militar, em geral eram governados por um chefe de guerra ou tribal, que, dependendo do povo, era chamado de rei. 

Era assim com francos, vândalos, borguinhões, ostrogodos e visigodos. Abaixo na hierarquia social vinham os guerreiros, que juravam fidelidade ao chefe da tribo. Em seguida apareciam mercadores e súditos, obrigados a servir ao rei. Por último os escravos, geralmente cativos de guerras. Mas era possível a um guerreiro ascender ao topo da pirâmide e se tornar um líder tribal. As experiências militares variavam de acordo com o povo. Os suevos, por exemplo, eram sedentários, conciliadores e buscavam um lugar para se fixarem. Já os vândalos, brutais, militarizados e só se interessavam pela pilhagem.

Entre essas etnias tão diversas havia um contato estreito. Não raro dois ou mais povos se uniam e formavam uma confederação. Suevos, alanos e vândalos, por exemplo, cruzaram o rio Danúbio em 406 e migraram para a Espanha. Depois se dividiram. Os suevos fundaram um reino na atual Galícia, os alanos ficaram com a Lusitânia (atual Portugal) e os vândalos se fixaram na península Ibérica. 

Essa relação próxima fazia com que diferentes tribos se influenciassem mutuamente. Em termos físicos também havia grandes diferenças. Os hunos tinham traços asiáticos. Lombardos, ostrogodos, anglo-saxões e francos, a pele clara e olhos azuis.

Dos dórios aos mongóis
Embora o auge das invasões tenha ocorrido entre os séculos 5 e 6, não significa que, antes ou depois, não houvesse guerras entre povos nômades em expansão que se lançaram contra os romanos. Houve, e não foram poucas. Por isso, tomamos a liberdade de reverter o conceito clássico dessas invasões e o ampliamos para outras épocas históricas. 

Assim, as invasões bárbaras, em um sentido mais amplo, começam no século 12 a.C., quando os dórios, originários do norte da Europa, entraram em conflito com os micênicos, povo de língua grega instalado na Ática e no Peloponeso desde 2000 a.C., onde haviam criado uma civilização avançada. Os dórios eram nômades de língua estranha, não conheciam a escrita nem dominavam o comércio. 

A superioridade dórica no uso de utensílios e armas de ferro sobre o inimigo, que ainda permanecia na idade do bronze, falou mais alto. Por fim, o ciclo se fecha no século 13, com as hordas de mongóis comandadas por Gêngis Khan, que venceram os tártaros, invadiram a China e, em 1207, tinham toda a Mongólia a aos pés.

Nesses 25 séculos que separaram a primeira da última invasão, o mundo se transformou radicalmente. Roma, que no século 2 era a capital do maior império do mundo, passou a ser alvo de ataques bárbaros. Começou com os celtas (povo não romano que habitava a Europa desde 1500 a.C.), comandados por Brennus, em 390 a.C. Em 410 foi a vez de Alarico arrasar com a cidade. 

Outro saque histórico se deu em 455, sob o comando de Genserico. O auge da presença bárbara em Roma se deu em 476 (data que, para muitos historiadores, marca o fim do império), com a coroação de Odoacro, primeiro imperador romano de origem germânica.

Na verdade, romanos e germânicos nunca foram totalmente estranhos entre si. Desde o século 2, missionários do império procuravam introduzir o cristianismo entre os bárbaros e era cada vez mais normal que povos germânicos atravessassem os postos fronteiriços para viver como agricultores em terras romanas ou servir como mercenários nas famosas legiões romanas. 

“Também era muito comum o comércio entre eles”, revela Norma Mendes, da UFRJ. “Havia até mesmo uma parte da Germânia que pertencia ao Império Romano, cuja cidade mais importante era Colônia, na atual Alemanha”, acrescenta o historiador Pedro Paulo Funari, da Unicamp. Essa relativa harmonia, no entanto, estava com os dias contados.

Aproveitando-se do colapso que se abateu sobre o império, em pouco mais de 100 anos diversas tribos o retalharam e formaram os primeiros reinos germânicos na Europa e na África. Mesmo assim, influências romanas persistiram nos territórios ocupados, formando um amálgama com o conhecimento dos invasores. Ainda que, a princípio, parecesse o fim do mundo antigo, as mudanças não foram tão drásticas. 

