Conservadorismo - origens: Mudança
deve ser reflexo da dinâmica social
O substantivo
"conservadorismo" e o adjetivo "conservador" são termos empregados
de forma recorrente na linguagem cotidiana e nos estudos acadêmicos, mas
carecem de uma definição consistente. De fato, não há uma conceituação e um
significado único para ambos os termos.
De modo geral,
"conservadorismo" e "conservador" são palavras empregadas
para se referir a práticas, atitudes e ideias que estão relacionadas com a
esfera da política.
Adotando uma "definição
mínima", podemos conceber o conservadorismo como a defesa da manutenção da
ordem social ou ordem política existente, em contraposição às forças que buscam
a inovação.
Com base nesta definição, a atitude
conservadora também pode ser entendida como uma reação defensiva, visando à
preservação do status quo, em oposição às tentativas de mudança ou ruptura.
Origem
histórica
Se considerarmos as práticas e
atitudes conservadoras como formas de ações reativas às ameaças de mudança,
sejam elas sociais, econômicas ou políticas, é possível contextualizarmos o
surgimento do termo "conservador" na fase de transição da ordem
social tradicional para o mundo moderno, que corresponde ao período de
superação do modo de produção feudal (onde a sociedade era predominantemente
agrária) pelo modo de produção capitalista (que, posteriormente, conduzirá à
formação da sociedade industrial).
Essa transição ocorreu,
primeiramente, na Europa Ocidental - e depois se alastrou para o resto do
mundo. O desenvolvimento do capitalismo e a ascensão da burguesia, enquanto
classe social dominante, subverteram a ordem social tradicional.
As revoluções burguesas na Inglaterra
(em 1640) e na França (em 1789) abalaram fortemente as estruturas do pensamento
e dos valores tradicionais baseados numa visão antropológica tradicional, que
considera as sociedades como imutáveis, estáticas, e o conflito social como fenômeno
degenerativo e anômico.
No lastro dos movimentos
revolucionários europeus dos séculos 17 e 18, emergiu, assim, a polarização
conservadorismo/progressismo.
O pensamento conservador deu origem a
posições políticas que se caracterizam pela manutenção da ordem social,
econômica e política vigente.
Isso não significa, contudo, que os
conservadores se opõem a toda ou qualquer mudança social. Para os
conservadores, mudanças sociais são aceitas desde que ocorram gradualmente e
sejam reflexos ou consequências da dinâmica social, e não por meios
revolucionários.
Os progressistas, ao contrário,
consideram a mudança social por meios revolucionários como benéfica para a
sociedade. Os primeiros ideólogos liberais progressistas nutriam uma visão
otimista das potencialidades do homem e da ação política transformadora das
condições existenciais e da natureza. Para eles, as mudanças sociais, sejam
elas graduais ou súbitas, são necessárias e sempre conduzem ao aperfeiçoamento
humano.
O progressismo, dessa forma, foi um
poderoso instrumento ideológico que serviu aos interesses revolucionários das
classes burguesas.
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