“Ao mesmo tempo que os ataques foram os mais destrutivos assaltos dos povos germânicos contra o Ocidente, tiveram também conseqüências conservadoras para o legado latino”, escreve o historiador inglês Perry Anderson em Passagens da Antigüidade ao Feudalismo. Segundo ele, apesar de a unidade do império ter sido fragmentada, os bárbaros não foram capazes de substituir o sistema político porque havia uma grande diferença entre as duas civilizações. 

“Além disso, nessa primeira onda de migrações, o local de instalação final de cada povo estava muito longe de seu ponto de partida. Os visigodos viajaram dos Bálcãs à Espanha, os ostrogodos da Ucrânia à Itália e os vândalos, da Silésia à Tunísia. Como resultado, os colonos germânicos no sul da França, na Itália, na Espanha e no norte da África estavam limitados em número e não recebiam reforços por meio de migração natural”, conclui.

Apesar dessa movimentação toda, a quantidade de bárbaros ainda não era muito expressiva. Segundo escreve o historiador Josiah C. Russell em Population in Europe 500-1500 (sem tradução em português), estima-se que, no ano 500, a população bárbara era de 1 milhão de pessoas, frente a um total de 16 milhões romanos. 

Jamais houve bárbaros suficientes para ocupar tantas terras. Por questão de segurança, os invasores se mantiveram próximos e raramente se misturavam. “Com o passar do tempo, porém, acabaram se casando com a população nativa e adotando a língua local, de origem latina”, diz Funari.

Depois da primeira leva, houve outras ondas sucessivas de invasores. Como os lombardos, vindos da Áustria, que, entre 572 e 650, conquistaram o norte da Itália e depois expulsaram os bizantinos da região, tornando-se senhores da península. Mas desapareceram em 773, quando Carlos Magno incorporou seus territórios ao reino franco. 

Antes, no século 5, os anglo-saxões, que viviam nas costas do norte da Alemanha, realizaram uma lenta invasão da Inglaterra. No século 7 haviam fundado sete reinos diferentes na ilha. No 8, só restavam três. E no 9 só havia um, o Wessex, graças a Alfredo, o Grande, que unificou todos eles. A migração anglo-saxônica foi um fenômeno determinante para a história da Inglaterra, assim como a invasão dos francos na Gália foi para a francesa. 

Lá eles construíram um reino duradouro sob a dinastia dos merovíngios. Em 497 eles se converteram ao cristianismo e expandiram ainda mais seus domínios.

Devido a partilhas e rivalidades familiares, entraram no século 6 divididos em três reinos: Austrásia, Nêustria e Borgonha. Em 567, as rainhas Brunilda, da Austrásia, e Fredegunda, da Nêustria, levaram os francos a uma guerra civil que durou até 613, quando Clotário II, bisneto de Fredegunda, se tornou rei de todos os francos. 

O caminho estava aberto para um governo tranqüilo dos merovíngios. Mas o nascimento de uma nova fé mudou o destino da França.

Lago muçulmano
Ao morrer, em 632, o profeta Maomé deixou uma nova religião e uma Arábia unificada. O avanço árabe foi rápido. A Síria foi invadida em 636. O Iraque anexado em 637, o Egito em 642 e o Irã em 651. “Os árabes não eram uma horda tribal, mas uma força militar organizada com membros que adquiriram experiência militar, servindo no exército dos grandes impérios bizantino e persa”, escreve Albert Hourani, em Uma História dos Povos Árabes. 

Já para o historiador Henri Pirenne, a expansão árabe destruiu o mundo antigo. “De repente, o culto ao profeta Maomé substituiu a fé cristã. A língua árabe tomou o lugar do grego e do latim. O Mediterrâneo virou em sua maior parte um lago muçulmano”, diz. Os árabes só foram barrados em 732 pelo franco Carlos Martel em Poitiers, a 330 km de Paris.

A entrada em cena do Império Muçulmano mexeu com o mundo ocidental, que, entre outras questões, teve de começar a se preocupar em prover sua própria subsistência. Sumiram o papiro, a seda, o óleo, as especiarias, o ouro... Saíam de cena os merovíngios, baseados no sul, e ganhava destaque a dinastia carolíngia, originária do norte, que alcançou o ápice com Carlos Magno. 

A força do novo império agora estava em Paris. O reino franco era um reino terrestre. É fácil perceber o declínio marítimo ao observar que as frotas improvisadas dos francos não foram capazes de deter os ataques vikings, que começavam a atormentar a Europa.

Os últimos bárbaros
Por volta do ano 800, viviam na Escandinávia três povos: suecos, dinamarqueses e noruegueses. Eram aparentados, mas divididos entre si em várias tribos. Segundo Johannes Brondsted, autor de Os Vikings, História de uma Fascinante Civilização, o comério, a sede de pirataria e motivos políticos levaram os vikings a atacar a Europa. 

A primeira investida ocorreu em 793 com a pilhagem do mosteiro da ilha de Lindisfarne, na costa inglesa. Houve também tentativas de colonização. Durante dois séculos eles organizaram expedições ao norte da França, Inglaterra, Irlanda, Groenlândia e Islândia, chegando até as costas da América do Norte, por volta do ano 1000, com o navegador Leif Ericsson.

Enquanto isso, surgia em cena o primeiro foco de nacionalismo eslavo na Europa Central. No século 7 o deslocamento dos germânicos para o Ocidente criou um vazio no qual se estenderam os eslavos, que ocuparam a Europa Central, a bacia do Danúbio, os Bálcãs e o mar Báltico. Não se tratava bem de conquista, mas de ocupação de território. 

Em 680, um grupo de búlgaros comandados por Asparuch instalou-se entre o Danúbio e os Bálcãs, conquistando os eslavos lá estabelecidos. Na mesma época, um líder chamado Samo fundou outro estado, dos Alpes até o Báltico, constituído por tchecos, morávios e eslovacos. Ao contrário dos germânicos, os eslavos permaneceram fora da órbita do mundo civilizado. Quando se estabeleceram na Europa Central, já encontraram territórios tão “desromanizados” que não receberam influência latina.

Em 882 foi a vez dos russos fundarem um reino no Báltico. O surgimento do estado russo foi resultado da expansão dos vikings suecos sobre os eslavos orientais que habitavam a região. Os escandinavos, ainda que em número reduzido, estabeleceram ali uma rota comercial com Bizâncio e a Ásia Menor e, por volta do ano 1000, estavam eslavizados e convertidos ao cristianismo. Por fim, na metade do século 10, sobre a Europa flagelada pelos vikings veio ainda uma onda de ataques de cavaleiros provenientes das estepes asiáticas. 

Os húngaros, sob a liderança de Arpad, estabeleceram-se na Panônia (atual Hungria) em 896. De lá realizaram expedições de pilhagem pelo continente, da Dinamarca à Espanha, até se converterem ao cristianismo em 1001. Depois de o Império Romano do Ocidente ter sido totalmente destroçado, estavam fincadas as raízes de um novo período que estava por vir. Mas isso é outra história.


Alarico (371-410)
Antes de cruzar as fronteiras do Império, o rei visigodo já havia recebido o título de oficial superior do exército romano. Mas não deu a menor bola. Em 410 invadiu e pilhou Roma, se tornando o primeiro bárbaro a saquear a Cidade Eterna em mais de mil anos de história. Alarico morreu alguns meses depois, em Cosenza, sul da Itália, antes que pudesse organizar uma invasão à África.

Átila (406-453)
Rei dos hunos, atormentou a Europa durante o século 5. Era canibal e suspeita-se que tenha comido dois de vários filhos. O “flagelo de Deus” aterrorizou tanto romanos quanto germânicos. Após sua morte, seu reino foi dividido entre seus filhos, que foram incapazes de manter sua enorme extensão territorial. Depois de os hunos recuarem até o mar de Azov (norte do mar Negro), eles foram derrotados pelos ávaros em 561.

Fredegunda (515-597) e Brunilda (543-613)
No século 6, os francos se dividiam em três reinos principais: Nêustria, Austrásia e Borgonha. Fredegunda era amante de Chilperico, rei da Nêustria, casado com Galsvinda. Em 567 ela mandou matar a rainha e se casou com o rei. Como Galsvinda era irmã de Brunilda, princesa visigoda casada com Sigeberto, rei da Austrásia, ela jurou vingar a irmã. A briga causou um banho de sangue até 613.

Carlos Martel (676-741)
A dinastia franca dos merovíngios tinha costume de eleger um Prefeito do Palácio, que funcionava como uma espécie de primeiro-ministro do reino. Aos poucos eles se tornaram mais influentes que o próprio rei. Carlos Martel era o prefeito de Clotário IV. Foi ele quem deteve o avanço árabe em Poitiers, em 732. Seu filho, Pepino, que também foi Prefeito do Palácio, deu um golpe de estado e virou rei em 752, iniciando a dinastia carolíngia.

Carlos Magno (747-814)
Neto de Carlos Martel e filho de Pepino, o rei dos francos conquistou Itália, Alemanha, Áustria, Hungria e fundou um reino dos Bálcãs aos Pirineus. Em 800 coroou-se imperador do Ocidente, título em desuso desde 476. Quando morreu, o império foi dividido entre os três netos, Lotário, Carlos e Luís. O reino de Lotário foi logo desfeito. As duas outras faixas territoriais se tornaram as sementes do que seriam a França (Carlos) e a Alemanha (Luís).

Genserico (406-477)
Rei dos vândalos desde 428, sua primeira decisão importante foi comandar seus soldados da península Ibérica para o norte da África, onde fundou um reino. Em 439, conquistou Cartago e a transformou em capital. Seminômades, os vândalos não eram muito afeitos ao sedentarismo e só gostavam mesmo das pilhagens. Em 455 saquearam Roma por 14 dias e seqüestraram a imperatriz e suas duas filhas. Sem seu comando, os vândalos entraram em declínio e foram exterminados pelos bizantinos em 534.

Odoacro (433-493)
Chefe tribal das florestas do Danúbio que invadiu a Itália e depôs o último imperador romano, um jovem chamado Rômulo Augusto, e se tornou o primeiro imperador de origem bárbara. Para muitos, a data marca o fim do Império Romano do Ocidente. Em 493foi convidado para um banquete pelo ostrogodo Teodorico. Quando chegou, foi assassinado pelo rei ostrogodo, que passou a dominar a Itália.

Teodorico (454-526)
Muito antes de invadir a Itália, rei dos ostrogodos já tinha o status de federado: ao mesmo tempo era chefe de milícia e patrício. Em 488chegou à Itália. Em 493 articulou o assassinato de Odoacro e fundou seu reino em terras italianas. Sua morte levou os ostrogodos a uma guerra civil e fez com que seu povo se tornasse presa fácil dos bizantinos, que, em 552, varreram os ostrogodos do mapa.

Hermenerico (?- cerca de 440)
Rei dos suevos desde 407. Comandou seu povo durante a marcha pelo sul da Gália e já era rei quando seu exército chegou à península Ibérica em 409. Organizou o estabelecimento definitivo dos suevos na Galícia e lançou as bases de um reino que duraria 176 anos. Em 438, cansado de uma vida de batalhas, abdicou em favor de seu filho, Réquita.

Alboin (545-572)
Rei dos lombardos, invadiu a Itália em 568. Sem respeitar a antiga civilização, arrasou todas as cidades que encontrou, só parando nas muralhas de Roma. Antes disso, travou guerra contra Cunimundo, rei de uma tribo rival, que foi morto. Sua filha, Rosamunda, foi obrigada a se casar com Alboin. Cruel, ele forçou a esposa a tomar vinho no crânio do próprio pai. Algum tempo depois o rei foi morto por um escudeiro, a mando de Rosamunda.

Abd al-Malik (646-705)
Um dos mais importantes califas da dinastia omíada. Lutou contra os bizantinos na Ásia, conquistou Sind e fundou o primeiro estado muçulmano na Índia. Na África, expandiu suas fronteiras até a Tunísia. Reformou o estado e transformou o árabe em língua oficial do califado. Estímulou a arquitetura, que culminou com a construção do Domo da Rocha, em Jerusalém, em 691.

Asparuch (641-702)
Em 679, o rei dos búlgaros cruzou o Danúbio e penetrou no Império Romano Oriental. O imperador Constantino IV, em 680, enviou uma força naval e terrestre para expulsá-lo. Asparuch, porém, comandou a vitória sobre os romanos. Em 681 o imperador assinou um tratado reconhecendo o controle búlgaro sobre a área. Estabeleceram uma capital em Pliska e logo formariam o primeiro estado eslavo-búlgaro às margens do mar Negro.

Arpad (850-907)
Fundador da linhagem dos Arpad e espécie de patriarca dos húngaros. Em 893, após a morte do pai, herdou o poder militar. Em 896, liderou o povoamento da Panônia, na Europa Central. Em 904, com a morte do líder religioso das tribos magiares, adquiriu o status de chefe religioso. Sua 
vitória mais importante foi em 907 contra os bávaros, na batalha de Bratislava, que fortaleceu a posição dos húngaros na bacia do Danúbio.

Alfredo, o Grande (849-899)
Rei anglo-saxão da Inglaterra. Parece ter saído de um conto de fadas: foi soldado, marinheiro, educador, legislador e cavaleiro medieval. Expulsou os vikings dinamarqueses para o norte da ilha e reinou absoluto em Wessex. Reformou o exército, criou escolas, traduziu livros e deixou um legado tão estável que 0 neto, o rei Atelstano, pôde se proclamar “rei de todas as Bretanhas”.

Genghis Khan (1162-1227)
Nasceu com o nome de Temudjin. Depois de submeter tribos mongóis, em 1206 foi proclamado Genghis Khan, o imperador dos imperadores. Nos 20 anos seguintes, dominou a China, a península coreana, o Turquestão, a Pérsia, o Iraque, a Hungria, a Bulgária e a Polônia. Em 1222, invadiu a Rússia, mas resolveu suspender o ataque e retornar para casa. Em 1227, o grande khan morreu após dias de febre alta.

Viva a sabedoria...

Precisamos de filosofia

Certa vez, ouvi um deputado afirmar: “O aborto deve ser legalizado porque já é praticado”. À primeira vista, pensamento verdadeiro; à segunda, uma falácia. Falácia é um pensamento falso: não é porque algo é praticado que pode ser legalizado. Fosse assim, a corrupção também poderia ser legalizada. Eis aí um exemplo do embate entre senso comum e filosofia.

Digamos que o senso comum fala a língua do deputado aí do exemplo, ao passo que a filosofia faz a análise lógica do discurso, procurando, nele, aquilo que contraria as regras básicas do pensar correto. A lógica qualifica o raciocínio são.

A filosofia, metódica e sistemática, é feita de raciocínios logicamente qualificados. Ela busca aquele sentido que possa ordenar o caos (desordem e vazio) e transformá-lo em cosmos (ordem e harmonia), fazendo com que representações, significações e compreensões conceituais da realidade fujam do absurdo e expressem a razoabilidade teórica e prática à condução da existência.

O senso comum pode ser entendido como o saber da vida o qual se vai adquirindo espontaneamente, à medida que vamos vivendo. Ele pode ter erros tanto quanto a ciência, a filosofia, as artes, o mito, a tecnologia e a teologia, pois, igual a essas outras formas de conhecimento, ele é um produto humano, falível, passível de equívocos e enganos, impropriedades e incorreções.

Dessa maneira, se o saber comum leva uma pessoa a afirmar que “porque é antigo é bom”, o filósofo dirá que antiguidade não é sinônimo de bondade. Se o senso comum afirma que o dito de um americano não tem valor, o filósofo responderá que esse é um argumento contra o homem e que isso não basta para desqualificar discursos. Lembra quando alguns diziam que não votariam em certo político porque ele era analfabeto?

De igual modo, não é porque nunca “provaram o contrário” que algo é verdadeiro (o fato de a infinitude do universo não ter sido provada não garante que o universo é finito). E não é porque um pensamento é atribuído a uma autoridade que esse pensamento é, apenas por isso, certo, verdadeiro e seguro.

Na esteira desse pensar errôneo, que a lógica corrige, está a afirmação de que se uma pessoa matou alguém ela tem de ir para a cadeia. Ora, não é sempre que o assassínio leva à prisão, caso da legítima defesa, por exemplo. Contrário a isso é o pensamento que vai do singular rumo a uma lei geral, a tal da generalização apressada: “O marido de x trai, logo todos os homens traem”.

É possível perceber a diferença entre o tal senso comum e a filosofia? O saber filosófico não aceita apressadamente conclusões tiradas após “exame de superfície” das coisas, fenômenos, acontecimentos, pessoas e relações. A filosofia busca a razão de ser de tudo pela raiz, o significado básico de tudo. O senso comum se contenta com afirmações do tipo que assegura que “manga com leite faz mal”.

O que faz mal é a não alfabetização em filosofia. Ela submete o saber da vida ao crivo da razão crítica, fazendo-nos ir além do espontaneísmo, que não dá conta de causas e consequências, e do subjetivismo, que não explica os porquês do nosso dia a dia.

É por essas e outras que precisamos de filosofia.

Cultura...


A diversidade cultural brasileira em sala de aula
A pluralidade cultural do Brasil

A cultura de um povo é formada por vários elementos, como crenças, ideias, mitos, valores, danças, festas populares, alimentação, modo de se vestir, entre outros fatores. É uma característica muito importante de uma comunidade, pois a cultura é transmitida de geração em geração e demonstra aspectos locais de uma população.

O Brasil, por conter uma grande dimensão territorial e uma população numerosa e miscigenada, com grande quantidade de descendentes de europeus, africanos, asiáticos e índios, apresenta uma vasta diversidade cultural no povo.

Esse é um tema de extrema importância e deve ser abordado em sala de aula, pois os alunos devem ter conhecimento da diversidade cultural do país e saberem a origem de festas folclóricas, culinária, crenças e todos os tipos de manifestações culturais, fortalecendo ainda mais o processo de valorização dos costumes locais, contrapondo a tentativa de unificação de uma cultura de massa imposta pelos meios de comunicação.

Ao abordar a pluralidade cultural do Brasil, o professor deve promover no aluno o sentimento de valorização cultural do país, além do reconhecimento e respeito das diferentes culturas, mostrando que não existe uma melhor ou mais desenvolvida que a outra.

Deve-se esclarecer o conceito de cultura e citar os principais elementos que configuram a cultura de um determinado local. Questione os alunos sobre os aspectos culturais do Brasil e os principais povos responsáveis pela disseminação cultural.

Feito isso, divida a turma em cinco grupos, sendo cada um responsável por uma Região do Brasil (Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste, Sul), onde aspectos culturais de cada Região deverão ser pesquisados. Os alunos deverão realizar estudos sobre a culinária típica, danças, festas populares, manifestações religiosas, de forma que o potencial de cada grupo seja explorado ao máximo.

Posteriormente, promova apresentações dos grupos, abordando as principais manifestações culturais e os povos responsáveis pela propagação cultural de cada região pesquisada. Se possível apresente vídeos das atividades realizadas.

Após as apresentações reúna os trabalhos de cada grupo e monte uma revista, de forma que os alunos tenham material sobre a cultura brasileira, e o que é mais importante, produzido por eles mesmos.

Entendendo...

Conservadorismo - origens: Mudança deve ser reflexo da dinâmica social

O substantivo "conservadorismo" e o adjetivo "conservador" são termos empregados de forma recorrente na linguagem cotidiana e nos estudos acadêmicos, mas carecem de uma definição consistente. De fato, não há uma conceituação e um significado único para ambos os termos.

De modo geral, "conservadorismo" e "conservador" são palavras empregadas para se referir a práticas, atitudes e ideias que estão relacionadas com a esfera da política.

Adotando uma "definição mínima", podemos conceber o conservadorismo como a defesa da manutenção da ordem social ou ordem política existente, em contraposição às forças que buscam a inovação.

Com base nesta definição, a atitude conservadora também pode ser entendida como uma reação defensiva, visando à preservação do status quo, em oposição às tentativas de mudança ou ruptura.

Origem histórica

Se considerarmos as práticas e atitudes conservadoras como formas de ações reativas às ameaças de mudança, sejam elas sociais, econômicas ou políticas, é possível contextualizarmos o surgimento do termo "conservador" na fase de transição da ordem social tradicional para o mundo moderno, que corresponde ao período de superação do modo de produção feudal (onde a sociedade era predominantemente agrária) pelo modo de produção capitalista (que, posteriormente, conduzirá à formação da sociedade industrial).

Essa transição ocorreu, primeiramente, na Europa Ocidental - e depois se alastrou para o resto do mundo. O desenvolvimento do capitalismo e a ascensão da burguesia, enquanto classe social dominante, subverteram a ordem social tradicional.

As revoluções burguesas na Inglaterra (em 1640) e na França (em 1789) abalaram fortemente as estruturas do pensamento e dos valores tradicionais baseados numa visão antropológica tradicional, que considera as sociedades como imutáveis, estáticas, e o conflito social como fenômeno degenerativo e anômico.

No lastro dos movimentos revolucionários europeus dos séculos 17 e 18, emergiu, assim, a polarização conservadorismo/progressismo.


O pensamento conservador deu origem a posições políticas que se caracterizam pela manutenção da ordem social, econômica e política vigente.

Isso não significa, contudo, que os conservadores se opõem a toda ou qualquer mudança social. Para os conservadores, mudanças sociais são aceitas desde que ocorram gradualmente e sejam reflexos ou consequências da dinâmica social, e não por meios revolucionários.

Os progressistas, ao contrário, consideram a mudança social por meios revolucionários como benéfica para a sociedade. Os primeiros ideólogos liberais progressistas nutriam uma visão otimista das potencialidades do homem e da ação política transformadora das condições existenciais e da natureza. Para eles, as mudanças sociais, sejam elas graduais ou súbitas, são necessárias e sempre conduzem ao aperfeiçoamento humano.

O progressismo, dessa forma, foi um poderoso instrumento ideológico que serviu aos interesses revolucionários das classes burguesas.

Curiosidade...

Praia, uma diversão recente

Os banhos de mar foram primordialmente adotados como tratamento de saúde

Mal iniciam as férias e muitas famílias começam a planejar de que forma poderão consumir os preciosos dias de descanso que marcam o começo e fim do ano. Em muitos casos, o passeio à praia é um dos mais requisitados. Prova disso é que o Brasil conta com uma extensa faixa litorânea que, todos os anos, é ocupada por uma leva de turistas vindos de várias partes do Brasil e do mundo. Contudo, enganam-se aqueles que acham que esse frisson por conta das areias e águas do mar sempre existiu.

O uso da praia como espaço de lazer começou em meados do século XVIII. Nessa época, um renomado médico britânico chamado John Floyer desenvolveu pesquisas que investigavam as propriedades terapêuticas que a água poderia ter. Em suas investigações, registradas em uma publicação chamada “História do Banho Frio”, acabou chegando à conclusão de que a água salgada teria uma extensa capacidade de reverter doenças entre as quais se incluía até a paralisia.

A obra, escrita bem no início do século XVIII, acabou não tendo muito impacto entre a população europeia daquele tempo. Meio século mais tarde, no ano de 1749, o britânico Richard Frewin, colega de profissão, reforçou as teorias curativas do banho de mar ao realizar a descrição de uma cura obtida por esse tipo de tratamento ainda experimental. Daí em diante o banho no mar acabou sendo utilizado como tratamento para uma série de doenças físicas e mentais.

No século XIX, os banhos de mar já atraiam um grande número de enfermos e fomentava mais outro número de publicações nesse mesmo campo do saber médico. No Brasil, a terapia praiana foi utilizada pelo rei Dom João VI, que teve o banho de mar recomendado para a cura de uma ferida infeccionada em sua perna. Seguindo a recomendação, D. João fez diversas visitas à paria do Caju e ali acabou resolvendo o incômodo que lhe afligia.

Nessa época, como os costumes da Família Real eram seguidos como moda, diversas casas de banho foram abertas no Rio de Janeiro. Desse modo, podemos ironicamente perceber que Dom João VI não foi apenas um dos grandes responsáveis pela abertura dos portos brasileiros, no início do século XIX. A sua busca por melhor saúde acabou também sendo um modo pelo qual o monarca inaugurou o uso de nosso tão rico e extenso litoral.
http://www.brasilescola.com/curiosidades/praia-uma-diversao-recente.htm

Mais uma etapa superada...